Raquel


1542 San Pietro in Vincoli Roma Mármore altura de 209 cm

A maior parte foi feita pelas mãos de Michelangelo, mas foram seus ajudantes que terminaram e poliram. Em 20 de julho de 1540, Michelangelo propôs a substituição dos "Escravos" (Escravo Rebelde e O Escravo Adormecido), que não estavam muito adaptados aos nichos, por essas duas estátuas já começadas. segundo as indicações de Vasari, Michelangelo não chegou a utilizar "o espaço de um ano" com estas obras; logo, elas foram terminadas em 1543. Vasari indica que uma das figuras é Lia, símbolo da vida, ativa e a outra é Raquel, símbolo da vida contemplativa. Nào é um espelho que Lia tem em sua mão direita, mas um diadema no qual ele já passou suas tranças. Condici não designa os dois personagens com os nomes Lia e Raquel, mas os nomeia simplesmente de Vida ativa e Vida Contemplativa (mesmo em seu relatório de 20 de julho de 1542 ao Papa PauloIII, Michelangelo não as chama de "Raquel e Lia", mas de "Vida Contemplativa e A Vida Ativa").
Condivi precisa o resto:"Michelangelo sempre foi um leitor assíduo de Dante, seguiu aqui o poeta para quem a condessa Mathilde aparece em seu Purgatório sobre um prado florido e personifica a vida ativa." Michelangelo pensava que a marquesa Mathilde de Toscane, que foi testeminha da submissão de Henrique IV à Igreja Romana, era uma de seus ancestrais: a "Vida Ativa" era, então, um monumento a sua memória. A passagem de Dante que, a partir de Vasari e Condivi, se refere à Raquel e Lia e à Mathilde e Béatrice é a seguinte:

"Todo aquele que pergunta meu nome sabe
que eu sou Lia
e eu vou conduzindo para todos os lados
minhas belas mãos para
me fazer uma grinalda. É para me satisfazer
ao espelho
que me enfeito;minha irmã Raquel jamais
se afasta do seu,
mas permanece sentada diante dele todo o dia.
Ela é ávida para ver seus belos olhos, assim como eu sou de me
enfeitar com minhas mãos. Sua felicidade é contemplar e a minha é agir..."
(Purgatório XXVII v.100s.)

O reencontro com Mathilde, guardiã do Paraíso, acontece no Canto XXVII do Purgatório v,37s; onde ela está oposta a Béatrice. É aí que a versão de Condivi se afasta da de Vasari, o que ocasionou diversaas confusões de interpretação.
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