ASTOLFO, O DRAGÃO ALQUIMISTA

Astolfo desde pequenininho era um dragão que vivia dando trabalho para sua mãe. Dona Lagartosa perdeu a conta de quantas vezes Astolfo explodiu seu quarto fazendo testes com o laboratório de brinquedo do Pequeno Químico.

Na adolescência Astolfo fazia a maior pose na escola. Gostava de falar difícil para chamar a atenção das lagartixas da floresta, embora nunca conseguisse seu intento. Um dia na biblioteca da escola, enquanto procurava um livro de química para um trabalho, ele encontrou um livro sobre as Tábuas Esmeraldinas. Ele pegou o livro, leu, e logo ele se transformou em seu livro de cabeceira. E assim ele se iniciou na Grande Arte, se esforçando para se tornar um grande Alquimista.

Astolfo cresceu e sua vaidade também. Ele continuava querendo se destacar usando frases de efeito, palavras difíceis, até mesmo termos em latim que ele tirava dos livros e nem ele mesmo sabia direito o que queriam dizer.

O seu sonho era encontrar a fórmula do elixir que o tornasse irresistível a todas as habitantes da Floresta Encantada. Trabalhava dia e noite em seu laboratório para isso. Não dormia nem se alimentava direito, estava magro e pálido, só pensando no dia em que todas se ajoelhariam a seus pés, completamente apaixonadas por ele.

Até que um dia, ao misturar elementos químicos ele sem querer deixou pingar a mais algumas gotas de enxofre. Uma fumaça saiu de dentro do tubo de ensaio e ele gritou não acreditando ainda: " Eureka!!!" Finalmente, depois de tanto tempo, ele tinha conseguido. Imediatamente sem medir as consequências, tomou todo o conteúdo do vidro de uma vez só. Logo começou a se sentir estranho... estranho... encolhendo.... encolhendo..... "Mas o que está acontecendo?" Pensou Astolfo. Ao tentar gritar por socorro um coacho saiu de sua garganta. Horrorizado Astolfo correu para o espelho que estava em um canto do seu quarto e viu-se refletido na imagem de um sapo, cheio de manchas amarelas.

Nervoso ele saiu correndo de sua casa para ir pedir socorro à bruxa que morava no outro lado da floresta. Ela tinha umas poções mágicas preparadas em seu grande caldeirão que eram infalíveis. Não tinha dado nem três pulos quando uma sapa, de laçarote na cabeça e bem gordinha apareceu na sua frente revirando os olhinhos e deixando escapar grandes suspiros. Astolfo mais apavorado ficou. Pulou mais rápido ainda. Logo outra sapinha se juntou à perseguição. Um Astolfo completamente em pânico, seguido de dezenas de sapinhas apaixonadamente enlouquecidas, apareceu em frente à casa de Zoraide, a bruxa. Ela logo percebeu o que havia acontecido. Não era de hoje que vinha alertando Astolfo sobre o que poderia acontecer com suas experiências malucas.

Zoraide misturou um pouquinho de pó de asa de percevejo, casca de ovo de urubu ralada, quatro penas de galinhas novas cozidas, dois dentes de morcego, e mais umas ervas (que ela não conta pra ninguém, pois é segredo de família há séculos) em seu caldeirão. Astolfo tomou tudo rapidamente, sem respirar. Logo ele começou a crescer... crescer.... mais um pouco....e finalmente ele tinha voltado ao seu normal. As sapinhas desiludidas e assustadas saíram correndo se espalhando pela floresta. Mas o pior de tudo foi ouvir a bronca de Zoraide. Uma bruxa quando dá bronca, é pior que noite de tempestade com raios sem nenhuma caverna por perto para se abrigar, e Astolfo já sabia disto. Resignado ele prometeu nunca mais usar seus conhecimentos para manipular os outros. Afinal de contas, todos nós devemos ser queridos pelo que realmente somos, não é mesmo???



06/07/99


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