Que dia é hoje ? Domingo, 15 de julho de 2001. http://www.tresler.cjb.net Olá! Está é a edição número 13 do nosso fanzine eletrônico. Espero que você goste (ou não). Olha o que temos no menu de hoje: 1. Editorial (Daniel Wildt) 2. Sem título (Ariadne Amantino - CARPE DIEM) 3. Ambiente corporativo (Daniel Wildt - BORN TO BE WILDT) 4. Sonhe, viva, invente (Eduardo Seganfredo - DE NOVO, PÔ!) 5. Review - Depois da chuva (Vincent Kellers - LINHAS DE PENSAMENTO CAÓTICO & PARALELO) 6. CRÉDITOS FINAIS =========================================================================== ======================== EDITORIAL (Daniel Wildt) ========================= =========================================================================== No filme High Fidelity temos a seguinte situação: o nosso amigo, protagonista do filme, tem como passatempo gravar fitas para as pessoas que gosta. Isso me lembra que eu sou assim, tenho o hábito de gravar mídias para as pessoas que gosto. Normalmente elas tinham o nome da pessoa, mas isso era interessante enquanto o nome da pessoa não fosse algo estranho. Agora eu dou nome para as mídias, nome sempre baseado no acontecimento que ela representa e não a pessoa que representa, pois as pessoas entram e saem da sua vida, mas os momentos vividos estarão sempre lá, com ou sem essas pessoas, como por exemplo uma viagem para Gramado, um programa especial (censurado), enfim, cada acontecimento tem um conjunto de músicas especialmente selecionadas, que podem variar de "You can leave your hat on", "Mr. Jones", "Piano Bar", até "Sexual Healing" ou uma música do Renato e Seus Bluecaps... não existe uma regra, mas com certeza existe uma sequência exata para as músicas entrarem em contato com o mundo externo, saca a idéia? Não se pode colocar a melhor música como sendo a primeira, mas também não pode deixar para a última. Na vida temos momentos com humor e paciência diversos, temos que considerar sempre um caminho, com curvas de alta e de baixa, com retas, subidas e descidas. Estas mídias tem sempre que funcionar para todos os momentos, trazendo a pessoa para uma boa lembrança. Por exemplo, em um evento como o Planeta Atlântida 2001, gravei um CD para representar a viagem, que foi entregue para os participantes desta, Daniel Wildt, Vincent Kellers e Ariadne Amantino. Faltou Eduardo Seganfredo, mas o Zu não foi e eu sei lá o motivo. Neste CD, passamos por Jota Quest e no final chegamos em Rage Against The Machine. Simples, certo? O processo de seleção de músicas pode ser simples, você pode simplesmente colocar um monte de músicas no mesmo cd e pronto. Quem vai gostar? Você com certeza. Eu, no entanto, não gravo CDs para mim. Eu sempre gravo para alguém (faço como se fosse para mim), considerando o ponto de vista da pessoa. Por exemplo, em uma das coletâneas que fiz, 100% do conteúdo era do bom e velho punk rock e do puro rock and roll. Este CD teve duas cópias, uma para mim e outra para o Vincent. Neste CD tem uma versão da música "Dancing with myself", do Billy Idol, gravada pelo Blink 182. Um show. Voltando, o processo de seleção, pelo menos o meu, demora umas 2 horas. Eu fico experimentando sequências, procurando criar expectativas, momentos de tensão, momentos de calmaria e no fim, músicas que signifiquem algum recomeço, pois normalmente o CD vai ficar tocando e tocando e tocando... Por essas e outras, por ter o hábito de gravar mídias para pessoas que gosto, por ter passado por "break-ups", por ter passado por momentos de dúvida, de momentos como "onde foi que eu errei", sabe, a gente descobre que a vida é simples, procuramos significados em coisas que muitas vezes não possuem significado, muitas vezes estas coisas são parte de um todo... é a vida (conclusão a princípio inútil, mas muita gente ainda está tentando descobrir isso). High Fidelity é um bom filme. Na verdade qualquer filme é bom quando conseguimos encontrar significado para ele na nossa vida. Ah, quase ia me esquecendo, comprei o amplificador! Muito bom... ontem, no primeiro show caseiro, toquei Fly Away (Lenny Kravitz), A Walk (Bad Religion), Smells Like Teen Spirit (Nirvana), Susie Q (Creedence), entre outras músicas. Foi legal. Distorção é legal. Foi um dinheiro muito bem investido. Eu achei legal. E hoje eu fui dirigir... fazia um bom tempo que eu não dirigia. Minha namorada me levou num lugar bem legal e aproveitei bastante. Não estou mal não. Achei que iria estar pior. Eu achei legal. Então vamos torar! No Tresler de hoje temos devaneios sobre empregos, temos críticas de filmes, temos invenções, temos notícias da Europa. Daniel Wildt =========================================================================== ====================== CARPE DIEM (Ariadne Amantino) ====================== =========================================================================== SEM TÍTULO Hasselt, Bélgica Depois de duas semanas de trabalho, recebo um mail que era mais ou menos assim: "Oi, Ficamos sabendo que você já chegou. Somos um casal de brasileiros morando aqui em Hasselt e queremos conhecer você e também dizer que se você precisar de ajuda, ou se você se sentir sozinha e precisar conversar, pode contar com a gente... (...)". Muitas visitas, jantares e outros programas fiz com a Geisa e o Mauro durante os 3 meses que eles ainda ficaram em Hasselt naquele ano. Trem para Amsterdam, Holanda Passamos a viagem toda falando português e achando que ninguém estavamos entendendo. Quando levantamos para descer do trem, fomos abordados por uma mulher: - Vocês são brasileiros, não? Ela tinha nos ouvido o tempo todo e precisava de ajuda. Tinham roubado a bolsa dela no hotel e ela tinha se separado da excursão que participava para refazer a documentação. Praga, República Tcheca No albergue, além de nós, mais três brasieliros. Não precisa dizer que nos juntamos para fazer a visita ao Castelo de Praga e mais conversamos do que qualquer outra coisa. Praga, República Tcheca Visitando a torre da igreja, meus ouvidos reconheceram palavras familiar es novamente: - Tem brasileiro aí? Perguntei. E tinha... Conversamos rapidamente... Praga, República Tcheca Na descida da mesma torre, conversando em português, cruzamos com outros que vinham subindo. Uh Tererê! We are everywhere!!! Londres, Inglaterra Eu estava caminhando pela Abadia de Westminster quando passo por uma pequena banca onde se vendiam lanches, bebidas e lembranças. As duas pessoas atendendo conversavam em que língua...? Português! Ou deveria eu dizer brasileiro para que vocês não pensem que eles eram de Portugal...? Viena, Áustria Ao todo quatro brasileiros presentes em um evento do Reception Weekend da AIESEC e IAESTE de Viena. Viena, Áustria Consulado da República Tcheca. Quando estou saindo, encontro a Paula, paulista que eu tinha conhecido no Reception Weekend. Ficamos conversando. Lá pelas tantas, na porta, quatro gurias. Olhei e pensei: "Só podem ser brasileiras!" Além de estarmos presentes em todo o lugar, somos facilmente identificáveis entre nós. Somos diferentes dos europeus. Se acertei? Sim! Mais uma paulista e três nordestinas! Eita nóis! Parece que o mundo está ficando pequeno para tanto brasileiro!!! Da primeira vez que vim para a Europa, me perguntava o que os europeus pensavam da gente. E partindo do antipatriotismo que existia em mim naquela época e da vontade tão grande de sair do Brasil para "me livrar" dos nossos problemas, eu achava que éramos apenas discriminados por sermos do terceiro mundo. Mas é muito interessante perceber que nós, brasileiros, temos boa fama! Mais do que interessante, é gratificante. Sabemos melhor do que ninguém os grandes problemas do nosso país. Conhecemos a inflação de perto e a falta de dinheiro para fazer qualquer coisa diferente. Estamos cientes da violência na maioria das nossas cidades, razão pela qual, muitas vezes, temos que nos privar de determinados programas em determinados locais ou horários. Conhecemos a fome, o frio e a necessidade pois os vemos nos olhos de nossos vizinhos e nos sentimos impotentes quando não podemos ajudar. Aprendemos muito cedo a dizer que pior do que está não pode ficar e a cada anos sentimos saudades do anterior porque, de fato, ficou pior. Mas apesar de tudo isso e muito mais, amamos o nosso país e sabemos sorrir! Sabemos manter a alegria presente nos nossos espíritos. Sabemos aproveitar a vida e comemorar o fato de estarmos vivos apesar de todas as dificuldades. Sabemos receber e ajudar aqueles que vêm de longe e estão perdidos entre os nossos... Deve ser por causa de toda essa alegria intrínseca ao brasileiro que os europeus nos amam tanto. É muito bom ver o entusiasmo com que falam sobre o Brasil e a vontade de diversas pessoas de aprender o nosso português, de conhecer brasileiros, de conhecer a nossa terra... É uma magia certamente... Uma característica nossa, que parece que nascemos com ela e que os europeus tanto apreciam, mas não conseguem assimilar nem aprender. É o amor à vida... E a flexibilidade, o jogo de cintura tão necessários no nosso "mundo", mas que talvez aqui, onde as coisas funcionam como deveriam, onde tudo é conforme programado, não seja tão necessário. Aqui basta seguir as normas, seguir o rumo para sobreviver. Só falta aprender a VIVER! Ariadne Amantino =========================================================================== ===================== BORN TO BE WILDT (Daniel Wildt) ===================== =========================================================================== AMBIENTE CORPORATIVO Sempre pensei que nada de errado fosse acontecer, mas do nada eu recebi minha carta de demissão. Eu fiquei umas 3 horas escrevendo na frente de um computador e quando achei que teria a pauta para uma reunião tinha na verdade uma carta de demissão. Isso foi revoltante pois meu trabalho não me dá mais prazer. Na verdade estou mentindo. Meu trabalho me dá muito prazer, eu faço o que gosto, o que sei fazer de verdade, mas não faço da maneira que eu gosto. Simplesmente as coisas podem e devem ser melhores. Estes dias eu achei uma pauta de reunião de mais ou menos um ano e três meses atrás. Ela tem o mesmo conteúdo, fala dos mesmos problemas existentes no ambiente de trabalho hoje. Ou seja, apesar do trabalho ter aumentado, apesar de estar ganhando mais do que muita gente imagina, eu ainda tenho as mesmas reclamações que tinha há um ano atrás. Sabe, a gente se esforça, faz o melhor que pode por oito, nove, até quatorze horas por dia (como aconteceu nesta última sexta), e nada muda. O famoso big boss, o chefão, não se liga que sem união não existe empresa, não existe ambiente de trabalho que resista. Fico pensando no que fazer para as coisas melhorarem, fico pensando em como fazer a empresa mudar a maneira de pensar, fazendo o ambiente de trabalho ser algo que realmente me dê prazer. Acho que só com o caos as coisas mudam. Se algum componente da minha equipe sair da empresa temos o caos instalado. Será que isso é necessário? Isso me lembra do filme tempos modernos, das aulas de sociologia na faculdade, me lembra do fato que estamos sempre sofrendo avaliações para medir nossa produtividade, para dizer se estamos valendo ou não para um determinado projeto, determinado trabalho. Isso é ridículo. É comprovado que funcionários felizes, funcionários com liberdade e apoio para viver sua vida com qualidade, tem uma produtividade muito maior. Mas não, ainda existem pessoas, chefes, que acham que o filme tempos modernos é ótimo, mas para dizer como a empresa deve funcionar. Trabalhos sempre monitorados, o "Taylorismo" a flor da pele. Depois que ouviram falar do "Toyotismo", tivemos empresas aderindo a ginásticas dentro do ambiente de trabalho, para tratar de melhorar o humor e a capacidade produtiva dos funcionários, entre outras loucuras que as empresas tem hoje em dia, como academias de ginástica, massagistas, entre outras coisas. Tudo bem, os funcionários tem que produzir, e para isso estão recebendo apoio por parte da empresa, para desempenhar um trabalho com vontade e com a certeza de que estarão sempre fazendo a coisa certa. Tem aquela história de "eu tenho um sonho...", sabe? Eu tenho um sonho, e é poder dizer como é bom trabalhar em equipe. Com toda a equipe! Pode ser uma tarefa muito fácil se você tem o apoio dela, se você sabe que ela está lá por você, assim como você sempre estará lá por ela. É o processo chamado de contra-partida. Realmente chamado de contra-partida. Dizer que eu te pago mais para você trabalhar mais é contra-partida é ridículo. Para muitos, o significado de obrigação é muito vago. Infelizmente. E é por este motivo que eu devo ter feito esta carta de demissão. Ainda não sei quando vou entregar ela. Tenho meus sonhos capitalistas para realizar. E acima de tudo, tenho um sonho. Sempre fui sonhador, sempre cultivei muitas idéias para colocar em prática. Como já escrevi uma vez, realizei mais coisas neste ano (2001) que nos últimos cinco anos. O que mudou? Atitude. Eu cresci e hoje sei mais do que nunca o que devo fazer para ser o que quero ser. Eu sei. Só que sozinho não faço nada, tenho uma equipe e ela faz parte de uma empresa, mas a empresa não parece notar isso. E uma equipe sem apoio da empresa, perde seu sentido. E mais uma vez o ciclo de morte dela está chegando. E infelizmente, eu, o cara que sempre acreditou que poderia fazer a diferença, que sempre tentou manter a equipe, mesmo com a empresa sendo como é, pensa que não aguenta mais. Eu nunca desisti de nada na vida, mas posso mudar isso. Sem arrependimentos, pois sei que sempre fiz 200% do que poderia ter feito. E aí vem a pergunta: para que? Qual o sentido? Eu não fiz nada de errado e vou sair. A minha resposta? É O CAOS, O TERROR. Tomara que assim a empresa tome conta que a equipe de trabalho é a base para uma empresa, assim como a família é para uma pessoa. Daniel Wildt =========================================================================== ==================== DE NOVO, PÔ! (Eduardo Seganfredo) ==================== =========================================================================== SONHE, VIVA, INVENTE Vasculhando ligeiramente com os olhos uma estante de livros empoeirados na casa da minha namorada hoje pela manhã, tive a felicidade de deparar com a "Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas". Evidentemente, arranquei-a da prateleira e a despi da poeira na qual estava envolta, folhando apressadamente as páginas que alimentavam meu espírito ainda idealista e amante da ciência. A cada invenção ou descoberta era possível identificar no quarto ou em nosso dia-a-dia algum objeto diretamente relacionado com aquilo. O volume que eu estava lendo começava no ano de 1840 e antes mesmo de chegar em 1860 eu já estava extasiado com o número de invenções que são as bases das tecnologias que usufruimos diariamente em nossas vidas quase um século e meio depois. Mas muito além desta constatação, o mais marcante nesta prazerosa leitura era a numerosa quantidade de histórias nas quais o personagem principal sacrificara sua vida destinando-se integralmente na realização do feito a que estavam determinados ou predestinados a constituir. Histórias de verdadeira renúncia e abnegação. Histórias por vezes de dor e de sofrimento. Histórias como a de Josué Heilmann, que mesmo após ficar rico, gastou o que tinha e o que não tinha em busca de construir uma máquina de cordar algodão. Arruinou-se e viu sua esposa falecer em meio a pobreza e dificuldades. Mas o destino não lhe permitia pensar em outra coisa além da máquina que precisava inventar. Certa noite, junto ao fogão, enquanto refletia triste sobre seu destino e o dos demais inventores, observou instintivamente suas filhas que se penteavam e faziam correr o pente ao longo do cabelo comprido, sem dificuldades. Daí surgiu a idéia que o conduziu à invenção de uma máquina perfeita, com a qual sempre sonhara. Histórias como a do inventor da anestesia dentária, o americano Horace Wells, que suicidou-se por ter sido ridicularizado e humilhado pela sua invenção. E que poucos dias após seu suicídio recebeu uma carta da Sociedade Médica Francesa reconhecendo-o como sendo o primeiro a "ter vencido a dor em uma cirurgia dentária". Histórias inúmeras de inventores que fracassaram nos detalhes, mas permitiram que seu legado fosse aproveitado por outros, que tornaram-se famosos aperfeiçoando o que havia sido deixado. Tanto nas coisas simples, como a mamadeira que originalmente tinha um bico rijo, quanto em máquinas mais elaboradas, como a máquina de custura que tornou famoso o americano Isaac Merritt Singer apenas por dar valor comercial a um invento de Elias Howe. Histórias de pintor que inventa o telégrafo. De forma geral, as transmissões seriais via internet que hoje comunicam o mundo inteiro podem ser vistas como um simples aperfeiçoamento do telégrafo. Hoje só temos uma geladeira cheia de coisas boas porque alguém descobriu a eletricidade, alguém a usou para movimentar motores, alguém usou os motores em combinação com gases para resfriar o ar, alguém reuniu tudo isso e mais para conservar alimentos. E alguém descobriu uma forma de esterilizar o leite, e alguém descobriu uma forma de conservar mais os alimentos e alguém simplesmente descobriu uma forma de deixá-los mais saborosos. E muitos outros "alguéns" trabalharam melhorando a cada dia o que foi feito por seus precursores. Enfim, para cada lado que olharmos, estaremos sempre cercados de histórias de gente que preferiu entregar seu destino a realização de uma obra pra ser utilizada pelas gerações futuras. Estaremos sempre rodeados de grandes inventores, de gênios emprendedores ou de pessoas simples que observaram o que poderia ser melhor, como o cidadão americano Gail Barden, que inventou o leite condensado. Sobretudo, seremos parte realizada do sonho destas pessoas, que muito antes da sociedade moderna com todos os seus inventos e problemas, já idealizavam uma forma de fazer de nossas vidas algo mais fácil, mais dinâmico ou simplesmente mais prazeroso. Que cada um de nós possa reverenciar o esforço destes cidadãos eméritos dando bom uso a toda parafernalha que cohabita nosso ambiente moderno. Mais do que isso, que possamos deixar, ao menos uma vez por semana, nossa mente vagar aos confins do universo, de forma que nos seja permitido vislumbrar um amanhã refinado com uma infinidade de engenhos maravilhosos e benéficos. E que não nos seja permitido render-nos às frustrações advindas dos percalços que invariavelmente malogram nossos caminhos. É preciso mantermo-nos determinados, nem que seja em respeito aos grandes inventores cujos "monumentos póstumos" amparam nossas necessidades modernas. E que os maiores sonhadores de hoje sejam eleitos autores de uma realidade maior amanhã. ---- Traços de reflexão desordenada e paradoxal. * Sempre que penso no que escrever durante a semana acabo mudando na última hora. ---- Cena da semana: * Errata: o nome original do filme com o John Travolta indicado há algumas semanas aqui é "A civil Action" e não "A civil case" como foi publicado. De qualquer forma, a indicação continua valendo. Eduardo Seganfredo =========================================================================== ======== LINHAS DE PENSAMENTO CAÓTICO & PARALELO (Vincent Kellers) ======== =========================================================================== REVIEW - DEPOIS DA CHUVA (AME AGARU) Oi! "Deve ser uma história que, depois de ser vista, faça você se sentir satisfeito" - Akira Kurosawa, sobre "Depois da chuva" O filme conta a história de um samurai desempregado (um "ronin") que viaja pelo Japão com sua esposa, e que se vê obrigado a interromper temporariamente sua viagem e instalar-se em uma pequena hospedaria, pois um rio próximo havia transbordado devido a forte chuva, impedindo sua travessia. Dentro da hospedaria o clima é tenso: o pouco espaço e a chuva insistente terminam por criar desavenças entre os hóspedes. Ihei Misawa, o samurai de bom coração interpretado por Akira Terao, embora não tenha dinheiro, decide organizar uma festa a fim de melhorar o ambiente, atitude que evidencia sua preocupação com o bem-estar do próximo, ressaltada ao longo do filme. Para conseguir o dinheiro necessário a realização da festa, ele luta no castelo próximo com o mestre de esgrima local, e isso é uma falta gravíssima para um samurai, de acordo com o rígido código de honra desta classe. Shigeaki, o shogun (senhor feudal) local fica impressionado com as habilidades de Ihei quando presencia o samurai impedindo um duelo entre seus vassalos, e convida-o a ser seu mestre de esgrima, fato que desperta a inveja nos empregados do feudo, que entendem que um deles deveria ser o mestre espadachim, e não um desconhecido como Ihei. Após diversos testes, Shigeaki decidi que Ihei será seu novo mestre de esgrima. Entretanto, a felicidade do bom samurai não dura muito tempo: os invejosos vassalos do shogun fazem com que ele saiba que Ihei lutou por dinheiro no passado. Esta notícia é suficiente para acabar com a alegria e o emprego do ronin, a exemplo do que acontecera nas outras vezes em que ele encontrara emprego em outros feudos. Com brilhante sutileza, Kurosawa vale-se de Okugata, esposa do lorde Shigeaki e de Tayo Misawa, esposa do samurai, interpretada por Yoshiko Miyazaki para passar uma mensagem profunda de sabedoria. Essas mensagens precedem e geram o final do filme, que é encerrado de maneira bela, sensível e inteligente. O que, naturalmente, despertará a ira dos apreciadores acéfalos do gênero blockbuster. Akira Kurosawa trabalhava no roteiro deste filme quando faleceu, em 1998. Coube a seus "discípulos" elegerem aquele que dirigiria a última obra de Kurosawa-sensei, e o escolhido foi Takashi Koizume, que em 1999 fez um trabalho de grande beleza plástica, honrando a memória de seu mestre. --- "Depois da chuva" é um filme belíssimo, e é uma pena que somente agora pude assisti-lo, considerando-se que o filme foi filmado em 1999... E, infelizmente, acho que já não se encontra em cartaz em Porto Alegre. O jeito é torcer para encontrá-lo em alguma locadora. Vincent "Up the SM" Kellers =========================================================================== ============================= CRÉDITOS FINAIS ============================= =========================================================================== Este fanzine maluco que você recebe por email todo domingão se chama Tresler. Um grupo de amigos escreve histórias para o seu deleite. Se você quiser entrar em contato conosco, visitar o nosso Site (você pode ler os números anteriores do nosso fanzine eletrônico), se cadastrar ou descadastrar, enfim, utilize os emails/urls no final da mensagem. Tresler Team: Ariadne Amantino (ariadnedbka@yahoo.com) Daniel Wildt (dwildt@oocities.com) Eduardo Seganfredo (edu.zu@ig.com.br) Vincent Kellers (vkellers@terra.com.br) Visite o Site do nosso e-zine: http://www.tresler.cjb.net Para entrar em contato com o e-zine, mande um email para: treslerbr@yahoo.com.br Para receber o nosso e-zine mande um email para: tresler-subscribe@yahoogroups.com Para não receber mais o e-zine, mande um email para: tresler-unsubscribe@yahoogroups.com