Que dia é hoje? Domingo, 24 de junho de 2001. Olá! Está é a edição número 10 do nosso fanzine eletrônico. Espero que você goste (ou não). Olha o que temos no menu de hoje: 1. Editorial (Daniel Wildt) 2. Planeta Atlântida em Viena ou Donauinselfest? (Ariadne Amantino - CARPE DIEM) 3. Encontros (Daniel Wildt - BORN TO BE WILDT) 4. Sem título (Eduardo Seganfredo - DE NOVO, PÔ!) 5. For mature readers (Vincent Kellers - LINHAS DE PENSAMENTO CAÓTICO & PARALELO) 6. O Cordão (Michelle Denise Leonhardt - O PLUS A MAIS DE HOJE) 7. CRÉDITOS FINAIS =========================================================================== ======================== EDITORIAL (Daniel Wildt) ========================= =========================================================================== Toda quarta-feira um colega de trabalho quer sair mais cedo, pois diz que é dia do sofá e tal. Eu brinco com ele, mas libero na boa (na qualidade de "chefe"). Normalmente sempre complemento que quarta-feira é dia de afogar o ganso, como dizia meu professor de literatura no terceiro ano do colegial. Afogar o ganso. Saca a idéia? Na china antiga, os carinhas tinham o hábito de "comer" gansos. Sim, e para obter mais prazer, o ganso era afogado. Quando isso acontecia, quando o nosso querido ganso estava prestes a morrer, seus músculos sofriam contrações, afinal nosso amiguinho estava lutando para não morrer. E estas contrações geravam mais prazer para os papa-gansos. Também dizem por aí que a falta de oxigênio no cérebro dá prazer. Sendo assim, já teve gente que morreu de tanto prazer. Vai entender. No Tresler de hoje, festivais internacionais, coisas do nosso Brasil, música, coisas malucas, histórias de namoradas ciumentas. E namorados babacas ou bonzinhos demais. É redundante, mas tudo bem. Site da semana: Rogério Skylab (http://www.rota66.com.br/skylab) Música da semana! Radiohead - Fake Plastic Trees Trilha sonora para fazer o Tresler? Ipanema FM Daniel Wildt =========================================================================== ====================== CARPE DIEM (Ariadne Amantino) ====================== =========================================================================== PLANETA ATLÂNTIDA EM VIENA OU DONAUINSELFEST? Shows, esportes radicais, vários tipos de comidas e bebidas... Tudo isso reunido em um só lugar contando com a presença de milhares de pessoas... Planeta Atlântida! Foi a primeira associação que fiz ao saber da Donauinselfest e, principalmente ao chegar no local e começar a comparar as coisas. O local: no Brasil, uma das mais movimentadas praias do litoral norte do Rio Grande do Sul; aqui, a ilha do Danúbio. É curioso que a presença da água é um ponto em comum como cenário de fundo de ambos os eventos. Aqui a festa dura três dias. É a chegada do verão na Europa e todos querem aproveitar o sol que ilumina os dias até mais de 9 horas, fazendo com que o anoitecer seja depois das 10! Apesar de os dias serem maiores, o calor é menor. No verão deles dá para usar calça comprida e moleton à noite sem passar calor. Mas é claro que tem sempre aqueles que querem curtir e aproveitam o calor de mais de 20 graus para colocar pernas e braços de fora. A língua oficial do evento é o alemão... Nos palcos, muitos artistas apenas agradecem em alemão e falam o resto em inglês. Mas se a gente for parar para prestar atenção nas pesosas que passam, dá para ouvir inglês, italiano, francês, japonês, idiomas do leste europeu e por aí vai... Entre as atrações mais conhecidas: Right Said Fred, Gigi d'Agostino, Gloria Gaynor, No Angels, Lucio Dalla e Lou Bega. As comidas vão de cachorro quente e pizza a crepes, kebab, langos, krapfen, tacos, wurst entre outras que não sei citar nem descrever, mas dá vontade de provar um pouco de tudo. O mesmo vale para as bebidas... As tradicionais cerveja, coca-cola, suco de laranja e água mineral estão por tudo. A estas somam-se bebidas típicas daqui, tais como radler, que é uma mistura de cerveja com refrigerante de limão. E, por incrível que pareça, a cerveja normalmente é a mais barata! Os copos variam de tamanho, tem gente que bebe até de regador! O Brasil está presente sempre! Na caipirinha vendida em diversos locais... Na homenagem de Lucio Dalla ao cantar uma música feita para Ayrton Senna feita por um jovem compositor cujo nome ele não citou ou não pude entender... No show "Carneval" da Orchestra Brasil... Muitas coisas são as mesmas do nosso "Planeta": as pessoas andam de mãos dadas para não se perder; as tendinhas brancas com o centro em formato cônico são muito parecidas; a sujeira pelo chão depois de um dia inteiro de festival é a mesma ou maior, apesar de muitas tendinhas devolverem 5 schilings em troca dos copos de plástico; não tem espuma branca, mas as frescuras para vender variam de grandes corações de plástico piscantes a guampinhas azuis ou vermelhas que se alternam piscando também. No entanto, o espaço deles é maior, a ilha do Danúbio tem mais ou menos 5 quilômetros. E, apesar disso, o festival é de graça. A festa começa cedo. No final da manhã ou início da tarde, shows já estão acontecendo nos mais de 20 palcos montados para o evento que apresentam estrelas de vários lugares do mundo. Além de esportes radiais, aqui tem também parque de diversões e uma infinidade de atrações para crianças. Eles também tem Bungee Jump mas pulam de uma torre à beira do Danúbio que pode ser vista praticamente de qualquer lugar da ilha. Ao longo dos 5 quilômetros de festa, barraquinhas vendem de tudo, numa variedade que pode ser comparada ao Brique da Redenção: Roupas, anéis, pulseiras, bolsas, livros, cds, discos, óculos, chapéus, bonsais, artesanato... Jovens, velhos, crianças e adultos... Pessoas de todas as faixas etárias e dos mais diversos tipos e culturas se dirigem à Donauinselfest, fazendo com que a dita maior festa jovem da Europa atraia em torno de dois milhões de visitantes para a Ilha do Danúbio durante estes três dias. Aos poucos, caminhando pela ilha e observando os acontecimentos do festival, como disse o Diego, foi necessário deixar o nacionalismo de lado e admitir: estaríamos ofendendo a Donauinselfest ao chamá-la de Planeta Atlântida em Viena. Ariadne Amantino =========================================================================== ===================== BORN TO BE WILDT (Daniel Wildt) ===================== =========================================================================== ENCONTROS Esta é uma música minha. Eu fiz essa aí um dia que liguei para minha namorada e o telefone dela estava ocupado. Enquanto esperava para ligar para ela saiu a poesia. Tentei novamente e o telefone continuava ocupado. Aí eu fiz a melodia. Telefones ocupados são ótimos para inspirações musicais. Encontros Mal posso esperar Pelo nosso próximo encontro Fico esperando meu relógio despertar Para sonhar novamente contigo A paz prevalece quando nos vemos Sinto um bem enorme Um que de melhores momentos Sem me preocupar com comparações Pois teu amor é incomparável Sublime e incontestável Forma de amor Simples e eterna Equanto durar Não quero pensar Em nada que possa Me distanciar Do teu amor Daniel Wildt =========================================================================== ==================== DE NOVO, PÔ! (Eduardo Seganfredo) ==================== =========================================================================== Caros amigos, a minha coluna de hoje é um relato pesaroso de uma história real. Peço excusas pela delonga da coluna, mas tinha que transportar para as letras, em forma quase de um relatório de desabafo, um sentimento que me sufocava. Em razão disso, hoje não teremos as seções de "Traços de Reflexão Desordenado e Paradoxal" e "Cena da Semana". Meu pai é aposentado. Trabalhou muitos anos como advogado e obteve sucesso no exercício da profissão. Trabalhava na área trabalhista em um escritório onde compartilhava com mais 2 colegas o ambiente e as causas. Em 1984, quando o escritório estava vivendo seu auge devido às vitórias que vinha acumulando em causas trabalhistas, um homem chamado José Chapper procurou meu pai para contar sua situação e impetrar uma ação contra seu empregador, um órgão do governo federal. José Chapper era dentista do INAMPS - órgão que na época equivalia ao atual SUS, porém com mais qualidade no atendimento e organização - em São Jerônimo, cidadezinha do interior do Rio Grande do Sul. Em 1971, passou a exercer a função de Supervisor Odontológico na agência daquela autarquia. Durante muitos anos ele trabalhou pela nação atendendo as pessoas pelo hoje extinto INAMPS, sem ter seu vínculo empregatício reconhecido. Este foi o motivo que o levou a buscar, como cidadão, seus direitos trabalhistas, procurando para tanto o escritório onde meu pai trabalhava. Isto ocorreu no final de 1984, ou seja, por pelo menos 13 anos este brasileiro trabalhou em um órgão federal sem ser considerado um empregado da União e, portanto, sem direito a férias, décimo terceiro salários e vários outros benefícios garantidos pela legislação. Após a análise dos fatos, meu pai e seu colega Mílton, atuando como procuradores de José Chapper, deram entrada numa Reclamatória Trabalhista contra o INAMPS, processo de número 00.0683724-7. Esta reclamatória tinha como objetivo único que a justiça reconhecesse o vinculo empregatício do José, de forma que ele pudesse contar com os mesmos direitos trabalhistas - os quais a legislação garante e nada além disso - que qualquer funcionário de qualquer empresa. Tudo que ele queria era ter reconhecido seu direito a ter férias, a ter décimo terceiro salário, a ter fundo de garantia por tempo de serviço entre outros direitos fundamentais ao trabalhador assegurados pela Lei. Assim que o extinto INAMPS tomou conhecimento da ação, através da audiência de citação do processo, tratou o órgão da autarquia de agir em retaliação, mais uma vez procedendo em contrariedade com as normas da Lei. Poucos dias depois da interposição da ação trabalhista, foi o autor, brasileiro, divorciado, José como tantos outros da nossa nação, avisado pelo INAMPS que seria afastado da função de Supervisor Odontológico, para retornar à condição de simples credenciado que detinha em data anterior à 1971. Isso mesmo. José Chapper, após mais de 13 anos na função de Supervisor, foi rebaixado para voltar a função de dentista credenciado, que exercera antes. Com isso, seu salário ficou reduzido a menos da metade. Imediatamente após tomar conhecimento disso, seus procuradores, meu pai e seu colega, tomaram as medidas legais cabíveis ajuizando, no dia 14 de dezembro de 1984, uma ação cautelar objetivando a manutenção de seu status salarial como Supervisor Odontológico. Eu abro um parênteses nos fatos pedindo para que atentem para a data em que o processo foi iniciado: 06 de dezembro de 1984. É possível que alguns dos leitores desta publicação ainda não tivessem nascido nesta data. Isto foi há mais de 16 anos atrás. No dia 31 de março de 1986, o Juiz Federal da Segunda Vara Dr. Osvaldo Moacir Alvarez assinou a sentença da ação cautelar favorável ao Autor José Chapper. Na sentença, o magistrado determinava que a autarquia deveria manter o salário de Supervisor Odontológico ao nosso amigo José, pagar todas as perdas acumuladas pelo tempo que ele passou recebendo menos da metade do que deveria - mais de um ano até então - e ainda pagar as custas do processo. Esta foi apenas a primeira de uma séria de sentenças favoráveis ao autor do processo, José Chapper. Mas a união estava determinada a não tratar o José como um cidadão. O José não poderia vencer, mesmo já o tendo feito. Era um Estado contra uma pessoa comum, com um nome comum, não poderia ele sair vitorioso. Mesmo tendo ele servido à nação com seu trabalho durante tantos anos e continuasse a fazer isso como cidadão, buscando seus direitos e abrindo caminho para que outras pessoas fizessem o mesmo. Apesar da decisão favorável, José Chapper continuou recebendo menos do que a Lei lhe assegurava porque a União entrou com um recurso. E mesmo tendo José Chapper novamente ganhado a ação, outro recurso foi impetrado pelos advogados da União. E depois outro e outro e outro e tantos quantos foram possíveis. Todos com vitória para o autor, José, em quase todos os casos por unanimidade. Foram embargos declaratórios, recursos especial e extraordinário no STJ e STF, agravos e toda sorte de artifícios legais as armas que os advogados da União, cumprindo orientação do Procurador Geral da União, usaram com o objetivo único de atrasar ao máximo o cumprimento da sentença e com isso manter mais um brasileiro na completa desolação. Desolação? Não sei que palavra poderia expressar o sentimento de uma pessoa que - tendo servido seu país e seu governo, trabalhando num órgão federal que visava o atendimento gratuito às pessoas necessitadas, sem direito a férias, a décimo terceiro salário, sem sequer anotação na sua CTPS, tendo seu salário drasticamente reduzido a menos da metade - se vê obtendo o reconhecimento da justiça mas sem poder efetivamente ser recompensado por toda esta humilhação. Eu realmente não sei qual palavra usar pra descrever toda esta decepção aliada a impotência de fazer valer a Justiça. Em abril de 1990, a Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 4a Região colocou na sentença em que, mais uma vez José Chapper saiu vitorioso: "Constatado, 'in casu', que o credenciamento de profissional liberal pela autarquia previdenciária encerra uma fraude contra a aplicação das normas trabalhistas, há nulidade de pleno direito a teor do art. 9o da CLT". Sim, é isto mesmo. A Justiça classificou como FRAUDE contra as normas trabalhistas a forma de contrato do INAMPS, um órgão do governo federal. O próprio governo do país não segue a Lei. Mas, após cada sentença, os advogados da União esperavam chegar no limite do prazo e interpunham um recurso, ora com a desculpa de questionar o processo de cálculo empregado na correção dos valores, ora com a pretensão de rebater os fatos com seus frágeis argumentos, esboroados diversas vezes no curso da ação trabalhista. Na verdade, o único objetivo deles era postergar ao máximo o cumprimento da sentença. Em 1995 eu passei a me envolver com o processo, embora de uma forma não muito significativa. Apesar de já estar aposentando, era meu pai quem formulava as respostas aos recursos e demais artifícios legais utilizados pela união para retardar a execução do ex-INAMPS, hoje Ministério da Saúde. Como nesta data eu já possuia um computador e uma impressora jato de tinta, ele levava para que eu digitasse e imprimisse as respostas aos recursos. Muitas vezes, meu pai chegava em casa tarde, me entregava as folhas rascunhadas em papel almaço por volta das 10 da noite e dizia que era urgente e tinha que estar pronto na manhã seguinte. Algumas vezes ele ficava comigo, modificando o texto, ditando para mim, me auxiliando na diagramação do texto ou simplesmente me fazendo companhia. Fizemos isto diversas noites e em quase todas elas era no processo do José Chapper que trabalhávamos. Era através destas tarefas que meu pai silenciosamente me passava o senso de responsabilidade com o trabalho que ele tinha. Não importava se a resposta para a ação pudesse ficar para a semana que vem ou o mês que vem. Ele queria sempre para amanhã. E aos poucos eu fui assimilando isso e aceitando passivamente o fato de ter que cancelar meus compromissos pessoais para passar a noite toda digitando as respostas com palavras no mínimo esdrúxulas e sem sentido pra mim e depois perdendo horas imprimindo e ajustando para que ficassem ao gosto perfeccionista do meu velho. Mas no meio daqueles termos todos, existia uma coisa bem clara que eu conseguia compreender: um cidadão, que fora prejudicado de uma forma cruel, lutava pelo seu direitos há muito tempo. E ele tinha o apoio, mesmo lento, da justiça. Mas a cada última barreira surgia quase que inacreditavelmente outra a ser transposta. E nesta batalha, eu de alguma forma estava colaborando com ele, e torcendo para que chegasse o dia em que ele pudesse receber tudo aquilo que lhe era devido. Não queríamos nem um centavo a mais ou a menos. Só aquilo a que ele tinha direito. Isso era o bastante para lhe garantir uma aposentadoria confortável. Há poucos dias atrás, contei em meu computador 23 documentos que eu havia digitado para a ação. Na última quinta-feira eu iria sair para jantar com minha namorada. No entanto, quando eu já estava saindo do trabalho, meu pai me ligou me avisando que tínhamos uma petição para fazer. Entristecido ele disse ao telefone: - Esta é pesada. - e começo a ler: - "Mílton Soares da Silva, no fim assinado, na qualidade de procurador (...) vem à presença de V. Exa. para dizer e requerer o quanto segue: que tomou conhecimento do falecimento de seu representado, óbito ocorrido em 10 de junho corrente, conforme certidão de óbito com esta oferecida". Adivinha o nome do Autor? É cruel. Tive vontade de calar ao telefone, mas tentei fingir que não me abalei muito. Era algo típido do livro "Ninguém escreve ao coronel" do grande Gabriel Garcia Marquez. Mas na verdade aquilo tinha me abalado. E muito. Estranhamente naquela noite fui pra casa chorando a morte de um homem que nunca vi na vida e que pouco sabia sobre ele. Um brasileiro morto de desgosto, de tanto esperar, de tanta humilhação. Assassinado pela inoperância impotente da justiça, engessada pela má fé do governo federal. Pra mim foi uma tremenda facada, justamente onde mais me dói: na parte do meu coração que ainda abriga meu amor a Pátria e que ainda tem esperança no futuro e que acredita numa nação próspera, que possa dar um mínimo de dignidade ao seu povo sofrido e tantas vezes humilhado. Sequei minhas lágrimas, abafei meu grito e fui pra casa digitar o que pode ser a última das juntadas ao processo: a substituição de seu nome pelo de sua companheira como beneficiária da sentença. Espero que ela possa algum dia realmente se beneficiar pelo sacrifício ao qual seu companheiro, José, foi forçado a fazer pela prepotência reconhecidamente injusta e criminosa do governo, que pouco importa-se com seu povo. Com isso, duas coisas ainda restam fortes no meu peito: a ferida aberta deste episódio e a confiança na única justiça em que devemos esperar: a de Deus. Eduardo Seganfredo =========================================================================== ======== LINHAS DE PENSAMENTO CAÓTICO & PARALELO (Vincent Kellers) ======== =========================================================================== FOR MATURE READERS Oi! --- A park. - "Hey mister!", screams a kid. Dream catches the ball in mid-air - "That was a killer catch, man! Totally wicked! Can I have the ball back?", asks the kid. - "Hmm? Oh... This? Here.", says Dream. - "Thanks. You wanna play ball?", replies the kid. - "No. No, thank you. I am feeding the pigeons", says Dream. - "Thass cool.", says the kid, leaving. Death comes closer, in the background. - "What are you doing?", asks Death, sat near Dream. - "Feeding the pigeons.", replies Dream. - "You do that too much, you know what you get?", asks Death, with a big smile. Dream doesn't seem to bother with the question. - "Fat pigeons! That's a line from Mary Poppins.", says Dream. - "I love that movie. You ever see it?", asks Death. - "No." - "There's this guy who's utterly a banker, and he doesn't have time for his family, or for living, or anything. And Mary Poppins, she comes down from the clouds, and shw shows him what's important. Fun. Flying kites, all that stuff." - "SUPERCALIFRAGILISTICEXPIALIDOCIOUS", says Death. - "What?", asks Dream. - "SUper - CAli - FRAGil - ISTic - EXpi - ALi - DOCious. Utterly fantabulous word, huh? It means, y'know, great. Wonderful. Ginchy. Gnarly.", Death explains. - "PEACHY KEEN!", says Death. - "Ah.", says Dream. - "It's a cute movie. Maybe not everybody's thing, but y'know... Dick van Dyke's british accent defies belief. 'Hoh 'hits a jolly 'oliedye wiv yew, Mairee Pawpins!'. Y'know. Cute", says Death. Again, Dream doesn't seem to bother with what Death says. - "Ok. So, what's the matter?", asks Death. - "What do you mean?", asks Dream. - "What's the matter? I know something's wrong. I mean, look at you! Sitting here, moping. It isn't like you.", says Death. - "No... perhaps it isn't. I don't know what's wrong. But you're right. Something is... the matter", says Dream. - "When they captured me, imprisoned in their box, I had just one thought: Revenge. By the time I freed myself, my original captor had gone the way of mortals, and I took my vengeance on his son. It felt.... fine, I suppose", Dream explains. - "But it didn't feel as -- satisfying as I had expected. In the interim, my dreamworld had fallen apart. I needed my tools, long since stolen and scattered.", says Dream. - "Eventually, I found them. The pouch was relatively easy. To regain the helmet I challenged a demon, dared the Hordes of Hell, faced down Lucifer himself. Hahh. That left only the ruby.", says Dream. - "The ruby was... a human had been using it. I hate to think what toll it must have taken on his mind, on his soul... we fought, in dreams. The stone, no longer mine, was sucking me into its fabric. It was.... terrible.", says Dream. - "And thinking it was my life he was crushing, he destroyed the ruby. HE DESTROYED IT. It freed me. More than that. It freed everything of me that was in the stone. I got it ALL back.", explains Dream. - "I was more powerful than I had been in eons. I returned the human to the madhouse. You see, until then I'd been driven. I'd had a true quest, a purpose beyond my function -- and then, suddenly, the quest was over.", says Dream. - "I felt... drained. Disappointed. Let down. Does that make sense? I had been sure that as soon as I had everything back I'd feel good. But inside I felt worse than when I started.", says Dream. - "I feel like, nothing.", says Dream. - "There. You asked. I'm sorry, maybe I don't have an answer", says Dream. - "Have you finished?", Death asks. - "Yes.", replies Dream. - "You could have called me, you know", says Death. - "I didn't want to worry you.", Dream replies. - "I. Don't. Believe. It. Let me tell you something, Dream. And I'm only going to say this once, so you'd better pay attention.", says Death. - "You are utterly the stupidest, most self-centered, appallingest excuse for an anthropomorphic personification on this or any other plane! An infatile, adolescent, pathetic specimen! Feeling all SORRY for yourself because you little game is over, and you haven't god the -- the balls to go and find a new one!", replies Death, as she hits Dream in his head with a piece of bread, with which he was feeding the pigeons. Taken from Sandman #8, titled "The sound of her wings". Words by Neil Gaiman. --- Come on death! --- Trilha: Bad Religion - Only entertainment Bad Religion - Generator Vandals - Supercalifragilisticexpialidocious (pura coincidência) Bikini Kill - Suck my left one Bikini Kill - I like fucking Bikini Kill - Rebel girl Vincent Kellers =========================================================================== =========== O PLUS A MAIS DE HOJE (Michelle Denise Leonhardt) ============= =========================================================================== O CORDÃO 1996, tarde de sexta-feira. Sala íntima de uma casa de Porto Alegre. Natália (que usa um cordão de ouro com a frase "Eu te amo"), seu namorado Lucas, seu irmão e uma amiga se preparam para uma maratona de vídeos esparramados nos enormes sofás cor creme. - Peraí, não começa o vídeo ainda! - Pede Lucas, fazendo menção de se levantar e buscar os óculos dentro da sua pasta. - Luqui, deixa que eu pego pra ti. Tá lá na tua pasta, né? - diz Natália, já levantando e caminhando na direção das coisas do namorado. - Sim, meu amor! Passam-se alguns instantes e a menina deixa a sala sem dizer palavra. Três minutos depois, Lucas pergunta: - Pra onde foi a Nati? - Deve ter ido ao banheiro. - Diz Marcelo - Ou foi fazer pipoca pra gente. - Diz sua amiga - Não, ela tá demorando demais. Natiiii? (grita) Vem cá amor, o filme vai começar! Silêncio. A conversa continua normalmente entre Marcelo e Lucas enquanto a turma espera que Natália volte de onde quer que esteja. (...) - Como tu teve coragem, Lucas? - grita a menina, batendo fortemente a porta ao entrar na sala. Mais uma vez silêncio. Silêncio mortal. - Fala, Lucas? O que foi, tá com medo, garanhão de meia tigela - O que foi que eu fiz, meu amor? - Meu amor? Essa é boa. Só o que me faltava, ainda tem a cara de pau de me chamar de meu amor. - Nati, me explica o que é que tá acontecendo, porque tu tá me xingando, exatamente? - Ahhh, garoto! Eu não nasci ontem. Quem é essa Renata? Garoto. Lucas odiava ser chamado de garoto. Era assim que sua namorada o chamava quando estava brava. Bom, pelo menos não tinha usado seu nome completo: Lucas Eduardo. Se chegasse a usar, ela estaria realmente emputecida. - Que Renata, Nati? - Que Renata? Que Renata? A Renata, que fica te dando presente e tu ainda tri cara dura pergunta que Renata? Ahh, faça-me o favor. - Eu só conheço uma Renata. Mas da onde tu tirou essa coisa toda de Renata? O que foi que eu fiz? - Lucas Eduardo, ouça bem o que eu vou ler pra ti agora. Quem sabe tu se lembra quem é a Renata e o que tu anda fazendo com ela. Marcelo, olha que belo namorado eu arrumei. O bilhete. Ela pegou o bilhete da Renata. Que idiota que eu fui em deixá-lo na pasta. Como eu vou explicar pra ela?? Ainda mais agora. Tu é mesmo um otário Sr. Lucas Eduardo. (pensa ele, enquanto Nati lê berrando o bilhete de Renata) - Lucas. Finalmente consegui comprar o seu cordão. Escolhi o mais bonito. Espero que goste! - Amor, eu posso explicar. - Explicar? Peraí que tem mais, eu não acabei. Olha só: Super beijo Renata. Ela levanta a cabeça e encara o namorado, depois diz: - O cordão. Já sei de que cordão ela está falando. Esse que eu estava usando (num impulso, ela arranca o cordão do pescoço dela própria). Ainda é cachorro, né Lucas? Ganha um cordão onde diz eu te amo de uma mulher e dá pra burra da Natália que fica em casa, te esperando todo dia. - Ela não... - Hipócrita. Renata. Que tipo de vadia é essa Renata? - Nati, calma, deixa eu falar... - Falar o que, seu cachorro. Negar? Eu li bem o que está escrito. Super beijo, Renata. Super beijo? O que tu quer explicar ainda. Sabe o que eu vou fazer com esse cordão idiota? Tocar fora. Porque ele é podre, isso que ele é. Presente de puta. Natália sai da sala enfurecida (e todo mundo vai atrás). Ela corre até o banheiro, joga o cordão na privada e puxa a descarga. Lucas começa a chorar. Natália sempre foi estourada. Não admite chorar enquanto briga. - Que foi, Lucas Eduardo? Chorando pelo presentinho que foi pela privada? Se essa Renata estivesse aqui, quem ia chutada por essa patente abaixo era ela. Aquela vaca, chinelona. De onde ela é, hein? Hein? Fala, cretino. Natália está vermelha. Numa mão o bilhete, já amassado. Na outra, o sabonete que estava em cima da pia. - Nati, a Renata... - Primeiro lugar, seu mesquinho. Eu me chamo Natália, tá? Nenhum cachorro me chama de Nati. Tô esperando, não vai falar? Até porque tem um restinho de bilhete, né? "Obrigada pela companhia na sexta. Você foi muito importante." Muito importante, Lucas Eduardo. É eu dar as costas por um dia e tu sai com uma vadiazinha. - Natália, sexta foi a janta do pessoal da turma. Tu estava num chá de fraldas, lembra? Eu te chamei pra ir junto. - Ahhhh, então é só eu não estar e tu já fica com outra? Não acredito que tu jogou fora dois anos de namoro comigo só porque essa galinha te abriu a asa e te comprou um cordão de ouro que tu teve a cara de pau de me dar. Cretino desgraçado. - Natália, a Renata e eu não ficamos juntos. A Renata é minha amiga, ela me deu uma ajuda... - Ajuda? Ajuda? (Natália já está vermelha, o sabonete já voando na direção de Lucas. Ela volta pra sala, mais uma vez, todo mundo a segue) Sei muito bem que ajuuuda que ela te deu. Puta. (ela pega os óculos do namorado) Eu é que vou te ajudar agora pra tu ver ela melhor da próxima vez. (arremessa os óculos contra a parede, corre e pisa em cima. Eles se estraçalham). - Natália! (grita desesperadamente Lucas) Pára com isso. - Paro, paro sim. Mas eu quero que tu ligue daqui de casa pra ela, na frente de todo mundo. Quero ver o que essa galinha fala. E nem tenta me dizer que não sabe o telefone. Se tu não ligar, ligo eu, afinal, até o número tá no bilhete. - Eu não vou ligar. Onde já se viu? (ele pensa) A Natália tem ataques de loucura e eu tenho que pagar o pato. Não acredito que ela jogou fora o cordão, custou tão caro. E meus óculos, Meu Deus... - Ahhh, ótimo, ligo eu! Ela liga, deixa o telefone no viva voz. Uma voz meiga atende do outro lado. - Alô. Natália belisca Lucas para que ele responda e fale normalmente. - Alô, Renata? - Eu mesma, quem é? - Lucas. - Oiii Luquinhas, tudo bem? Natália está furiosa, belisca Lucas cada vez mais forte. A conversa continua... - Nem tudo, Renata, e contigo? - Ahhh, Lucas, comigo tudo bem, tu sabe, voltei com o Guigo, a gente tá bem melhor agora do que antes. Ainda é corno. (sussurra Natália, com as unhas ainda cravadas no namorado) - Que bom. - E tu, Luquinhas, o que houve? A Natália não gostou do presente? Natália imediatamente solta o braço de Lucas, começa a chorar. - Acho que não, Renata. - Porque não, criatura? Foi o cordão mais lindo que eu achei, te juro que eu achei que um eu te amo ia ser ideal, pelo jeito meigo com que tu me falou dela na sexta. Falei pro Guigo que tu tinha me pedido pra escolher o cordão mais lindo que encontrasse pra ela. Ela deve ter gostado, Lucas, só não soube como demonstrar, mulher tem disso algumas vezes... Natália agora soluça de tanto chorar - Talvez... Mas Renata, legal a gente conversar, preciso desligar. - Tudo bem, Lucas, até segunda então. Ahhh, e obrigado por ter me ajudado com o Guilherme na sexta. Se não fosse tu, eu e ele estaríamos de mal até agora. - De nada. - Tá bom, super beijo Click. Lucas desliga o telefone. Natália apenas o abraça e chora. Chora sem parar. Lucas retribui o abraço, com o braço sangrando, ele apenas aperta Natália forte contra o peito. Passam alguns minutos... - Aí gente, alguém mais ainda quer ver o filme? - pergunta Marcelo. Natália e Lucas caminham até o sofá e deitam, abraçados. - Luqui, desculpa pelos óculos, tá? Vou botar lentes, pensa ele. - Tá bem, Natália. - Nati, amor, me chama de Nati. - Vamos ver o filme, Nati. - Tá, vamos, desculpe. Eu amei o cordão, fui boba em jogá-lo fora. - É, quando a gente casar, eu te dou outro. Todos se ajeitam na sala. O filme começa. A tarde segue normalmente. A vida segue normalmente. Apenas mais um mal-entendido de uma sexta-feira a tarde... (*) Esta não é uma história de ficção. Qualquer semelhança com a vida real não é mera coincidência. Natália e Lucas completam sete anos de namoro no próximo dia 3 de setembro. Ela está sem o cordão, ele usa lentes desde 1998. **O bilhete** Lucas Finalmente consegui comprar o seu cordão. Escolhi o mais bonito. Espero que goste! Super beijo Renata Meu telefone: xxx xxxx Obs = Obrigada pela companhia na sexta. Você foi muito importante. Michelle Denise Leonhardt =========================================================================== ============================= CRÉDITOS FINAIS ============================= =========================================================================== Este fanzine maluco que você recebe por email todo domingão se chama Tresler. Um grupo de amigos escreve histórias para o seu deleite. Se você quiser entrar em contato conosco, visitar o nosso Site (você pode ler os números anteriores do nosso fanzine eletrônico), se cadastrar ou descadastrar, enfim, utilize os emails/urls no final da mensagem. Tresler Team: Ariadne Amantino (ariadnedbka@yahoo.com) Daniel Wildt (dwildt@oocities.com) Eduardo Seganfredo (edu.zu@ig.com.br) Vincent Kellers (vkellers@terra.com.br) Colaboradores da edição de hoje: Michelle Denise Leonhardt (mity@leonhardt.com.br) Visite o Site do nosso e-zine: http://www.tresler.cjb.net Para entrar em contato com o e-zine, mande um email para: treslerbr@yahoo.com.br Para receber o nosso e-zine mande um email para: tresler-subscribe@yahoogroups.com Para não receber mais o e-zine, mande um email para: tresler-unsubscribe@yahoogroups.com