BH
- VITÓRIA > AGITAÇÃO E PAQUERA
Crianças
e adolescentes aproveitam o espaço e liberdade de movimento nos vagões para
brincar e fazer amigos
As férias levam crianças e
adolescentes para dentro dos vagões já no clima de descontração
das praias capixabas ou para uma temporada de travessuras no
pomar da casa da vovó, no interior de Minas. As amigas
Deysilene Pacheco, de 17 anos, e Priscylla Keithy Pires Andrade,
de 16, alunas do 1º e 2º ano do ensino médio,
respectivamente, na Escola Municipal Professor Tancredo Neves,
no Céu Azul, região de Venda Nova, em Belo Horizonte, já
preparam o esquema para os dias de lazer na praia de Camburi, em
Vitória: biquíni e bronzeador. "Quase sempre pego o trem.
É uma viagem mais tranqüila. Você faz amizades e pode
circular", comenta Deysilene.
Sorte do tatuador Márcio Bittencourt, de 23, e do camelô
Fernando Mendes da Cruz, de 27, amigos de BH, que se preparam
para "chegar a Guarapari e curtir uma onda, vendo as
gatinhas de biquíni", resumiu Márcio, que reclamou da
falta de higiene das pessoas que usam o transporte. Já o
estudante Bruno de Souza Rodrigues, de 18, de Contagem, ia para
a casa da avó em Cachoeira Escura, próximo a Açucena, para
descansar. Entre idas e vindas dentro do vagão, os jovens começaram
a se enturmar e até trocaram telefones para um possível
encontro após a temporada de lazer. "Mas isso aqui é tudo
amizade", garantiu Deysilene, em meio a beijos e abraços
com Bruno, que descia do vagão.
Lívia Weber, de 6, só fala inglês, mas entende a linguagem de
criança e logo que entrou a bordo se simpatizou com a vizinha
de vagão Luíza, de 9. Depois de alguns minutos de convivência,
lá estavam as duas meninas desenhando figuras e brincando de
pique-esconde. Lívia é filha de Marise Weber, de 39, que,
junto com os pais e a filha caçula, Juliana, de 3, pegaram o
trem depois de aterrisar no Aeroporto Internacional de Confins,
na capital, vindos de Nova York, onde moram há 18 anos. Natural
de Governador Valadares, a família veio ao Brasil para rever
parentes. "Preferimos ir de trem por causa das meninas. É
uma viagem mais tranqüila. Já andei de trem entre Nova York e
Washington e nunca vi um serviço assim", diz Marise,
elogiando o trabalho dos garçons e comissárias as ferromoças
que levam as refeições às poltronas.
Dias de bêbados e grávidas
Zelar, durante quase um dia, pelo bem-estar de centenas de
passageiros não é tarefa fácil para os funcionários que se
encarregam de servir, limpar e manter a ordem e a segurança
dentro dos vagões. Bêbados, grávidas e pessoas passando mal
ou querendo pular do trem são alguns problemas já enfrentados
pela equipe de encarregados. Há oito anos como chefe de trem,
Erivaldo da Costa Soares, de 42, conta que a bebida alcoólica
foi proibida devido ao desconforto causado por passageiros que
tomavam uns goles a mais.
Nas proximidades de Santa Bárbara, a 112 quilômetros de Belo
Horizonte, Erivaldo lembra que, certa vez, uma grávida teve
contrações e o bebê nasceu dentro do vagão. Já o chefe de
trem Augusto César Passos teve uma experiência desagradável.
O passageiro com um problema cardíaco, que ajudou a socorrer,
morreu após ser atendido no hospital. Tereza, a cozinheira,
prepara a comida para o almoço e jantar, que deve estar impecável
para o consumo. No cardápio, à base de arroz, feijão, salada,
macarrão, só o tipo da carne varia. As opções são frango,
porco frito e carne de panela. A refeição sai por R$ 4.