NAMO BUDDHAYA - NAMO DHARMAYA - NAMO SANGHAYA !

MUROS DE DISCÓRDIA

O Cardeal Ratzinger, chefe da Congregação Doutrinária da Igreja Católica, criticou o Budismo num recente simpósio sobre "Cristianismo e reencarnação". Segundo ele, "o Budismo ganha adeptos porque oferece felicidade sem obrigações religiosas concretas", disse ele à revista francesa L’Expresse, aproveitando o ensejo. "Isto", continua ele, "faz do Budismo uma espécie de auto-erotismo". São declarações difíceis de entender, e quando os representantes da Igreja foram procurados a respeito do assunto pelo pessoal da revista budista inglesa Dharmalife, para esclarecimentos, nenhum deles quis recebê-los. 

Estes comentários fazem eco das críticas que o Papa fez em seu livro "Cruzando o Portal da Esperança", que contém declarações erradas a respeito do Budismo e de outras religiões. Com certeza, nem Papa nem cardeal ouviram sequer falar dos Cinco Preceitos, que são básicos na prática budista. Estes Preceitos são expressão de nossa responsabilidade pelos nossos atos físicos, mentais e corporais, inclusive a responsabilidade pelo uso correto e sadio de nossa sexualidade e sexo, bem como dos outros sentidos! São expressão da Ação Perfeita! Mas pelo menos o Papa desculpou-se pelo "mal-entendido" do que foi dito sobre Budismo em seu livro - mais porque não ficava bem para um chefe de estado. Porém, cardeais e padres estão livres para criticarem o Budismo, e assim o fizeram Ratzinger e Arinze. 

Budismo está ficando notório na Europa, especialmente na França, onde algo em torno de 2 milhões se declararam adeptos ou simpáticos do Budismo. Mesmo sem gritar por adeptos nas ruas, o Budismo freqüentemente é notícia. As retaliações ao que é "novo", ou "ameaça" é uma atitude de se esperar dos movimentos religiosos que saboreiam o poder sobre as massas. 

Não é de interesse de um budista criticar por criticar, e sim esclarecer para que haja liberação e felicidade. Não se pode deixar passar em branco uma situação inverossímil. Não estamos dizendo que os budistas tem de fazer mesas redondas para escrever livros sobre a religião dos outros, ou condená-las, mas sim serem bem preparados para poderem esclarecer e rechaçarem o que é injusto, e inverdade a respeito de seu Caminho, que - diga-se de passagem - não fica a dever nada a qualquer seita cristã ou esotérica. 


Adaptado da Revista Dharmalife do verão de 1997