Que dia é hoje? Domingo, 29 de julho de 2001. http://www.tresler.cjb.net Olá! Está é a edição número 15 do nosso fanzine eletrônico. Espero que você goste (ou não). Olha o que temos no menu de hoje: 1. Editorial (Daniel Wildt) 2. Estamos fechados para manutenção (Ariadne Amantino - CARPE DIEM) 3. Namoro (Daniel Wildt - BORN TO BE WILDT) 4. Ser vivo (Eduardo Seganfredo - DE NOVO, PÔ!) 5. Drunk sincerity (Vincent Kellers - LINHAS DE PENSAMENTO CAÓTICO & PARALELO) 6. Sol (Luciano Rodrigo Rodrigues - O PLUS A MAIS DE HOJE) 7. CRÉDITOS FINAIS =========================================================================== ======================== EDITORIAL (Daniel Wildt) ========================= =========================================================================== Liga desgraçado! Essa foi a frase mais usada no final da sexta-feira e na tarde de sábado. Meu computador simplesmente não queria mais ligar. Eu diagnostiquei um problema na fonte do computador, que não passa força o bastante para que os HDs entrem em pleno funcionamento. Amanhã vou levar o maldito na assistência técnica. Melhor previnir. E neste final de semana um amigo meu se casou. Parabéns para ele! Ele é meu colega de trabalho também, e mesmo tendo que fazer todas as tarefas dele nesta semana que se inicia, eu estou bem, sem problemas. Estou em uma fase melhor no trabalho, acho que foi por ter espantado meus demônios na última reunião da empresa. Foram quatro páginas dizendo o que pensava de tudo o que faço lá dentro da empresa. E não tive o mesmo fim do Jerry Maguire. Isso foi legal. Sobre o casamento, vamos voltar para 1h20min antes do início do casamento, que era em Canoas. Exatamente 18h40min. Neste momento eu já tinha desistido de fazer o computador ligar. Resolvi dar mais um Ctrl+Alt+Del, só para finalizar as possibilidades. Estava atrasado e resolvi já ir separando minha roupa para o casório, esperando o computador começar a bipar passando erros e erros na inicialização. Quando olho para o computador, lá está aquela tela do Windows 98 iniciando... eu realmente comecei a gritar dentro de casa, mandando tudo pro inferno. O pessoal entrou no quarto perguntando o que aconteceu. Eu disse que o computador tinha ligado. Bom, ninguém entendeu nada, pois o que eu mais queria era que o computador ligasse. Bom, seria mais interessante que isso acontecesse antes. Hello Murphy! No mesmo momento comecei o processo de cópias de backup, para ter as coisas mais atuais. Meu CD-RW nunca foi tão bem usado. Disparei cópias de segurança das coisas da minha irmã e dos meus documentos pessoais. Tudo salvo. Tinha feito um backup três semanas antes, então não perderia nada de muito importante, pois o que teria de mais importante posso baixar pela internet novamente. Minhas páginas, incluindo o tresler também estão na internet, então sem problemas. O que eu mais ficaria chateado de perder é um jogo que comecei a fazer. É um jogo com naves espaciais, um jogo que vai ser o que há. Eu, o Vincent e o Eduardo estamos desenvolvendo o esquema. Estamos trabalhando com o DirectX para fazer o jogo. Eu estou achando legal. Lembram que o computador foi ligado e entrou corretamente as 18h40min de sábado certo. Bom, nós mandamos a campanha de economia de enegia pro inferno e deixamos ligado o computador desde sábado, pois como não ia dormir em casa, queria chegar no domingo e fazer o tresler. E aqui estou eu, terminando o editorial. Ah, fazia tempo que não colocava a trilha sonora usada para escrever o editorial. Bom, hoje foi um pedaço Domingão do Faustão, enquanto estava na casa da minha namorada usando o notebook dela e agora que estou no meu quarto, peguei um CD do Neil Young, Harvest Moon, conhecem? Deveriam. É muito bom. E sobre o casório! Foi em Canoas (RS) e estava frio, muito frio! A cerimônia estava bem legal. O noivo para variar nervoso como nunca. Não sabia se ficava ajoelhado, se beijava a noiva ou se fazia pose para foto... a noiva mais cuidadosa com os detalhes da formalidade, ficava dando dicas para o nosso amigo não fazer feio. Fiquei comentando com o Vincent que era impossível que a voz que cantava as músicas da cerimônia fosse de uma velhinha... bela voz! Fiquei procurando alguma participante de um grupo de jovens ou algo parecido, mas não. E para finalizar a parte da cerimônia, de todas as piadas que rolaram, achei mais legal quando eu falei que um casamento é um dos eventos onde se pode comentar que o rabo de uma mulher é legal sem tomar uma porrada da namorada. Mas amor, tô falando do rabo do vestido da noiva! Bom, no meu caso não eu certo. Se alguém tiver sucesso me avisa. Com relação a festa, tava bem legal também. Tocou forró, pagode e música gauchesca. Ê que tava tri legal aquilo! Chorei muito de tanto rir naquela festa! Diversão já garantida de início, pois estava acompanhado da minha namorada. Para melhorar, 75% do Tresler team presente, o que com certeza facilitou o excesso de piadas por segundo! Música da semana Let's get it on - Marvin Gaye Álbum da Semana Iron Maiden - Brave new world Riff da semana Deep Purple - Smoke on the water E G A E G B A E G A E G E No tresler de hoje, não temos coluna da Ariadne. Ela está com muitos afazeres no seu novo trabalho. Esperamos que ela consiga entrar em uma normalidade para poder voltar a escrever e contar coisas novas sobre sua vida na Europa. No mais, temos uma crônica sobre namoro, temos jornadas com bebidas alcoólicas. E temos uma coluna sobre a vida. Aconselho ler esta última ouvindo Natural beauty, do Neil Young (CD Harvest Moon, comentado antes). Ainda, temos uma poesia no plus a mais de hoje. Daniel Wildt =========================================================================== ====================== CARPE DIEM (Ariadne Amantino) ====================== =========================================================================== ESTAMOS FECHADOS PARA MANUTENÇÃO Bem, quando eu recebi aquela mensagem com a menina reclamando que os dias deveriam ter mais horas e as semanas mais dias, eu pensei, bem, algo está errado, pois eu mal dou conta de fazer a gerência de 7 dias na semana, imagina se tivessem mais dias. Se bem que se fossem mais domingos, tipo domingo1, domingo2, domingo3, até seria legal, mas isso se os finais de tarde de domingo fossem iguais aos finais de tarde dos sábados... sabe, sei lá se você entende o que eu quero dizer, pois na real realidade do presente momento atual estou me alongando aqui para escrever que a nossa colunista não conseguiu nos escrever novamente... para quem não a conhece ainda, a Ariadne é uma amiga nossa, que foi morar na Europa, e na última semana arrumou um emprego na ONU, e agora acabou por ficar assim meio sem tempo entende, de escrever as colunas para o Tresler, mas tudo bem, a gente compreende, leva na boa. No mais, esperamos novidades sobre o outro lado de lá, o.k. menina!?. Daniel Wildt =========================================================================== ===================== BORN TO BE WILDT (Daniel Wildt) ===================== =========================================================================== NAMORO Segundo o dicionário, namorar é procurar inspirar amor. Inspirar, segundo a mesma fonte, é influir nas faculdades criadoras de alguém. Faculdade se entende por uma capacidade, aptidão. E o amor? Amor é uma afeição profunda. Amor é o objeto dessa afeição, a pessoa amada, zelo, cuidado. E zelo é um interesse cuidadoso, dedicação. É um monte de sentimento em uma só palavra, namoro. Eu namoro. Segundo minhas experiências de vida e segundo um filme brasileiro que vi recentemente, "amor a gente não procura, a gente acha". E segundo minha relação com murphy, a probabilidade de uma coisa dar certo é inversamente proporcional a vontade que temos que esta coisa dê certo! Sendo assim, a primeira idéia se torna verdadeira MESMO, ou seja, acredite em mim. Ou não. Enfim, o amor é uma palavra que emociona muita gente e faz muita gente ter motivos para iniciar uma guerra. Tem gente que sofre muito com esse sentimento, que queiram ou não rege os nossos corações... felizmente ou infelizmente. O importante é não levar nada muito a sério, e principalmente não criar problemas onde não existem, não colecionar cenas de ciúmes, aceitar as necessidades normais da vida de uma pessoa (trabalho, estudos, entre outras coisas). Isso já é um bom começo. Você sai de casa para fazer festa, não acreditando que a noite pode ser boa. Já sai tarde, depois da 1h da manhã. Você já estava debaixo das cobertas e resolve sair. Chega no local onde alguns de seus amigos iriam estar. Se decepciona com a noite. Vai para a fila pagar sua consumação e sumir do local. Do nada os olhos mais lindos do mundo entram em contato com os seus. É amor a primeira vista. Viajar para a serra, para um lugar bem romântico. Gravar um CD com músicas especiais para a ocasião. Escrever poesias que refletem o que você sente por ela. Reunir os amigos para tocar violão. Fazer uma noite para comer foundue. Cantar para ela aquela música nova que você compôs pensando nela. Ela te deixa em casa. Depois ela te liga, avisando que chegou em casa. Aí você pede para ela ouvir uma coisa que você escreveu para ela enquanto esperava a ligação. É uma música nova. Você canta. Ela adora. Depois, você diz pela primeira vez que ama ela. E ela responde, dizendo que também te ama. Corações em contato. Noites do inverno gaúcho. Dois corpos se aquecendo. Namorar também é prover calor humano para a pessoa amada. A respiração de dois corpos entrando em sintonia. Segundo o que eu li em um livro sobre sexo tântrico, a respiração é o que há. Depois de passar os olhos em alguns capítulos que ensinam técnicas sobre respiração, não consigo entender porque existem pessoas que tentam se asfixiar... realmente não entendo. Acho que elas não conhecem este livro que eu comentei. Tardes de sábado. Algum parque. Chimarrão. Sol. O frio é bem vindo. Harmonia é a palavra da vez. Ficar papeando, sem pressa, sem pensar no que se vai fazer a seguir, sem ter hora para ir embora. Aproveitar o momento, um analisando as idéias do outro, tirando sarro das pessoas que andam no parque, tudo faz parte. Olhos em contato. Sorrisos em contato. Lábios em contato. Corações em contato. Passeios em shoppings. Cinema. Almoços e jantas em lugares legais. Sair para dançar. Conhecer um motel diferente. Beber vinho em algum lugar onde se pode dormir e acordar na metade da tarde do dia seguinte sem ter que se preocupar com nada. Ver um filme na TV. Alugar um filme para ver no vídeo. TV a cabo. Ela deitada no seu colo. Você no colo dela. Um acariciando o cabelo do outro. Shows, peças de teatro, exposições, passear pelos pontos turísticos da cidade onde moram. São coisas que podem acontecer em uma relação, em um namoro. E ainda bem que acontece no meu. Daniel Wildt =========================================================================== ==================== DE NOVO, PÔ! (Eduardo Seganfredo) ==================== =========================================================================== SER VIVO Vagando perdido por entre meus pensamentos desconexos num desses entardeceres ensolarados de inverno, deparei com uma construção disforme em uma movimentada esquina entre avenidas de conceitos regulares que povoam o universo do meu parco conhecimento. Analisando-o com mais preciosismo, constatei tratar-se do meu entendimento conceitual de vida. Ao contrário da maioria dos demais prédios suntuosos que avizinhavam aquelas avenidas, o "Definição de Vida" possuia um desenho moderno e clássico ao mesmo tempo, deixando transparecer que havia passado por diversas reformas no decorrer dos anos. Concentrando-me na sua fachada, percebi que a mais recente delas atribuíra um visual futurista à sua entrada, que agora ostentava traços marcantes da tecnologia contemporânea mais em alta: a genética. Instigado pela atmosfera quase mágica inspirada pela magnitude luxuosa do arranha-céu, permiti-me levar para seu interior, ficando ainda mais deslumbrado. Lá dentro, sua imponência se demonstrava a cada andar de questionamentos e concepções, dentre os quais o "O que caracteriza a Vida?" despontava como o mais atraente. Fui percorrendo sala por sala: "Respirar é viver?", "Ter pulso é viver?", "Pensar é viver?", "Sentir é viver?" e muitas outras, cada uma com forma, cor e tamanho diferentes. Prossegui meu passeio examinando a "Onde começa a Vida?", que possuía cores azul e rosa e parecia ser uma miniatura das outras. A "Rocha tem Vida?" tinha quadros de erupções vulcânicas, cortes morfológicos de montanhas, mapas de placas tectônicas, planilhas com dados de pedras e suas características, e muito material informativos sobre o mundo mineral. Por sua vez, a "Fazer fotossíntese é viver?" ilustrava a leiva circulando pelas plantas, as reações sintéticas que ocorriam com a presença da luz. Próximo dali, uma sala cujo papel de parede de um carvalho seco coberto por dezenas de outras plantas verdes e floridas, com ninhos de pássaros representando um eco-sistema harmônico fazia dispensar seu nome. Peguei o elevador para chegar até a polêmica "Ser feto é viver?", que possuía uma porção de divisórias, possivelmente 9 ou talvez 40. Em cantos opostos do mesmo andar situavam-se "Espermatozóide é vida?" e "Óvulo é vida?", sendo a última infinitamente mais espaçosa e organizada que a primeira. Não muito distante, "Vírus é vida?" aparentava um ambiente traiçoeiramente calmo e vazio, mas evitei me aproximar. Segui para cima, apreciando com peculiaridade a "Órgãos são vida?", que abrigava protocolos de transplante e estudos sobre sua conservação. Quanto mais alto eu ia, mais estranho o ambiente parecia, assim como mais futurista, o que talvez causassse essa impressão. Cheguei a ter náuseas ao chegar no andar "Como prorrogar a vida" e deparar com incubadoras que abrigavam partes de animais e de pessoas, produzidas 'in vitro' por alteração genética. Verdadeiros organismos independentes cercados pelos vidros do equipamento. Apesar do susto, fui me refazendo aos poucos, acostumando-me com a idéia dos benefícios inquestionáveis daquelas técnicas para nós, o que provavelmente modificou ligeiramente a arquitetura do prédio. Mais acima, salas com poderosos computadores caracterizavam o andar "Tomar decisões é viver?", com inúmeros sistemas de inteligência artificial interligados. Alguns degraus mais alto, a "Andar é viver?" estava repleta de pequenos robôs que circulavam de forma desengonçada e engraçada, debatendo-se nas paredes ou neles mesmos. A "Falar é viver?" encerrava o pavilhão com dezenas de vozes diferentes compartilhando uma conversa bastante empolgada. Logo acima, máquinas bem mais complexas que realizavam pequenas tarefas e até respondiam perguntas, assustadoramente pareciam querer me perguntar: "Sou vivo?". Em um misto de temor e ansiedade, apressei-me em subir. No entanto, os andares mais altos estavam vazios, como que aguardando caprichosamente a mudança iminente da qual o tempo se encarregaria, e que terminaria por prenecher as novas salas com o conhecimento que, ironicamente, a vida iria me permitir conquistar. Mas, contraditoriamente, foi chegando na cobertura que vi a parte mais sólida de todo o edifício. Ali, nas dezenas de salas uniformes precisamente alinhadas, era possível contemplar, sob a luz límpida do sol e a paisagem serena da cidade, a recompensa pela árdua subida. Numa dessas oportunidades divinas consegui ler em seqüência: "Viver é ter amizades, é poder sonhar, é brigar pelo que se quer e querer tudo aquilo pelo que vale a pena brigar. Viver é ser livre, é poder andar ao vento, é sair na chuva de peito aberto, é amar sem limites e limitar o que é sem amor, é romper obstáculos por necessidade ou prazer, é rir, é chorar, perder e ganhar, sair e voltar e voltar a sair. É aprender e errar e aprender a perdoar e esquecer de lembrar, de propósito. Viver é voar por onde a imaginação deixar e deixar a imaginação voar enquanto viver. Viver é ser feliz e ter a consciência tranqüila ou simplesmente ser feliz por isso. É muito mais que um prédio, muito maior que um conceito, muito mais mágico que o pensamento e muito mais belo que o perfeito.". Isolado no canto da cobertura, na sombra daquele bloco que parecia se estender até o céu, uma pequena sala junto à saída de incêndio encerrou a minha visita: "E você? Tem vivido?". ---- Traços de reflexão desordenada e paradoxal. * Não adianta, sempre deixo tudo pra última hora. Terrível isso. ---- Cena da semana: * Por incrível que pareça, a coluna de hoje foi inspirada nos filmes "Gasparzinho" e "RoboCop 3". Domingo em casa é complicado :-). Eduardo F. Seganfredo =========================================================================== ======== LINHAS DE PENSAMENTO CAÓTICO & PARALELO (Vincent Kellers) ======== =========================================================================== DRUNK SINCERITY Oi! --- Sabe aqueles silêncios constrangedores entre uma música e outra, que costumam ocorrer em algumas festas? Então. Em uma noite de verão, Gabriel, do alto de seus quase 15 anos de idade, foi a uma festa na casa de seu amigo André. Era uma noite de sábado de calor sufocante, e tudo que ele esperava daquela noite era beber um pouco de álcool e dar algumas risadas com seus amigos. Nada de sexo, drogas & rock'n'roll. Afinal, faltava uma companheira para a parte do sexo, coragem para a parte das drogas & um pouco de sensatez no que diz respeito à música. A já tradicional garagem do André, local da festa, encontrava-se razoavelmente lotada no momento de sua chegada. Todos os amigos estavam lá, aproveitando as cervejas, as meninas presentes e o abandono da casa, já que não havia nenhum "adulto" por perto (é, os pais do André haviam viajado). Enquanto o relógio de pulso de Gabriel acusava com bipes paraguaios que a primeira hora da madrugada já era passada, a primeira cerveja chegou a suas mãos, oferecida por alguém que Gabriel não se importou em identificar. Afinal, seu objetivo para esta noite estava começando a ser cumprido. Conversou, na medida do possível, com alguns amigos por instantes, enquanto sorvia a sua bebida e sentia o suor escorrer por suas costas em um arrepio quente e desagradável. O calor era realmente sufocante e a conversa com seus amigos configurava-se como uma batalha desleal entre as cordas vocais humanas e os poderosos alto-falantes do aparelho de som de André. Entre o pequeno intervalo entre uma música e outra, riu de alguns amigos que surpreendidos pelo repentino silêncio foram flagrados fazendo comentários nada polidos sobre as pernas de uma menina presente na festa. Riu tanto que ficou com sede. Sem maiores frescuras, tratou de providenciar uma outra cerveja no freezer estrategicamente posicionado em um canto da garagem. Era um ponto bastante interessante da garagem aquele onde ficava o freezer: podia ver todos ali presentes, bem como controlar o movimento no corredor na parte oposta da sala, que dava acesso ao pequeno banheiro utilizado nestas ocasiões festivas, conforme orientação expressa (expressamente ignorada) do dono da casa. Além disso, havia a vantagem natural de se estar perto do reservatório de bebida alcoólica da festa. Ponderando estes fatos enquanto bebia mais uma garrafa de cerveja a largos goles e experimentava com um sorriso nos lábios a agradável descontração causada pelo álcool, decidiu-se por ficar por perto do freezer por mais alguns minutos. Por razões naturalmente estratégicas. Pouco depois das duas horas da manhã, Gabriel já havia visto os presentes no local dançarem, rirem, trocarem olhares, beberem e lentamente dirigir-se aos pares para outros cômodos da casa. Ele, por sua vez, estava fazendo o que desejava fazer aquela noite. Já havia esvaziado pelo menos cinco garrafas de cerveja em menos de uma hora. Essa quantidade de álcool no organismo de um recém-adolescente pode ter efeitos desagradáveis, como Gabriel logo descobriria. Sentindo os efeitos diuréticos da bebida ingerida, em um esforço hercúleo, mas com urgência, Gabriel ergueu-se da cadeira onde estava prostrado, para então se dirigir ao banheiro mais próximo. Logo ele descobriu que suas pernas não respondiam com a velocidade que sua situação requeria. E a garagem também não contribuía, pois não parava de girar. De alguma maneira, ele conseguiu se arrastar até o outro lado da garagem, atropelando aqueles que ficassem em seu caminho. Quanto ele estava prestes a tomar o corredor que o levaria ao banheiro, pode ouvir alguém o chamando. Rapidamente ele se virou para averiguar que o havia chamado, e involuntariamente, fez um movimento rápido com os olhos. Isto mesmo. Aquele movimento rápido de olhos que já havia causado uma tontura incrível em outras ocasiões acabava de ser feito novamente. Foi o suficiente para que ficasse pálido quase que instantaneamente e sentisse o suor quente em suas costas e na sua testa tornar-se frio. Mau sinal. Desesperado, ignorando quem o havia chamado, Gabriel atirou-se no corredor rumo ao banheiro. Podia ver que estava vazio. Mais alguns passos e estaria isolado. Tudo se resolveria em breve. Com certa dificuldade entrou no pequeno espaço do banheiro e trancou-se lá dentro. Agora, um novo problema. Não sabia qual necessidade atendia primeiro: se urinava ou se vomitava. A primeira golfada de espuma expelida da sua boca dirimiu esta dúvida. Ciente da sujeira que acabara de fazer, Gabriel ajoelhou-se e em seguida estava abraçado ao vaso sanitário já deveras sujo, recriando uma das cenas mais decadentes da história do homem moderno. Na garagem, a festa seguia normalmente. E os poucos presentes na garagem naquela hora da manhã puderam ouvir um som absolutamente gutural, emitido em um intervalo entre duas músicas, proveniente do banheiro utilizado pelos presentes: "Meu Deus EU VOU MORRER", seguido de algo que lembrava vagamente uma tosse. Entre risos, uma vez mais o silêncio foi dissipado por alguma música qualquer, e a festa seguiu sem maiores acontecimentos e nenhuma baixa. --- Trilha: - Lacuna Coil - In a reverie album Vincent "E assim nasceu Bob Marley" Kellers =========================================================================== ============ O PLUS A MAIS DE HOJE (Luciano Rodrigo Rodrigues) ============ =========================================================================== SOL Um dia Achei que a vida era perfeita E tudo deu errado Fiquei magoada Desiludida e decepcionada Andei por lugares escuros Frios e tristes Achei que o amor não existisse E que perfeição fosse apenas Uma maneira de nos diferenciarmos De tudo o que não existe Então, chorei Como se fosse ainda criança Que chora com fome Quase perdi a esperança E a fé no homem Achei que nunca iria amar E que nunca mais seria feliz Como nos tempos de inocência Perdida com o que fiz E contaminada pela indolência Foi então que no céu Uma estrela encantada brilhou Cresceu, cegou meus olhos E vi que se tratava Não apenas de uma estrela Mas de um sol Que trouxe novamente Alegria à minha vida E felicidade em meu mundo E esse sol Trouxe seu calor pra junto de mim Me fez enxergar O que não conseguia ver Me fez acreditar Que vale a pena viver Se houver alguém pra amar Espero que esse sol Nunca se apague E sua chama nunca cesse Pois com seu calor Sei que nada pode me afastar Do caminho da felicidade Que só é real Quando se encontra Um amor de verdade E num momento de lucidez Posso dizer Claro, e com todas as letras O nome desse sol tão importante Pra que continue havendo Vida em meu humilde planeta O nome desse lindo sol ...E nada pode mudar o que sinto... Porque é real... Luciano Rodrigo Rodrigues =========================================================================== ============================= CRÉDITOS FINAIS ============================= =========================================================================== Este fanzine maluco que você recebe por email todo domingão se chama Tresler. Um grupo de amigos escreve histórias para o seu deleite. Se você quiser entrar em contato conosco, visitar o nosso Site (você pode ler os números anteriores do nosso fanzine eletrônico), se cadastrar ou descadastrar, enfim, utilize os emails/urls no final da mensagem. Tresler Team: Ariadne Amantino (ariadnedbka@yahoo.com) Daniel Wildt (dwildt@oocities.com) Eduardo Seganfredo (edu.zu@ig.com.br) Vincent Kellers (vkellers@terra.com.br) Colaboradores da edição de hoje: Luciano Rodrigo Rodrigues (jundiai@binotto.com.br) Visite o Site do nosso e-zine: http://www.tresler.cjb.net Para entrar em contato com o e-zine, mande um email para: treslerbr@yahoo.com.br Para receber o nosso e-zine mande um email para: tresler-subscribe@yahoogroups.com Para não receber mais o e-zine, mande um email para: tresler-unsubscribe@yahoogroups.com