TRESLER
Que dia é hoje? Domingo, 10 de junho de 2001.

Olá! Está é a edição número 8 do nosso fanzine eletrônico. Espero que  você
goste (ou não). Olha o que temos no menu de hoje:

1. Editorial (Daniel Wildt)
2. Bye Bye Brasil! (Ariadne Amantino - CARPE DIEM) 
3. O dia D é hoje (Daniel Wildt - BORN TO BE WILDT)
4. A Crítica (Eduardo Seganfredo - DE NOVO, PÔ!)
5. Stranger than fiction (Vincent Kellers - LINHAS  DE PENSAMENTO CAÓTICO &
   PARALELO)
6. Lixos ambulantes (Daniel Wildt - FALANDO SÉRIO)
7. CRÉDITOS FINAIS

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======================== EDITORIAL (Daniel Wildt) =========================
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Um  breve comentário sobre o esporte nacional: Guga rules!! É tri! Sobre as
desilusões  do  futebol  brasileiro... não, não gastarei linhas sobre isso.
Até porque este espaço é curto e quero falar sobre muita coisa e sobre nada
ao mesmo tempo.

Encontrei  um  parágrafo perdido nas minhas coisas, algo que escrevi um dia
em que pelo visto buscava respostas para coisas que aconteceram comigo... o
texto:  não  quero ser mais um neste mundão, quero fazer a diferença, ser a
união,  de alguma forma. Deus? Não... as formas de expressão são tantas, as
formas  de  buscar o sucesso e identificação são tão estranhas, o medo ou a
falta  de  coragem, sentimentos supérfluos tomam conta. Pessoas se esquecem
de  vivências  e  de  palavras  ditas,  palavras  que  buscavam  um voto de
confiança...  em  vão. Esquecidas, deixadas de lado, pessoas se voltam para
seu  interior  e  voltam para a vida mais fortes, mais fortes do que nunca,
mais  consistentes,  mais sinceras e inconsequentes, verdadeiras da maneira
que  se  deve  ser.  E  o  que ficou lá atrás? Passado, lembranças? Sempre.
Sinais de arrependimento? Nunca.

Eu  estava ouvindo "Fuckin' in the bushes" do Oasis (que é da trilha sonora
de  Snatch  também) e ao ler este parágrafo perdido achei a junção perfeita
entre  texto e música. Foi como ver Mágico de Oz ouvindo Pink Floyd. Isto é
arte.  Este  parágrafo  perdido  regra  a  minha vida. Eu sei que se eu não
superar  minhas dificuldades e dizer para a vida MANDA ALGO MAIS COMPLICADO
PARA  TENTAR  ME  DERRUBAR!!!  serei  acomodado e esperando sempre o dia do
pagamento  chegar.  Não  quero  isso.  Quero  fazer  a  diferença.  Superar
obstáculos e ter histórias para contar.

Mudando o assunto, hoje a nossa colunista está indo para a Europa, onde vai
tentar  a  vida.  E  vai  conseguir. O Tresler agora tem uma correspondente
internacional. A Dadi se foi pro outro lado de lá. E ela se foi:

E ELA SE FOI

Hoje o céu do Rio Grande acordou cinzento
Com lágrimas secas
Passou a noite choramingando
Pois não vai mais iluminar esta menina

Que viajou
Foi para longe
Para ser iluminada por outro céu
Que não fala nossa língua
Mas entende o coração humano

Viajou para encontrar o amor
E viver com ele
Compartilhar os sucessos 
Apoiar nos fracassos

Viajou para viver
Ter independência e liberdade
Ser ser quem quer ser
De estar onde quiser

Então se é para ser assim
Que seja feliz 
E não esqueça de escrever
Para quem escreve 
Palavras de saudade pela tua partida
E de alegria na chegada ao novo lar

                      Daniel Wildt (10/06/2001 - 11:43)

No  Tresler  de  hoje  temos cartas de despedida, temos desilusões amorosas
perto do dia dos namorados (eu estava vendo aquele programa da MTV, Meninas
Veneno,  e tive algumas idéias com o que aquelas meninas falavam a respeito
do  amor,  baladas  e viagens em geral). E espere, tem mais! Falamos também
sobre  críticas  e  ainda temos review sobre o show da Overflow, temos mais
despedidas e mais críticas e então chegamos ao fim da edição #8 do Tresler.

IMPORTANTE:  para  finalizar  a  edição  deste  Tresler, estou ouvindo o CD
Parachutes do Coldplay (que ganhei da minha namorada)... presente melhor só
passar  o  domingo  com  ela  passeando na usina do gasômetro (alô Sandro e
Lenara!),  tomando café "cortado" ou no nome tradicional de café com leite,
comendo  pastel  de  brócolis  e ricota e depois um cinema para completar a
noite  (aê Ju e Mity!). Ah, e feliz dia dos namorados para todos! E se você
não  tem  namorado/namorada,  vá  ao  cinema,  tente  bater  seu recorde em
paciência ou em campo minado, ou simplesmente não faça nada de diferente do
que você faz na sua vidinha mais ou menos!

Daniel  Wildt,  pensa  que  amar  é tudo. Eu amo a Márcia. Logo, a Márcia é
tudo!  É  minha  namorada. E sem o amor da minha nAMORada, eu não sou nada!
Saca  a  idéia  mano? Essa do nAMORada eu li em um poema no ônibus... muito
legal. Andar de ônibus é cultura.

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====================== CARPE DIEM (Ariadne Amantino) ======================
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BYE BYE BRASIL!

Quando  a maioria de vocês estiverem lendo isto, eu provavelmente vou estar
em  algum  lugar  sobrevoando o Atlântico... Voando atrás do meu sonho mais
uma vez.

Ir  para  a Europa sempre foi meu sonho... Eu vivi parte desse sonho quando
fui para a Bélgica há quase dos anos atrás. Naquela época, eu via com olhos
diferentes a idéia de morar na Europa. Eu estava indo para o lugar dos meus
sonhos,  onde  tudo  seria perfeito e onde eu não teria os problemas que eu
tinha no Brasil. Afinal de contas, sonhos são perfeitos, não são?

Aos poucos, eu fui descobrindo que essa perfeição não existe, que só o fato
de  estar  lá não me faria feliz e que, além do "lugar ideal", eu precisava
das pessoas que eu amo.

Hoje  eu sei que não existe um lugar perfeito para se viver, que não existe
uma situação perfeita na qual se é feliz, que não existem pessoas perfeitas
com  quem  se  conviver...  Hoje  eu sei que a perfeição é um ideal e que a
realidade  é  muito  melhor  do  que  isso.  Assim  como sei que sonhos são
possíveis de se realizar desde que façamos alguma coisa por eles, desde que
lutemos por eles.

Mas  a  idéia  de  conhecer  o  mundo,  aprender  novas línguas e descobrir
culturas  deferentes  continua  me  fascinando,  apesar de eu agora saber a
saudade  que  vou  sentir...  Sei que vou sentir saudade da minha gente, da
gente  que eu amo e com quem estou acostumada a conviver por 2, 4, 10 ou 25
anos.  Mas  sei  também  que  eles  vão  estar aqui quando eu voltar ou, em
qualquer  lugar  que  estiverem, ainda serão as pessoas que eu amo. Sei que
vou  sentir  saudades  da  minha terra, que está muito longe de ser o lugar
ideal  para se viver, pois considero que, na maioria dos casos, no Brasil a
gente não vive, sobrevive (mas isso é assunto que fica para outra vez). Mas
é  a minha terra, é o lugar que eu conheço, o lugar onde as pessoas falam a
minha  língua  e  o lugar onde eu sei como fazer as coisas que eu quero. E,
por  incrível  que  pareça,  é  lá  fora  que a gente se dá conta de como é
importante  ser  brasileiro  e  saber  coisas  da  terra da gente. Lá fora,
sozinho,  longe  de  casa, parece que o sentimento nacionalista é maior e a
gente "enche a boca" para dizer: "Eu sou brasileira!"

Vou indo! Atrás do meu sonho e com um grande vantagem desta vez: a ausência
da  solidão  preenchida  pela presença do amor! Com certeza vou continuar a
escrever  e  a contar histórias, emoções e sentimentos de mais uma parte do
meu sonho que realizo a partir de hoje.

Ariadne Amantino

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===================== BORN TO BE WILDT (Daniel Wildt) =====================
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O DIA D É HOJE

Cristine  parecia desolada com aquela imagem. Ricardo que sempre dizia para
ela  que nada era mais importante do que o amor que existia entre eles, foi
o  cara. De pau. Nem pensou duas vezes em deixar de ser fiel. Estava longe.
Em  algum  ponto  sensual  da  Califórnia.  Longe de Cristine, que ficou no
Brasil, feliz pela viagem do amado.

Um  belo  dia  a  família  de  Cristine  ganhou uma quantia considerável na
loteria.  A  menina  então pensou em fazer uma surpresa para Ricardo. Sabia
onde  ele estava morando, iria fazer uma visita para ele, tirar umas férias
bem merecidas do seu trabalho.

Viagem  marcada.  Adriano  (amigo  do  casal)  fica sabendo da história que
envolve  Ricardo e também fica sabendo da história da loteria. O ventilador
estava  para  ser  atingido.  No  entanto o tal amigo do casal queria que o
ventilador  fosse  atingido. Ele era apaixonado por Cristine e isso poderia
ser  uma  forma de aproximação. Apesar dos fatos, Adriano não quer magoar a
amiga. Quer que ela veja pelos seus próprios olhos. E quando Adriano estava
na  casa  de  Cristine  ouvindo  ela  contar que iria viajar para encontrar
Ricardo,  mas que era uma surpresa, ele disse sim. Adriano simplesmente não
acreditava. E não era pelo fato dela poder descobrir tudo, mas pelo fato de
Cristine ter convidado nosso herói para ir junto.

Aeroporto,  Adriano  cheio  de  expectativas,  furadas  até  o momento, mas
expectativas.  Imaginou  no  meio  da  viagem um papo sobre o sol, a lua, o
brilho  do  cabelo de Cristine, a sua pele quente e um beijo. Neste momento
Adriano  consegue recolher um fio de baba que estava para cair de sua boca.
Integridade salva.

Chegaram  ao  destino.  Adriano nervoso pelo o que pode acontecer. Cristine
feliz.  Cheia de amor. Cheia de expectativas, afinal vai encontrar seu amor
lá,  pensando  nela,  feliz,  feliz  e  feliz.  Intacto e imaculado amor de
Ricardo  que  só  pensa no bem da relação dos dois. Isso era o que Cristine
pensava.

- O  endereço  é  esse  -  disse  Cristine,  não entendendo porque  ninguém
  atendia.
- Nenhum vizinho em casa - completou Adriano que não tinha nada para falar.

Estavam  com  fome. A comida do avião não alimentou ninguém. Adriano estava
inquieto  e  Cristine  notou  isso.  Ele queria avisar a amiga de tudo, mas
naquele  ponto  ela poderia se zangar somente com ele, que ama ela, que ama
Adriano,  que ama Laura. Sim, Laura, que parece ter saído de um concurso de
beleza. E ganhadora do mesmo. Laura era uma italiana linda, cabelos ruivos,
olhos verdes, com uma pitada de olhos castanhos. Simplesmente linda.

Como  já  estava  no final do dia, resolvem encontrar um lugar para dormir,
pois  sabem que Ricardo tem aula no período noturno. Iriam voltar no início
da  tarde  do outro dia, já que no período da manhã Ricardo trabalha. Perto
do  local  onde  se  hospedaram,  que também era perto da casa onde Ricardo
estava  morando, tinha um pub, que era recomendado pelos diversos catálogos
estudados  por  Adriano  em  ocasiões  esparsas  durante a viagem. Cristine
resolve ficar em casa, para montar uma super carta para ler para Ricardo no
dia  dos  namorados,  que  seria  no  dia  seguinte.  Adriano  para não ser
conselheiro  de  redação,  nem  muito  menos  revisor  do texto, resolve ir
conhecer o tal pub.

O  local era fabuloso, com um pop rock da melhor qualidade. Adriano resolve
tomar  uma  cerveja  e  ao  dar o primeiro gole, olhos saltam na frente dos
seus.  Era  linda.  O  olhar  é  retribuído.  Adriano conversou muito com a
menina, que depois de muito papo se rendeu aos carinhos de Adriano. No meio
do beijo, a menina colocou alguma coisa na boca do nosso herói ingênuo, que
depois  disso só se lembra que a menina tinha uma tatuagem na parte interna
da  coxa  direita.  Foi  maravilhoso.  Tinha história para contar para seus
amigos  na  volta...  e  o  conteúdo  dela  poderia ser inventado durante o
retorno ao Brasil, já que ele não se lembrava de muita coisa.

Na  manhã  do  dia  seguinte,  Adriano  volta para casa, louco para a noite
chegar  e  ele  poder  ver  a menina da tatuagem novamente. Só que antes da
noite  vinha  a  tarde,  e  com  ela  o  possível  encontro entre Ricardo e
Cristine.  Adriano agora rezava para que tudo desse certo entre estes dois,
que  Ricardo não contasse nada, que tudo ficasse as mil maravilhas e assim,
desta maneira, ele poderia ir ver sua mais nova paixão.

Na  tarde  Cristine  e  Adriano chegam no local novamente, batem na porta e
alguém atende o interfone:

- Hello! - disse Ricardo com uma voz de sono
- Hi! Mr. Ricardo, delivery service sir! - Adriano fez o combinado
- What!?  Go  away!!  -  Disse Ricardo achando que era alguém com  segundas
  intenções.
- Sir, please, it's a delivery from Brazil! - Completa Adriano para ver  se
  o menino acorda.
- Oh shit! - fala Ricardo. Que desliga.

"Oh shit" pensa Cristine... o que pode estar acontecendo? É, o que acontece
é que Ricardo está acompanhado, estava transando naquele exato momento, com
Laura.

Ricardo  desce e ao ver quem era fica com uma cara de terror. O oh shit era
porque  ele  teria que se levantar da cama, colocar uma roupa. Se ele fosse
falar alguma coisa neste momento seria algo do tipo PUTA QUE PARIU mesmo...
em  português  para qualquer um que entenda a língua ouvir. Não acreditando
naquilo, se recompõe e pede para que todos subam... ele pede para conversar
com Cristine. Que dia dos namorados. Adriano teria realmente muita história
para  contar, mas principalmente para seu psicólogo. Depois de muito papo e
muito  choro,  sai  uma menina do quarto de Ricardo, seminua, e Ricardo não
conseguiria mais esconder.

Do  jeito  que estava, a menina se apresenta para Cristine que não acredita
naquilo  que  vê...  a  menina  desolada  simplesmente  se levanta e sai do
apartamento. Adriano  ainda  pensa  naquilo.  A  seminua era Laura, que era
namorada  de  Ricardo,  ex-namorado  de  Cristine,  traída e apaixonada por
Ricardo,  que  não  sabia  que tinha sido traído por Laura, que transou com
Adriano, que agora era apaixonado por Cristine e Laura, que nem se lembrava
de  Adriano, que agora vivia uma desilusão amorosa e um amor platônico. Ele
tinha histórias para contar.

Daniel Wildt.

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==================== DE NOVO, PÔ! (Eduardo Seganfredo) ====================
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A CRÍTICA

Tem pessoas que não se permitem receber críticas. Acham que já fazem demais
para  serem  criticadas  e  que  sua  colaboração  para  com  a sociedade é
inquestionável.  Estão  em  paz  com  a  própria consciência, ainda que sua
consciência  esteja  voltada apenas para um lado, o que geralmente é motivo
das  críticas  que elas não querem ouvir. Mas se elas não querem ouvir, não
ouvirão.  E  ao invés de analisarem a si mesmas, acharão em seu crítico uma
centena  de defeitos por segundo, procurando mais e mais desculpas para não
dar  ouvidos  a  ele.  Pensarão "ele que venha fazer o que eu faço antes de
abrir  aquela boca!". Pensarão "Não preciso dar ouvidos a este imbecil! Ele
usa drogas!" e acharão mais uma vez milhares de circunstâncias que nada tem
em  haver  com  a  crítica,  mas que as ajudará a armar algum escudo, ou em
casos  mais populares, um barraco caso a crítica persista. E o interessante
é  que às vezes a crítica é ingênua e visa apenas alertar para algum desvio
de  conduta  de  forma que um caso isolado não se torne um mau hábito, como
ocorre  em  muitos  casos em que não somos alertados. Criticar é preciso. É
sinal  de  que  nos  importamos  com  algo, pois o indiferente não critica.
Alguns  dos  grandes  ensaios filosóficos recebem também o nome de crítica,
como  a "Crítica da Razão Pura" de Emmanuel Kant, apeans para citar uma das
mais  famosas,  entre  tantas  outras obras. Claro que, para não caírmos em
armadilhas,    devemos  sempre  questionar  a  validade  das  críticas  que
recebemos,  para  evitar que nossos inimigos utilizem-se deste recurso para
nos  desviar  de nossos intuitos virtuosos. Para este fim somos dotados, na
maioria dos casos, de bom senso. Mas só conseguimos usufruir deste poderoso
recurso  quando nosso orgulho ou soberba não se interpõe no caminho. Quando
algum  destes nossos defeitos se manifesta ante a crítica, acabam comumente
fazendo  com  que  tentemos  rebaixar  nosso  crítico antes mesmo de tentar
entender  o  conteúdo  da  crítica  em  si. Para isso, não raro permitem-se
dominar pelo seu egoísmo para acusar seus críticos de também possuírem seus
piores  defeitos  e  apoiados  na  raiva  deturpam-se ainda mais apenas por
cisma,  por  birra.  Arrotam  suas conquistas como justificativa para todos
seus  erros.  Muitas  vezes  porque  precisam  negar  a  realidade para não
enxergar  o  preço  baixo pelo qual se vendem. Precisam dizer não a alguém,
ainda  que  seja  a  si  próprio, porque já disseram sim demais sem pensar.
Temem  olhar  para  si e deparar com os defeitos, pois já têm coisas demais
para  se  preocupar. Quase sempre não admitem que outras pessoas possam ter
defeitos  que  eles  não  tenham.  "Se eu posso, todo mundo pode, e deve!",
pensam,  como se todos fossem robôs cuja única diferença fosse um número de
série.  "Como  pode  não  se  importar  com  isso!" esbravejam como se seus
valores  fossem  mais  importantes  que  todos  os  outros  que  existem. A
individualidade  existe,  e é parte importantíssima da magia da vida. Temos
características diferentes, graças a Deus! Somos diferentes, com qualidades
e  defeitos diferentes, com valores diferentes! Talvez por isso a sabedoria
divina tenha nos organizado em sociedade e nos permitido conviver, para que
possamos  trocar  idéias,  trocar experiências, conhecimentos e desta forma
caminharmos  mais rápido para uma posição privilegiada de entendimento para
com  nossos  semelhantes. E a crítica, tal qual o exemplo, são instrumentos
preciosos  para  fazermos  da  convivência  a  vivência. Basta que saibamos
deixar  o  bom senso imperar sobre o orgulho antes de disparar injustamente
nossas  frustações reprimidas, que todos temos, afinal somos humanos. Agora
não  se  pode  permitir que compartilhar destas frustrações, em um grupo de
amigos,  se  transforme  -  pela  ambição  ou quaisquer outros motivos - em
materil  bélico  para  uso  contra  nós  mesmos.  Sim, pois infelizmente há
pessoas  que  fazem isso ainda. Pessoas que ainda não se deram conta de que
distorceram  os  valores  de  amizade  e  coleguismo em prol de algum valor
pessoal.  Valores que talvez nem sejam delas próprias. E é também para isso
que  servem  as  críticas. Para alertar que algo não está claro, e que pode
estar  ocorrendo  um  perigosa  inversão de valores, muito comum quando nos
voltamos  para  algum lado de nossas vidas que andava esquecido e que agora
deve  ser  recuperado  todo  seu atraso, a qualquer preço. Mas críticas não
devem ser feitas em tom de ameaça, em forma de parábolas com final trágico.
A  isto  dá-se o nome de terrorismo. Ser clara, direta, objetiva e ao mesmo
tempo    branda,  sensível  e  respeitando  os  limites  de  cada  um,  são
características  que  qualificam  a  crítica.  Ameaçar, ao contrário, é uma
forma  de  violentar a vontade e a natureza do próximo fazendo valer nossos
interesses. Se, portanto, a crítica descamba para a ameaça, pode deixar que
o bom senso certamente irá descartá-la, mas não sem antes procurar despí-la
da  maldade  e  aproveitar seu cerne. Afinal, aqui estamos para evoluirmos,
principalmente  nos aspectos morais, pois todo o resto acaba e perece com o
tempo  e  a  matéria,  mas  aquilo  que  bem  guardamos  em  nosso coração,
independente  do  dia  difícil ou do fim de semana terrível, levaremos para
além-túmulo.  Portanto, amigos, atentem para o verdadeiro valor das coisas,
pois  o  mterial  se  transforma  todo dia. Diariamente temporais, guerras,
incêncios,   acidentes  destroem  casas,  carros  e  prédios.  Pessoas  são
assaltadas,  perdem  ás vezes quase tudo que têm. E reconstroem suas vidas,
mudam  de  emprego,  de  ramo,  de profissão e continuam a batalha. E neste
balanço natural da vida, apenas os sentimentos verdadeiros e sinceros, como
a  amizade, como o respeito mútuo, como a valorização pessoal, independente
do  quanto  seu  colega  conseguiu  produzir  de resultados hoje, permanece
constante em nossos corações.

Traços de reflexão desordenada e paradoxal
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*  Hoje  eu  deveria  estar  dizendo  tchau, mas tem coisas que tem que ser
ditas, ou escritas, em tempo.
*  Eu  me  pergunto:  Como  pode um sonho ser fútil? Será que devo eu saber
melhor que os outros seus valores para julgar até mesmo seus sonhos???

Cena da semana
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*  Em  Miss  Simpatia,  quando  Sandra  Bullock  sai  do hangar. Um exemplo
clássico do que suas colegas farão ou fizeram na formatura.

Eduardo Seganfredo

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======== LINHAS DE PENSAMENTO CAÓTICO & PARALELO (Vincent Kellers) ========
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STRANGER THAN FICTION

Oi!

Estranho,  estranho  mesmo, é dormir no ônibus, a caminho de mais um ensaio
de sua banda, acordar gritando o nome de uma personagem de anime ("REI!") e
perceber  que  você  tem  que  descer  do  ônibus na próxima parada, que se
aproxima rapidamente.
O resto chega a ser normal.

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Outra  coisa  estranha  são  dias  perfeitos.  São aqueles dias em que tudo
parece  dar  certo. Até parece que a Grande Conspiração finalmente resolveu
ajudá-lo a ter um bom dia.

Nesses dias (e o último sábado foi um destes), quase tudo é perfeito: o Sol
brilha num céu sem nuvens, você finalmente compra os dois tomos de Shogun e
sua banda vai fazer um show a noite. Perfeito.

Ou  não.  Naturalmente,  sendo um dia estranho, alguma coisa de errado deve
acontecer. E é por isso que você termina o dia chorando.

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DO SHOW

Conforme prometido na última edição deste e-zine, farei um comentário sobre
o  último  show  da  Overflow,  que realizou-se no último sábado, dia 09 de
junho e não contou a presença de nenhum assinante desta publicação.

Um  show  de  punk  rock  pode  ser  grosseiramente  reduzido aos seguintes
elementos:  muito  barulho,  pouca  complexidade e muita energia. Mas desta
vez,  quem  estava fazendo o barulho todo, era a Overflow (minha banda...).
Tínhamos  trocado  de  papel:  de  fiéis headbangers, passamos a comandar a
barulheira.

E  que  barulheira! O festival no qual nos apresentamos foi organizado pela
prefeitura  de  Viamão,  pela União dos Estudandes Viamonenes e patrocinado
pela  Funerária  Cristo  Rei e contaria com 30 bandas, sendo que a Overflow
seria a oitava banda a subir no palco.

Chegamos  no  local  do evento cerca de meia hora antes do horário previsto
para  nosso  show  (já  considerando  um  atraso indispensável), e acabamos
esperando por cerca de duas horas até que fôssemos finalmente chamados para
iniciar  a apresentação. Nesse tempo de espera, assistimos o show de quatro
bandas  e acabamos positivamente intimidados: as bandas que se apresentaram
tinham  um  som  muito  mais  pesado  que  o  nosso,  e o público aprovou a
violência  sonora.  Como sinal de aprovação, formaram-se diversas de pogo e
vários moshes foram verificados.

Toda  essa  violência  fez  com  que o repertório do show fosse alterado às
pressas:  desistimos  de tocar nossa música secreta e substiuímos Creep, do
Radiohead, por Dive, do Nirvana, que é bem mais pesada.

Ainda  assim,  estávamos  naturalmente apreensivos. Ciente do nervosismo de
toda  Overflow,  tratei de tentar incentivar o pessoal com gritos de guerra
punk  ou  qualquer  coisa parecida, pois finalmente havia chegado a hora do
show.  Depois  de duas horas e tanto de espera, era hora de descer a lenha,
mostrar  pra  todo  aquele  pessoal punk-metalero-grunge por que diabos nós
estávamos lá. Até pq, não queríamos botar fora os R$ 5,00 que correspondiam
a taxa de inscrição da banda.

E  começa  o  show.  Um repertório de 10 músicas rápidas e diretas. Não tão
pesadas quanto as músicas executadas pelas bandas anteriores, mas creio que
isso  foi  compensado  por  nossa  presença de palco (quesito no qual ainda
temos  muito  a  aprender,  mas  estamos melhorando). Abrimos o show com um
cover  de  Velhas  Fotos,  da  banda gaúcha Tequila Baby, e o público, para
nossa satisfação, adorou! Muita gente se espancando (sinal de apreciação do
show!) na frente do palco, muita gente cantando junto a música.

Uma  a  uma,  disparamos  todas  as  canções  ensaiadas:  Digital  boy (Bad
Religion),   Die  die  my  darling  (versão  Metallica),  Sexo,  algemas  e
cinta-liga  (Tequila Baby, de novo), Geração Coca-Cola (Legião Urbana), New
America  (Bad  Religion, de novo), Dive e Polly (Nirvana) e fechamos o show
com Prefiro sua mãe, também da Tequila Baby.

E  pessoas, o público teve a mesma reação durante todo o show: espancamento
generalizado, ou seja, apreciação!

Acho que a mocinha que ameaçava arremessar uma garrafa de Campari na cabeça
de  algum  membro da banda não gostou muito do show, pois ela ficou o tempo
inteiro  pedindo  por  uma  música  do Sepultura. Mas não podemos agradar a
gregos e troianos, logo...

Embora  sob ameaça de uma garrafada potencialmente nociva a saúde de alguém
da  banda,  durante  o  final da execução de Prefiro sua mãe, o pessoal das
cordas  da  banda  (eu  e os dois guitarristas, Bruno e Enguer), ficamos na
beirada  do  palco.  E lá, vendo aquele pessoal todo "confraternizar", como
resumiu  meu  pai,  ao som dos acordes da Tequila Baby, eu sorri. Não pq ao
longe  pude  ver  meus  pais.  Não pq debochava da menina que implorava por
Sepultura. Não pq fazia graça do palco iluminado por três lâmpadas de 100W.
Mas sim pq naquele exato momento eu estava absolutamente feliz. Pq havíamos
mostrado    do  que  somos  capazes.  Pq  o  público  e  nós  da  Overflow,
principalmente, havíamos nos divertido como nunca. Longa vida ao punk rock!

Só estando lá para compreender.
Só  estando  em  um  palco, tocando para um pessoal que gosta de rock, para
compreender.

Talvez  por  isso,  você  aí  que está lendo esta coluna, está duvidando de
minha sanidade mental.

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DA DESPEDIDA

Ariadne,  além  das  saudades,  desejos  de boa(s) viagem(ns), de sucesso e
felicidades  em  além-mar,  deixo  contigo um abraço beeeeeeeeeem apertado.
Além    de  desculpas  por  não  ter  comparecido  a  festa  de  despedida,
naturalmente.

I  truly  believe that nothing else needs to be said, 'cause you know we'll
be  here  waiting for you, thinking 'bout you, smiling at every good memory
and  longing  for  another chance to switch into nonsense-mode when someone
asks for chinese food. Got it, baby?

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LINHAS DE PENSAMENTO CAÓTICO

-  Porco:  s.m.  Quadrúpede  mamífero  da  família dos Suídeos; o mesmo que
cerdo;  colet.:  manada,  persigal,  piara,  vara,  vezeira; voz do animal:
grunhir, guinchar, roncar.

LINHAS DE PENSAMENTO PARALELO

-  Porco: cilindro rosa com patas, com uma tomada elétrica numa extremidade
e uma mola na extremidade oposta.

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Trilha:
- GammaRay - Lust for life
- GammaRay - Rebellion in dreamland
- Rush - Temples of Syrinx (não deixaram a gente tocar essa!)
- Iron  Maiden  -  Iron  Maiden  (outra  que não nos deixaram  tocar... nos
expulsaram do palco! MORTE MORTE MORTE!!!)
- Bad Religion - New America

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Na próxima semana....
Be afraid, be very afraid: Tresler #09....

Vincent Kellers

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====================== FALANDO SÉRIO (Daniel Wildt) =======================
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LIXOS AMBULANTES

Sim,  isto  é uma coluna de auto-crítica, auto-flagelação, sei lá o que. Eu
peço  desculpas  pela  coluna do último domingo. Estava irritado com alguma
coisa,  acho que pela comodidade de algumas pessoas que conheço, pela falta
de  ideais,  pela falta de inspiração para levar a vida, se dar uma chance,
buscar entender que um dia estas pessoas tem que aprender a caminhar com as
próprias pernas.

Sabe,  aquele  texto  teve  uma  boa  intenção,  mas não foi bem escrito. O
objetivo  dele  era  o de despertar responsabilidade na cabeça das pessoas.
Exemplo,  hoje  eu  pago  os estudos da minha irmã e com muito gosto, ela é
fora  de  série,  a  nota  mais  baixa  no  ano foi um 9,2... não tem o que
comentar.  Ainda,  eu  pago  contas  de  luz,  telefone, TV a cabo, jornal,
internet, carro. Dentro de um planejamento familiar, isso é participar, ter
responsabilidades,  saber que pessoas contam com teu sucesso. Meu pai pagou
meus  estudos  toda  a vida. Universidade particular e tudo. Eu me sinto na
responsabilidade  de ter esta contrapartida (esta foi a primeira vez que vi
sentido  verdadeiro  no  uso  desta palavra) com minha família, ajudando em
tudo o que posso ajudar. E de coração.

Eu  queria despertar este sentimento em quem ainda não o tem. Independência
é  algo  sério.  Dê valor a pessoas que sofrem todos os meses para pagar as
contas.  Dê  valor  ao dinheiro. Dê valor ao trabalho, seja mental, físico,
seja  o que for. Dê valor a quem tem que criar maneiras para viver. Entenda
o esforço de pessoas batalhadoras. Não seja egoísta. E seja feliz. O pior é
que  a  pessoa  que  deve ser atingida principalmente por este texto e pela
coluna do último domingo nem internet tem.

Daniel Wildt, ouvindo Sunday Morning Call (oasis)

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Última atualização em 7 de setembro de 2001
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