Inútil- Com esta formação, em abril de '83
participaram do projeto Bôca no Trombone, do Teatro Lira
Paulistana, em São Paulo, seu primeiro show só com
composições próprias. Foram contratados após uma das
apresentações pelo produtor Pena Schmidt, na época contratando
grupos para a WEA. Gravaram seu primeiro compacto,
Inútil/Mim quer tocar, que, por problemas com a Censura, só
saiu em outubro daquele ano. Após a gravação do compacto,
agora fazendo mais shows, Edgard, já na época com o
Ira (ainda sem ponto de exclamação), não
pôde mais dividir-se entre os dois grupos. Para o seu lugar foi
chamado Carlinhos. Com esta formação (Foto 2),gravaram seu segundo
compacto, Eu me amo/ Rebelde sem Causa, em
'84. "Eu me amo" foi bem nas rádios, impulsionado um
pouco pela polêmica coincidência de refrões com a música
Egotrip, da Blitz. Mas o lado B do compacto, que começou a tocar
no começo de '85 foi que detonou a explosão do Ultraje.
Nós vamos invadir sua praia- Seu primeiro LP, "Nós Vamos
Invadir sua Praia", lançado a seguir e puxado inicialmente por
" Ciúme", foi um enorme sucesso. Foi o primeiro
LP de rock nacional a conseguir discos de ouro e platina. Das 11
músicas do disco, 9 foram amplamente executadas e o Ultraje
quebrou recordes de público em diversas casas de shows no Brasil
inteiro. No começo de '86, gravaram um EP chamado " Liberdade para
Marylou ", com uma versão remixada de "Nós vamos invadir sua
Praia", O "Hino dos Cafajestes" e a música "
Marylou" gravada em ritmo de carnaval e com as
frases censuradas substituídas por frases de trombone.
"Marylou" arrebentou nos bailes de carnaval daquele ano
e até hoje continua sendo tocada quase como um clássico de
carnaval. Já em '87, gravaram seu segundo LP, " Sexo!! ".
Durante a gravação deste disco,
Carlinhos, que já pensava em mudar-se para Los Angeles para
formar sua própria banda (o que acabou fazendo), saiu para dar
lugar a Sérgio Serra na guitarra. (Foto 3). O disco foi tão
bem sucedido quanto o primeiro, quebrando um tabu da indústria
fonográfica, que ditava que um primeiro disco que vendesse muito
bem era sempre sucedido por um fracasso. Isso não aconteceu. O
disco foi lançado com um show-surpresa histórico na Avenida
Paulista, uma das principais avenidas de S. Paulo, provocando um
congestionamento de vários quilômetros. Nova tournée por todo
o Brasil, novas músicas estouradas nas rádios e nada de
férias, desde '84.
Stress - Em '89, amadurecidos e um pouco
estressados pelas longas tournées, gravaram " Crescendo, seu
terceiro LP. O disco vendeu bem,
mas a mídia já não estava tão interessada no Ultraje, após 4
anos de sucesso ininterrrupto. Mesmo assim, o Ultraje ainda
provocava polêmica, ao provocar o anunciado fim da Censura
oficial com a música " Filha da Puta ". Palavrões não eram
coisa comum
naquela época, muito menos num refrão. Logicamente, a música
foi censurada extra oficialmente em diversas rádios e em
programas de TV, o que também atrapalhou na divulgação do
disco. Outras músicas, com palavrões leves ou temas picantes,
como " O Chiclete" e " Volta Comigo, que fala de
adultério, também tiveram a execução prejudicada. Em '90, o Ultraje
volta às origens e lança " Por Quê Ultraje a rigor? ", um
disco de covers que faziam parte
de seu repertório original. Maurício, casado com uma americana,
muda-se para Miami (onde vive até hoje) e Andria Busic entra em
seu lugar provisoriamente, sendo substituído por Oswaldo um mês
depois (Foto 4). Quase um ano de tournée depois,
e Roger percebe que o Ultraje já não era a mesma coisa. Leôspa,
casado, já não tinha mais a mesma disposição para viajar e
ensaiar, Sérgio Serra queria sair para formar sua própria banda
e Oswaldo preferia trabalhar em seu estúdio profissional. Após
uma conversa com Leôspa (que hoje mora em Ubatuba), decide
procurar novos integrantes que quisessem continuar o Ultraje a
rigor.
A nova formação - Procurando em bares e shows de bandas
iniciantes, encontra Flávio Suete, baterista que tocava com a
banda Nem e com o Central
Scrutinizer Band, cover de Frank Zappa. Flávio indica
Serginho Petroni, baixista com o Zappa cover. Juntos, começam a
fazer audições para novos guitarristas. Após meses de ensaio e
procura, acabam encontrando Heraldo Paarmann, por meio de um
anúncio informal na
Rádio Brasil 2000. Continuam com os ensaios e uns poucos shows
para entrosamento. Em 1992, contra a vontade do grupo, a
gravadora lança uma coletânea, "O mundo encantado do Ultraje a
Rigor", sendo a palavra "encantado"
uma ironia de Roger com relação ao encanto dos primeiros anos e
as dificuldades com a gravadora, em relação a novos projetos.
Apesar de ser uma coletânea, o disco tem duas faixas inéditas
gravadas com esta formação (Foto 5), além de algumas
gravações diferentes de sucessos anteriormente lançados. Ainda
em '92, revoltados com o descaso da gravadora com o grupo, gravam
de maneira independente "Ah, se eu fôsse homem
", uma
divertida divagação sobre as dificuldades encontradas pelos homens
frente à nova posição da
mulher pós-movimentos feministas. A fita com esta música,
distribuída às rádios pelo próprio grupo, acaba provocando a
reação esperada. Em '93, num clima já tenso com a gravadora,
lançam ""Ó!", seu sexto LP, o quarto com músicas
inéditas, gravado às pressas e com orçamento pequeno, por
imposição da gravadora. Foi um disco um pouco estranho, ainda
pouco entrosado com relação a estilo e praticamente ignorado
pelo departamento de divulgação da Warner. Teve um clip de sucesso na MTV, "(Acontece toda vez que eu
ico) Apaixonado" e sucesso discreto na mídia e nas
lojas, embora tenha agradado seus fãs mais fiéis e conseguido
alguns novos fãs. Em '95, nova coletânea, dessa vez, sem nem o
conhecimento do grupo, foi lançada. Faz parte de uma série
chamada "Geração Pop". Em '96, também de surpresa para a
banda, lançaram uma série chamada "O Melhor do Ultraje
a Rigor/2 é Demais!",
reunindo os dois primeiros LPs do Ultraje, sem as faixas bônus
dos CDs originais. Sem nunca se incomodar em avisar a banda, mas
já não "de surpresa", a Warner lança mais duas
coletâneas, em '97 "Pop Brasil", na verdade uma reedição do
Geração Pop com menos músicas e em '98 " Ultraje a Rigor
Vol. 2 / 2 é Demais!"
com o terceiro e quarto discos da banda reunidos em um CD e, mais
uma vez, sem as faixas bônus originais.
O Presente - O Ultraje a rigor continua fazendo shows pelo Brasil e assinou contrato com a Deckdisc/Abril Music para lançar " 18 anos sem tirar!", um disco ao vivo, com algumas canções inéditas gravadas em estúdio, como a bastante tocada nos rádios Nada a Declarar.