Post Mortem Study of the Al2O3/SiC/C/MgAl2O4 Refractory
Lining Used on Torpedo Cars at CSN
Sérgio Murilo Justus (1); Sidiney
Nascimento Silva (2); Fernando Vernilli Júnior (3);
Reginaldo Gomes Toledo (2); Ricardo Magnani Andrade (1);
Oscar Rosa Marques (2); Elson Longo (1); João Baptista
Baldo (1); José Arana Varela (1).
(1)
Centro Multidiciplinar de Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos –
CMDMC/UFSCar
(2)
Companhia Siderúrgica Nacional – CSN
(3)
Departamento de Engenharia de Materiais – Faenquil
Abstract
Post
Mortem study of ASCMg refractory lining used on Torpedo Cars at CSN was realized
with the objective to determinate the corrosion equation developed during the
industrial application. Different
samples were collected and characterized using the following techniques:
Chemical Analysis by X-Ray Fluorescence, Thermal-Gravimeter and Differential
Thermal Analysis (TG-DTA), Mercury Porosimetry, Helium Picnometry, Dilatometry,
X-Ray Diffractometry, Scanning Electronic Microscopy (SEM) and Energy Dispersive
Scanning (EDS). There were concluded that slag containing a rich amount of
calcium aluminum-silicate, interact with the microstructure of the refractory
promoting the corrosion. With this
effect is observed the introduction of the concurrent mechanism by alkaline
incorporation, added the transformation of the corundum to b-alumina and the oxidation of the SiC by Na2O resulting in the
better conditions of protection to the graphite and consequently in the improve
of the shelf life of the refractory lining.
Key-words: Refractory, Torpedo Car, Corrosion.
1.
Introdução
No atual contexto das usinas siderúrgicas integradas a coque instaladas
no Brasil, a prática de operação dos Altos Fornos tem visado a máxima redução
do teor de enxofre do ferro gusa, o que implica num maior volume e maior
basicidade da escória, maior consumo de redutor e menor produção do Alto
Forno.
Todavia, com a eminência da elevada competitividade introduzida como
reflexo do novo mercado globalizado, esta prática esta sendo alterada a medida
de que os Altos Fornos já instalados serão obrigados a garantir as
necessidades de ferro gusa impostas pelas aciarias instaladas, em virtude do
aumento da produtividade.
Desta forma um
novo conceito para reduzir o custo operacional e aumentar a produtividade dos
Altos Fornos vem sendo introduzido nas usinas siderúrgicas integradas,
transferindo grande parte da remoção do teor de enxofre para processos de
desulfurization externos(1).
Como reflexo das novas diretrizes impostas em benefício da
produtividade, há de ser ressaltada a importância do desenvolvimento de técnicas
de prevenção da corrosão de revestimentos refratários de carros torpedo,
capazes de garantir a introdução de novas alternativas de pré-tratamento de
refino do ferro gusa, suficientes para atender o aumento da produtividade,
respeitando os requisitos de qualidade interna exigida pelo aço.
Resende
et al.(2) estudaram o comportamento de refratários de Alumina/Magnésia/Carbono
(AMC) mediante emprego de diferentes tipos de agregados para diferentes
concentrações de carbono.
Utilizou
diferentes composições de escória, variou a basicidade binária (CaO/SiO2)
e realizou ensaios de escorificação pelo método dinâmico buscando avaliar a
influencia dos teores de alumina, carbono, magnésia e sílica sobre o
desempenho das formulações desenvolvidas.
Como resultado
dos estudos foi concluído que maiores concentrações de grafite na matriz
conduzem a melhor resistência a corrosão pelo ataque de escória e a melhores
propriedades termo-mecânicas, devido à sua excelente condutividade térmica,
elevada refratariedade e baixa molhabilidade pela escória.
Baixa concentração
da fase mulita na microestrutura será desejada, uma vez que resulta em menor
produção de alumino-silicatos de cálcio responsáveis pela formação da
composição eutética anortita-guelenita-pseudowolastonita ao redor de 1265oC,
resultando em menor desgaste pelo efeito de termoclase estrutural.
Elevadas
relações das fases Periclásio/Mulita refletem em alto consumo da mulita
devido a sua reação com o periclásio, produzindo Forsterita e Alumina.
Esta alumina
precipitada altamente reativa é capaz de combinar com o excesso de periclásio,
formando inicialmente aluminato de magnésio e posteriormente espinélio de magnésio
alumínio.
O efeito
combinado destas reações na microestrutura refratária promove a produção de
barreiras na porosidade aberta, resultando na geração de mecanismos
concorrentes de proteção.
O presente estudo teve por objetivo equacionar o
mecanismo de corrosão envolvido sobre o sistema refratário à base de
Alumina/Carbeto de Silício/Grafite/Espinélio de Magnésio Alumínio empregado
como revestimento refratário de Carro Torpedo.
3. Materials and Methods
Após o encerramento da Campanha do Carro Torpedo #8 da CSN, foram coletadas amostras de cinco diferentes regiões do revestimento refratário a saber: Linha de Escória, Zona de Impacto, Cone, Abóbada e Cilindro Central, nas seguintes distancias da superficie de trabalho 0, 50 e 100 mm, essas amostras juntamente com amostras deste revestimento antes do uso foram caracterizadas por Análise Química, Análise Térmica Gravimétrica e Diferencial, Dilatometria, Porosimetria de Mercúrio, Picnometria de Hélio, Difratometria de Raios-X e Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) Acoplada a Microssonda Eletrônica (EDS), afim de possibilitar equacionar o mecanismo de corrosão deste refratário quando em uso.
4.
Results and Discussion
4.1. Chemical Analysis
Análises dos teores de óxido de alumínio para as
diferentes profundidades indicam pouca alteração da composição. Todavia,
maior diferença da composição de alumina foi observada na amostra retirada do
cone, entre a face quente e região a 50mm, sinalizando maior consumo da
microestrutura pelo banho de gusa/escória.
Este
efeito é explicado pelo fato do material empregado no cone tratar-se da linha
convencional de refratário ASC constituído de mulita na matriz isento de espinélio
de magnésio-aluminio, o que propicia maior desgaste da matriz pela produção
de fases de baixa densidade à base de alumino-silicatos de cálcio.
Os maiores teores de SiO2, Fe total e CaO (em especial na
profundidade de 50mm) são novamente observados para amostra retirada do cone,
sinalizando a penetração do banho de gusa/escória em função da presença de
mulita na matriz refratária.
Pouca
variação dos teores de MgO é observada, provavelmente devido o óxido de magnésio
encontrar-se combinado na forma de MgAl2O4, fase esta de
elevada refratariedade e caráter anfótero promovendo maior resistência a
corrosão, conforme será posteriormente discutido nos estudos de difração de
raios-X.
Maiores
teores de Na2O são observados a medida de que se aproxima da face
quente. Tal efeito se deve a presença de Na2O na atmosfera e banho
do carro torpedo. A origem desta componente alcalina se dá por meio das matérias
primas que compõem a carga do Alto Forno (coque, sinter, minério de ferro,
etc), bem como por sua presença na borra de alumínio utilizada como fonte de
alumínio metálico para constituição dos agentes dessulfurantes empregados na
EDG (CaO/Borra de Alumínio e CaC2/CaO/CaCO3/Alo).
Os
menores teores de carbeto de silício e carbono observados na região de 50mm em
relação à região de 0mm se devem aos mecanismos de oxidação do carbeto de
silício e carbono que ocorrem preferencialmente no interior e face quente do
refratário de acordo com as seguintes equações (3,4,5):
Hot
face of the Refractory:
Interior
of the refractory:
4.2.
Thermal Gravimetry and Differential analysis
Os
mecanismos de oxidação acima descritos são ratificados pelos estudos de análise
térmica gravimétrica e diferencial, os quais sinalizam a maior concentração
de SiC na face de trabalho (0mm), conforme ilustram as curvas de ATG (Figura 3),
demonstrando significativa diferença dos valores de perda de massa das amostras
da região 0mm em relação à região de 50mm por volta de 800 a 1000oC
(temperatura de início da oxidação do SiC). Após 1000oC
observa-se a estabilização da variação de massa seguida de ganho. Este
efeito é explicado pelo balanço de massa oriundo da decomposição do SiC
seguido da precipitação de SiO2 (Relação SiO2/SiC =
1,50).
Avaliações das
curvas de ATG – Tabela 7 - das amostras de material novo indicam, em média,
perda inicial de massa da ordem de 4,4% até 500o C, seguido da perda
de 4,0% para o intervalo de 500 a 850oC. O primeiro intervalo
refere-se a perda do solvente do sistema de ligação (resina fenólica)
enquanto que o segundo intervalo refere-se essencialmente à oxidação do
carbono fixo.
Deve ser levado
em consideração que durante o aquecimento do material novo, há a reação do
Alumínio Metálico intrínseco do material com Nitrogênio e Carbono,
obtendo-se inicialmente como produtos de reação o AlN e Al4C3,
respectivamente. Sob segunda etapa, ambos produtos de reação serão
convertidos à Al2O3 mediante
oxidação por monóxido de carbono (6).
Figura 3 –Análise Térmica Gravimétrica Típica das amostras
estudadas em função da profundidade.
Os estudos de Análise
Térmica Diferencial – Figura 4 - indicam para o material novo um pico endotérmico
por volta da temperatura de 650oC, ratificado pelos estudos de difração
de raios-X como sendo a fase AlN e confirmado pelas citações da literatura (6,7).
Figura 4 –Análise Térmica Diferencial Típica das amostras estudadas
em função da profundidade.
4.3. Dilatometry
Estudos
de dilatometria da temperatura ambiente à temperatura de trabalho do carro
torpedo (1400 oC) foram realizados conforme ilustra a Figura 5.
Figura 5 – Curvas de Dilatometria Típica das amostras submetidas ao
Estudo Post Mortem.
Análises da Figura 5 sinalizam para a temperatura ao redor de 850 a 900oC expansão acentuada, conforme ilustram as curvas de dilatometria na profundidade de 50mm. Conforme dados da literatura (8), na temperatura de 873oC há a transformação reconstrutiva do alto quartzo em alta tridimita. Considerando-se as densidade do quartzo igual 2,65 g.cm-3 e a densidade da tridimita igual 2,26 g.cm-3, haverá uma expansão volumétrica da ordem de 17% durante a transformação.
De acordo com os mecanismos de oxidação apresentados anteriormente, no interior do refratário (região de 50mm) ocorrerá a oxidação preferencial do SiC, resultando na precipitação de sílica, responsável pela expansão durante a transformação reconstrutiva acima citada.
4.4.
Mercury Porosimetry and Helium Picnometry
A Figura 6
ilustra os resultados de Porosimetria de Mercúrio e Picnometria de Hélio para
as diferentes amostras em estudo . Análises dos resultados sinalizam maiores
valores de densidade real para a região de 50mm, indicando a produção de
novas fases de maior densidade real – Figura 6. Tais resultados concordam com
as afirmações a respeito do balanço de massa oriundo da decomposição do SiC
seguido da precipitação de SiO2.
Figura
6 – Densidade Real em função da Profundidade nas 5 regiões Estudas.
Os maiores valores de densidade aparente e
densidade estrutural em direção à face quente se devem à ocupação dos
poros pelo banho de gusa/escória. Análises da Figura 6.d indicam em média, o
aumento da porosidade aparente de 6,0 (material novo) para 12% (100mm da face
quente) a medida que o refratário é colocado sob condições de serviço.
Avaliações da porosidade aparente em função da profundidade sinalizam leve
redução da porosidade aparente a medida de que se aproxima da face de
trabalho. Isto é explicado em função da ocupação da porosidade aberta pelos
produtos de oxidação da microestrutura (SiC, C, AlN, Al4C3)
bem como pela penetração de gusa e escória.
Figura 7 – Distribuição de Tamanho de Poro das Amostras do Estudo
Post Mortem.
Avaliações das
distribuições de tamanho de poro incremental e acumulada das diferentes regiões
em estudo em função da profundidade sinalizam o aumento da percentagem de
poros de tamanho de 3 a 5 mm
para a região de 50mm de profundidade a partir da face quente, conforme
ilustram as Figuras 13.a e b. Tais resultados se devem à oxidação do SiC e C
resultando em aumento da permeabilidade da microestrutura refratária.
Na
Figura 8 é ilustrado o diâmetro médio de poro das diferentes regiões,
sinalizando aumento do diâmetro médio de poro da profundidade de 50mm a partir
da face quente seguido de decréscimo a medida de que se aproxima da
profundidade de 100mm.
Observa-se
que a composição refratária à base ASCMg - Figura 8 - apresenta inicialmente
(material novo) menor diâmetro médio de poro quando comparada ao sistema
convencional de ASC, refletindo em menor permeabilidade aos fluidos oriundos da
atmosfera e banho do carro torpedo, e consequentemente, menor taxa de desgaste.
a) ASCMg System
b) ASC System
Figure 8. Pores diameter
average of the samples of the Post Mortem studies.
4.5. X-Ray Diffraction
Exames de difração de raios-X foram realizados nas amostras objetivando
avaliar a evolução mineralógica ao longo da profundidade para cada uma das
regiões selecionadas.
Foi observado nas
amostras do estudo Post Mortem a formação da fase AlN. Tais resultados são
ratificados pelos estudos de análise térmica diferencial das amostras novas,
que demonstram pico endotérmico por volta da temperatura de 650oC.
A presença desta
fase se deve a reação do Al(l)
com o N2(g). Posteriormente o AlN(s)
é transformado para Al2O3, conforme descrevem as equações
abaixo:
Como
resultado, é obtida a precipitação do AlN na porosidade aberta seguido da
formação de Al2O3 e Carbono mediante consumo de CO,
auxiliando no fortalecimento do sistema ligação do refratário, bem como
criando barreiras na porosidade aberta responsáveis por dificultar a percolação
dos fluídos oriundos da atmosfera e banho do carro torpedo.
Avaliações das
amostras de refratário ASCMg, indicam deslocamento do pico da fase MgAl2O4
para maiores valores de 2q
para todas as regiões estudadas à exceção da amostra do cone, que se trata
de revestimento convencional à base de ASC isento de MgAl2O4.
Este efeito é
observado com maior intensidade na face de trabalho (0mm) tornando-se menos
pronunciado à medida que se avança em direção à face fria do material.
Este resultado,
associado aos maiores teores de álcalis observados nas regiões de 0mm e 50mm,
e posteriormente validados pelos estudos de microscopia eletrônica de varredura
acoplados a microssonda eletrônica, sinalizam a formação da fase Mg-Al-O
seguida da produção da fase NaMg2Al15O25.
A título de
comprovar a combinação do sódio com a fase MgAl2O4, foi
preparada uma mistura MgAl2O4:Na2CO3 relação
1:1 em peso, mediante emprego da matéria prima espinélio de magnésio – alumínio
utilizada na matriz do refratário de ASCMg, seguida de aquecimento até à
temperatura média de operação do Carro Torpedo (1400oC), sendo
mantida durante 6 horas sob atmosfera normal, seguido de resfriamento natural do
forno. A amostra foi preparada para caracterização por DRX, obtendo-se as
fases descritas na Tabela 10.
Tabela
10 – Composição Mineralógica e Estrutura Cristalina da Matéria-Prima de
MgAl2O4 Anterior e Posterior ao Ataque Alcalino Comparadas
às Fases Derivadas do MgAl2O4 oriundo dos Refratários do
estudo Post Mortem.
Foram
obtidos como produtos de reação, fases com maior fração molar de sódio
quando comparados a fase obtida pelo estudo Post Mortem. Tal fato é explicado
pela severidade do teste de ataque alcalino introduzida pelo emprego de 50% em
peso de Na2CO3.
Todavia, tais
resultados ratificam a possibilidade de formação de aluminatos de magnésio
– sódio a partir da estrutura espinélio.
Como resultado, a
substituição da fase mulita pela fase espinélio de magnésio – alumínio do
revestimento refratário além de eliminar o desgaste da matriz pela rota de
formação de alumino-silicatos de cálcio (eutético anortita - guelenita -
pseudowolastonita : 1265oC)(9), permite a criação de
mecanismo concorrente de incorporação alcalina, adicional à transformação
do corundum em beta-alumina e à oxidação do SiC por Na2O(5),
resultando em maior proteção do grafite.
4.6. Microscopia Eletrônica de Varredura Acoplada à
Microssonda Eletrônica
Tomando-se as análises
da amostra da Abóbada selecionada para o estudo de microscopia eletrônica de
varredura acoplada à microssonda eletrônica (EDS), novamente foram constatadas
as afirmações do estudo de difração de raios-X.
Na Figura 10 é
ilustrada a imagem de composição da região a 0mm (face quente) sob visão
global da microestrutura (a), detalhando posteriormente em outras três
micrografias (b, c e d), três regiões indicadas pelas setas, b1, b2 e b3,
respectivamente.
b1) Detalhe do grão de MgAl2O4
Figura 10 – Imagens de Composição por Elétrons Retroespalhados
(BSE) da Face Quente do Refratário coletado na Região da Abóbada do Carro
Torpedo.
Observa-se que o
grão de MgAl2O4 ilustrado nas Figuras 10a e 10b
apresenta-se levemente alterado diante da ação da escória, funcionando como
barreira à frente de corrosão.
Exames
complementares mediante emprego da microssonda eletrônica, permitiram detalhar
a composição qualitativa e a distribuição dos principais elementos que compõem
a imagem de composição da Figura 10b, mediante construção do mapeamento de
raios-X - Figura 18 - dos elementos identificados a partir do EDS obtido.
Observa-se além dos principais elementos intrínsecos do material (Al, Si, C, Mg, O, Ti), acentuada intensidade da contagem para a linha do Sódio. O mapeamento de raios-X resultante da microanálise – Figura 18 - confirma a coexistência dos elementos Na, Mg, Al e O, corroborando com os resultados de difração de raios-X que conduzem à transformação da rede cristalina da fase MgAl2O4 em direção as fases Mg-Al-O e NaMg2Al15O25., resultando na proteção do grafite conforme comparação dos mapas de C e Na ilustrados na Figura 12.
Figura 11 – Mapeamento de Raios-X da Região b1 da Abóbada Face
Quente Ilustrada pela Imagem de Composição da Figura 10b.
5. Conclusion
A
substituição do revestimento refratário de ASC convencional das regiões da
linha de escória e zona de impacto por refratários de ASCMg isentos de mulita,
permitiram a CSN durante o emprego da mistura CaO/Borra de Alumínio com índice
de dessulfuração médio da ordem de 55% aumentar a campanha dos carros torpedo
de 250 a 400 mil toneladas de gusa transportado.
Todavia, com o
aumento do teor de Borra de Alumínio na mistura de 6% para 10% a partir do mês
de abril/98 juntamente com o emprego de novos agentes dessulfurantes à base de
CaC2/CaCO3/CaO/Alo aliado ao aumento do índice
de dessulfuração para valores da ordem de 80%, levaram ao desgaste prematuro
do revestimento tornando necessário um maior número de reparos localizados
visando garantir a campanha de 400 mil toneladas de gusa.
Diante dos
resultados obtidos a partir do estudo Post
Mortem do revestimento refratário da linha ASCMg empregado no Carro
Torpedo#8 conclui-se o seguinte:
A
escória rica em alumino-silicatos de cálcio contendo frações de elementos
alcalinos terrosos intrínsecos das matérias primas do Alto Forno e oriundos
das misturas dessulfurantes utilizadas (Borra de Alumínio – fonte de Alo),
interage com microestrutura refratária promovendo a oxidação do SiC pela ação
do Na2O(l),
conduzindo à precipitação de SiO2(s)
.
O
Na2(g) gerado é
volatilizado e rapidamente oxidado na atmosfera do Carro Torpedo formando Na2O(s)
o qual precipitará sobre banho passando à forma líquida Na2O(l).
Parcela
do Na2O(l)
oriundo do mecanismo de oxidação e recirculação alcalina, combinará com a
fase espinélio de magnésio alumínio conduzindo as reações inicialmente à
formação da fase Mg-Al-O seguida da formação da fase NaMg2Al15O25.
Como resultado deste efeito, é observada a introdução de mecanismo
concorrente de incorporação alcalina, adicional à transformação do corundum
em beta-alumina e à oxidação do SiC por Na2O, resultando em maior
proteção do grafite, e conseqüente, acréscimo
na vida útil do revestimento refratário.
Tais
afirmações são validadas pelos estudos de difração de raios-X e ratificadas
pelas microanálises mediante emprego da microssonda eletrônica as quais
sinalizam a preferencial coexistência do elemento Na com os elementos Mg, Al e
O, em relação ao Carbono.
Observações
do grão de MgAl2O4 localizado junto a face de trabalho do
revestimento refratário retirado da Abóbada indicam leve alteração diante da
ação da escória, funcionando como barreira à frente de corrosão.
Agradecimentos
Os
autores agradecem a Companhia Siderúrgica Nacional, Saint-Gobain, FAPESP,
FINEP/PRONEX e CNPq pelo apoio na realização deste trabalho.
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