Os mineiros,
obviamente, não deram a devida importância, já que, pra nós,
isto quer dizer apenas que duas coisas bateram. Poderiam ser
dois carros, um carro e uma moto, uma carroça e um
carro-de-boi, ou, até mesmo, um choque entre a mala de
viagem e a mesa de jantar.
Movido pela curiosidade, resolvi consultar o Aurélio,
e vejam o que descobri:
Trem:
sm. 1. Objetos que formam a bagagem de
um viajante; 2. Mobiliário de uma
casa; 3. Bras. Comboio ferroviário; 4. Utensílios
de cozinha; 5. Bras.Pop. Treco;
6. Diz de pessoa ou coisa ruim, imprestável.
(Bras. é abreviatura de Brasileirismo)
Vejam que o sentido
de comboio ferroviário é apenas o 3º
e ainda é considerado um brasileirismo. Comentei o fato com
um amigo especialista em etimologia, que esclareceu a questão: o
comboio ferroviário recebeu o nome de trem, justamente
porque trazia, porque transportava, os trens das pessoas.
Vale lembrar que, nesta época, a malha ferroviária que o
Brasil possuía contava com relativa capilaridade, e o transporte
ferroviário era o mais importante. Assim, era natural que
as pessoas fizessem tal associação.
Moral da história:
O mineiro é, antes de tudo,
um erudito. Além de erudito, ainda é humilde e aceita que o
pessoal dos outros estados tripudiem da forma como usa a
palavra trem. Acho, na verdade, que isto faz parte do espírito
cristão do mineiro, que escuta as gozações e pensa: