Aspectos estruturais da consciência

 

Até o presente momento o autor expunha o que a consciência não era. A partir daqui ele vai dizer o que a consciência é. Para fazer isso, Searle enumera os aspectos mais importantes da consciência. Para ser breve ele se limita aos dez mais relevantes.

Primeiro: subjetividade ontológica. É o aspecto mais importante da nossa consciência neste aspecto fica comprovado que todos os nossos estados conscientes só existem se experimentado por alguém.

Segundo: consciência unificada. A consciência chega até nós de forma unificada, ou seja, experiência unificada. Assim eu posso sentir a pressão dos sapatos em meus pés, o pensamento, o som do transito, etc. “Agora estou pensando em  problemas filosóficos e simultaneamente, sentindo uma leve dor no dedo do pé”. ( SEARLE 2000, Pg.74).

Pensar e sentir são dois estados conscientes diferentes, mas fazem parte de um único campo da consciência, que é o unificado. Os pacientes com cérebro dividido são os melhores exemplos da consciência unificada.

A unidade da consciência vem em duas formas: vertical e horizontal. Na  unidade vertical todos os nossos estados conscientes são unificados. Mas, segundo Searle, para isso é necessário memória, sem ela não há consciência organizada. Já a unidade horizontal é apenas uma oposição a unidade vertical.

Para Searle a melhor maneira de estudar a nossa consciência é através de seus colapsos e patologias. Os colapsos cerebrais tanto podem ser encontrados em dimensão horizontal, como na vertical. Lembrando apenas, que os pacientes com cérebros divididos apresentam na vertical e os pacientes que tem apenas defeitos de memória, o colapso é na unidade horizontal.

Terceiro: intencionalidade. É um aspecto muito essencial para a nossa sobrevivência.  Searle mostra neste aspecto que um estado consciente só é mental em virtude de sua capacidade.  

Quarto: humor. Todos os nosso estados conscientes nos vem quando estamos com um determinado tipo de humor. O nome que se dá a esse estado de humor não importa. Pode ser “exaltação” ou “depressão”. Neste aspecto Searle chama humor de sabor.

Quinto: estrutura. Estes aspectos estão estruturados em suas formas não-patológicas. Os exemplos que Searle nos dá neste aspecto, são os psicólogos de Gestalt. Esses psicólogos tentam mostrar que  o cérebro é uma estrutura coerente.

Sexto: atenção. A nossa consciência tem graus variados de atenção. Neste aspecto, Searle divide a nossa consciência em centro e periferia. Prestar a atenção na tela do computador e ao mesmo tempo ignorar a pressão do meu corpo sobre a cadeira, é um exemplo de periferia. Deslocar a minha atenção da tela do computador para a pressão que meu corpo faz sobre a cadeira é trazer para o centro aquilo que estava na periferia.

Sétimo: condições fronteiriças da consciência. É um aspectos de nossos estados conscientes, relacionado ao centro e a periferia mais não são idênticos.

Oitavo: familiaridade. O exemplo que Searle nos dá é o nosso quarto (local onde dormimos), nele os objetos são todos familiares. Neste aspecto o autor ressalta também as dificuldades que temos de romper com laços de familiaridades. Isso se deve a representação mental.

Nono: transbordamento.    É uma característica de nossas experiências conscientes, que elas   sempre façam referencias a coisas que estão alem delas.

Décimo: prazer e desprazer. os nossos estados conscientes são sempre prazerosos ou desprazerosos   em algum grau. Segundo Searle, para uma experiência consciente sempre vai existir uma pergunta: você gostou? Foi divertido? Você ficou feliz? Etc.

 

O campo da consciência e o problema da conexão:  “nada seria consciente se não fosse parte de consciência unificada”. (SEALE 2000, Pg. 81)

Searle ressalta a falácia do homúnculo. Esta falácia supõe que todas as minhas experiências são vividas por uma pessoa em miniatura dentro da minha cabeça.

Para finalizar este capitulo, Searle nos fala de consciência e valor. Em certo sentido, a  consciência é o aspecto mais importante, porque todas as outras coisas só tem valor, importância ou mérito graças a sua existência.

 

Referencias bibliográfica

 

SEARLE, John R. Mente, linguagem e sociedade. Rocco, Rio   de Janeiro, 2000.