NAMO BUDDHAYA - NAMO DHARMAYA - NAMO SANGHAYA !

O QUE É ESSENCIAL?
Gostaria de pensar com vocês o que é essencial para as nossas vidas. Antes, precisamos fazer as perguntas corretas. O que é mais importante para nós? É importante para você a sua felicidade?  Você sofre?  Você tem problemas?  Pois é. Como humano, penso que a minha  resposta a estas perguntas parecerá muito com a sua,  pois a natureza básica do ser humano é a mesma em mim e em você. 
Existem muitas coisas para ser compreendidas neste mundo, mas a compreensão delas não significa libertação. Se saber a respeito de uma coisa ou assunto confere-nos um grau de poder, saber o que é essencial é o Poder dos Poderes! O Buddha foi muito crítico com relação ao tipo de conhecimento que libera, que nos liberta. O Buddha é um Iluminado, cuja Sabedoria abrange todo o conhecimento universal. Certa vez, estava Ele reunido com Seus discípulos na floresta, quando apanhou um punhado de folhas do chão e perguntou aos monges onde havia mais folhas, se no chão ou em Sua mão. Os discípulos responderam que havia mais folhas pelo chão. Assim, o Buddha continua dizendo que o que Ele sabia e conhecia comparava-se às folhas espalhadas pelo chão da floresta, e o que Ele havia ensinado comparava-se às folhas em suas mãos. E porque não ensinou a respeito do resto? Porque, disse Ele, “não é útil, não leva à vida santa, não é necessário saber para conseguirmos a nossa libertação”. 
Neste mundo nosso, todas as coisas tem sua utilidade relativa, sua verdade relativa. Não quer dizer que sejam inúteis, mas sua importância deve ser corretamente avaliada como específica, relativa, limitada. É o caso de nossa ciência, por exemplo, ou de nossas filosofias, que trouxeram novas possibilidades de criar e atuar no mundo. Mas não resolveram o problema central e existencial do homem! Foi por isto que Buddha veio à existência, para mostrar como podemos agir, pensar e ser felizes em conseqüência. Buddha não foi um filósofo, nem Sua Sabedoria foi livresca, mas compreendeu a natureza íntima dos seres humanos e da natureza, e procurou ensinar às pessoas de acordo com as capacidades individuais de cada um , para que elas fossem felizes. 
E assim, Ele não lançou mão de processos fantásticos, miraculosos, esoterismos, quinquilharias espirituais. Ele só disse: “Olhes para dentro, conheça-te e se transforme”. Nada mais essencial do que isto. Buddha foi o Instrutor mais sincero que tivemos, e a maior combinação de Compaixão com Sabedoria que temos notícia. Buddha não enganou a ninguém com processos mistificadores e truques espirituais. 
Ser feliz é uma arte, e não se precisa de muito. Mas para não ser feliz, as possibilidades são inúmeras. Qualquer coisa pode nos levar à infelicidade. E qual é a chave do problema?  O Buddha já a apontou. É a mente. Budismo é uma mensagem altamente mentalista. O Dhammapada, escritura-resumo da essência budista, já abre dizendo que tudo que pensamos se reflete no meio que nos cerca, caracterizando assim a influência da mente na percepção da Realidade. Além disso, Buddha ensinou que, além da impermanência e impessoalidade de todos os fenômenos manifestados, nossa natureza humana é naturalmente insatisfeita. A insatisfatoriedade é conseqüência direta da natureza transitória e impessoal, altamente interdependente de todas as coisas. Mas a mente tem seu papel nisto tudo.  Pois ela cria o apego ao que não tem substância e que não pode nos dar segurança. O que fazer então?  “Sentar” e aquietar a mente, para que o conhecimento de nós mesmos possa crescer e fazer aflorar a Sabedoria. Sabedoria, no contexto budista, é ver as coisas como elas realmente são, sem palavras, sem conceitos. É a este Conhecimento do conhecimento de nós mesmos que Buddha disse que é o único essencial, que leva à calma, à tranqüilidade, à equanimidade, à Paz, à Felicidade, ao Nirvana, à extinção do desvario, à Libertação do jugo do eu. Vede a Verdade, e a Verdade vos libertará! 
Liberte-se do peso da erudição. Estudar é bom. Mas o estudo deve apontar o que é errado e indicar a direção certa a tomar. Quando o conhecimento se torna mais um item da coleção de coisas que a nossa mente sabe, torna-se uma prisão, um fardo, um peso, um estorvo, uma âncora! A história não mostrou um filósofo sequer que se aproximasse de Buddha ou de Cristo, pois eles são pesados de conhecimentos, cheios de si...Entretanto, se juntarmos todas as filosofias antigas e européias, elas não dizem nem a metade do que o Buddha ensinou. E o que é pior, não conseguem apontar uma saída tão inteligentemente simples quanto “olhe dentro, tu és o Buddha”! Temos de ser pobres de conceitos, livres de conceitos pré-formados (preconceitos) a respeito, e procurar dar uma chance à Felicidade!
Em busca de felicidade, as pessoas seguem caminhos de diversão que, na melhor das hipóteses, aliviam um pouco o stress do dia-a-dia. Muito bem, nada demais nisto. Um lazer é muito bom. Mas tem gente que só fica nisto. A vida para elas é uma eterna brincadeira, só falam em festa, badalação, viagens, boates e flertes. Esquecem de que a vida é muito mais que uma brincadeira, e quando acontece alguma coisa séria em suas vidas, pensam que meia dúzia de orações ou um ebó caprichado resolverá a situação. Podem trazer conforto momentâneo, quando fazem muito. Mas não constrói nada de positivo para a pessoa. Se ela ficou mais sábia, menos apegada, se cresceu em amor ou se trouxe realmente paz duradoura a sua vida, a isto vão responder que não. 
Em busca de felicidade, as pessoas também enveredam por caminhos espirituais tortuosos, achando que estão andando e progredindo, mas na realidade estão dando voltas no mesmo lugar.
Esotéricos: de “esotérico” entenda-se uma gama infinda de coisas mais disparatadas possíveis, como astrologia, vampirismo, civilizações antigas, conhecimentos mágicos celtas, druidas, dos vikings; runas, Tarot, adivinhações, magia cigana, bruxas modernas, rosacrucianismo, teosofia, evolução de planetas, vidas extraterrestres, vidas intraterrestres, profecias, cabala, discos voadores, fenômenos “psi”, materializações, eubiose... a lista é infinda. Tudo isto se encaixa no tipo de conhecimento de uso relativo, que tem um certo alcance, mas que é incapaz de nos fazer felizes !  Tais conhecimentos não nos libertarão ! É o tipo de conhecimento que não leva à vida santa,  não extingue a ignorância, não leva à pureza,  ou ao sossego da mente.
Espiritismos e outras mandingas: sem faltar com o devido respeito que se deve creditar aos trabalhos de caridade, devo dizer que as tendências espíritas também são paliativos espirituais. Tem sua eficácia, tem seu valor, mas não são o Caminho definitivo. “Espiritismo” é um termo genérico, que engloba diversas tendências como kardecismo, lei africana, tendências pseudo-científicas e esotéricas. Antes de Kardec, os fenômenos ditos “espíritas” eram mais conhecidos dos xamãs e pajés das tribos, que incorporavam e recebiam as entidades das florestas, das águas, dos animais, e dos antepassados mortos. Cada uma das nações e tribos do globo tem sua cultura xamã, que desapareceu ou se sofisticou para sobreviver, pegando atributos de religiões mais sofisticadas, como foi o caso do xintoísmo que incorporou atributos budistas, no Japão, e do espiritismo de roupagens cristãs, que apareceu com Kardec. Os kadercistas tem um trabalho de caridade muito bom, e caridade é a base de um caminho espiritual. O mesmo se ensina no Caminho budista. Mas, para nós a caridade não é tudo, é só o começo. É a base de um edifício, mas  não o edifício em si, de forma que espíritas tratam muito dos outros e dos espíritos mortos, mas não tem nenhum caminho de auto-conhecimento, não “tratam” de si. Aí então acontece o que já presenciei diversas vezes: seus adeptos vivem rezando, recebendo espíritos, doutrinando, tomando banhos de ervas, fazendo mil e uma coisas, e em casa, são egoístas, usam parentes para fins próprios, se entristecem como qualquer outro, e não conseguem entender o vazio que lhes dá nas tardes de domingo ou em dias em que não se tem nada para preencher-lhes o tempo... Não entendem porque sentem aquela frustração ou comiseração. O Espiritismo é um passatempo espiritual. Fazem aquela coisa toda, conversam com espíritos - que ninguém pode assegurar que sejam realmente evoluídos - e, na linha africana, fazem oferendas de comidas, dançam e cantam noite adentro - para o quê?  Talvez as  entidades ajudem a melhorar as condições materiais da pessoa, mas são elas capazes de realmente impedir o sofrimento ou o Karma de alguém de seguir o seu curso?  Não mesmo. Só quem pode mudar o Karma é cada um por si mesmo, conforme se viva com sabedoria e amor. Algumas tendências budistas tibetanas e chinesas também tem médiuns que falam com espíritos e divindades. Mas não é a isto que eles estão presos! Tudo isto se encaixa no tipo de conhecimento de uso relativo, que tem um certo alcance, mas que é incapaz de nos fazer felizes!  Tais conhecimentos não nos libertarão! É o tipo de conhecimento que não leva à vida santa,  não extingue a ignorância, não leva à pureza,  ou ao sossego da mente.
Magias e orações: as pessoas desconhecem sua natureza mais íntima, e se conhecessem, talvez tivéssemos hoje corruptos com superpoderes! Mas o fato é que temos uma natureza mágica, e que ela pode muito. Bastasse nos conhecermos mais. Procedimentos mágicos, rituais e coisas parecidas são elementos de uma “química” que objetiva um certo efeito, mas o mais importante é que, ao lado do procedimento mágico em si, está a mente concentrada de quem o realiza, e na verdade, estas coisas elaboradas acabam colocando a mente num estado receptivo em que ela também entra como ingrediente. Complicado? Explico: ritos, rituais e procedimentos mágicos no fim são ferramentas para canalizar a nossa mente para obter determinado resultado. Isto é a magia. Só que, se feito para fins próprios e obtenção de favores materiais, tem cunho egoísta e é magia negra.  A oração também é um procedimento oculto, só que na boca do povo transforma-se no maior e mais difundido procedimento de magia negra que existe na face da Terra. Fulano reza para que alcance um emprego, ou outro favor pessoal - e  consegue! Porque? Por que a ttoda ação eqüivale uma reação, especialmente se o campo onde a semente foi posta é a mente concentrada da pessoa. Temos  concentrada da pessoa. Temos relatos de curas milagrosas e outras coisas fantásticas em todas as religiões e tribos, porque trata-se antes de um procedimento oculto, no qual atribuímos a autoria da resposta a algum santo, ou deus, ou espírito, etc. Se todos aqueles apontados como santos perdessem seu tempo respondendo a cada oração egoísta que as pessoas fazem, então devemos duvidar da qualidade deste santo, não é verdade?  Os hinduístas tem seus mantras, palavras que poderiam ser classificadas de “poder”, e algumas tendências  budistas também. Mas puderam as orações, milagres, magias trazer-nos mais conhecimento - falo do Conhecimento final -, mais paz, mais esclarecimento? ; Não. Anjos podem aparecer,  Jesus Cristo levitar, a água virar suco de laranja. Que utilidade tem isto para a humanidade hoje? Por acaso, está a humanidade mais esclarecida por causa deles?  Vede as guerras se multiplicando cada vez mais; a África se flagelando em guerras; Israel e imediações - lugar “3 vezes santo”! - é o llocal mais sanguinolento e guerreiro do planeta... E lá não faltam orações, talvez para que Allah destrua Jeovah, para que sua vez destrua o Deus cristão... Não é por aí mesmo. De rezas o mundo já está muito cheio. Precisamos é de boa vontade. E a boa vontade só nasce do Amor. E Amor só poderá nascer da compreensão de quem sou eu, porque sofro, como vivo, etc. Em outras palavras, só nascerá Amor e Compreensão a partir de uma tomada de consciência que reduza a tirania de nosso ego sobre nós mesmos e sobre os outros. Guerras são extensão da ignorância e tirania do ego individual. Deixar o barco correr, para depois sair rezando a um deus é um contra-senso.  Ainda mais estranho é rezar pedindo a um Deus, que dizem onisciente, pedindo coisas. Se é onisciente, já sabe do que precisamos, e não necessita que lhe diga ordens do que fazer. Na verdade barganha-se com Ele algum favor. Este assunto reflete muito o materialismo espiritual existente no caminho religioso, especialmente nas 3 religiões ditas monoteístas, que são justamente as 3 mais materialistas do globo.
Falando de Israel, outro dia ouvi dizer que os judeus são justamente bem sucedidos porque eles tem um conhecimento das leis da Kabbalah, e dos valores numéricos do seu alfabeto, e com isto eles são capazes de acessar níveis mais altos de energia. Teoria estranha para explicar o sucesso material de um povo. Não seria o mérito ou Karma daquele povo? Ademais, norte-americanos, japoneses, ingleses, coreanos, etc, também são materialmente bem-sucedidos e não tem conhecimento nem fazem uso da “leis numéricas” da Kabbalah!!! Por que eles não usam este conhecimento para acabar com as guerras eternas, e diminuir o egoísmo nacionalista?  Porque reza nenhuma reduz egoísmo. Ao contrário, só o fortalece. Quando vemos que na reza do Pai Nosso se pede, pede e pede,  só “vem a mim o vosso reino”,  que mais poderíamos dizer???