Longe de ser a única característica, nem a mais profunda,
a racionalidade da proposta e dos ensinamentos budistas sempre chamaram
a atenção de nós, que somos ocidentais e precisamos
saber sempre o "porquê" das coisas. O Budismo também mexe
com níveis e elementos altamente "irracionais", por se tratarem
de nossas partes inconscientes e subconscientes, ou das experiências
que transcendem a lógica. Mas a lógica nunca foi descartada.
Somente posta no seu devido lugar. "Lógica" é até
matéria na formação de monges budistas, e dois irmãos
monges da Índia antiga, chamados Dignana e Dharmakîrti,
aprimoraram o sistema lógico budista a ponto de eruditos ocidentais
os exaltarem. Indo mais além, temos a figura de Nagárjuna,
definitivamente um dos pensadores mais prolíficos e profundos da
história. Ele é apontado por diferentes escolas como um Patriarca
na linhagem de transmissão do Dharma, tal foi a sua
importância. Nagárjuna quis demonstrar que palavras e conceitos
tem uso restrito e limitado; que palavras não podem dar o sentido
verdadeiro das coisas, e assim ele levou o sistema lógico budista
até as suas últimas conseqüências. Nagárjuna
utilizou de palavras - porque afinal temos de utilizá-las - mas
os termos para descrever a Realidade Última acabaram sendo negativas
ou negações, por não haver maneira melhor de transmitir
a idéia do transcendente. Portanto, deve-se ter muito cuidado ao
estudarmos seu legado filosófico, que aponta diretamente para uma
experimentação prática e própria. Mas Nagárjuna
também assim aponta para características "irracionais" da
experiência religiosa, seja budista ou não, e é por
isto que ele é considerado precursor comum de escolas budistas de
tendências (aparentemente) opostas.
Voltando à discussão da característica "racional" dos Ensinamentos do Buddha, vemos que Ciência e Budismo estão cada vez mais em perfeito acordo. Considerando-se a maior antigüidade do Budismo, é a Ciência, mais especificamente a moderna, que vem corroborando coisas que já vinham sendo postuladas e apresentadas pelos budistas há muito tempo. Fritjof Capra, cientista que escreveu o livro "O Tao da Física", editado pela Cultrix, já cansou de demonstrar como a Ciência está se aproximando daqueles postulados. Uma das coisas mais interessantes, é que a ciência está descobrindo que o observador tem participação ativa no processo daquilo que ele observa, isto é, por exemplo, o cientista que observa a trajetória de uma partícula subatômica ao microscópio eletrônico é capaz de influenciar esta trajetória com a sua mente. Acaba-se a dicotomia de observador e observado. Isto vem bem a lembrar que o Budismo postula que a "mente é a criadora de todas as coisas", e que a nossa percepção do mundo e dos fenômenos é uma coisa aprendida e construída. As pessoas vêem as "mesmas coisas" porque desde crianças foram ensinadas a sentir, agir e pensar - enfim perceber - o mundo da maneira como todo mundo faz. Apesar de perceberem as "mesmas coisas" , as conseqüências internas nunca serão idênticas para cada pessoa. Assim, o mundo é altamente subjetivo, e o que agrada a um desagradará a outro... O Budismo, já nos seus primórdios, ensinava que o ser humano é um aglomerado altamente instável de base material (corporalidade) e bases imateriais (contato, tendências, sensações, percepções e consciência), funcionando em alta velocidade. Assim, nos comunicamos com o mundo e o percebemos através do colorido deste nosso "conglomerado", e os referenciais e texturas subjetivas destas experiências serão altamente afetados pela nossa própria estrutura. Qual é a conclusão a que se chega? É que a percepção do mundo varia de pessoa para pessoa, que constrói o mundo subjetivo ou realidade própria. Esta realidade própria nada mais é do que uma ilusão, no final das contas, porque não é "a visão da coisa como ela é ", e o resultado que todo mundo conhece é o sofrimento, a insatisfatoriedade ou a insatisfação. Mas ninguém se dá conta de que tem participação ativa no processo da percepção, e que pode modificá-lo, ao invés de ser por ele dominado. Este ponto fascina pelas suas possibilidades, e é exemplo de como Ciência e Budismo concordam. Entretanto, por mais que concorde com a Ciência, o Budismo não partilha dos procedimentos e tendências materialistas que a cultura científica produziu. O estudo ocidental da "mente" é uma criança, comparado ao tratamento que o Budismo dá há séculos à questão, e, ao invés de laboratórios que dissecam cérebros, o laboratório do budista é o pátio da mente e do corpo, isto é, nosso próprio conglomerado psico-físico, e a sua ferramenta é a observação pura (ou atenção plena) obtida através da "meditação", ao invés de bisturis e microscópios. Obviamente cada qual tem sua importância no mundo, mas a postulação budista diz que "mente" e "matéria" são altamente interdependentes, um influencia ao outro, e não há jeito de separá-los. Diferentemente disto, há meios "esotéricos" que dizem: "mente sobre matéria", esquecendo-se que é um caminho de mão dupla. Para um budista, o "domínio" da mente ou da "matéria" não se dará através da subjugação pela força, mas através do conhecimento de que se deve primeiro procurar a cooperação do corpo, fazê-lo relaxar e aquietar, e ao mesmo tempo, com muito amor e compreensão, trazer a mente também para um estado (preliminar) de quietude. Por outro lado, havia uma corrente científica no século passado que identificava a mente como um produto das células nervosas em nossos cérebros. O Budismo não admite isto. Precisamente por isto é que não é materialista. Entretanto, a Ciência tem um procedimento que é a formulação de teses, hipóteses e modelos aproximados. Depois parte para a experimentação. Da mesma forma, os Ensinamentos budistas são formulações, e não dogmas, que devemos partir para corroborar. O Dharma tem uma característica que é ser investigável aqui e agora, sem intermediários. As listas e listas de classificações tradicionais que encontramos nos Ensinamentos, podem ser até enfadonhas, mas não passam de um esquema guia para o praticante; não uma matéria de fé, em que se deva acreditar. É nisto precisamente que o Budismo difere de qualquer outro "ismo". "Venha, veja e experimente", é sua proposta. E não "venha e creia", fechando os olhos. Assim, o Budismo apresenta a sua teoria, mas parte para a experiência tal qual faz a Ciência, só que o objeto de estudo e experimentação é o próprio homem. Budismo também tem sua Ciência, não menos exigente como elaborada. Budismo é Ciência. É bom observar isto, pois para a maioria das cabeças pensantes (?) do ocidente, Budismo é ainda uma "religião" esquisita, própria de orientais e atrasada... Dito isto, podemos dar alguns exemplos de aspectos "racionais", ou "científicos" , contidos em Ensinamentos diversos do Budismo. Disse-nos o Buddha: "Estando isto presente, isso acontece. Do aparecimento disto, isso surge. Estando isto ausente, isso não aparece. Da cessação disto, isso cessa" - Majjhima Nikaya, III, 32. Quem foi que disse que foi Newton quem descobriu a "Lei da Ação e Reação"? Pois sim! O Budismo ensina que na natureza manifestada nada é permanente. Tudo está num eterno movimento ou transformação ou fluxo - em jargão filosófico, num "vir-a-ser". O universo para o budista não foi criado, mas "evolucionado", ou melhor "diferenciado" a partir de uma fonte primeira. Tudo está se transformando eternamente, quem ainda não ouviu dizer isto? Tudo é um eterno movimento. O objeto que vês é um conjunto de átomos, agrupados em forma de moléculas, todos dançando num ritmo específico, numa velocidade tal, que dá a impressão de dureza e inteireza. A Lei da Economia é uma lei natural, e as coisas não aparecem do nada. Nada se cria de novo nos laboratórios da Natureza; tudo não passa de uma restruturação ou diferenciação de coisas que já foram existentes anteriormente. Séculos após o Budismo, o cientista francês Antônio Lavoisier nos diz que "na Natureza nada se cria, nada se perde. Tudo se transforma". O Budismo postula a existência de uma Matéria Primordial, que não é nenhuma matéria como nós a conhecemos, a partir da qual todos os elementos do universo inteiro vieram a existir por diferenciações sucessivas. Logo, podemos pensar, que por mais vasto que seja o universo, a sua quantidade de matéria é finita, apesar de incalculável. Bastou ser tangível e manifestado para ser finito. Por isto, não há criação real, mas sim transformação de uma coisa em outra. Estas afirmações foram comprovadas nos laboratórios dos químicos. Qualquer estudante de ginásio poderá ver isto em sua tabela periódica. Cientistas conseguiram "criar" novos elementos bombardeando o núcleo de átomos já existentes, como era o caso do 106º ordem; elemento que na minha época de ginásio nem tinha nome ainda. Hoje já passaram de 106 elementos. Estes elementos artificiais foram criados pelo bombardeio dos núcleos atômicos, e sempre um subproduto é a liberação de uma quantidade de energia. O mesmo vale para o caso inverso da fusão de núcleos, cujo exemplo mais óbvio é o Sol, onde os átomos de hélio se fundem e liberam energia monstruosa, que até nos aquece aqui na Terra... A natureza é espartana, é econômica, e matéria "vira" energia e vice-versa, sem desperdícios. Nada é criado a partir do nada. Tudo se transforma, através das leis naturais da interdependência e outras. A equação postulada por Einstein é outro exemplo do que estamos falando. E=mc2, nos diz que matéria se converte em energia a partir de um fator "c", que é a velocidade da luz. Nunca foi a intenção do Buddha dar uma explicação detalhada do universo material, mas à medida que as situações aconteciam, Ele ia falando de acordo com a necessidade. Muito antes de surgirem microscópios eletrônicos, Ele falava em "dravya-paramanus" , ou "pequenos átomos complexos", que constituíam a matéria visível, mas que eram divisíveis e compostos (e não "indivisíveis" como os gregos diziam que os átomos eram), e até explicava sobre as partes constituintes deste "átomo", ao mesmo tempo que considerava tal átomo em um estado dinâmico de fluxo contínuo. Não é esta a visão moderna da matéria? Subpartículas em um estado de movimento eterno e incerto... No Surangama Sutra, encontramos a seguinte passagem em que o bodhisattva fala : "...Na minha prática de Dhyana (contemplação), eu me concentrava nisto e refletia como o universo inteiro se mantinha no espaço, e como o mundo imenso se conservava em movimento perpétuo, e como meu corpo foi posto em movimento, indo e parando, na vibração rítmica da sua vida, estabelecida e mantida pela respiração; sobre o movimento da mente, pensamentos surgindo e passando. Eu refletia sobre estas coisas, maravilhado das suas grandes semelhanças, sem nenhuma outra diferença a não ser a velocidade da vibração. Eu conclui que a natureza dessas vibrações não tinha fonte alguma para seu advento, nem destino para a sua marcha, e que todos os seres sencientes, tão numerosos como as partículas infinitesimais de poeira nos espaços imensos, estavam cada um no seu próprio caminho de vibrações desordenadamente equilibradas, e que cada um e todos estavam obcecados pela ilusão que ele era uma criação única...". Esta passagem é, em linguagem budista, muito próxima à descrição moderna do universo, baseada nas últimas descobertas da física nuclear. Isto pode dar uma idéia da profundidade da visão interior, da qual pessoas do passado eram capazes, e que somente agora começamos a valorizar, sem contudo sermos capazes de tirar as últimas conclusões destas descobertas, que desafiam todas as nossas noções de substancialidade e de realidade do mundo material. O Budismo não deixa nada a dever aos diversos segmentos do conhecimento humano. Em vários outros pontos, o Budismo antecipou-se às ciências modernas. É de notar que, num tempo em que não existia a Psicologia organizada, o Budismo já havia lançado os alicerces dessa ciência. Dois mil e quinhentos anos antes de nossos psicólogos, o Senhor Buddha já havia enunciado e ultrapassado todas as teorias modernas. A exemplo da moderna psicologia, o Buddha já havia colocado o "eu" no rol das coisas convencionais, sendo ele considerado um artifício da mente para atuarmos no mundo. Quando o psicanalista suíço Karl Gustav Jung leu o livro "Ensinamento de Chan e Zen", do monge Hsu Yun, ele pediu à sua secretária que escrevesse ao autor do livro e lhe dissesse que "estava entusiasmado". Quando leu Hsu Yun, "sentiu algumas vezes que ele mesmo poderia estar dizendo a mesma coisa! Era exatamente aquilo!" (vide carta da Dra. Marie-Louise von Franz para Charles Luk, datada de 12 de setembro de 1961). É de se notar que a terapia "Gestalt" também tem bases budistas. Na área "biológica", vemos o Buddha explicando, na passagem 38 do Majjhima Nikaya, o surgimento de um novo ser humano de forma inequivocamente científica, só que com dois pontos de nota: Ele não utilizou a palavra "gameta", porque esta é uma palavra de origem grega, e o propósito deste discurso era mais mostrar a existência do "Indivíduo", ou consciência que procura um renascimento. Diz o texto: "Pela conjunção de três fatores, oh monges, a concepção acontece. Se o pai e a mãe tem intercurso, mas a mãe não está no seu período receptivo, e nenhum Indivíduo está presente, então nenhum germe de vida se implanta. Se o pai e a mãe tem intercurso, e a mãe está no seu período receptivo, mas nenhum Indivíduo está presente, então nenhum germe de vida se implanta. Porém, monges, se o pai e a mãe tem intercurso, e a mãe está no seu período receptivo, e um Indivíduo está presente, então, pela conjunção dos três fatores um germe de vida se instala e o embrião se desenvolve. A mãe o carrega por nove, dez meses...". Não é uma maravilha que, num tempo em que não havia pesquisa ou como ver células microscópicas, o Sublime falasse com o conhecimento de um médico? Um cientista japonês, chamado Masahiro Mori, ficou impressionado com o teor científico e natural dos Ensinamentos do Buddha, e escreveu o livro "O Buddha no Robô", publicado pela Kodansha, de Tóquio. Neste livro, entre outras coisas, Mori relata o que viu no metrô de Tóquio certa vez (os trens de Tóquio estão sempre superlotados, que existe até gente de luvas brancas, empregadas só para empurrar passageiros para dentro do trem, e a porta se fechar). Mori viu que quando o trem abriu as portas, dois homens jovens se desentendiam, pois um havia pisado no pé do outro sem querer. Logo surgiu um bate-boca, que levou o primeiro rapaz a dar um soco, e o outro deu o segundo soco... Na estação os dois saíram aos socos e pontapés. Isto é exemplo não somente de descontrole, como de um caso de "realimentação positiva". Na natureza, existem sistemas de realimentação negativa, que aplicam o estímulo oposto para controlar uma situação. Temos um exemplo disto no sistema que regula o funcionamento do nível de glicose em nosso sangue. Se tem muito açúcar no sangue, o corpo sinaliza para que o pâncreas produza a insulina e retire o açúcar de circulação, e o guarde para uso futuro. Quando o nível está baixo, acontece outra sinalização, e produz-se outra substância que coloca o açúcar de volta no sangue. Pois bem, exemplificamos para mostrar que a realimentação negativa controla, e a positiva descontrola - e pode levar até à destruição. O Buddha sabia tanto disto que, em termos éticos e de ação, muitas vezes aconselhou aplicar uma "realimentação negativa", como quando por exemplo surge a raiva, ou a ânsia. Quando estas coisas surgirem, devemos aplicar o oposto. No caso da raiva, respirar e promover pensamentos de amor. No caso da ansiedade, promover pensamentos de equanimidade e tranqüilidade. Dizia o Buddha: "Em ocasião alguma o ódio combate o ódio; o ódio só pode ser combatido pelo amor. Esta é uma lei eterna. Que o homem combata o ódio de seu semelhante com o seu amor e supere o mal do seu próximo com seu próprio bem". E: "Se um homem insensatamente me faz o mal, eu o pago com a proteção de meu desinteressado amor . Quanto mais mal vir dele, mais bondade sairá de mim". Teria o Buddha ou Seu Ensinamento dito alguma coisa sobre a formação de nossa Terra e seus ciclos geológicos? Dizemos que sim. Podemos exemplificar, por exemplo, que o Visudhimagga, no capítulo "Ciclos Terrestres", fala que a Terra passa por destruições cíclicas. "Há três destruições: a destruição pela água, a destruição pelo fogo e a destruição pelo vento". Mas foram sete as Idades até agora, cada qual separada da precedente por uma "catástrofe" terrestre. Este ensinamento, ao invés de ser o "Apocalipse", é promessa de um novo tempo e de uma nova civilização. Como deixa a entender que já houveram civilizações anteriores... O Grand Finale será, de acordo com as escrituras budistas, que o mundo inteiro ficará saturado de fumaça e não haverá distinção entre o dia e a noite. Essa escuridão será causada por uma grande "nuvem destruidora do ciclo", de origem e dimensões cósmicas, devido à morte do Sol. Diz mais a escritura: "Este mundo será destruído; até o poderoso oceano secará; e a vasta Terra será queimada. Portanto, senhores, cultivai a benevolência, cultivai a Compaixão". Huston Smith, professor de filosofia do MIT de Massachussets, fala no prefácio do livro "Os Três Pilares do Zen", de Philip Kapleau: "...porque deveria o Ocidente, dominado como está pelo pensamento científico, ir à escola para aprender uma concepção forjada antes do surgimento da ciência moderna? Alguns pensam que a resposta está na extensão em que a cosmologia budista antecipou o que a ciência contemporânea empiricamente descobriu. É notável a semelhança. O tempo e o espaço astronômicos, que esmagaram de forma irrevogável a antiga visão ocidental do mundo, cabem perfeitamente no conteúdo da cosmologia budista... Enquanto os gregos postulavam átomos eternos e indivisíveis, os budistas ensinavam que tudo que é corpóreo é transitório, porque se constitui de partículas tão diminutas em duração quanto em espaço - extraordinariamente semelhantes a estas partículas que mudam rapidamente de posição nos microscópios dos cientistas. Voltando por um momento ao macrocosmo, o Budismo não apenas predisse as dimensões da cosmologia científica, como também a sua forma... A última palavra de Monte Palomar é que tanto a teoria do "Big Bang" ("Grande Explosão" que deu nascimento e pôs o universo em movimento), como a do "estado invariável", parecem errôneas. As alterações vermelhas nos relatórios espectrográficos das galáxias distantes sugerem que elas estão diminuindo de velocidade. Daí surge a hipótese de que, depois de expandir-se por algum tempo, o universo se contrai - repetindo o ciclo indefinidamente. Diriam os budistas: "muito interessante", pois é isto que sua cosmologia ensinou desde sempre. O Ocidente poderá achar admirável este exemplo de presciência científica budista, mas isto pouco interessa ao Budismo. Em primeiro lugar, o Ocidente não supõe que em matéria de ciência tenha o que aprender do Budismo; o que melhor poderá fazer neste sentido será dar-lhe boas notas por tal precocidade de intuições..." O Buddha também explicava, quando a situação pedia, fatos históricos, como por exemplo, o surgimento das casas reais e dos reis. Não somente na Índia de Seu tempo como também em todo o mundo, havia a tradição de que as casas reais e os reis eram descendentes diretos de alguma divindade, ou tinham origem divina. Isto veio mesmo até a nossa época mais recente, como no caso dos reis absolutistas franceses. Mas Buddha descartava esta hipótese, dizendo que os reis e as casas reais nasceram de uma necessidade natural de proteção e preservação das pessoas e seus territórios. No início dos tempos, as pessoas se juntaram e escolheram o mais forte e o mais capaz para protegê-las dos ataques dos inimigos. Assim, este escolhido ganhou, com o tempo, poderes de comando sobre as pessoas e territórios, e acabaram-se formando exércitos, realizando-se conquistas, e todo o resto da história que conhecemos das casas reais antigas. Buddha foi então bem mais realista neste particular, com uma visão não somente histórica como sociológica. Estas são somente algumas evidências científicas dos Ensinamentos do Buddha, e poderiam perguntar: com tantas evidências científicas, porque o Ciência moderna não surgiu no Oriente? Pelo simples fato de que a preocupação pragmática de se aplicar estes tipos de conhecimento é diferente no Oriente e no Ocidente. O oriental esteve sempre mais preocupado com os mundos internos, mundos ideais, e assim criou uma ciência espiritual. Já o ocidental é mais pragmático e materialista. Portanto, criou uma ciência também materialista. Seja como for que se encare os Ensinamentos do Sublime, vê-se sempre que é expressão prática de uma Sabedoria natural, ou de um Conhecimento, do qual todos podem partilhar. É vasto, amplo, simples e universal. O Budismo é produto da experiência da Iluminação do Buddha, enriquecida pelos séculos também pela experiência daqueles que provaram do sabor do Dharma. O Budismo é tão óbvio que pessoas em diferentes países, em diferentes épocas, de acordo com suas tendências e modos, descobrem e repetem coisas que já foram ensinadas por Buddha...Quem tem olhos, verá, pois em todos os sentidos, "Budismo" é um Caminho de Visão. Só que uma visão orientada para a transformação pessoal e coletiva. E finalmente, estes Ensinamentos mostram quão magnífico e "pra-frentex" era o Buddha . Realmente Ele é o "Conhecedor dos Mundos e Deuses, o Dotado de Clara Visão", como se canta nos Pujas em páli.(FIM) |