A GUERRA DO GOLFO

O Iraque invade o Kuweit em 2 de agosto de 1990, iniciando um conflito que dura até fevereiro de 1991 e envolve vários outros países. Como pretexto para a invasão, o líder iraquiano Saddam Hussein (1937-) acusa o Kuweit, em julho, de provocar a baixa no preço do petróleo ao vender mais do que a cota estabelecida pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Hussein exige que o Kuweit perdoe a dívida de US$ 10 bilhões contraída durante a guerra com o Irã (1980) e também cobra indenização de US$ 2,4 bilhões, alegando que durante esse conflito os kuweitianos extraíram petróleo de seus campos fronteiriços de Rumaila. Estão ainda em jogo antigas questões de limites, como o controle dos portos de Bubián e Uarba, que dariam ao Iraque novo acesso ao Golfo Pérsico. A invasão se dá, apesar das tentativas de mediação da Arábia Saudita, do Egito e da Liga Árabe. O emir do Kuweit, Jabir as-Sabah (1928-), foge com membros da família real e se refugia na Arábia Saudita. As reações internacionais são imediatas. O Kuweit é grande produtor de petróleo e país estratégico para as economias industrializadas na delicada geopolítica da região. Em 6 de agosto, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) impõe boicote econômico ao Iraque. Em 28 de agosto, Hussein proclama a anexação do Kuweit como sua 19ª província. Aumenta a pressão norte-americana para a ONU autorizar o uso de força. Hussein tenta em vão unir os árabes em torno de sua causa, ao vincular a retirada do Kuweit à criação de um Estado palestino. A Arábia Saudita torna-se base temporária para as forças dos EUA, Reino Unido, França, Egito, Síria e países que formam a coalizão anti-Hussein. Os norte-americanos enviam à região o maior efetivo militar desde a Guerra do Vietnã. Fracassam as tentativas de solução diplomática e, em 29 de novembro, a ONU autoriza o ataque contra o Iraque, caso seus Exércitos não se retirem do Kuweit até 15 de janeiro de 1991. Em 16 de janeiro, as forças coligadas de 28 países liderados pelos EUA iniciam o bombardeio aéreo de Bagdá.

Tecnologia na guerra - A Guerra do Golfo introduz recursos tecnológicos sofisticados, tanto no campo bélico quanto no seu acompanhamento simultâneo no resto do planeta. A TV transmite o ataque a Bagdá ao vivo e, durante todo o conflito, informações instantâneas sobre o desenrolar da guerra chegam ao mundo inteiro. A propaganda norte-americana anuncia o emprego de ataques "cirúrgicos" que teoricamente conseguiriam, pela tecnologia empregada, acertar o alvo militar sem causar danos a civis próximos a ele. A Marinha norte-americana usa os mísseis Cruisc, que viajam como aviões sem piloto, guiando-se pelos acidentes do terreno pré-programados em um computador interno. Tanques e outros veículos blindados têm visores capazes de enxergar no escuro, graças a detetores de radiação infravermelha ou sensores capazes de ampliar a luz das estrelas, tornando a noite clara como se houvese luar. Mas a grande vedete foi o caça norte-americano F-117, o "caça invisível", projetado para minimizar sua reflexão ao radar inimigo. Israel e Arábia Saudita sofrem retaliação iraquiana com ataques de mísseis balísticos Scud, mas são defendidos por mísseis antiaéreos Patriot, de fabricação norte-americana, instalados em seus territórios. O Iraque é bombardeado seis semanas seguidas, tem alvos civis atingidos e se rende no dia 27 de fevereiro. Como parte do acordo de cessar-fogo, o Iraque permite inspeção internacional em suas instalações nucleares. O boicote comercial imposto ao país pela ONU ainda vigora em 1995 e só terminará quando o Iraque cumprir integralmente as condições do cessar-fogo. A guerra deixa um pesado saldo. Os poços de petróleo incendiados pelas tropas iraquianas em retirada do Kuweit, juntamente com o óleo jogado no Golfo, provocam um desastre ambiental. O número estimado de mortos na guerra é de 100 mil soldados, 7 mil civis iraquianos, 30 mil kuweitianos e 510 homens da coalizão. Após a rendição, o Iraque enfrenta distúrbios internos, com a rebelião dos curdos ao norte, xiitas ao sul e facções rivais ao partido oficial na capital. O Kuweit perde US$ 8,5 bilhões com a quebra da produção de petróleo e a guerra gera uma dívida de US$ 22 bilhões. A reconstrução do país é estimada em US$ 30 bilhões.


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Sonata Quasi Una Fantasia op. 27 no. 2 em dó menor "Moonlight Sonata" de Beethoven