AFONSECA,
Dr. Luís Vicente de
O
Dr. Luís Vicente de Afonseca era natural da freguesia do Estreito
de Câmara de Lobos, onde nasceu no dia 11 de Junho de 1803.
Baptizou-se no dia 19 de Junho do mesmo ano, na igreja paroquial de
Nossa Senhora da Graça [1], tendo sido seu padrinho, Francisco José de Sousa,
residente na freguesia do Estreito, indivíduo que tudo leva a crer
seja seu tio e em cuja residência, terá nascido. Ainda que no
registo de baptismo figure como filho de pais incógnitos, um termo
de paternidade com data de 6 de Março de 1818, registado no livro
10º pg. 44 de baptizados da freguesia do Estreito de Câmara de
Lobos, dá-o como sendo filho do capitão Domingos João de Afonseca,
solteiro, natural e residente na freguesia de São Pedro e de Joana
Rosa, na altura, solteira [2],
natural da freguesia de Santa Maria Madalena, filha de Manuel João
de Sousa e de sua mulher Antónia.
A
paternidade de Luís Vicente de Afonseca volta a ser reafirmada, em
1840, através de um acórdão do tribunal [3],
dado na sequência do pedido de anulamento do testamento deixado por
seu pai natural e onde Carolina Júlia Afonseca, filha legítima do
capitão Domingos João de Afonseca, se havia assumido como única
herdeira, não reconhecendo Luís Vicente de Afonseca como seu irmão.
Luís
Vicente formou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra e, apesar
de ter exercido a sua profissão de médico com brio, destacar-se-ia
sobretudo como político e deputado.
Eleito
pela primeira vez, para a legislatura de 1840 a 1842, acabaria por
representar a Madeira, nas Cortes, durante 34 anos, o que é
revelador da forma como defendia os interesses da Madeira, junto do
reino.
A
sua grande austeridade de carácter, a comprovada abnegação e
desinteresse com que sempre tratava as questões no parlamento, os
créditos que alcançou como homem culto e de inteligência
superior, granjearam-lhe a mais merecida reputação, gozando, por
isso, do maior prestígio entre todas as camadas sociais.
Contudo,
a sua tarefa não foi fácil tendo mesmo de sustentar lutas encarniçadas
contra inimigos políticos, que não hesitaram em deturpar as suas
mais nobres e puras intenções, sofrendo vexames e ultrajes.
Fez
uma viagem ao Brasil, onde se demorou algum tempo e onde teve o
primeiro filho: Zéu de Afonseca, que foi poeta e jornalista.
Depois
de uma vida de lutas e trabalhos veio a morrer em Lisboa, em
Dezembro de 1878 com 75 anos de idade, pobre e obscuro [4],
[5].
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