Nietzsche
Para Nietzsche a investigação filosófica não parte de um pressuposto e sim de um problema.
A literatura nietzschiana está cronologicamente dividida em três períodos: o primeiro começa em 1870 e vai ate 1876; o segundo de 1876 a 1882 e o terceiro período de 1882 a 1889.
No primeiro período vamos conhecer o jovem Nietzsche que é professor de Filologia da universidade de Basiléia. Neste período ele publica varias obras. Dentre elas estão: o Nascimento da Tragédia a partir do Espírito da Musica (1872); o Devoto e o Escritor (1873); da Utilidade e da Vantagem da Historia para Vida (1874); Schopenhauer como Educador (1874) e Richard Wagner em Bay Reuth (1876).
Alguns textos permaneceram inéditos durante a vida de Nietzsche. Estes textos são de grande importância para a compreensão de sua obra. Dentre estes muitos textos podemos citar: O Drama Musical Grego, Sócrates e a tragédia, a Cosmovisao Dionisíaca e Nascimento do Pensamento Trágico. Todos de 1970.
De 1871 a 1873 também temos alguns textos: Sócrates e a Tragédia Grega (1871), Sobre o futuro de nossas instituições de ensino (1872), Cinco Prefacio para Cinco Livros não Escritos (1872), A filosofia de Época Trágica dos Gregos e sobre a verdade e a mentira no Sentido Moral (1873).
Nesta primeira fase Nietzsche foi influenciado por Schopenaer e Wagner. Do primeiro por sua tradição espiritual da filosofia alemã e do segundo por sua irresistível musica alemã.
A música seria então uma arte privilegiada diante das demais modalidades artísticas; mas também seria privilegiada diante da própria Ciência, à medida em que é, tanto para o jovem Nietzsche quanto para Schopenhauer, a única via de acesso à verdade do mundo; a única linguagem capaz de comunicar o em si do mundo.
Embora Nietzsche afirme que a música não é a aparência da vontade, e sim o inverso, poderíamos nos perguntar se em O Nascimento da Tragédia não há uma transposição onde Dionísio assume o lugar da vontade schopenhaueriana. Paralelamente, em Schopenhauer, a música é objetivação da vontade. Dionísio e vontade se encontram, portanto, de maneira bastante relevante aqui. Isto porque a música, como já foi dito, não é a aparência da vontade, e sim é a vontade a aparência da música. Vemos, portanto, que a sutil distinção entre relação simbólica e relação direta somente pode ser compreendida a partir desta já não tão sutil diferença entre o caráter contemplativo e o caráter produtivo da música - onde até a própria vontade passa a ser um produto da arte musical.
Vemos, portanto, que a metafísica no jovem Nietzsche adquire um sentido diferente da de Schopenhauer. Conforme vimos, não há qualquer caráter contemplativo na música nietzscheana. Nietzsche não está interessado em constituir "um puro sujeito do conhecimento" como Schopenhauer (MVR 34). Neste sentido, a "força simbólica" da música é uma força de amálgama, uma força que une o homem a esta realidade subjacente, produzindo com isso o conforto metafísico. Através da experiência oferecida pela música, a falta de sentido original do mundo, transfigurada simbolicamente em dissonância musical, passa agora a ser inscrita no próprio homem.