Quem já se imaginou dono de si, da sua vida, dirigindo os acontecimentos e determinando seu futuro? Todos! Quem não se imaginou, certamente já pensou quanto seria bom. Na verdade, tudo é possível de tornar-se realidade. As pessoas não percebem que estão esboçando a cada momento os seus momentos futuros. Volta e meia, as pessoas alteram até momentos há muito tempo já programados pelo Karma, transformando situações possíveis. Contudo, a falta de conhecimentos dos princípios básicos da vida, ou melhor, da mente, conduz a fracassos, insucessos e frustrações. Como será possível, então, dominar este maravilhoso microcosmo que é você? Por favor, leia atentamente o que apresentamos a você agora e medite. Este texto trata dos aspectos gerais do Karma que todos normalmente tem dúvidas, tentando desfazer concepções errôneas à respeito. |
O que é Karma? Palavra sânscrita, que quer dizer “ação”. É a lei infalível, que ajusta o efeito correspondente a sua causa, em todos os planos do universo, buscando restabelecer sempre o equilíbrio ou harmonia, mesmo que se demore a restabelecer o equilíbrio. Como nenhuma causa deixa de produzir seu devido efeito, desde a menor até a maior, Karma é aquela lei invisível que ajusta eqüitativamente as perturbações no universo, fazendo o efeito retornar até o seu produtor. |
No século XVII, o cientista Isaac Newton redescobria uma lei natural, que ficou conhecida nos meios acadêmicos com sendo a “segunda Lei de Newton”, a qual diz: “à toda ação eqüivale uma reação, de mesma intensidade, mas de sentido contrário” . Esta lei já era conhecida de todos os povos antigos, como egípcios, hindus e gregos, que a personificavam na deusa Nêmesis. Só que para eles não era uma lei estritamente física, mas também espiritual. |
“ Estando isto presente, isso acontece
Do aparecimento disto, isso vem à existência. Estando isto ausente, isso não acontece Da cessação disto, isso cessa”. --- Buddha. |
O ser humano e outros estão criando e resgatando Karma a todo instante. Mas não se conclui daqui que Karma seja uma fatalidade ou crie um destino imutável. A doutrina de Karma explica que nós nos fizemos o que agora somos por atos anteriores, e que formamos nosso futuro com o nosso desempenho presente. Dizia um anúncio: “o futuro é aquilo que se construir agora”. Não existe destino além daquele determinado por nós mesmos. Não há nenhuma salvação ou condenação além daquela que nos obrigamos. Karma não é destino imutável, porque dá margem para nosso livre arbítrio, pois modificamos ou confirmamos a nossa sorte todo dia. |
Onde está o problema então? O problema é que somos ignorantes. E na ignorância, somos levados pela ilusão do julgamento, geramos apegos e aversões, criamos desejos insaciáveis, e deturpamos nossa vontade, criando Karma correspondente em sofrimentos. A solução deste problema foi apontada por Buddha como sendo unicamente uma tomada de consciência do que somos, caindo no aqui e agora, no momento presente, pois é o único momento em que podemos realmente atuar e modificar a nossa sorte. Buddha foi muito sábio quando aconselhou: “Não olhes o passado, não te preocupes com o futuro. O passado passou, o futuro ainda não chegou. Vede o aqui e agora. Quando o tiverdes visto, viverás o tranqüilo e imperturbável estado mental”. Nesta clareza de mente, podemos agir com liberdade, e não mais escravizados por nossas tendências. |
O drama do ser humano é que ele vive sem se conhecer ou conhecer as leis do universo - ( que são impermanência, interdependência e impessoalidade de todos os fenômenos) - , criando Karma e mais Karma. Se agíssemos com Conhecimento ou Sabedoria, não nos enredaríamos mais em Karma. Porém, vivemos na inconsciência. |
Seja consciente ou inconscientemente, a lei de Karma a ninguém nem a nada predestina. Não é a onda do mar que afoga o incauto, mas sim o ato do infeliz que, deliberadamente, coloca-se sob a ação impessoal das leis que regem o oceano. Karma não cria nem prejudica coisa alguma. O homem é quem projeta as causas, e a lei kármica ajusta os efeitos. Há sempre uma tendência à recuperação da harmonia no universo, do mesmo modo que um galho de árvore dobrado violentamente para baixo rebate com uma força correspondente, até voltar à posição original. Se o galho quebrar o braço de quem tentou dar-lhe uma direção diferente da natural, diremos que o culpado foi o galho, ou que a ignorância foi a causa do dano sofrido??? |
O Budismo ensina que o homem tem livre arbítrio, mas é tornado responsável por tudo aquilo que pensa e faz. Karma só cuida de devolver-nos na medida justa, hoje ou amanhã. Ninguém ganha ou sofre mais do que a sua devida “cota”. |
Fazemos o nosso destino, para melhor ou para pior, e isto depende muito da nossa Consciência ou conscientização. Porque o fatalismo ou determinismo não são verdades? Por que se nosso destino é outro que não aquele que esboçamos, então não adianta existir vontade própria, nem estudo, nem moralidade, nem religião, para mudar alguém para melhor! Pela ótica determinista, o mau já nasce mau, o bom é sempre bom, coisa estranha num mundo onde tudo muda sem cessar! Pela ótica determinista, não existe outro curso de ação a não ser aceitar a sorte legada a nós por um Deus (dito assim mesmo justo e bondoso!!!) ou uma divindade qualquer. |
Com relação ao sofrimento, ninguém recebe mais do pode suportar ou merecer, uma vez que a lei devolve as conseqüências precisas das ações, sem levar em conta o caráter moral da pessoa, é evidente que expia todos os sofrimentos que tenha causado, assim como recolhe com júbilo os frutos de felicidade e harmonia que ajudou a construir. Os que crêem em Karma tem de crer no destino que cada um tece, desde o nascimento até a morte, assim como faz a aranha. O filósofo não falará de bondade ou crueldade do Karma, pois ensinará que vela pelos bons e castiga ao que faz o mal, pela própria natureza impessoal do processo. Não é Karma quem premia ou castiga, mas sim nós mesmos conforme estejamos vivendo contra ou de acordo com as leis naturais. Uma parte da humanidade fala em Providência de Deus, obscura, cega e inexplicável, e outra diz que são os desígnios dos deuses... Uma terceira parte da humanidade (budista) diz que estas concepções são ignorância e aponta no homem a origem de todo o problema... |
Ficamos estarrecidos e surpreendidos com o que aconteceu com aquela pessoa próxima ou com a nossa sorte, porque na verdade não desejamos resolver nossos monstros, e não queremos nos responsabilizar por nossos atos. |
Karma está inextricavelmente ligado à teoria de Renascimento. Somente estas duas leis juntas explicam o problema do mal e do bem, e reconcilia o homem com a terrível e aparente injustiça da vida. Como se explicariam as desigualdades de nascimento, de fortuna, de inteligência e aptidões; vendo-se nas mãos de trapaceiros loucos e libertinos todas as honras e riquezas, devido unicamente ao nascimento e aos relacionamentos de “QI’s” (quem indicam), enquanto que outros mais inteligentes, nobres e capazes perecem na miséria, carentes de apoio? Somente o conhecimento bendito da lei de Karma pode impedir de maldizermos a sorte e lamentos exaustivos. Disse-nos o Bem Aventurado: “Os seres tem seu patrimônio, seu Karma. São herdeiros, descendentes, parentes e donos de seu Karma. O Karma classifica os homens” - e as nações. Do somatório do Karma individual temos o de grupo, e dos grupos, o do país, e dos países, o do mundo. |
O Budismo, apesar de nascido em berço hindu, redefiniu o conceito de Karma, pois foi acrescentada a experiência de Buddha, e expurgadas as alegorias hinduístas. |
Já dissemos que Karma não é fatalidade, porque de outra forma não teríamos saída deste ciclo vicioso de ação- reação. A saída apontada por Buddha é a Vigilância, desenvolvida pela cultura mental, de modo a conhecermos e dirigirmos nossa intenção oculta por trás de cada ato. O Senhor Buddha identificou diversas vezes o Karma à intenção. Isto é muito importante. Karma não é somente o ato físico, mas é criado em nosso íntimo a partir do momento em que a intenção é dominada pelo ego, pela ignorância e pela ilusão. Karma pode ser considerado uma fatalidade somente para aquele que vive ignorantemente (sem conhecimento), se enredando cada vez mais em condicionamentos equivocados e hábitos arraigados pela mera repetição de cada dia. Sem conhecimento somos como cegos, sendo levados ao sabor dos ventos kármicos. E quando as coisas começam a acontecer, ficamos ainda perplexos!!! |
A liberação do Karma depende do quanto crescemos em Sabedoria. |
Nossos pensamentos e atos atraem um acúmulo de circunstâncias que influirão no nosso futuro e no de nossos semelhantes. Se as perturbações afetassem somente quem as originou, isto teria pouca conseqüência. Mas queiramos ou não, nossos atos afetam semelhantes próximos, estejamos conscientes disto ou não. Por isso, no sentido estrito de justiça, Karma tende a restabelecer a harmonia. Nenhum arrependimento, por maior que seja, pode apagar os resultados dos atos cometidos. O arrependimento, se é sincero, quando muito deterá o homem de repetir as mesmas faltas. Mas nada, nem ninguém, detém a lei de Karma de atuar (segundo Buddha, até os mais altos deuses também estão na Roda da Vida, e por isto mesmo, sujeitos ao Karma). |
Os budistas não crêem no “perdão dos pecados”, exceto depois de um castigo justo e adequado, e uma compensação proporcional das partes prejudicadas. Não tiveram seu senso de justiça deturpado. Evitar a responsabilidade individual não faz parte dos conceitos da filosofia budista. Nesta “crença” não existe a remissão dos “pecados” por um terceiro, nem a supressão do mal cometido, senão após o castigo. O mal foi feito, e enquanto os outros sofrem seus efeitos, a expiação cabe àquele que o produziu. O suposto caso de alguém que haja abandonado o mal até certo ponto, é o de quem compreendeu que suas ações eram más e mereciam castigo. Em semelhante reconhecimento é inevitável um senso de responsabilidade pessoal, e o “arrependimento” deve estar na proporção direta ao grau de sua “conversão”. |
... “Oh, mundo tão desigual
Tudo é tão desigual, Oh, oh, oh, oh De um lado este carnaval, de outro é fome total, Oh, oh, oh, oh”... -- Paralamas do Sucesso. |
É desnecessário enumerar as diversas modalidades de estados de felicidade e de misérias em que os seres humanos podem nascer e viver, porque isto já está mais do que cantado em verso e prosa. A que ou a quem atribuir tanta desigualdade entre os seres e povos? Raciocinando pelo que os irmãos cristãos e afins ensinam, toda essa desigualdade é imputada a Deus, criador de todas as coisas. Deus cria uma nova alma para cada ser nascido no mundo. Se a “alma” é nova, ela não pecou nem teve tempo para isto. Assim, é livre de toda mancha. Já que todas estas almas novas são puras, porque Deus coloca umas nos palácios e outras nos guetos e favelas? Que outro critério tem esse Deus senão o seu capricho? E se Deus é pai, e ainda mais, um pai misericordioso, como pode brincar com as vidas das pessoas assim? Que amor é esse?? Que justiça é essa??? Amor e justiça não casam com a teoria do Deus teológico. |
Outra teoria cristã imputa tudo de ruim ao “demônio”, um segundo deus supremo para a cristandade...O mítico demônio cristão é um anjo criado por Deus, tornado rebelde. Só que este demônio é um ídolo criado à imagem e semelhança do homem para tapar o buraco deixado pelos dogmas da Igreja que tentam explicar o problema do bem e do mal na Terra. O demônio é tão importante que sem ele as Igrejas não teriam razão para existirem. O interessante é que “daimon” era a voz da consciência individual para os antigos pagãos gregos, que a Igreja transformou num ser horroroso da maldade... Aquele demônio que tentou Adão e Eva na árvore do Paraíso só cumpriu a sua função, dando à humanidade o conhecimento do bem de do mal, com todos os seus riscos inerentes, da mesma forma que o Prometeu grego roubou o “fogo do conhecimento” dos Céus para doar à humanidade... Ao pé da letra, estas histórias são totalmente absurdas. Piores ainda quando viram matéria de fé e ocupam espaço precioso em nossos cérebros. É totalmente absurdo que a humanidade inteira esteja sofrendo e pagando pelos “pecados” de 2 pessoas, ainda mais quando a humanidade nem existia...Porque devo eu pagar pelos erros que você comete? Porque nós pagamos pelos erros de outros seres ? Cada um não é responsável pelo que faz? Deus não pode estender a uma humanidade ainda inexistente, e portanto livre de toda mácula, os castigos devidos unicamente a Adão e Eva. |
Karma e renascimento são inseparáveis. Há quem diga que o renascimento não existe porque simplesmente as pessoas não se lembram de suas vidas passadas. Também como poderiam lembrar-se se a cada nascimento cria-se um novo cérebro, e um cérebro novo não pode registrar o que não viveu!... A lembrança de vidas passadas fica em outro “lugar”, contactado através de um treinamento espiritual específico. |
De acordo com nosso mérito, renascemos novamente. Nosso Karma procurará família, corpo e condições condizentes com nosso mérito. De acordo com isto, temos inumeráveis chances de nos redimir e desenvolver material, espiritual e mentalmente, através de experiências terrestres. Só o renascimento pode oferecer as oportunidades que por excelência são da Misericórdia divina. Bem entendida essa doutrina de Renascimento e Karma, ela nos ensina a nos emancipar da indesejável condição e ambiente presentes, e adquirirmos determinado grau de consciência, por mais imperfeitos que sejamos agora. O que somos, o que temos, todas as boas qualidades são resultado das próprias ações passadas. O que agora nos falta física, mental e espiritualmente poderá ser nossos. |
É a falta de fé ou conhecimento dessa Lei de Retribuição justa que desperta nos homens todos os sentimentos de rebeldia. Tanto a criança como o adulto sofrem muito mais por um castigo que julgam imerecido, do que se compreendessem que o mereciam. A crença em Karma, tão óbvia em sociologia, é uma das mais altas razões para que ele resigne-se com sua sorte, no sentido de não lutar contra o que lhe é devido, mas o estímulo mais poderoso para melhorar-se. Seguramente esse objetivo seria impossível se supomos que nossa sorte é algo que não fosse lei estrita, ou que nosso destino se encontra em mãos alheias. Não há o que “temer a Deus” , mas muito o que temer ao Karma. Foi em vista do implacável da Lei que Buddha não se cansou de pregar: “Paguem o mal recebido com o seu bem” e “Não revidem aos ataques” . |
A doutrina de Karma não oferece nenhum amparo aos atos culpáveis e requer muito valor. Por isto, não agradará aos que preferem as doutrinas de “remissão dos pecados” por outra pessoa; da intervenção, perdão e conversão de última hora...O ego já gosta de safar-se das culpas naturalmente. Se nos disserem que alguém vai nos limpar a consciência dos “pecados” por mera crença, não me admiro que se cante louvores infindos pelos favores imaginários recebidos... Nada mais agradável do que jogarmos toda a nossa culpa e responsabilidade para o lombo de alguém !!! Por isto é que as pessoas gostam de transferir a responsabilidade a outrém. |
Alguns crêem que o destino do homem no além da vida fica determinado pelos acidentes de uma curta e única vida terrena, durante a qual nos dizem que a “árvore jazerá como caiu”, e quando o homem chega ao conhecimento de sua perversidade, sua maior esperança é a doutrina da remissão dos “pecados”, com ajuda de um piedoso vigário ou pastor. Mas até mesmo essa esperança ele deveria perder, se soubesse o que Calvino declarava: “por decreto do Todo-Poderoso, para a manifestação de sua glória(!), alguns anjos e homens estão predestinados à vida eterna, e outros já condenados de antemão à eterna morte... Esses anjos e homens assim predestinados ficam já designados imutável e individualmente, e tão exato é seu número que não pode ser aumentado ou diminuído... Deus se compraz em não cuidar-se de resto da humanidade, em condená-la à desonra e à ira por seus “pecados”, em louvor da sua gloriosíssima justiça (!)...” Para completar esse quadro de ignorância apoteótica, Lutero tinha como Inferno um lugar forrado de crânios de criancinhas não-batizadas... Se Deus é tal inconseqüente, por fazer criaturas nascerem em países “pagãos” só para ter o gostinho de condená-las, realmente não pode ser chamado de bom, muito menos justo. Existem pessoas melhores. Os budistas nada tem a ver com tal divindade. |
Dizem que devemos arrependermo-nos, mas nada tão fácil como isto. É uma agradável debilidade da natureza humana que nos faz arrepender muito facilmente, quando nos chamam a atenção! Por atrativa que seja para a inteligência humana comum a idéia de descarregarmos nossas culpas “aos pés da cruz”, para o budista carece de valor. Ele não entende porque o pecador que chegou ao conhecimento de suas culpas há de merecer com isso algum perdão ou esquecimento de sua perversidade, nem pode conceber porque o arrependimento - e uma vida honrada e justa daí para frente - , lhe darão direito a uma suspensão em seu favor da Lei de Karma. Porque o resultado de sua má ação continua existindo; o sofrimento causado aos demais não cessou. Os budistas consideram como parte integrante de sua equação além dos atos, também os seus efeitos sobre a vítima. Analisa não apenas a pessoa culpável, como também as vítimas. Se há uma religião que ensine que por maiores que sejam nossos “pecados contra Deus”, é impossível conceber um “pecado” tão imenso que a redenção paga de antemão não possa apagar! Mesmo que o pecador espere até o último momento do último minuto da última hora do último dia de sua vida, para que seus lábios frios pronunciem a “confissão” de fé, pode entrar no paraíso. Assim fez o ladrão e todos até mais perversos do que ele farão o mesmo. De fato, não é de se espantar que tal doutrina tenha milhões de adeptos, pois é a justificativa perfeita para o que as pessoas tem de pior, e continuem assim do jeito que são... |
Se o criminoso agisse somente contra si mesmo, e só a si prejudicasse, se pudesse apagar os efeitos causados, neste caso esse dogma poderia ser aceitável. Mas manter que alguém possa prejudicar, matar, roubar, e perturbar o equilíbrio de seu semelhante e, por pura covardia encontrar “perdão” apenas por crer que o sangue derramado por um lave o seu, é absurdo!!! O assassino que foi apanhado pela justiça humana e posto na prisão pronuncia as palavras mágicas de conversão, cai dentro d’água num ritual vazio de significado... A não ser pelo assassinato, ou seja qual for o delito, ninguém teria rezado com ele, nem teriam lhe perdoado. Evidentemente, este homem fez bem em matar, pois alcançou a felicidade eterna!!! E o que sucede com as vítimas, famílias e relações sociais? Não teria a Justiça divina nenhuma compensação para eles??? Estão eles condenados a sofrer neste mundo até a morte, enquanto quem lhes causou o dano está “sentado ao lado do Senhor”, bendito para sempre??? As doutrinas cristãs e similares são a reversão de toda lógica mais elementar, e o oposto da doutrina de Karma. Qual das duas reflete ponto de vista mais realista e adulto, somente sua inteligência e experiência próprias poderão dizer. |
Karma e Renascimento expõem um processo lento, mas seguro, de desabrochar do espírito e da matéria. O processo não é necessariamente linear. Nada há na Natureza que se pareça com o processo teológico de criação súbita de uma alma e sua drástica destruição “eterna” num fogo de asbesto. |
Raciocinando em termo teológicos, não se entende como um Deus justo pode exigir as mesmas virtudes dos seres que ele mesmo cria em formas puras, e as coloca debaixo de diferentes condições materiais, ambientais e espirituais, sem qualquer critério a não ser sua vaidade. Um vive luxuosamente, outro mora debaixo da ponte do Metrô em Bonsucesso. Um possui boa educação moral e ambiente elevado, outro nasce num ambiente mesquinho e violento, onde aprende a roubar cada vez mais e melhor. Se estas “almas” são todas novas, é justo julgá-las por igual??? |
O Paulo bíblico diz: “trabalhai em vossa própria salvação. O que um homem semeia, aquilo colherá”. Isto, diga-se de passagem, é eco fiel de sentenças idênticas encontradas nos Puranas hinduístas e em diversas passagens de escrituras budistas, muito anteriores a este apóstolo. “Não pequeis, para que não te suceda coisa pior”; “Com a mesma medida com que medirdes, serás medido” , e “Bem-aventurados os que tem fome de justiça, porque eles serão fartos”. Nenhuma dessas sentenças de Jesus faz menção a uma falta de responsabilidade pelos nossos atos, nem à salvação por intervenção mágica de terceiros. Cada um é o seu próprio salvador, afinal. |
Karma - literalmente “ação”. Esta palavra já está relativamente popularizada entre os brasileiros como sendo algo de “ruim”, “mau”. Só que este é somente um lado da questão. O maior dos ensinamentos de Buddha a este respeito é que Karma é intenção. Mesmo que um ato não se objetive, a intenção em fazê-lo já traz algum resultado no mundo mental e espiritual. A intenção por si só tem força para produzir Karma, e ela precede toda ação. Conforme a intenção é nossa ação. Existem três tipos de ação, a saber: ações que levam a um bom resultado, ações que levam a um mau resultado e ações neutras ou indiferentes. O que dá a tônica resultante é justamente a qualidade de sua intenção, gerando-se bom, mau ou nenhum Karma, correspondentemente. Pense nisto. |
P.S. este texto foi inspirado em ensinamentos budistas, e muito especialmente nos dizeres de H.P. Blavatsky, “mártir” do século passado, teósofa e budista confessa. Não se quis menosprezar ou guerrear com os irmãos de outras religiões sobre as concepções aqui debatidas, mas somente estabelecer que, para a libertação é necessário ter os corretos pontos de vista. Se um budista comenta à respeito de outra religião, ele o faz por amor à clareza de visão, procurando libertar o interlocutor de suas prisões conceituais. O verdadeiro budista não está preocupado em glorificar sua religião em detrimento das outras, mas sim na liberação completa de todos os seres. Por Compaixão, compreendam isto. |
Tudo de bom !