HISTORIAL DA VILA
BREVE HISTÓRIA SOBRE A VILA DE CORROIOS
O nome Corroios provém, possivelmente, da existência de arroios, pelo menos era assim que o pároco, Pedro Simões Duarte o explicava em 1758, dizendo " A quem talvez os antigos pusessem este nome por ficar ao Sul dela de nascente ao poente um não pequeno campo baixo e tão húmido que ainda em o mais ardente e dilecto Verão conserva alguns arroios ainda que pequenos de águas, que nascido nopoente,corre,por entre os brejos do mar ".
O homem estabeleceu-se neste local desde muito cedo dada a privilegiada situação geográfica, favorável à existência humana. Desde a época romana existem informações sobre as gentes que habitavam a área de corroios, como atestam os importantes vestígios arqueológicos da Quinta do Rouxinol.
A idade Média provocou o desenvolvimento da povoação, sendo constituída como freguesia do termo de Almada em 1369, conforme as informações qie o pároco Pedro Simões Duarte deu ao inquérito Paroquial, após ter efectuado uma pesquisa documental.
A povoação situada na margem sul do estuário do Tejo, desenvolveu-se no fundo de um dos numerosos esteiros que o rio Tejo recortou no seu braço que se estende em direcção ao Seixal. O rio foi também, durante séculos, a principal via por onde os produtos agrícolas, florestais e Industriais aqui produzidos, eram escoados.
Simultaneamente era também usada como local de passagem terrestre para o Sul, uma vez que a estrada real, que ligava Cacilhas a Coina, seguia em direcção a Azeitão e Setúbal e daí a Sesimbra, passava pelo centro de Corroios.
O facto de se encontrar próxima de Lisboa e a existência de bons recursos naturais, favoreceram o aproveitamento agrícola e florestal da zona onde a freguesia se situa.
O Rei D.João I, em 1385, ofereceu ao Condestável Nuno Álvares Pereira terras do termo de Almada, incluindo as terras em que se situava a Freguesia de Corroios. O Santo Condestável organizou, na sua nova propriedade, quintasagrícolas e ordenou a construção do primeiro Moinho de Maré ao fundo do esteiro, em 1403.
Um ano depois Nuno Álvares Pereira doou estes bens ao Convento do Carmo, ordem religiosa a que pertenceram até à sua nacionalização no ano de 1834. Na sua "Crónica dos Carmelitas" Frei José P. Santa Ana descreve esta propriedade da seguinte forma :" No termo da Vila de Almada tem este Convento a propriedade em todo o salgado que entra daquela ponta para dentro dividido em quatro braços de mar : um deles vai para Corroios, outro para Algenoa, outro Amora, e em fim o outro para Arrentela: e a mesma propriedade tem em todas as obras esteiros, terras e águas daquela enseada. Nestes esteiros deixou já o Senhor Condestável edificado o Moinho de Corroios, primeiro em todo aquele salgado que pelo tempo adiante se edificaram mais quatro, alguns dos quais o Convento beneficia para si e outros tem aforado a diferentes pessoas, que lhe pagam quantias de trigo, com a pensão de o entregarem no seu celeiro".
Os Frades carmelitas possuíam na área de Corroios várias propriedades agrícolas, das quais extraíam produtos de excelente qualidade, especialmente vinho e lenha, e que lhes davam importantes rendimentos que revertiam para o seu convento de Lisboa.
As quintas de Corroios, Vargueira e Marialva, que os frades do Carmo aqui possuíam, estavam bem apetrechadas em termos de alfaias e instalações agrícolas.
A Agricultura, Silvicultura, moagem e trânsito fluvial constituíam as actividades económicas mais importantes da freguesia, desde tempos remotos e quase até aos nossos dias e que integravam com as necessidades da cidade de Lisboa.
Em consequência do terramoto de 1755, a igreja matriz de Corroios ficou totalmente arruinada, sendo utilizada a ermida de Santo António da Olaia, na Quinta do Rouxinol, para a substituir.
O principal porto fluvial de Corroios era o que ficava no local de Carrasco, funcionando apenas durante a praia-mar, não podendo receber mais que Quatro embarcações, que era o número de embarcações que saíam para Lisboa com carregamentos de lenha e de tojo, destinados ao aquecimento.
O grande consumo destes combustíveis levou a que em meados do Século XVIII estes recursos estivessem quase esgotados.
Até ao final do Século passado a freguesia manteve-se essencialmente rural, dividida em quintas de nobres e dos religiosos carmelitas. Possuía, no entanto, algumas industrias associadas às actividades sociais, como a industria do vinho e a industria moageira.
Os efeitos da máquina a vapor fazem-se sentir com a instalação da fábrica da pólvora, de primeira categoria, em Vale de Milhaços que a utilizava para a sua produção. Esta máquina existe e funciona ainda, constituindo um valioso património da freguesia .
O Moinho de Maré de Corroios foi classificado como edifício de interesse público e actualmente constitui um Núcleo do Eco-museu Municipal do Seixal.
Em 1976 a freguesia de Corroios foi restaurada , pois desde a criação do Concelho do Seixal, em 1836, encontrava-se associada à freguesia de Amora
Em 20 de Maio de 1993 é elevada à categoria de Vila.