NAMO BUDDHAYA - NAMO DHARMAYA - NAMO SANGHAYA !

AS TRÊS VOLTAS DO DHARMA
Aula do Lama Samten

O Buddha Sakyamuni manifestou sempre e de forma completa a sabedoria que libera todos os seres das construções aprisionantes. Ainda assim se diz existir as três classes de ensinamentos caracterizadas pelas três voltas do Dharma e Sua Santidade o Dalai Lama afirma claramente que a tradição Vipassana é maravilhosa mas inferior à tradição Vajrayana. Porque?

Lama Padma Samten

Quando o Buddha manifesta os ensinamentos, cada ser encontra os benefícios segundo sua motivação:

Com os olhos que desejam a liberação, com a motivação de afastar-se do sofrimento e interromper o infindável ciclo de mortes e renascimentos,

1)  escuta-se as palavras do Buddha e isso origina o Hinayana.
Com os olhos de compaixão por toda a vida senciente,
2)  ouve-se as palavras do Buddha e percebe-se seu maravilhoso efeito de liberação, ai os olhos se voltam ao próprio Buddha, apreciando-se a sua manifestação de compaixão por todos os seres, sua motivação de produzir benefício e isso origina o Mahayana.
Com os olhos que reconhecem a compaixão, amor, alegria e equanimidade do Buddha,
3)  foca-se a origem disso, a mente do Buddha, a origem de sua sabedoria, estabilidade, liberdade, aprecia-se sua essência, aprecia-se este ensinamento silencioso e maravilhoso que o Buddha dá enquanto suas palavras e gestos se produzem, aprecia-se o conteúdo dos ensinamentos e a motivação destes ensinamentos. Isto tudo junto dá origem ao Vajrayana.
O Hinayana pratica as instruções do Buddha que levam à liberação final. O Mahayana pratica a instruções e copia o Buddha em sua motivação de compaixão e amor. O Vajrayana pratica as instruções do Buddha, sua motivação e sua qualidade de iluminação.

*************************************
AÇÃO ECOLÓGICA E PACIFISTA
Lama Padma Samten

          A afirmação básica do pensamento ecológico é justamente a unidade intrínseca de todas as coisas, mas isto não é uma exclusividade, visto que para várias antigas e novas tradições, o universo é como um vasto organismo, no qual o mundo natural, e            nele o homem, é apenas uma parte. Este posicionamento, em um período da antigüidade no qual o Taoísmo se tornou filosofia do estado na China, chegou aos aspectos jurídicos onde os crimes e disputas passaram a ser encarados como distúrbios no relacionamento do homem com a natureza – ou em seu sentido maior, com a unidade. No código jurídico da dinastia Tang, por exemplo, estava especificado o real perigo em substituir esta forma de análise por formas simplistas voltadas à punições. A prática jurídica deixa de ser a apuração da responsabilidade do            infrator, para focar a natureza sutil da infração e sua origem. Todas as visões simplistas determinam análises incompletas, e estas análises incompletas que terminam sempre na delimitação de um inimigo a ser combatido.

           Para os movimentos realmente pacifistas, não há inimigos a serem derrotados. Na visão de Gandhi, o importante não era combater os ingleses, mas juntos, indianos e ingleses deveriam libertar-se do fuzil que dominava a ambos: aos indianos que            ficavam à frente, e aos ingleses que ficavam atrás. As visões corretas levam a objetivos corretos e à prática correta, resultando em ganhos reais. O ponto central da luta pacifista é descobrir o ponto sensível por onde o agente de desarmonia pode transformar-se em um agente de harmonia, sem nunca vê-lo como um inimigo ou adversário. A lógica da dor e da desarmonia é que é adversária de ambos.

           Todos os seres desejam a felicidade e buscam se afastar do sofrimento. Assim podemos compreender uns e outros. Quando ações muito equivocadas e danosas são feitas, isto é sempre o resultado da perda de visão da unidade. Quando o foco mental           se perde, a surge a fragilidade a todo o tipo de flutuação e equívoco, e as pessoas ficam suscetíveis à manipulação. As tensões sociais e culturais são canais pelo qual são manipuladas sutilmente, tornando-se cúmplices de processos de agressão que colocam em risco tanto sua saúde quanto o planeta. É como se estivessem sob o efeito de um encanto que dá sentido a tudo e as conduz à práticas que as afastam até mesmo de seus princípios.

           Assim, a população que sente os efeitos da degradação ambiental, social e de sua saúde, é a mesma que, com seus gestos, sem perceber, dá respaldo e sustentação à raiz das dificuldades. Este círculo de força afeta até mesmo os grupos que trabalham            pelas transformações, e não pode ser vencido por oposição, mas apenas pela compreensão e abandono de sua lógica e automatismos. Para quebrar este encanto, é necessário o esforço de eliminação das artificialidades e automatismos mentais, e isto            milenariamente é conhecido como meditação: tranqüilização, prática espiritual, reencontro com a serena natureza da unidade. Quando o príncipe Siddhartha, por esta prática, tornou-se o Buddha, disse: "Libertei-me daqueles que foram meus senhores por            incontáveis vidas, as disposições mentais e seus agregados. Os seres se debatem como peixes em água rasa. O sofrimento existe, mas por depender de causas, pode ser eliminado e há um caminho para isso: o reconhecimento da natureza de unidade, espacialidade e luminosidade."

           No sentido budista, o caminho é a superação completa dos obstáculos à experiência de unidade, e estes são os automatismos mentais que conduzem às ações equivocadas que produzem por sua vez, as condições de sofrimento. Como os automatismos e impulsos surgem de uma região interna sutil, não basta a transformação das opiniões, mas é necessário chegar ao coração, que é onde as ações            brotam, e repousa-lo na natureza da unidade. É retornar à unidade usando a própria unidade como caminho.

           Não é possível chegar à unidade através de parcialidades e hostilidades. Esta compreensão, base do pacifismo enquanto método de atuação política, traz grandes benefícios quando incorporada na nossa vida cotidiana, formando a base de uma nova atitude que termina por obter transformações sociais de forma completamente           natural e imperceptível.

********************************
O LAMA GAÚCHO

O longo caminho de um professor de física na busca da compreensão do mundo.

Alfredo Aveline foi professor do Departamento de Física da UFRGS de 1969 à 1994, com um intervalo de dois anos e meio. Em 1982 tornou-se budista tibetano, em 1993 recebeu o nome de Padma Samten ( Padma = lótus; Samten = estabilização meditativa) e em dezembro de 1996 foi ordenado lama do Budismo tibetano. Ele nasceu em Rio Grande, vai completar 50 anos no dia 24 de janeiro que vem, está no terceiro casamento e tem três filhos: Ana Cláudia, 24 anos, Ricardo, 21, e Sofia, 5. Com Angela, 26 anos, ainda não tem filhos.

Quando não está na sede do Centro de Estudos Budistas, no bairro Menino Deus (de onde navega pelo mundo via Internet), Alfredo Aveline está na sede Centro de Estudos Budistas de Caminho de Meio, instalada em 4,2 hectares de terra no município de Viamão, a 25 quilômetros do centro de Porto Alegre. Ou em algum ponto do Brasil em função de seu trabalho como lama. No começo deste mês esteve em Salvador e no interior da Bahia, participando de seminário promovido por uma organização de empresários interessados em aplicar os ensinamentos do Budismo em seus programas de qualidade total.

Antes de chegar ao Budismo ele despertou para a questão ecológica e durante a ditadura militar participou da campanha contra a Acordo Nuclear Brasil-Alemanha. Debateu com representantes do governo e publicou vários textos alertando para o perigo da energia nuclear. Quando o projeto das usinas atômicas empacou, dedicou-se a fontes alternativas de energia e chegou a trabalhar no embrião do Grupo de Energia Solar de UFRGS. Até promover o retorno ao verde.

LICENÇA PARA PENSAR

No final dos anos 70, seus vários interesses começaram a confluir e ele resolveu realizar o velho sonho de organizar a vida perto da natureza, onde pudesse testar e dar testemunho do uso de tecnologias alternativas, aprofundar a prática de yoga, ter tempo para pesquisar questões como física quântica. Coisa que dentro da universidade não se atreveria a propor como plano de trabalho. Ao invés de esperar pela aposentadoria, dali a 20 anos, resolveu se demitir. Mas foi convencido a pedir uma licença não remunerada.

Resolveu provar que podia "viver por conta própria" no meio da natureza. Foi morar na encosta do Planalto, um lugar montanhoso na divisa do município de Três Coroas com Taquara, no Vale do Rio Paranhana. Montou uma pequena indústria de laticínios nas terras que havia comprado anos antes e passou a produzir iogurte, queijo e ricota com o leite produzido na comunidade. Acredita até que contribuiu para conscientizar os pequenos produtores da região sobre a exploração.

O lugar se tornou ponto de convergência de jovens, chegando a abrigar 20 pessoas: gente fugida de casa, gente vinda do Uruguai, viajantes. E confusão por tudo que era lado: nos últimos tempos até maconha plantaram no local. Claro que as drogas eram proibidas, incluindo cigarro e álcool. Drogas e entrar em casa de sapato (por causa do barro). "Foi um período mágico".

Enquanto viveu na encosta do Planalto teve tempo até para ler sobre Budismo, mas a aceitação só aconteceu depois que voltou a lecionar no Departamento de Física. E não teve nada de dramático, veio vindo aos poucos, sem traumas nem data certa. Ele reconhece que sua forma de compreensão da física sofreu modificações. Em contrapartida, sua forma de compreensão do Budismo também se modificou.

Isso talvez explique a façanha de ter lecionado duas disciplinas para alunos do Curso de Filosofia, numa espécie de "introdução da física para filósofos, abordando questões filosóficas da física". Essa abertura (fechada pouco depois), que motivou sua carreira na Universidade, ele agradece ao professor Fernando José da Rocha, chefe do Departamento de Filosofia, na época.

A NATUREZA DO INDIVÍDUO É INSEPARÁVEL DA NATUREZA DO MUNDO

Padma Samten começa suas práticas budistas tibetanas às seis da manhã. Às 7h45min toma café e inicia a rotina de receber pessoas, estudar, organizar eventos. Ele se comunica com o Brasil todo pela Internet (responde perguntas e periodicamente recebe ensinamentos de seu mestre Chagdud Rinpoche, que vive em Três Coroas, na encosta do Planalto gaúcho, perto de Gramado. No final da tarde, mais prática e meditação de uma hora e meia. "Não é uma obrigação, mas meditamos em torno de três horas por dia".

O trabalho de um lama inclui percorrer várias cidades organizando grupos e atendendo os interesses das pessoas, onde o convidam. No momento, Padma Samten está organizando uma sede de 4,2 hectares de terra no Caminho do Meio, município de Viamão, a 25 quilômetros do centro de Porto Alegre. "Hoje, estamos em cinco pessoas aqui , mas pretendemos instalar 28 famílias. Até o ano que vem vamos implantar uma escola e um centro médico."

Para se sustentar, Padma Samten faz como os mestres do passado. "Se reconhecem méritos na minha atuação, me convidam, fazem doações. No momento, como forma de sustentação do centro, estamos organizando atividades de estágios para a Universidade Holística Internacional, em Porto Alegre."

No centro do Caminho do Meio se estuda a língua tibetana, com um tibetano que vive em Três Coroas. "Ao traduzir, nos tornamos muito intérpretes: temos que escolher uma palavra do português que freqüentemente não alcança o sentido todo. Imagine traduzir a palavra axé para o inglês." No sítio de Viamão, Padma Samten falou de sua vida e do Budismo.

O QUE É O BUDISMO?

O Budismo é um conjunto de práticas que levam a pessoa a reconhecer sua natureza e a natureza do mundo a seu redor, que no fim reconhece como algo inseparável dela. A palavra unidade é muito importante no Budismo, unidade e perfeição. As experiências últimas no Budismo estão relacionadas à compreensão da unidade e à compreensão da perfeição.

O BUDISMO ESTÁ SE EXPANDINDO?

Sim, está. E, não tenho dúvida, os budistas têm um papel muito importante no ocidente, porque o Budismo vem para pacificar, para unir ciência, filosofia, psicologia e religião. A nossa psicologia está separada em várias facções, as filosofias estão todas separadas, a ciência também está separada e a religião está separada de tudo isso. O Budismo não é uma doutrina, é um processo de sofisticação da operação mental, o Budismo diz respeito a como os seres humanos podem funcionar melhor.

ONDE "ENTRA" DEUS?

Deus "entra" como natureza do Absoluto. Um Deus que tem existência no espaço e no tempo é considerado uma criação humana. No Budismo, Deus não cabe em nenhum critério de classificação, a não ser como produto de uma operação mental racional. Deus é absoluto, no sentido de que não é tocado nem pelo tempo nem pelo espaço. No Budismo ele não tem nome, ou tem muitos nomes, como
Dharmakaya, Sambhogakaya.

SUA VIDA MUDOU RADICALMENTE?

Acho que sim, ainda que não tenha pensado conscientemente "vou mudar". É um processo muito longo. Nunca provoquei mudanças externas para trazer mudanças internas, a maior parte das minhas transformações ocorreu dentro da Universidade, no meio das mesmas pessoas, sem grandes mudanças propriamente ditas.

O BUDISMO APRESENTA UM CAMINHO?

O Budismo diz que o mundo que surge aos olhos do observador é inseparável da forma como se olham as coisas. Então, se a gente quiser transformar o mundo, tem que ser externa e internamente. Se tentarmos transformar externamente, sem transformar internamente, o mundo não muda. Se tentarmos mudar internamente, sem mudar externamente, o mundo também não muda. Os aspectos internos e externos são inseparáveis.

QUE REFLEXO TEM NA VIDA DIÁRIA?

Se pensarmos que temos um problema e vamos afundar de vez, isso não é totalmente verdadeiro, é apenas um enfoque. O que produz ansiedade é o espaço e o tempo. As dificuldades surgem porque nossos referenciais estão no espaço-tempo. Mas os referenciais budistas estão sempre além do espaço-tempo.

O BUDISTA CRÊ EM REENCARNAÇÃO?

Poderíamos dizer que sim e que não, porque a reencarnação se dá dentro do espaço e do tempo. No entanto, o espaço e o tempo, nome, forma e identidade, são critérios que aparecem aos olhos das pessoas, mas não têm solidez verdadeira. Então, dentro desse critério parcial, a reencarnação existe. Mas quando o olhamos com a natureza do absoluto, aí existe uma continuidade, uma unidade em que a palavra reencarnação não faz sentido.

É COMPATÍVEL COM OUTRAS RELIGIÕES?

Quanto a isso não há nenhum problema. No meu coração eu sinto assim, essa é uma experiência que talvez eu tenha aprendido com Dalai Lama. Eu olho as outras religiões como se fossem o próprio Budismo. Não que eu diga: agora praticarei a outra religião também. Eu desejo que a outra religião tenha sucesso, que ela consiga trazer benefícios para as pessoas, que consiga, realmente, funcionar.

PAPEL DO MESTRE

"A gente têm estruturas de dificuldades, enganos nos quais nos fixamos como se fossem verdades. Essas estruturas se fixam, tornam-se parte da gente, a ponto de não querermos nem mexer naquilo. Podemos levar um ano, dois anos, para romper. Alguns levam dez anos, outros levam vidas inteiras. Só se percebe isso quando se começa a fazer um trabalho espiritual, quando se faz meditação. Então, quando se olha para trás, se diz; Bah! Convivi com isso durante anos e achava maravilhoso! Então, temos áreas que somos capazes de definir se são boas ou não. Por isso, é importante que venha alguém que nem pergunte se aquilo dói ou não dói: vem e alinha as coisas. Esse é o papel do mestre."

ENCONTRO COM O BUDISMO

"Encontrei o Budismo, propriamente, porque tudo confluiu. Como é possível as pessoas mudarem e gerarem um comportamento genuinamente voltado para a harmonia do meio ambiente? Isso dizia
respeito a coisas mais delicadas que simplesmente elaborar leis ou regras. E o processo de transformação inclui a parte espiritual. A ciência necessariamente vai ter que ultrapassar a relação sujeito-objeto, como a própria física quântica coloca. A física quântica fica naquele ponto e ali pára. Quando eu encontrei o Budismo, ele veio unir essas regiões todas."

CIÊNCIA E BUDISMO

"Niels Bohr, físico dinamarquês que ofereceu a visão filosófica complementar da física quântica, concluiu que o processo de percepção é inseparável das estruturas mentais internas. Então física,
filosofia e psicologia não são ciências separáveis. E Jung afirma o quê? Física, filosofia e psicologia dizem respeito ao mesmo objeto. Era um panorama muito mais amplo que o do cientista, o professor
de física, se curva diante de um ensinamento muito mais profundo. Talvez isso tenha sido a minha conversão. Paralelamente à ciência, vem o Budismo, mostrando como todas as coisas são inseparáveis do observador.

AMOR E FÍSICA QUÂNTICA

"Os filósofos ocidentais não chegaram a nenhum acordo, enquanto a filosofia oriental vai se transformando numa forma de vida e chega numa visão que abarca as outras visões. Num certo momento, encontrei os ensinamento de bakti-yoga (yoga devocional) e pensei: aqui é a minha praia, cheguei ao ponto. A bakti-yoga coloca amor no teu coração e te move. A gente descobre que não faz propriamente erros quando se tem amor no coração. Na época, como cientista, eu não percebia todo o potencial disso. Botar amor no coração e pensar em física quântica? O cientista vai perguntar: está correto ou não está correto? Mas o problema é o que o correto ou não correto é impermanente. O que agora parece correto depois parece incorreto. Esse problema os filósofos ocidentais ainda não resolveram.
 
 

UMA DIMENSÃO INTERNA

"Em 1984, encontrei um livro em português com ensinamentos budistas. Vi que era muito profundo mas a tradução não estava bem correta. Levei um ano e meio para conseguir o original em inglês de
onde aquela tradução tinha saído. Aí, peguei os textos e comecei a traduzir do inglês. Aquilo tinha uma complexidade que me parecia pior do que física quântica, pior do que pós-graduação em física. Aquilo era uma energia, tinha emoção, descortinava uma realidade completamente diferente. Antes tudo era tridimensional, mas agora tinha uma dimensão interna. Dependendo da posição em que se está, a mente observa as coisas de um jeito ou de outro. Isso inclui também um mundo material."

QUESTÃO DE MÉTODO

"O Budismo tibetano tem muitos métodos, é uma escola em que se pode ir aprendendo etapa por etapa. Algumas escolas não apresentam o final do caminho; outras não apresentam os espaços intermediários. No cristianismo, aparentemente, não há treinamento, não se faz meditação, não há concentração, não há uma disciplina que ensine como a mente opera, onde está o obstáculo, como focar, como desarticular aquilo para então dizer: seja bondoso, não mate, não roube etc. O Budismo está cheio de métodos. Buddha foi um dos Buddhas, há múltiplos Buddhas e grandes mestres que geraram
esses ensinamentos. E esse processo não pára de crescer: cada vez que o Budismo entra em outras regiões, encontra outros problemas e cria outros métodos.

COM O DALAI LAMA (1)

"Em 1991 recebi ensinamentos do Dalai Lama. Houve um grande evento no Madison Square Garden, em Nova York. Pela primeira vez na História do Budismo, as cinco linhagens tibetanas se uniram para passar ensinamentos. Desembarquei do avião em Miami e fui de ônibus até Nova York. Olhava aquelas pistas, aquela sociedade toda artificial, condenada a passar por profundas dificuldades, e via a bondade dos mestres e do Dalai Lama, de voarem para aquela região."

COM O DALAI LAMA (2)

"Em 1992, o Dalai Lama veio a Porto Alegre. Foi um grande evento. Nessa época passaram muitos mestres por aqui, tibetanos e de outras conexões, e houve muitos eventos organizados por nosso Centro. O Dalai Lama recebeu um conjunto de líderes dos vários movimentos sociais, espirituais e ecológicos, deu uma conferência na UFRGS e outra na PUC. Lotou as duas. O departamento de Filosofia, através do professor Fernando José da Rocha, organizou um simpósio internacional sobre ética."

O MESTRE APARECE
"Apesar de ter recebido ensinamento do Dalai Lama, considerado o topo dos mestres, minha conexão de prática foi com Chagdud Rinpoche. Em 1989 tomei refúgio com o grande mestre Zen, japonês
Narazaki Roshi. E como eu vinha dirigindo o grupo Zen em Porto Alegre, e as coisas andavam bem, pensei: a linhagem do Chagdud Rinpoche é importante, mas estou no Zen, não vou cruzar para o Budismo tibetano. Então, pedi a uma amiga que aprendesse os ensinamento de Rinpoche para começar essa linhagem e reter esses ensinamentos aqui. Mas, em 1993, tive um encontro com Rinpoche. Quando subi no avião e olhei para ele, senti que ele era um matador, aquele que podia derrotar a minha estrutura-de-não-me-transformar. Foi uma conexão imediata: na mesma hora pedi que fosse meu mestre."

(FREITAS, Ademar Vargas de; "Jornal da Universidade" - UFRGS - agosto 98, pág. 16)

**************************************************