A essência da Mente: a consciência e sua estrutura
Para Searle é ingenuidade
supor que a consciência é o mais bem compreendido fenômeno de todos. Porque a
primeira dificuldade para se ter uma explicação da consciência vem da relação
peculiar entre a consciência e a observação.
Os herdeiros de uma longa
tradição filosófica que se recusam a tratar a consciência como parte de um
mundo natural, normal ou físico no qual vivemos, é uma segunda dificuldade.
Os três erros a respeito da consciência: o primeiro erro é o alto-engano, simplesmente enganamos a
nós mesmo a respeito de todos os nossos estados mentais, isto porque é doloroso
de mais enfrentar nossos ciúmes, hostilidades e fraquezas.
É fácil produzir provas
filosóficas do que é o alto-engano. É impossível mas
todos nós sabemos que deve então haver alguma coisa errada com a prova.
Exemplo: que A engane B sobre uma proposição P, A deve acreditar que P e
deliberadamente induz B que não P.
Uma segunda causa de erro
sobre os nossos próprios estados conscientes, é a má interpretação, que está relacionada ao auto-engano. Por
exemplo: você pode pensar que está apaixonado e mais tarde percebe que
interpretou mal seus sentimentos e que aquela emoção era apenas um sentimento
passageiro.
A terceira causa de erro
está relacionada a segunda (má interpretação). Pensamos, por exemplo, que estamos decididos a
parar de fumar, trabalhar mais, ou escrever um livro, mas o nosso comportamento
mostra que estamos errados.
Um quarto tipo de erro
sobre os nossos próprios estados conscientes é a desatenção. Simplesmente não prestamos a atenção o suficiente as maneiras como a nossa consciência está se comportando.
Exemplo: o nosso posicionamento político que com o passar dos anos muda sem que
percebemos.
Um segundo erro sobre a
consciência, é que temos tendência, em cometer em nossa tradição filosófica, o
erro da incorrigibilidade. E um terceiro erro muito comum e talvez
o mais sutil de todos é a doutrina de
que todos os nossos estados de consciência envolve a alto consciência.
Agora Searle vai nos
apresentar os dez aspectos mais importantes de nossa consciência:
Primeiro aspecto, subjetividade
ontológica: todos os nossos estados conscientes só existem se experimentado por um agente;
Um segundo aspecto e
absolutamente crucial para compreender a consciência, é a consciência que chega
até nós de forma unificada. A
unidade da consciência vem de duas formas: vertical e horizontal. A horizontal
se opõe a vertical.
Uma das melhores maneiras
de estudar a consciência é estudar seus colapsos e suas patologias. Os
pacientes de cérebro dividido são os exemplos mais espetaculares de colapso na
consciência unificada.
Houve também muitos
experimentos mostrando que pacientes com determinados tipos de lesão cerebral
não podem ter uma seqüência ordenada de estados conscientes porque perderam a
capacidade de organizar suas experiências por intermédio da memória.
O terceiro aspecto, é o da consciência mais
essencial para a nossa sobrevivência no mundo.
A consciência
nos dá acesso a um mundo diferente de nossos próprios estados conscientes. Ela
faz isso de dois modos: cognitivo e volitivo. Porem Searle vai deixar para
discutir esse assunto no próximo capitulo.
O quarto aspecto de
nossos estados conscientes nos vem quando estamos com um determinado humor. Estamos
sempre com um determinado tipo de humor, mesmo que ele não tenha o nome de
“exaltação” ou “depressão”.
Um quinto aspecto de
nosso estado consciente é que em sua forma não-patológica eles são sempre
estruturados. Os exemplos mais comuns estão nos psicólogos de Gestalt.
Os graus variados de
nossa consciência constituem o sexto aspecto da nossa consciência.
Um sétimo aspecto de
nossos estados conscientes, relacionados, mais não idênticos à distinção entre
o centro e a periferia criados por nossos diversos tipos de atenção, é que os
estados conscientes, normalmente vêm com um sentido de sua própria situação.
O oitavo aspecto de
nossos estados conscientes, é que, eles nos atigem
com vários graus de familiaridades. A familiaridade é um fenômeno escalar. As coisas
são experimentadas por nós com mais ou menos uma dose de familiaridade.
No nono aspecto
percebemos as características de nossas experiências e que elas sempre façam as
coisas que estão alem delas. Chamamos este aspecto de transbordamento.
O décimo aspecto de
nossos estados conscientes é que eles são sempre prazerosos ou desprazerosos em algum grau. Para qualquer experiência
consciente, há sempre uma pergunta: você gostou? Foi divertido? Você ficou
feliz, infeliz, entediado, entretido, furioso ou simplesmente indiferente?
O campo da consciência e
o problema da conexão: Essa maneira de pensar, na qual consideramos que a
totalidade é composta de vários elementos é tão útil e natural para nós ao
lidar com outros problemas que não temos noção de como ela pode ser pouco
apropriada, em se tratando de consciência.
No entanto, nas
discussões atuais
sobre o problema da conexão talvez estejamos pensando na consciência de forma
errada.
Ainda temos o problema da
conexão para modalidades de percepção especificas. Podemos compreender esse
ponto melhor ainda se voltarmos nos pacientes com cérebro dividido
Referencia
Bibliográficas
Searle,John Mente,Linguagem e Sociedade, Rocco Rio de Janeiro 2000.