Moisés, em hebreu: Moshe, libertador e legislador de Israel, da tribo de Lévi.
Abandonado após seu nascimento em um cesto no Nilo, foi recolhido pela filha do
Faraó e levado à Corte egípcia. No deserto do Sinai, onde estava refugiado em
consequência de um homicídio, ele teve a revelação de sua missão(visão da moita ardente).
Ele quebrou a resistência do faraó pelas dez pragas do egito e pôde levar os hebreus
até a terra de Canaã, fazendo o mar Vermelho se abrir; ele lhes deu a Lei divina
ditada por Deus no monte Sinai. Depois de um longo período no deserto, os hebreus
ocuparam o país à leste de Jordão, "a Terra Prometida". Moisés morreu defendendo
este território e transmitiu seus poderem a Josué. Ele tinha libertado os hebreus
da tutela egípicia e lhes tinha levado a lei divina, que constituiu o plano civil e
religioso de seu Estado monoteísta.
Michelangelo viu Moisés a representação simbólica de um homem apaixonado que,
encarregado de uma missão divina, foi incompreendido por um mundo hostil e fechado.
Michelangelo obteve êxito em exprimir plasticamente o encadeamento de emoções violentas
traduzindo as diferentes etapas sentidas por Moisés tentando dominá-las. Apenas de uma
calma aparente, o que domina é a raiva, o desprezo e a dor. Sua expressividade é
traduzida pelo movimento de cabeça, a tensão dos músculos e a posição da perna esquerda.
Henry Thode vê aí os mesmos meios de expressão utilizados para o "Julien", da capela
dos Médico. Através de Moisés, Michelangelo criou um "tipo de caráter de uma insuperável
energia domindando o mundo refratário". Segundo Thode, esta figura de Moisés era a expressão
de seu próprio autor. Michelangelo, de JúlioII, vide Savonarole reunidos.
Moisés, libertador e legislador de Israel deveria tirar seu povo da escravidão e
conduzi-lo do egito ao país de Canaã. Do alto do monte Sinai e em nome de Deus,
ele deu aos hebreus o Decálogo, escrito sobre as Tábuas da Lei e que constituem os
Dez Mandamentos da religião cristã. O trabalho de Michelangelo suscita várias
controvérsias sobre o momento exato que o arista quis imortalizar. Uma primeira interpretação
(de Buckhardt, no século XIX)afirmava que a ação situa-se no mesmo instante em que Moisés,
estupefato, depois furioso, se preparava para quebrar as Tábuas das Lei. Interpretação
dificilmente plausível, dado que estas estão firmemente escordadas entre o assento onde
está Moisés e embaixo de seu braço direito. Michelangelo preferiu não ilustrar esse célebre
instante descrito na Bíblia, mas um Moisés atravessado por diversas emoções. Sua genialidade
soube traduzir sutilmente a evolução de sentimentos violentos e contraditórios em um dado
momento. Toda a majestade de Moisés vem dessa vontade de se controlar.
A análise de Freud tende a reforçar está idéia, dando um sentido de leitura da obra muito
interessante:"Uma tripla estratificação no sentido vertical é visível nesta estátua.
Os traços do rosto refletem as emoções tornando-se dominantes, o meio do corpo manifesta os
sinais do movimento reprimido. o pé indica ainda, por sua posição, a ação projetada,
como se o domínio de si estivesse progredindo de cima para baixo." Além de uma técnica
perfeita de escultura, Michelangelo exprimiu a essência humana e espiritual do personagem.