Largo Dr.
Eduardo Antonino Pestana
É este o local onde, por excelência, se concentram os
pescadores quando não se encontram na faina da pesca e, também, onde
nos seus vários bares pode ser apreciada a tradicional poncha e
saboreada a sapata ou a gata, popularmente conhecidas por bacalhau de
Câmara de Lobos.
Largo Existente
no centro da cidade de Câmara de Lobos. Possui conexões com a rua da
Carreira, com a rua Brito Capelo e com a rua de São João de Deus, que
aqui têm o seu inicio e, ainda com a rua de Nossa Senhora da
Conceição, que nele termina.
É este o local onde, por
excelência, se concentram os pescadores quando não se encontram na
faina da pesca e, também,
onde nos seus vários bares pode ser apreciada a tradicional poncha e
saboreada a sapata ou a gata, popularmente conhecidas por bacalhau de
Câmara de Lobos.
Com efeito, o
facto da secagem destas espécies de esqualos, se fazer em Câmara de
Lobos e o facto de, depois de secos, se assemelharem ao bacalhau
explicam perfeitamente a sua forte relação tanto com o bacalhau, como
com este centro piscatório.
A atribuição
do nome ao Largo
Popularmente
conhecido por Largo do Poço, a Câmara Municipal de Câmara de Lobos, na
sua sessão de 23 de Fevereiro de 1966, deliberou atribuir o nome do
Dr. Eduardo Antonino Pestana a este espaço. Como factores relevantes
na decisão camarária para a homenagem, a deliberação adiantava o facto
de ter nascido na vila de Câmara de Lobos, vivendo parte da sua
mocidade no largo do Poço e o reconhecimento dos seus excepcionais
dotes de carácter, inteligência, vasto saber e competência, como
professor efectivo dos liceus, antigo director do ensino primário,
jornalista, publicista e licenciado em letras e direito e advogado.
A cerimónia de
descerramento das respectivas placas toponímicas, antecedida por uma
sessão solene realizada nos paços do concelho, teve lugar no dia 26 de
Agosto de 1966, num acto que contou com a presença de D. Elvira Gersão
Pestana, viúva do homenageado.
O Poço da
Vila
Ainda que este
largo ostente, desde 1966, o nome do Dr. Eduardo Antonino Pestana e
possua bem visíveis as correspondentes placas toponímicas, a verdade é
que a tradição popular insiste na antiga denominação, sendo por isso
mais conhecido por largo do Poço, do que por largo Dr. Eduardo
Antonino Pestana.
Como explicação
para esta situação está naturalmente o facto de outrora ali ter
existido um poço que constituía a principal fonte de abastecimento
de água à população da vila.
Com efeito, ainda que, neste
momento se desconheça a data da sua construção, sabe-se que, em
Outubro de 1856
[1],
este o poço era a principal fonte de abastecimento de água à vila e
tinha abatido por esses dias necessitando, por isso, de reedificação
urgente. Nessa altura é proposto que, tendo em conta os seus elevados
custos e a falta de higiene até então patente, não só em consequência
dos recipientes usados para retirar a água como ao facto do poço ficar
aberto de dia e de noite e, ainda às despesas que acarretava para a
Câmara, devido às frequentes substituições de baldes, correntes, etc.,
ele ficasse fechado, devendo a sua água ser conduzida ao canto de um
pardieiro que lhe ficava em frente e onde se pudesse com facilidade
colocar uma bomba para o serviço público com economia e maior higiene.
Esta proposta ao que parece terá sido aceite e nesta mesma sessão é
deliberado elaborar o respectivo orçamento e a aquisição das manilhas
necessárias.
Ainda que se desconheça a forma
como na altura tais obras terão sido efectuadas, ou se o foram nos
termos da deliberação, sabe-se no entanto, através da pena do poeta
camaralobense Joaquim Pestana que, em 1875 a Câmara havia construído
um chafariz no centro da vila à margem da rua da Conceição,
aproveitando a água do antigo poço
[2].
Se este chafariz terá substituído a
estrutura planeada em 1856, ou se foi só a partir de 1875 que esta se
concretizou é a dúvida que, perante o conhecimento actual, se nos
coloca. Contudo, a água deste poço transformado em fontenário, não
teria a qualidade adequada e, em 1913, a imprensa denuncia esse facto
e justifica tais afirmações referindo que as águas provinham da
acumulação das de rega e da chuva dos quintais e terrenos vizinhos
onde se infiltrava
[3].
Apesar desta denuncia, este poço
continuaria como fonte de abastecimento de água para a população e só
em Março de 1915 é que a Câmara Municipal terá deliberado adquirir
água potável para construção de um novo fontenário no local
[4].
Desta forma, a fonte do poço que era alimentada com água impura de
rega que se infiltrava nos terrenos vizinhos, viria a ser eliminada,
trazendo para além da melhoria da qualidade da água oferecida à
população, reais benefícios financeiros à Câmara, uma vez que deixaria
de pagar o assalariado que se ocupava de a extrair por meio de uma
bomba.
Passadas várias
dezenas de anos, mais precisamente a 16 de Outubro de 1983, o antigo
poço da vila volta a ficar a descoberto, desta vez não para
abastecimento, mas para servir de marco histórico.
O poço da vila
está certamente também associado à origem toponímica do Beco da Fonte,
hoje desaparecido e que se estendia entre o local onde se encontra o
actual fontenário nas proximidades do largo Dr. Eduardo Antonino
Pestana e a rua da Administração. A sua denominação terá muito
provavelmente surgido a partir do momento em que o poço foi tapado e a
água desviada, conforme preconizava a deliberação camarária de 1856.
Os pontos
relevantes do Largo
Para além da
existência do antigo poço de abastecimento de água e de ser o local
onde por excelência se concentra a classe piscatória, o largo Dr.
Eduardo Antonino Pestana, foi sempre pautado por uma intensa
actividade comercial. Na realidade, o facto de ser o ponto de
confluência de três importantes arruamentos, durante muitos anos os de
maior actividade económica e social e constituir a passagem
obrigatória para quem se queira deslocar ao cais, em cujas
proximidades durante muitos anos esteve sitiada a praça do peixe, o
matadouro e o mercado, ao varadouro, ao ilhéu e também, desde os
primórdios da criação do município até 7 de Outubro de 1992, aos paços
do concelho.
Antes dotado de
um comércio retalhista, tipo mercearia, onde alguns dos
estabelecimentos, a avaliar pelo conteúdo dos anúncios publicados na
imprensa, possuíam capacidade de exportação e importação, hoje, neste
largo, predominam os bares, onde a confecção da poncha e dos petiscos
com base na sapata, gata e espada, constituem os aspectos mais
característicos.
De 1 de Outubro
de 1984 até 25 de Abril de 1994 esteve instalada neste largo uma
agência da Caixa Geral de Depósitos, posteriormente transferida para a
rua Pe. Eduardo Clemente Nunes Pereira.
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