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O poeta Hakurakuten e o Mestre Dorin |
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A Passagem de Ninakawa |
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Um conto Zen |
O mestre Dorin costumava meditar no alto de uma árvore. Certo
dia, o poeta Hakurakuten veio visitá-lo e, vendo-o encarapitado
num galho alto, assustou-se e exclamou:
- Cuidado, Mestre! O Mestre gritou lá de cima:
Que perigo ameaçava o poeta, que estava tranqüilo, com os
pés firmemente apoiados no chão? Hakurakuten perguntou, então
ao Mestre:
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Pouco antes de Ninakawa falecer, o Mestre Zen Ikkyu visitou-o.
- Devo conduzi-lo adiante?, perguntou Ikkyu. Ninakawa respondeu:
Ikkyu respondeu:
Com estas palavras, Ikkyu revelou o Caminho tão claramente, que Ninakawa sorriu e expirou. Ikkyu queria apenas saber se esse homem ainda estava preso às
escrituras ou se havia compreendido o Buddha. Ikkyu estava lá
e perguntava "posso conduzi-lo?", porque o caminho é desconhecido.
"Você nunca esteve lá, eu já. Eu sei como morrer...".
Ninakawa respondeu utilizando palavras das escrituras: "vim só
e partirei só...". Ele realmente precisava de ajuda. Se não
precisasse teria simplesmente sorrido e agradecido. Mas quando se está
incerto, usamos as escrituras ou a autoridade de alguém para esconder
nossa hesitação e ignorância. Ninakawa estava apenas
repetindo palavras, e com elas você não engana um Mestre.
Ninakawa era um meditador à beira da iluminação, mas ainda apegado a muitas coisas. Com a revelação de Ikkyu ele compreendeu e parou de se apegar: sorriu e suspirou. Você nunca ou raramente sorriu de verdade. Já chorou, riu e gargalhou. São extremos. Sorrir está no meio. Só um Buddha sorri perfeitamente. O sorrir tem tanto de tristeza quanto de alegria. Olhe para uma imagem de Buddha e observe como sorri. Seu sorriso enigmático expressa um profundo contentamento interior e uma profunda tristeza pelo sofrimento dos outros. Com estes dois componentes, um sorriso é criado. Buddha percebe que a mesma existência feliz, a mesma beleza e o mesmo êxtase que Ele tem você tem, mas você bate no peito e chora e se enreda em tanto sofrimento - uma tristeza! Em Buddha o ego dissolveu-se na Consciência universal, não existe mais. Neste momento, dois elementos se encontram: Sua Consciência que se tornou perfeita, com os milhões de consciências à Sua volta, que são perfeitas, mas com sofrimentos desnecessários. Deste encontro, um sorriso triste e feliz surgiu em sua face. Com este mesmo sorriso, Ninakawa não morreu, simplesmente passou para mais uma etapa. |
Certa vez um Mestre mandou que chamassem determinado discípulo,
que se encontrava recluso em sua cabana, nos arredores de um mosteiro Zen.
Este discípulo já estava com este Mestre há anos,
treinando sob sua direção. Como o Mestre tinha muitos discípulos,
era difícil de se conseguir uma entrevista particular com ele. O
discípulo achou inusitado o fato do Mestre estar chamando-o para
uma conversa. Começou a ficar excitado, pensando: "o que será
que o Mestre deseja de mim?", "será que ele vai me perguntar
alguma coisa sobre o Dharma, para me testar?", "será
que ele deseja me atribuir algum cargo ou tarefa?". Com a mente repleta
de pensamentos, pôs-se o monge a andar. Como estava chovendo, levou
seu guarda-chuva.
Ao chegar à casa do Mestre, ele fechou o guarda-chuva, colocou-o
a um canto. Pôs suas sandálias molhadas do lado do guarda-chuva.
Na frente do Mestre, fez as mesuras que mandam a etiqueta monástica
e sentou-se. O Mestre então foi logo perguntando:
O monge discípulo não conseguiu se lembrar com certeza...
O Mestre então declarou:
Desta maneira, o Mestre quis dizer que meditação e vida cotidiana são uma única realidade. Não podemos separar a nossa vida diária do ato de atenção com que devemos fazer todas as coisas. O discípulo estava separando, e vendo que ainda não estava preparado o suficiente o Mestre recomendou que ele voltasse para sua cabana e meditasse mais. A prática budista é no dia-a-dia. |