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15082003

Trem que liga Belo Horizonte à Vitória corre cheio de histórias

Segurança, belas paisagens e bate-papo unem pessoas de diferentes grupos sociais na longa viagem sobre trilhos

O apito da locomotiva anuncia a continuação da viagem. De chapéu na cabeça e cigarro de palha no canto da boca, Aílton Gonçalves Rosa, de 68 anos, observa a paisagem da janela. O dia está ensolarado e a brisa levanta o pó de minério de ferro espalhado ao longo da estrada de fero. O trem vai, margeia montanhas, passa por campos de fazendas de gado e desce ao encontro do rio Doce. Seu Aílton, homem do interior de Minas, pensa no filho que acabou de visitar em Tumiritinga, a 363 quilômetros de Belo Horizonte, de onde voltava, com a mulher, Eleni Castellani, de 64, para sua casa, na vizinha Resplendor. "Às vezes, fico pensando que, com minha família toda criada os quatro filhos casados , não tenho mais preocupação. Quero logo é chegar em casa", deabafa Aílton, no ritmo do trem da ferrovia Vitória-Minas, mantida pela Companhia Vale do Rio Doce.

Há 100 anos, iniciou-se a construção da ferrovia, liga Minas Gerais ao litoral do Espírito Santo. A viagem se iniciava em Belo Horizonte, com destino a Vitória (ES), mas o ponto de partida foi transferido para Itabira, a 111 quilômetros da capital. Já a partir de 1992, o trem voltou a sair da capital rumo as praias capixabas. A reportagem do ESTADO DE MINAS embarcou no único trem de passageiros ainda com viagens diárias no Brasil. São 13 horas sobre os trilhos, num percurso de 664 quilômetros e 28 paradas em 26 cidades.

Na metade do percurso, em Governador Valadares, Leste do Estado, há a troca da tripulação. Entre as muitas paradas, descem dos vagões Joões, Franciscos, Marias e sobem Josés, Terezas, Joaquins. Gente simples da terra. As paradas são de apenas alguns minutos e é preciso agilidade. Os filhos vão no colo, enquanto as mãos ficam ocupadas com malas, pacotes de biscoitos e sacos de frutas. Muitos preferem a bela paisagem e a calmaria da viagem aos solavancos e ao risco de acidentes nas rodovias. Alguns reclamam dos atrasos de até quase cinco horas nas viagens, quase sempre por problemas técnicos na locomotiva ou em vagões. Mas é preciso não ter pressa.

A cabeleireira Maria Celeste de Oliveira, de 51, de Belo Horizonte, não via a hora de chegar a Vitória para pegar uma corzinha. Foi ao Espírito Santo para o aniversário de 99 anos do pai, junto com a cunhada e o sobrinho, que curtiam a viagem na classe econômica, regada a refrigerantes, frutas e sanduíches. Fumante, não esconde a preferência pelo trem. "Fico muito à vontade, pois, apesar de ser mais tempo não é tão cansativo. Você transita por todos os vagões e pode fumar nas varandas", opina.

Natural de Governador Valadares, a advogada Juliana Knaip Delogo, de 24, pega o trem de dois em dois meses para rever os pais. Há um ano ela mora com a irmã em Belo Horizonte, onde estuda para prestar concurso público. O clima agradável e o serviço de qualidade são, para ela, requisitos decisivos para a escolha do transporte. Além da paisagem maravilhosa, o mais é puxar um papo e conhecer as pessoas. "O serviço de atendimento é muito bom, já que se você quiser um pão de queijo, a ferromoça traz para você na poltrona", ressalta.


Fonte: www.em.com.br
Publicada em 20/07/2003 (Luiz Fernando Campos/Redação EM)

 

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