A
hierarquia do mundo underground é muito simples: ou a
pessoa é um hacker, ou não. Simples assim: se a
pessoa tem conhecimentos aprofundados em qualquer
assunto (de preferência pouco explorado), a pessoa
pode se considerar um hacker; caso contrário, se a
pessoa não tem nenhuma novidade em nenhum campo da
computação ou correlatos, e apenas utiliza o
conhecimento dos hackers para fazer suas investidas,
ela é considerada inferior, pouco ou nada
interessante, e é sumariamente ignorada.
Dentro
do fechado e pequeno grupo dos verdadeiros gênios dos
computadores, podem-se distinguir três sub-grupos
principais:
Hacker:
É aquela pessoa que possui uma grande facilidade de
análise, assimilação, compreensão e capacidades
surpreendentes de conseguir fazer o que quiser (literalmente)
com um computador. Ela sabe perfeitamente que nenhum
sistema é completamente livre de falhas, e sabe onde
procurar por elas, utilizando de técnicas das mais
variadas (aliás, quanto mais variado, mais valioso é
o conhecimento do hacker).
Cracker:
Possui tanto conhecimento quanto os hackers, mas com a
diferença de que, para ele, não basta entrar em
sistemas, quebrar senhas, e descobrir falhas. Ele
precisa deixar um aviso de que esteve lá, geralmente
com recados mal-criados, algumas vezes destruindo
partes do sistema, e até aniquilando com tudo o que vê
pela frente. Também são atribuidos aos crackers
programas que retiram travas em softwares, bem como os
que alteram suas características, adicionando ou
modificando opções, muitas vezes relacionadas à
pirataria.
Phreaker:
É especializado em telefonia. Faz parte de suas
principais atividades as ligações gratuitas (tanto
local como interurbano e internacional), reprogramação
de centrais telefônicas, instalação de escutas (não
aquelas colocadas em postes telefônicos, mas imagine
algo no sentido de, a cada vez que seu telefone tocar,
o dele também o fará, e ele poderá ouvir sua
conversa), etc. O conhecimento de um phreaker é
essencial para se buscar informações que seriam
muito úteis nas mãos de mal-intencionados. Além de
permitir que um possível ataque a um sistema tenha
como ponto de partida provedores de acessos em outros
países, suas técnicas permitem não somente ficar
invisível diante de um provável rastreamento, como
também forjar o culpado da ligação fraudulenta,
fazendo com que o coitado pague o pato (e a conta).
Agora,
fora destes grupos, temos inúmeras categorias de
"não-hackers", onde se enquadram a maioria
dos pretendentes a hacker, e a cada dia, surgem novos
termos para designá-los. São os principais:
Lamers:
Se você está lendo este parágrafo pensando
encontrar uma explicação sobre este termo, parabéns!
Acabou de descobrir o que é lamer. Você! Entendeu?
Lamer é aquele cara que quer aprender sobre hackers,
e sai perguntando para todo mundo. Os hackers, ou
qualquer outra categoria, não gostam disso, e passam
a lhe insultar, chamando-o de lamer. Ou seja, novato.
Algumas pessoas acham que Lamer é aquele que acha que
é hacker mas não é. Nós, particularmante, não
concordamos, porque todo mundo, hoje, acha que é
hacker... (Obs.: Não espere explicação sobre
qualquer destes termos ou qualquer assunto relacionado
de alguém que se diz hacker. Ele certamente não dirá
nada, talvez pelo fato de não querer se expor, talvez
pelo fato - o que é mais provável - de ele ser tanto
lamer quanto você).
Wannabe:
É o principiante que aprendeu a usar algumas receitas
de bolo (programas já prontos para descobrir senhas
ou invadir sistemas), entrou em um provedor de fundo
de quintal e já acha que vai conseguir entrar nos
computadores da Nasa. (Internet World - N. 23 - Julho
de 1997)
Arackers:
Esses são os piores! Os "hackers-de-araque",
são a maioria absoluta no submundo cibernético. Algo
em torno de 99,9%. Fingem ser os mais ousados e
espertos usuários de computador, planejam ataques,
fazem reuniões durante as madrugadas (ou pelo menos
até a hora em que a mãe mandar dormir), contam de
casos absurdamente fantasiosos, mas no final das
contas vão fazer download no site da Playboy ou jogar
algum desses "killerware", resultando na
mais chata e engraçada espécie: a "odonto-hackers"
- o hacker da boca pra fora!
Um
outro detalhe que vale lembrar é que: os
"pseudo-hackers" fazem questão de escrever
de forma absolutamente ilegível, trocando letras por
caracteres especiais que, segundo eles, se parecem. Além
disso, muitas palavras podem ser substituídas por
outras com grafia um pouco diferente. Lamers, por
exemplo, pode perfeitamente virar Lamerz, Lammerz,
Lamah, e por aí vai...
Por
incrível que pareça, a maioria das pessoas que acham
que são hackers, não são. E uma minoria, que óbviamente
jura não ter nenhum envolvimento com o underground da
computação, são hackers muito experientes mas
raramente perigosos. Os hackers perigosos ficam entre
estes dois grupos, pois são experientes mas gostam de
aparecer, o que dá a impressão de que são muitos,
mas na verdade, muito mesmo são só os artifícios
utilizados por eles para descobrir novas maneiras de
pendurar uma melancia no pescoço.