à câmara funerária (4). Esta mede aproximadamente três metros e 65 centímetros por dois metros e 66 centímetros e sua altura é de três metros. Nenhum sarcófago ou equipamento funerário foi encontrado em seu interior, provavelmente porque a pirâmide não chegou a servir ao seu objetivo final. Existe ainda um último corredor que parte de um nível mais alto do poço na direção sul (5).
A Pirâmide de Meidum
O último rei da III dinastia, o faraó Huni, cujo
reinado se estendeu aproxi
madamente entre 2599 e 2575 a.C., mandou construir uma pirâmide de degraus em Meidum, próximo da região do Faium. Inicialmente o monumento era composto por sete degraus (1). Posteriormente acrescentou-se mais um
(2), tendo a pirâmide atingido a altura de 93,5 metros, o que corresponde
a um prédio de 30 andares. Finalmente, mas já no reinado do primeiro faraó da
IV dinastia, Snefru (c. 2575 a 2551 a.C.), e por razões que desconhecemos, os degraus foram
preenchidos com pedras e aplicou-se um revestimento externo de pedra calcária polida em toda
a estrutura, para transformá-la em uma pirâmide propriamente dita (3),
a primeira que se tentou construir no Egito. Os lados do monumento, em sua base, medem aproximadamente 137 metros.
A entrada para a pirâmide localiza-se na sua face norte
(4). A partir de um
ponto situado pouco acima daquilo que seria primitivamente o primeiro degrau, parte um corredor descendente que penetra inicialmente na pirâmide e depois no solo rochoso. A uma distância de cerca de 58 metros da entrada, o declive cessa e o corredor
continua em nível, por sob a pirâmide, por mais nove metros. Nesse ponto projeta-se para cima um
poço vertical que atinge o solo da câmara funerária (5).
Essa foi erigida com pedra calcária, parcialmente no terreno rochoso e parcialmente no interior da
pirâmide, e mede seis metros por dois metros e 60 centímetros. Seu teto é constituído por camadas de pedra parcialmente sobrepostas, formando uma abóbada escalonada, enquanto que o solo é pavimentado também com lajes de calcário. Em seu interior nenhum sarcófago foi encontrado.
Encostado no centro da face leste da pirâmide encontra-se o
templo mortuário edificado com pedra calcária. Construçõo simples, ocupa
área de cerca de 10 m² e sua altura máxima é de dois metros e 70 centímetros.
É formado por apenas três compartimentos, sem qualquer decoração nas paredes. Em seu interior há um altar baixo de calcário, destinado à oferenda diária de comida e bebida para o rei morto. De cada lado do altar ergue-se uma alta laje monolítica de topo arredondado, montadas em bases retangulares e nas quais não existe qualquer inscrição, o que denota que o edifício não foi concluído.
Na pirâmide de Meidum não existe qualquer
inscrição que indique quem a mandou construir. Por indícios, os arqueólogos
atribuem a primeira fase de sua construção ao faraó Huni. Entretanto, os
egípcios antigos atribuiam a obra a Snefru. No interior do templo mortuário foram
encontrados grafitos nas paredes e um deles, datado da XVIII dinastia, diz o seguinte:
No 12º dia do quarto mês do verão, no 41º ano do reinado
de Tutmósis III, o escriba As-Kheper-Re-senb, filho de Amenmesu (o escriba e ritualista do falecido rei Tutmósis I), veio ver o magnífico templo do rei Snefru. Achou-o como se o céu estivesse dentro dele e como se o Sol nele brilhasse. Então ele disse: "Possa
o céu chover mirra fresca, possa o céu gotejar incenso sobre o telhado do templo do
rei Snefru."
Um espaço aberto medindo cerca de 24 metros de comprimento
separa o templo mortuário da muralha que cerca o conjunto. Nela, na direção
aproximada da entrada do templo, existe uma abertura estreita que conduz a uma calçada, a qual
liga a área da pirâmide com uma construção situada na orla do vale.
Atualmente destruída, a calçada media 214 metros de comprimento e estava assentada em
um leito de três metros de largura cavado no substrato rochoso da região. De cada lado da
calçada erguia-se uma parede de pedra com dois metros de altura, cuja espessura diminuia de
um metro e 50 centímetros na base para um metro e 20 centímetros no topo.
A calçada não era coberta e em cada uma de suas paredes havia apenas uma porta localizada
junto à muralha que cercava a pirâmide. Tais portas permitiam que se entrasse no corredor
pelos lados leste ou oeste, sem que fosse necessário atingir o templo do vale para alcançar
o recinto da pirâmide. Por outro lado, junto ao templo do vale o corredor da calçada
era bloqueado por uma porta dupla, cujo objetivo, provavelmente, era o de impedir que pessoas não
autorizadas pudessem prosseguir além daquele ponto em direção ao templo
mortuário.
Outras Pirâmides de Degraus
Outras quatro pequenas pirâmides em degraus são conhecidas, mas quase
nada sabemos sobre elas. Situam-se nas localidades de Seila, Zawiyet el-Mayiti (ou Zawyet el-Amwat), Tukh e El-Kula. A ilustração ao lado é uma secção da pirâmide de Zawyet el-Amwat. Na pirâmide de El-Kula, a que melhor foi explorada entre elas, não foi encontrada nenhuma abertura para seus subterrâneos. Possui três degraus e seus cantos — e não suas faces como é habitual — estão orientadas na direção
dos quatro pontos cardeais. De seu revestimento nada foi preservado. O âmago é formado
de grosseira pedra calcária existente na região. A pirâmide de Tukh, construída
de pedra não trabalhada, tem quatro degraus. Imediatamente abaixo de seu centro, à guisa de câmara funerária, há apenas um buraco toscamente cavado na rocha e sem nenhuma conexão com qualquer túnel que leve a uma entrada no exterior da pirâmide. É óbvio que o sepultamento só poderia ser efetivado antes que a primeira camada da estrutura da pirâmide começasse a ser assentada, mas a câmara foi encontrada totalmente vazia. Embora essas quatro pirâmides sejam geralmente atribuídas ao período da III dinastia, ainda pairam
dúvidas sobre esse ponto e acredita-se que, provavelmente, não seriam pirâmides pertencentes a faraós.