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XUITO - MEMÓRIAS DE UM LICANTROPO JUVENIL

 

CAPÍTULO ATUAL: Por que os jovens são tão tristes?


Minha classe do colegial era incrivelmente unida. É claro que haviam pessoas que não se gostavam, mas ainda assim éramos muito unidos.
Não sei se devido a essa união, ou então por coincidência mesmo, mudamos todos juntos para uma outra escola, particular, e montamos um terceirão quase idêntico à nossa classe da escola pública.

Quando eu mudei de escola a turma que eu andava, de todas as farras, se desfez: o Felipe começou a namorar sério e parou de andar com a gente; o Vicente ficou na escola antiga e, aos poucos, também parou de dar notícias; o Edivaldo e o Fabinho entraram para um grupo de teatro e ficaram meio esquisitos; o Birola passou no vestibular de três faculdades e foi fazer psicologia em outra cidade. Eu fiquei sem turma e tinha que arrumar outra galera pra zoar por aí.

Nessa nova escola fiquei muito amigo do Bodão e; junto com o Yoda, o Guilherme, o Douglas e o Teófilo; fizemos uma nova turma de farras (novamente em número de seis: o máximo de caras que cabe num carro sem apertar muito).

O Bodão tinha um Passat extremamente velho que a gente apelidou de Camelo (nem me lembro o motivo desse apelido). Um carro todo cheio de problemas mecânicos que sempre deixava a gente na mão, mas que fazia a gente rir pra caramba. O Camelo também não tinha som e, numa tentativa de resgatar o passado, eu levava o meu violão toda vez que a gente saía. O problema é que ninguém sabia tocar como o Birola... na verdade ninguém sabia tocar nada mesmo, e o violão só servia pra fazer barulho.

A Fabíola também mudou para essa escola particular. Ela estudava no período da manhã, e eu à tarde. Era difícil eu encontrá-la, mas fiquei muito mal o ano todo, gostando dela. Hoje não sei como eu pude sofrer tanto por ter levado aquele fora: sofrer tanto por causa de uma menina que eu nunca beijei! Que bobagem!

1994 foi um ano estranho, foi quando as coisas começaram a ficar sem sentido. Nessa época eu conheci meu lado depressivo, e conheci muita gente que pensava igual a mim. Você tem idéia de quantos adolescentes sofrem de depressão?

No começo da minha depressão eu era triste por causa da Fabíola... depois eu já era triste e nem sabia mais o motivo. Quando você não vê mais sentido em nada, tudo ao seu redor pode ser um motivo de reclamação.

Eu fiquei muito tempo sem dar valor a vida e passei a fazer tudo sem dar muita importância pra nada. Qual era o significado de tudo?

Conflitos à parte, a vida continuava. No terceiro colegial sofremos pressões de todos os lados e eu tinha que escolher que faculdade fazer. Decidi prestar vestibular para Ciências Biológicas, mesmo sem saber se era isso mesmo que eu queria pro meu futuro profissional.

Fiz um terceiro colegial bem light. Escolas particulares não exigem tanto do aluno: pressupõe-se que, por seus pais estarem pagando a escola, ele dará mais valor pro ensino. Balela! Não que eu seja um mal filho, mas como eu disse: nada me importava.

Não estudei quase nada pro vestibular, ia prestar mesmo pra ver como é que era. O azar é que eu acabei passando!

Atualizado em 15/05/2000.

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