A Torcida que carregou o clube
A história alvinegra é feita de lutas, obstáculos, heroísmos, paixões, dificuldades, de todo o tipo, mas sempre com um final feliz para aqueles que brigam pela estrela solitária.
A Jovem é o maior símbolo da torcida alvinegra. Me recordo que lá pela metade dos anos 60, quando a galera do Botafogo começou a crescer para valer e partiu para a briga no bom sentido, trouxe todo um contingente de jovens para incentivar aquele timaço de Gérson, Jairzinho, Roberto e Paulo César.
A Jovem segurou a barra de 20 anos de péssimas administrações, de sede vendida, de times medíocres, mas jamais deixou morrer em qualquer discussão com outros torcedores, a mística de um clube de tantas tradições, de tantos títulos, de tantos craques e tanta paixão. Ela nunca abandonou a estrela e seguiu o clube até a virada de 89 quando recomeçou - como sempre, aliás, a série de títulos e a redescoberta de um clube maior do que o seu tempo, maior que a própria vida.
O Botafogo teve uma série de crises por falta de sede e de campo, depois de 1912 quando lhe tiraram o estádio da Voluntários da Pátria - mas um grupo de abnegados jamais deixou a estrela se apagar. Nos anos 30, foi a cruzada para levantar o histórico estádio da rua General Severiano, e ele se pôs de pé depois da construção do casarão colonial.
Na batalha mais importante e mais terrível dos anos 80, foi a massa de torcedores aliada ao apoio político de alguns nomes decisivos, que recolocou o clube no seu lugar de honra. Nos piores momentos do pesadelo, quando General Severiano era só um monte de ruínas, havia sempre a torcida - especialmente a Jovem - que jamais deixaria o Botafogo sucumbir.
Agora nos anos 90, com o clube ainda problemático mas já institucionalizado, a figura do torcedor tem que ser homenageada e reverenciada. Ele é o símbolo mais puro, mais democrático, mais combativo, desse amado Botafogo que só por existir, é uma razão de vida e de felicidade absoluta de seus fanáticos seguidores.
Márcio Guedes
Jornalista