A Verdade da qual fala o Budismo não é conceitual, e,
portanto, não pode ser transmitida através de palavras.
Um Iluminado como o Buddha, pode nos guiar mostrando o Caminho
para a realização da Verdade, mas nós é que
temos de trilhar o caminho do autoconhecimento, através da auto-observação,
estudo e meditação, de modo a descobrir os mecanismos da
mente. Então a Verdade pode ser revelada e percebida em toda a sua
beleza, poder e pureza. |
O talento do Buddha, que foi desenvolvido em sucessivos
nascimentos, através do correto desenvolvimento da concentração
e outras formas de disciplina espirituais, lhe proporcionou uma mente soberana,
autônoma. Então se pode compreender que uma mente soberana
pode compreender e declarar profundas verdades relativas à vida,
seu significado e propósito. O homem interessado no Budismo preocupa-se
com a aplicação destas profundas verdades como soluções
práticas para seus problemas e dificuldades, que o embaraçam
na procura para a felicidade. |
O Budismo, que se tornou a principal “religião” no sexto
século a.C., começou a se instalar em toda a região
sul, central e oriental da Ásia, inspirando múltiplos
povos com uma civilização de bondade e autoaperfeiçoamento.
A Verdade Eterna que ele desvendou é um lótus de muitas pétalas,
que continuará a florescer em sua inexaurível infinitude,
trazendo a mensagem de esperança, saúde e compaixão
aos corações dos homens que buscam o Sublime. |
O crescimento dos Ensinamentos do Buddha nos corações
de milhões de pessoas ainda hoje, mais de 2600 anos após
Sua Passagem pela Terra, mostram a relevância do Budismo em qualquer
época ou clima. No Budismo, as pessoas não são
tolhidas de sua liberdade individual, tem um leque amplo de opções
práticas e de exemplos, e o que é mais importante: não
separa o conhecimento intuitivo do intelectual. |
Sistemas religiosos, filosofias e estratégias ideológicas;
os “ismos” que tanto conhecemos, sempre tenderam a serem desacreditados
com o surgimento de outros sistemas subsequentes. Estas doutrinas arquitetadas
pela mente humana, unidas às paixões não conscientizadas,
ou à pessoas ignorantes, geraram intolerância entre os homens
e os levaram a trilhar obscuros caminhos. Com o progresso gradual da ciência,
muitos modos de vida ainda assim permaneceram com suas corrupções
morais. Muitas instituições sociais foram assim, ou expostas,
ou desabaram sob o escrutínio científico. A história
relata derrotas violentas de diversas instituições sociais,
mostrando-nos a sobrevivência de uma idéia em detrimento de
outras. Porém, uma sociedade só pode se fortalecer através
de suas instituições. |
O Budismo, por outro lado, não conclama à violência
contra qualquer forma de instituição. As instituições
(família, religião, governo, etc) são necessárias
à coerência social e sua funcionalidade, de acordo com as
necessidades locais. Por outro lado, os padrões de pensamento e
o irreprimível grito das paixões e apegos humanos não
podem ser mudados pela simples troca de instituições. Assim,
a revolução do Budismo se dirige aos fatos básicos
da vida psicológica e mental comuns a todos os seres, o que constitui
de verdade a base de todas as atividades humanas. Os valores sociais e
humanos que se desenvolvem a partir dos Ensinamentos do Buddha adquirem
um caráter excelente por estarem fundamentados na vida psicológica
individual, e não nas funções de uma dada instituição
formal. |
Estritamente falando, a cultura desenvolvida a partir dos Ensinamentos
de Buddha, é a cultura da mente do indivíduo.
Entretanto, pelo processo de secularização, podemos ver que
as instituições de cunho budista podem decair pela má
aplicação dos Ensinamentos do Buddha. Mas o
Ensinamento em si é imutável e eterno, independe de cultura,
tempo ou localização. |
Uma sociedade constitui-se de uma totalidade de indivíduos aos
quais a cada um em particular o Budismo endereça sua filosofia de
cultura. Cada indivíduo se esforça para ajustar suas relações
com a sociedade de acordo com o Dhamma. O Budismo revela
então suas funções sociais. Dentro da consciência
ética pregada por Buddha, o aspecto social da vida
não é menos importante do que o aspecto individual. Neste
sentido, o Budismo também tem um aspecto de filosofia social. O
mundo budista existe compromissado com o modo de vida budista, porém,
é constituído de vários países, que possuem
suas próprias peculiaridades sociais e ambiente cultural. |
Na civilização budista encontramos um sistema chamado
de estrutura e superestrutura. Sua estrutura geral é a filosofia
fundamental do Buddha. É extra-temporal e extraterritorial,
e assim, aplica-se com igual validade e relevância em todas as épocas
e locais. A superestrutura é a civilização nacional
determinada por fatores raciais e históricos, sujeitos à
variação temporal e geográfica. |
O modo de vida budista pode somente incorporar-se em indivíduos
que habitam um território específico em uma época
específica. Podemos então concluir que o Budismo é
capaz de combinar o local com o internacional; o temporal com o atemporal. |
O modo de vida budista é baseado em princípios democráticos,
e nenhum budista, seja ele monge ou leigo, é obrigado a acatar ordens
que neguem a escolha livre e independente, de acordo com a Verdade e a
Justiça. Na tarefa de uma construção nacional, na
qual cada budista se esforça para contribuir, o que é requerido
e desejável é a unidade baseada na igualdade, compreensão
e confiança mútuas. Entretanto, todos os caminhos possíveis
para a unidade, solidariedade e compreensão ainda não foram
totalmente explorados pelos budistas. |
A lealdade ao Budismo e dedicação à vida budista
não deve interferir na amizade entre budistas e outros. Como indivíduos,
é uma escolha particular seguir a Via budista, de acordo com nossos
gostos e habilidades. |
O Dhamma que o Buddha ensinou traz técnicas
de comportamento, formas de atividade física e mental, inculcando
uma peregrinação à perfeição. Seu Ensinamento
central mostra as condições e relatividade de todos as coisas,
explicando todos os eventos, fenômenos, coisas e pessoas. Ao nível
de indivíduo, ensina a viver a vida não movido pelas circunstâncias,
tranqüilo e sereno, equânime diante de dissabores e alegrias
passageiras. Põe o homem como foco e origem de todas as coisas,
preconizando que nele está o Caminho para a sua realização
interior. Nega a onipotência da mera razão para aperceber-se
da Verdade, a qual está sujeita à percepção
da visão espiritual interior. Advoga a sanidade total, a moderação
e a sabedoria não-discursiva adquirida pelo Caminho do Meio. |
O Budismo expõe métodos para os indivíduos embelezarem
suas vidas, e os governos desempenharem suas funções para
o bem-estar comum. É necessário promover o Dhamma
hoje para o bem dos indivíduos e da sociedade, produzindo beleza,
qualidades e bondade. Serviço social e Justiça, associadas
ao Dhamma, seria uma ferramenta poderosa a que ninguém
se objetaria. |
Uma especial atenção deve ser dirigida para o trilhar
da Nobre Senda Óctupla, para cultivar seus oito aspectos um a um,
como fatores mutuamente cooperativos que sustentam nossas vidas ,desenvolvimento
e bem-estar. É também importante compreender e realizar as
Quatro Nobres Verdades. A palavra “dukkha” em língua
páli significa “sofrimento intrínseco”, o que inclui obviamente
sofrimentos físicos e mentais. Porém, há sofrimentos
que não são tão óbvios, como os que decorrem
da lei de mudança ou impermanência de todas as coisas. Este
aspecto da natureza o Buddha esclareceu com as seguintes palavras:
“YAD ANICCAM TAM DUKKHAM” : “Aonde há mudança,
há sofrimento”. Além disto, todo sofrimento está
fortemente enraizado em desejo egoísta. É necessário
compreender como a luta pela satisfação dos desejos egoístas
massacra o ser humano. A satisfação do egoísmo jamais
se completará. |
Particularmente, os ingredientes da Nobre Senda Óctupla são
úteis para a purificação do pensamento, da palavra,
e da ação, resultando finalmente no completo extermínio
do egoísmo e levando ao desabrochar da mais alta sabedoria. |
Diz assim o Buddha:
“TANCA KAMMAM KATAM SADHU
YAM KATVA NANUTAPPATI
YASSA PATITO SUMANO
VIPAKAM PATISEVATI” |
“Aquele ato é bem realizado, quando após ele não
há arrependimento e quando, com alegria e prazer colhemos os seus
frutos” . |