NAMO BUDDHAYA - NAMO DHARMAYA - NAMO SANGHAYA !

A ESCOLA JODO-SHU (MESTRE HONEN)
Rev. Ryoku Yuhan

A Escola Hôneniana passou a influenciar não só a população inculta, mas também a nobreza. Foi uma verdadeira revolução social. O povo deixou de pagar tributos aos templos e alguns discípulos do Jôdô começaram a debochar dos monges que postulavam nas escolas tradicionais xintoístas, Shingon e Tendai. Em 1204 os monges ofendidos dos templos da cidade de Nara e do monge Hiei, queixaram-se ao Imperador através do chefe episcopal "Sr. Sinsyo" e pediram a cabeça do Venerável Hônen. 

O Imperador não pôde executar o Sábio, pois o Príncipe Imperial Kanezane fora curado por Hônen e tornara-se seu discípulo. Assim, o Imperador tinha uma dívida para com Hônen, mas, agindo sobre pressão, confinou o monge na ilha de Tosa. A ilha de Tosa é uma região inóspita e gelada, assim o Imperador acreditava que lá o Venerável Sábio não resistisse e viesse a morrer. 
 
Durante o afastamento do Mestre, quando os ânimos tinham serenado e tudo parecia calmo, nova agitação perturba o Imperador, e desta vez dentro do próprio palácio. Duas das esposas do Imperador tornaram-se monjas do Jôdô, influenciadas por Hyûren e Anraku. Os dois eram os monges mais chegados a Hônen e foram degolados em praça pública como "exemplo" aos fiéis do Mestre Hônen. Esse fato não desanimou os seguidores; ao contrário, unificou os fiéis dando mais 
força e ânimo aos seguidores do "Nenbutsu", que agora possuía dois mártires para reverenciar. 

Longe do Mestre Hônen, o Príncipe Kanezane voltou a adoecer; e sem ter quem o tratasse, veio a falecer. Mas antes fez seu último pedido, implorando ao Imperador clemência ao Mestre. O Imperador concordou, mas não cumpriu a promessa. Um dia o Imperador acordou assustado, pois sonhara que o espírito de Kanezane tinha voltado para cobrar a promessa de perdão. Finalmente,

no dia 8 de dezembro de 1207, o Imperador perdoou o Mestre, mas ao voltar ele não teve permissão de ficar na capital. A ordem oficial era para residir numa província da qual não poderia se afastar. Durante quatro anos viveu na cidade de Osibe, na Província de Settu, numa choupana junto ao Templo Katiodera. Novamente o Imperador sonha com Kanezane, cobrando seu último pedido. No dia 17 de novembro de 1211, Mestre Hônen deixa o Templo Katiodera, e no dia 20 chega à 
capital.

A cidade de Zitin ficou em festa ao ser informada que Hônen estava para chegar. Prepararam então uma pequena capela junto a Ootani. Quando ele chegou uma multidão o esperava e deram as boas-vindas. 


No dia 2 de janeiro do ano de 1212, o Venerável Mestre adoece. Durante dois dias falou sobre o renascer na Terra Pura. Durante o sono seus lábios repetiam o mantra "Nenbutsu" ou o nome de Amitaba. Hôrenbô, um dos discípulos de Hônen, recebeu do Mestre a seguinte mensagem: 
"Passei toda a minha vida divulgando a prática do 'Nenbutsu". Continuem e espalhem universalmente 
o mantra, e assim continuarei vivo, cada  vez que alguém invocar o "Nenbutsu".

No seu leito, no dia 11 de janeiro, Hônen pediu aos seus discípulos que repetissem bem alto o mantra Nenbutsu, pois Amitaba estava chegando. Às dez horas da manhã do mesmo dia, alguns discípulos trouxeram uma imagem do Buda Amida e a colocaram próxima ao leito e perguntaram:

- "Venerável Mestre, o senhor vê a imagem de Amida que nós trouxemos? 
- Meus queridos discípulos, não precisavam trazer a cópia, pois eu tenho o privilégio de ver o original, e ele está aqui. 
No dia 24 de janeiro, Hônen se preparou e vestiu seu kuromon e colocou por cima o haori creme, voltando a deitar-se com a cabeça voltada para o poente. Às 10:00 hs uma nuvem púrpura surgiu 
sobre a casa, e quando perguntado sobre o significado, ele respondeu que finalmente fora aceito na Terra Pura.

No dia 25 de janeiro de 1212, ele recitou o seguinte preceito:
"A Luz de Amitaba ilumina todas as partes do universo e protege a todos que invocam o seu Santo 

Nome e Amitaba não esquecerá os seus. 

Às 12:00 hs do dia 25, com 80 anos, o Venerável Mestre fez a viagem de volta, seus lábios sorriam delicadamente. A cidade toda chorava a sua partida. 
 

No Japão atual, sub-ramos Amidistas esqueceram os objetivos do nosso Patriarca e instituíram um curso de quatro anos para a formação superior dos monges. Uma espécie de faculdade, cuja admissão é feita por seleção, quando deveria ser feita por vocação e indicação divina. Talvez isso ocorra porque os monges de muitas organizações tenham perdido a capacidade extrasensorial, não sabendo, assim, se o aspirante é ou não capacitado a se tornar monge ou simplesmente qual o 
caminho a seguir. 

Tenho certeza que se o Venerável Mestre Hônen estivesse aqui, perguntaria incrédulo: "Formação superior de quê?". E, continuando, afirmaria: "Se algum monge ou zelador da Irmandade deseja uma formação sólida e possuir algum conhecimento superior, só existe uma maneira de fazê-lo, isto é, 

vivendo os Ensinamentos simples e naturais, ter o necessário para viver, não acumular nada e utilizar o que tem. A Realidade não está nos livros, mas na prática do Caminho. A vida é o melhor livro para quem se dispõe a ler".

Nossa Escola no Brasil comemora o Ano Novo em 07 de Abril, e no dia 08 de Abril, o Dia da 

Iluminação pela "Luz do Lótus Dourado".

Não é comum se homenagear aos vivos, mas se preciso fôr, homenageamos um antepassado indicado por aquele a quem queremos destacar.
 

Quando o monge recebe sua ordenação, ganha um nome, que na maioria das vezes pertenceu a um Mestre, e como nome de família, costuma-se dar o nome da montanha sagrada Wu Tai-Shan. A partir do novo nome, ele renasce (desperta) e aí começa um novo caminho. Perde a família, mas passa a considerar a todos seus irmãos, isto é, a todos como pertencentes à Grande Família. Ele deve, contudo, dar atenção carinhosa para os membros da família Wu Tai-Shan, formada pela 
Irmandade das Nove Rosas Amarelas e Lótus Dourado.

Muitos me perguntam como se faz para ingressar no Budismo. Costumo responder que todos nascem com um programa e um dia acordamos para o nosso Caminho, isto é, nosso Dharma. Neste dia ocorre o verdadeiro nascimento ou o desabrochar do Lótus interior. 


Como exercício de tolerância, siga o seguinte exemplo: quando alguém lhe pisar o pé, peça desculpas, pois além de deixar o pé no caminho, sujou a sola do sapato do irmão que lhe pisou.

Na atualidade, a nossa Escola, embora constituída por duas origens e várias correntes, utiliza em 

maior parte os Preceitos do Budismo Chinês Wu Tai-Shan. Assim sendo, afirmamos ser a nossa Escola pertencente ao Budismo Chinês Wu Tai-Shan, porém, os Preceitos do Templo Kyôtô- Syûdôin continuam presentes nos rituais.

A palavra sagrada "Nenbutsu" vem do templo de Kyôtô, e o mantra "Tai-Shan-Shi-Kan-Tang" é 

oriundo do Templo de Shanghai Fa Tuang-Tsu. 
 
Para o praticante leigo basta a prática devocional dos mantras, mas para os membros da Irmandade, a Escola é esotérica com seus aspectos iniciáticos, filosóficos e simbólicos.