TRESLER
Que dia é hoje? Domingo, 29 de julho de 2001.

                       http://www.tresler.cjb.net                          

Olá! Está é a edição número 15 do nosso fanzine eletrônico. Espero que você
goste (ou não). Olha o que temos no menu de hoje:

1. Editorial (Daniel Wildt)
2. Estamos fechados para manutenção (Ariadne Amantino - CARPE DIEM) 
3. Namoro (Daniel Wildt - BORN TO BE WILDT)
4. Ser vivo (Eduardo Seganfredo - DE NOVO, PÔ!)
5. Drunk  sincerity  (Vincent  Kellers  -  LINHAS  DE PENSAMENTO  CAÓTICO &
   PARALELO)
6. Sol (Luciano Rodrigo Rodrigues - O PLUS A MAIS DE HOJE)
7. CRÉDITOS FINAIS

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======================== EDITORIAL (Daniel Wildt) =========================
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Liga  desgraçado!  Essa foi a frase mais usada no final da sexta-feira e na
tarde  de  sábado.  Meu  computador  simplesmente não queria mais ligar. Eu
diagnostiquei  um  problema  na  fonte do computador, que não passa força o
bastante  para que os HDs entrem em pleno funcionamento. Amanhã vou levar o
maldito na assistência técnica. Melhor previnir.

E neste final de semana um amigo meu se casou. Parabéns para ele! Ele é meu
colega  de  trabalho  também, e mesmo tendo que fazer todas as tarefas dele
nesta  semana que se inicia, eu estou bem, sem problemas. Estou em uma fase
melhor  no trabalho, acho que foi por ter espantado meus demônios na última
reunião  da  empresa.  Foram quatro páginas dizendo o que pensava de tudo o
que  faço  lá  dentro  da empresa. E não tive o mesmo fim do Jerry Maguire.
Isso foi legal.

Sobre  o casamento, vamos voltar para 1h20min antes do início do casamento,
que era em Canoas. Exatamente 18h40min. Neste momento eu já tinha desistido
de  fazer  o  computador  ligar.  Resolvi dar mais um Ctrl+Alt+Del, só para
finalizar  as  possibilidades.  Estava  atrasado  e resolvi já ir separando
minha roupa para o casório, esperando o computador começar a bipar passando
erros  e  erros  na  inicialização.  Quando olho para o computador, lá está
aquela tela do Windows 98 iniciando... eu realmente comecei a gritar dentro
de  casa, mandando tudo pro inferno. O pessoal entrou no quarto perguntando
o  que  aconteceu.  Eu  disse  que  o computador tinha ligado. Bom, ninguém
entendeu nada, pois o que eu mais queria era que o computador ligasse. Bom,
seria mais interessante que isso acontecesse antes. Hello Murphy!

No mesmo momento comecei o processo de cópias de backup, para ter as coisas
mais  atuais.  Meu  CD-RW  nunca  foi  tão  bem  usado.  Disparei cópias de
segurança  das  coisas  da  minha irmã e dos meus documentos pessoais. Tudo
salvo. Tinha feito um backup três semanas antes, então não perderia nada de
muito  importante,  pois  o  que teria de mais importante posso baixar pela
internet  novamente.  Minhas  páginas,  incluindo o tresler também estão na
internet,  então  sem problemas. O que eu mais ficaria chateado de perder é
um jogo que comecei a fazer. É um jogo com naves espaciais, um jogo que vai
ser  o  que  há. Eu, o Vincent e o Eduardo estamos desenvolvendo o esquema.
Estamos  trabalhando  com  o  DirectX  para  fazer o jogo. Eu estou achando
legal.  Lembram  que  o  computador  foi  ligado  e  entrou corretamente as
18h40min  de  sábado  certo.  Bom,  nós  mandamos a campanha de economia de
enegia  pro  inferno e deixamos ligado o computador desde sábado, pois como
não  ia  dormir em casa, queria chegar no domingo e fazer o tresler. E aqui
estou eu, terminando o editorial. Ah, fazia tempo que não colocava a trilha
sonora usada para escrever o editorial. Bom, hoje foi um pedaço Domingão do
Faustão, enquanto estava na casa da minha namorada usando o notebook dela e
agora  que  estou  no meu quarto, peguei um CD do Neil Young, Harvest Moon,
conhecem? Deveriam. É muito bom.

E  sobre  o  casório!  Foi  em  Canoas  (RS)  e  estava frio, muito frio! A
cerimônia  estava  bem  legal.  O noivo para variar nervoso como nunca. Não
sabia se ficava ajoelhado, se beijava a noiva ou se fazia pose para foto...
a  noiva  mais cuidadosa com os detalhes da formalidade, ficava dando dicas
para  o nosso amigo não fazer feio. Fiquei comentando com o Vincent que era
impossível  que  a  voz  que  cantava  as músicas da cerimônia fosse de uma
velhinha...  bela voz! Fiquei procurando alguma participante de um grupo de
jovens ou algo parecido, mas não. E para finalizar a parte da cerimônia, de
todas  as  piadas  que  rolaram,  achei  mais  legal quando eu falei que um
casamento é um dos eventos onde se pode comentar que o rabo de uma mulher é
legal  sem  tomar  uma porrada da namorada. Mas amor, tô falando do rabo do
vestido da noiva! Bom, no meu caso não eu certo. Se alguém tiver sucesso me
avisa.

Com  relação  a  festa, tava bem legal também. Tocou forró, pagode e música
gauchesca.  Ê  que tava tri legal aquilo! Chorei muito de tanto rir naquela
festa!  Diversão  já  garantida de início, pois estava acompanhado da minha
namorada. Para  melhorar, 75%  do  Tresler team presente, o que com certeza
facilitou o excesso de piadas por segundo!

Música da semana 
Let's get it on - Marvin Gaye

Álbum da Semana
Iron Maiden - Brave new world

Riff da semana
Deep Purple - Smoke on the water
E G A   E G B A   E G A   E G E

No  tresler  de  hoje,  não  temos  coluna  da Ariadne. Ela está com muitos
afazeres  no  seu  novo  trabalho.  Esperamos que ela consiga entrar em uma
normalidade  para  poder  voltar a escrever e contar coisas novas sobre sua
vida na Europa. No mais, temos uma crônica sobre namoro, temos jornadas com
bebidas  alcoólicas.  E  temos  uma coluna sobre a vida. Aconselho ler esta
última  ouvindo  Natural  beauty, do Neil Young (CD Harvest Moon, comentado
antes). Ainda, temos uma poesia no plus a mais de hoje.

Daniel Wildt

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====================== CARPE DIEM (Ariadne Amantino) ======================
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ESTAMOS FECHADOS PARA MANUTENÇÃO 

Bem,  quando  eu recebi aquela mensagem com a menina reclamando que os dias
deveriam  ter  mais horas e as semanas mais dias, eu pensei, bem, algo está
errado,  pois  eu  mal  dou  conta de fazer a gerência de 7 dias na semana,
imagina  se  tivessem  mais  dias. Se bem que se fossem mais domingos, tipo
domingo1,  domingo2,  domingo3,  até  seria legal, mas isso se os finais de
tarde de domingo fossem iguais aos finais de tarde dos sábados... sabe, sei
lá se você entende o que eu quero dizer, pois na real realidade do presente
momento  atual  estou me alongando aqui para escrever que a nossa colunista
não  conseguiu  nos  escrever novamente... para quem não a conhece ainda, a
Ariadne  é  uma  amiga  nossa,  que foi morar na Europa, e na última semana
arrumou  um  emprego  na ONU, e agora acabou por ficar assim meio sem tempo
entende,  de  escrever  as  colunas  para  o Tresler, mas tudo bem, a gente
compreende, leva na boa. No mais, esperamos novidades sobre o outro lado de
lá, o.k. menina!?.

Daniel Wildt

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===================== BORN TO BE WILDT (Daniel Wildt) =====================
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NAMORO

Segundo o dicionário, namorar é procurar inspirar amor. Inspirar, segundo a
mesma  fonte,  é  influir  nas faculdades criadoras de alguém. Faculdade se
entende por uma capacidade, aptidão. E o amor? Amor é uma afeição profunda.
Amor  é  o objeto dessa afeição, a pessoa amada, zelo, cuidado. E zelo é um
interesse cuidadoso, dedicação. É um monte de sentimento em uma só palavra,
namoro. Eu namoro.

Segundo  minhas  experiências  de vida e segundo um filme brasileiro que vi
recentemente,  "amor  a  gente  não procura, a gente acha". E segundo minha
relação  com  murphy, a probabilidade de uma coisa dar certo é inversamente
proporcional  a  vontade  que temos que esta coisa dê certo! Sendo assim, a
primeira idéia se torna verdadeira MESMO, ou seja, acredite em mim. Ou não.

Enfim,  o amor é uma palavra que emociona muita gente e faz muita gente ter
motivos  para  iniciar  uma  guerra.  Tem  gente  que  sofre muito com esse
sentimento,  que  queiram  ou  não rege os nossos corações... felizmente ou
infelizmente.

O  importante  é  não  levar nada muito a sério, e principalmente não criar
problemas  onde  não  existem,  não  colecionar cenas de ciúmes, aceitar as
necessidades normais da vida de uma pessoa (trabalho, estudos, entre outras
coisas). Isso já é um bom começo.

Você  sai  de  casa  para fazer festa, não acreditando que a noite pode ser
boa.  Já  sai  tarde,  depois  da  1h  da manhã. Você já estava debaixo das
cobertas  e  resolve  sair. Chega no local onde alguns de seus amigos iriam
estar.  Se  decepciona  com a noite. Vai para a fila pagar sua consumação e
sumir do local. Do nada os olhos mais lindos do mundo entram em contato com
os seus. É amor a primeira vista.

Viajar  para a serra, para um lugar bem romântico. Gravar um CD com músicas
especiais  para  a  ocasião. Escrever poesias que refletem o que você sente
por ela.

Reunir  os  amigos  para  tocar violão. Fazer uma noite para comer foundue.
Cantar para ela aquela música nova que você compôs pensando nela.

Ela  te  deixa em casa. Depois ela te liga, avisando que chegou em casa. Aí
você  pede  para  ela  ouvir  uma coisa que você escreveu para ela enquanto
esperava  a ligação. É uma música nova. Você canta. Ela adora. Depois, você
diz  pela  primeira  vez que ama ela. E ela responde, dizendo que também te
ama. Corações em contato.

Noites do inverno gaúcho. Dois corpos se aquecendo. Namorar também é prover
calor  humano  para a pessoa amada. A respiração de dois corpos entrando em
sintonia. Segundo o que eu li em um livro sobre sexo tântrico, a respiração
é  o  que  há.  Depois  de  passar os olhos em alguns capítulos que ensinam
técnicas  sobre respiração, não consigo entender porque existem pessoas que
tentam  se  asfixiar...  realmente  não entendo. Acho que elas não conhecem
este livro que eu comentei.

Tardes  de  sábado.  Algum  parque.  Chimarrão.  Sol.  O  frio é bem vindo.
Harmonia  é a palavra da vez. Ficar papeando, sem pressa, sem pensar no que
se  vai  fazer a seguir, sem ter hora para ir embora. Aproveitar o momento,
um  analisando  as  idéias do outro, tirando sarro das pessoas que andam no
parque,  tudo  faz  parte. Olhos em contato. Sorrisos em contato. Lábios em
contato. Corações em contato.

Passeios  em  shoppings.  Cinema.  Almoços e jantas em lugares legais. Sair
para  dançar.  Conhecer um motel diferente. Beber vinho em algum lugar onde
se  pode dormir e acordar na metade da tarde do dia seguinte sem ter que se
preocupar com nada.

Ver  um  filme  na  TV.  Alugar  um filme para ver no vídeo. TV a cabo. Ela
deitada no seu colo. Você no colo dela. Um acariciando o cabelo do outro.

Shows,  peças  de  teatro,  exposições,  passear pelos pontos turísticos da
cidade onde moram.

São  coisas  que  podem acontecer em uma relação, em um namoro. E ainda bem
que acontece no meu.

Daniel Wildt

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==================== DE NOVO, PÔ! (Eduardo Seganfredo) ====================
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SER VIVO

Vagando    perdido   por  entre  meus  pensamentos  desconexos  num  desses
entardeceres ensolarados de inverno, deparei com uma construção disforme em
uma  movimentada esquina entre avenidas de conceitos regulares que povoam o
universo  do  meu  parco  conhecimento.  Analisando-o com mais preciosismo,
constatei tratar-se do meu entendimento conceitual de vida. Ao contrário da
maioria  dos  demais  prédios suntuosos que avizinhavam aquelas avenidas, o
"Definição  de  Vida" possuia um desenho moderno e clássico ao mesmo tempo,
deixando  transparecer  que havia passado por diversas reformas no decorrer
dos  anos. Concentrando-me na sua fachada, percebi que a mais recente delas
atribuíra  um  visual  futurista  à sua entrada, que agora ostentava traços
marcantes da tecnologia contemporânea mais em alta: a genética.

Instigado  pela  atmosfera quase mágica inspirada pela magnitude luxuosa do
arranha-céu,  permiti-me  levar  para  seu  interior,  ficando  ainda  mais
deslumbrado.  Lá  dentro,  sua  imponência  se  demonstrava a cada andar de
questionamentos e concepções, dentre os quais o "O que caracteriza a Vida?"
despontava como o mais atraente. Fui percorrendo sala por sala: "Respirar é
viver?",  "Ter  pulso  é  viver?",  "Pensar  é viver?", "Sentir é viver?" e
muitas  outras, cada uma com forma, cor e tamanho diferentes. Prossegui meu
passeio examinando a "Onde começa a Vida?", que possuía cores azul e rosa e
parecia  ser uma miniatura das outras. A "Rocha tem Vida?" tinha quadros de
erupções  vulcânicas,  cortes  morfológicos  de  montanhas, mapas de placas
tectônicas,  planilhas  com dados de pedras e suas características, e muito
material  informativos  sobre  o  mundo  mineral.  Por  sua  vez,  a "Fazer
fotossíntese  é  viver?"  ilustrava  a  leiva  circulando pelas plantas, as
reações  sintéticas  que  ocorriam com a presença da luz. Próximo dali, uma
sala cujo papel de parede de um carvalho seco coberto por dezenas de outras
plantas  verdes  e  floridas,  com  ninhos  de  pássaros  representando  um
eco-sistema harmônico fazia dispensar seu nome.

Peguei  o  elevador  para  chegar  até  a polêmica "Ser feto é viver?", que
possuía  uma  porção de divisórias, possivelmente 9 ou talvez 40. Em cantos
opostos  do  mesmo  andar  situavam-se  "Espermatozóide é vida?" e "Óvulo é
vida?",  sendo  a  última  infinitamente  mais  espaçosa e organizada que a
primeira.  Não  muito  distante,  "Vírus  é  vida?"  aparentava um ambiente
traiçoeiramente calmo e vazio, mas evitei me aproximar.

Segui  para  cima,  apreciando  com peculiaridade a "Órgãos são vida?", que
abrigava  protocolos de transplante e estudos sobre sua conservação. Quanto
mais  alto  eu  ia,  mais  estranho  o  ambiente  parecia,  assim como mais
futurista,  o que talvez causassse essa impressão. Cheguei a ter náuseas ao
chegar  no  andar  "Como  prorrogar  a  vida" e deparar com incubadoras que
abrigavam  partes  de  animais  e  de  pessoas,  produzidas  'in vitro' por
alteração  genética.  Verdadeiros  organismos  independentes cercados pelos
vidros  do  equipamento.  Apesar  do  susto,  fui  me refazendo aos poucos,
acostumando-me com a idéia dos benefícios inquestionáveis daquelas técnicas
para  nós,  o  que  provavelmente  modificou  ligeiramente a arquitetura do
prédio. Mais acima, salas com poderosos computadores caracterizavam o andar
"Tomar decisões é viver?", com inúmeros sistemas de inteligência artificial
interligados.  Alguns  degraus mais alto, a "Andar é viver?" estava repleta
de  pequenos  robôs  que  circulavam  de  forma  desengonçada  e engraçada,
debatendo-se  nas  paredes  ou neles mesmos. A "Falar é viver?" encerrava o
pavilhão  com  dezenas  de  vozes  diferentes  compartilhando  uma conversa
bastante  empolgada. Logo acima, máquinas bem mais complexas que realizavam
pequenas  tarefas  e  até  respondiam  perguntas, assustadoramente pareciam
querer me perguntar: "Sou vivo?".

Em  um  misto  de  temor  e ansiedade, apressei-me em subir. No entanto, os
andares  mais  altos  estavam vazios, como que aguardando caprichosamente a
mudança  iminente  da  qual  o  tempo se encarregaria, e que terminaria por
prenecher  as novas salas com o conhecimento que, ironicamente, a vida iria
me permitir conquistar.

Mas,  contraditoriamente,  foi  chegando  na  cobertura que vi a parte mais
sólida de todo o edifício. Ali, nas dezenas de salas uniformes precisamente
alinhadas,  era  possível contemplar, sob a luz límpida do sol e a paisagem
serena da cidade, a recompensa pela árdua subida. Numa dessas oportunidades
divinas consegui ler em seqüência: "Viver é ter amizades, é poder sonhar, é
brigar  pelo  que se quer e querer tudo aquilo pelo que vale a pena brigar.
Viver é ser livre, é poder andar ao vento, é sair na chuva de peito aberto,
é  amar  sem  limites  e  limitar o que é sem amor, é romper obstáculos por
necessidade  ou  prazer,  é rir, é chorar, perder e ganhar, sair e voltar e
voltar  a  sair.  É  aprender  e  errar  e aprender a perdoar e esquecer de
lembrar, de propósito. Viver é voar por onde a imaginação deixar e deixar a
imaginação  voar  enquanto  viver.  Viver  é  ser feliz e ter a consciência
tranqüila  ou  simplesmente ser feliz por isso. É muito mais que um prédio,
muito  maior  que  um  conceito, muito mais mágico que o pensamento e muito
mais belo que o perfeito.".

Isolado  no  canto  da  cobertura,  na  sombra daquele bloco que parecia se
estender  até  o céu, uma pequena sala junto à saída de incêndio encerrou a
minha visita: "E você? Tem vivido?".

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Traços de reflexão desordenada e paradoxal. 
* Não adianta, sempre deixo tudo pra última hora. Terrível isso. 

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Cena da semana: 
*  Por  incrível  que  pareça,  a  coluna  de hoje foi inspirada nos filmes
"Gasparzinho" e "RoboCop 3". Domingo em casa é complicado :-).

Eduardo F. Seganfredo

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======== LINHAS DE PENSAMENTO CAÓTICO & PARALELO (Vincent Kellers) ========
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DRUNK SINCERITY

Oi!

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Sabe  aqueles  silêncios  constrangedores  entre  uma  música  e outra, que
costumam ocorrer em algumas festas? Então.

Em uma noite de verão, Gabriel, do alto de seus quase 15 anos de idade, foi
a  uma  festa  na casa de seu amigo André. Era uma noite de sábado de calor
sufocante,  e  tudo  que  ele  esperava daquela noite era beber um pouco de
álcool  e  dar  algumas  risadas  com  seus  amigos. Nada de sexo, drogas &
rock'n'roll.  Afinal, faltava uma companheira para a parte do sexo, coragem
para  a  parte  das  drogas  &  um  pouco de sensatez no que diz respeito à
música.

A    já  tradicional  garagem  do  André,  local  da  festa,  encontrava-se
razoavelmente lotada no momento de sua chegada. Todos os amigos estavam lá,
aproveitando as cervejas, as meninas presentes e o abandono da casa, já que
não  havia  nenhum "adulto" por perto (é, os pais do André haviam viajado).
Enquanto  o  relógio de pulso de Gabriel acusava com bipes paraguaios que a
primeira hora da madrugada já era passada, a primeira cerveja chegou a suas
mãos,  oferecida  por  alguém  que  Gabriel não se importou em identificar.
Afinal, seu objetivo para esta noite estava começando a ser cumprido.

Conversou, na medida do possível, com alguns amigos por instantes, enquanto
sorvia  a sua bebida e sentia o suor escorrer por suas costas em um arrepio
quente  e  desagradável.  O  calor era realmente sufocante e a conversa com
seus  amigos configurava-se como uma batalha desleal entre as cordas vocais
humanas  e  os poderosos alto-falantes do aparelho de som de André. Entre o
pequeno  intervalo  entre  uma  música  e  outra,  riu de alguns amigos que
surpreendidos  pelo  repentino silêncio foram flagrados fazendo comentários
nada polidos sobre as pernas de uma menina presente na festa. Riu tanto que
ficou  com  sede.  Sem  maiores frescuras, tratou de providenciar uma outra
cerveja no freezer estrategicamente posicionado em um canto da garagem.

Era um ponto bastante interessante da garagem aquele onde ficava o freezer:
podia  ver  todos ali presentes, bem como controlar o movimento no corredor
na  parte  oposta  da  sala,  que dava acesso ao pequeno banheiro utilizado
nestas  ocasiões  festivas,  conforme  orientação  expressa  (expressamente
ignorada) do dono da casa. Além disso, havia a vantagem natural de se estar
perto  do reservatório de bebida alcoólica da festa. Ponderando estes fatos
enquanto  bebia  mais uma garrafa de cerveja a largos goles e experimentava
com  um  sorriso  nos  lábios a agradável descontração causada pelo álcool,
decidiu-se  por  ficar  por  perto  do freezer por mais alguns minutos. Por
razões naturalmente estratégicas.

Pouco  depois  das duas horas da manhã, Gabriel já havia visto os presentes
no local dançarem, rirem, trocarem olhares, beberem e lentamente dirigir-se
aos  pares  para outros cômodos da casa. Ele, por sua vez, estava fazendo o
que  desejava  fazer  aquela  noite.  Já  havia  esvaziado pelo menos cinco
garrafas  de  cerveja  em  menos  de uma hora. Essa quantidade de álcool no
organismo  de  um  recém-adolescente  pode  ter efeitos desagradáveis, como
Gabriel logo descobriria.

Sentindo  os efeitos diuréticos da bebida ingerida, em um esforço hercúleo,
mas  com urgência, Gabriel ergueu-se da cadeira onde estava prostrado, para
então  se  dirigir  ao  banheiro  mais próximo. Logo ele descobriu que suas
pernas  não  respondiam  com  a  velocidade  que sua situação requeria. E a
garagem também não contribuía, pois não parava de girar. De alguma maneira,
ele  conseguiu se arrastar até o outro lado da garagem, atropelando aqueles
que  ficassem  em seu caminho. Quanto ele estava prestes a tomar o corredor
que o levaria ao banheiro, pode ouvir alguém o chamando. Rapidamente ele se
virou  para  averiguar  que  o  havia  chamado, e involuntariamente, fez um
movimento rápido com os olhos. Isto mesmo. Aquele movimento rápido de olhos
que já havia causado uma tontura incrível em outras ocasiões acabava de ser
feito novamente.

Foi  o  suficiente  para  que  ficasse  pálido quase que instantaneamente e
sentisse  o  suor  quente em suas costas e na sua testa tornar-se frio. Mau
sinal.  Desesperado,  ignorando  quem o havia chamado, Gabriel atirou-se no
corredor rumo ao banheiro. Podia ver que estava vazio. Mais alguns passos e
estaria isolado. Tudo se resolveria em breve.

Com  certa dificuldade entrou no pequeno espaço do banheiro e trancou-se lá
dentro.  Agora,  um  novo  problema.  Não  sabia  qual  necessidade atendia
primeiro:  se urinava ou se vomitava. A primeira golfada de espuma expelida
da  sua  boca  dirimiu esta dúvida. Ciente da sujeira que acabara de fazer,
Gabriel  ajoelhou-se  e  em  seguida  estava  abraçado ao vaso sanitário já
deveras  sujo, recriando uma das cenas mais decadentes da história do homem
moderno.

Na  garagem,  a  festa seguia normalmente. E os poucos presentes na garagem
naquela  hora  da manhã puderam ouvir um som absolutamente gutural, emitido
em um intervalo entre duas músicas, proveniente do banheiro utilizado pelos
presentes: "Meu Deus EU VOU MORRER", seguido de algo que lembrava vagamente
uma tosse.

Entre  risos,  uma  vez  mais  o  silêncio  foi dissipado por alguma música
qualquer, e a festa seguiu sem maiores acontecimentos e nenhuma baixa.

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Trilha:
  - Lacuna Coil - In a reverie album

Vincent "E assim nasceu Bob Marley" Kellers

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============ O PLUS A MAIS DE HOJE (Luciano Rodrigo Rodrigues) ============
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SOL

Um dia
Achei que a vida era perfeita
E tudo deu errado
Fiquei magoada
Desiludida e decepcionada

Andei por lugares escuros
Frios e tristes
Achei que o amor não existisse
E que perfeição fosse apenas
Uma maneira de nos diferenciarmos
De tudo o que não existe

Então, chorei
Como se fosse ainda criança
Que chora com fome
Quase perdi a esperança
E a fé no homem
Achei que nunca iria amar
E que nunca mais seria feliz
Como nos tempos de inocência
Perdida com o que fiz
E contaminada pela indolência

Foi então que no céu
Uma estrela encantada brilhou
Cresceu, cegou meus olhos
E vi que se tratava
Não apenas de uma estrela
Mas de um sol
Que trouxe novamente
Alegria à minha vida
E felicidade em meu mundo

E esse sol
Trouxe seu calor pra junto de mim
Me fez enxergar
O que não conseguia ver
Me fez acreditar
Que vale a pena viver
Se houver alguém pra amar

Espero que esse sol
Nunca se apague
E sua chama nunca cesse
Pois com seu calor
Sei que nada pode me afastar
Do caminho da felicidade
Que só é real
Quando se encontra
Um amor de verdade

E num momento de lucidez
Posso dizer
Claro, e com todas as letras
O nome desse sol tão importante
Pra que continue havendo
Vida em meu humilde planeta
O nome desse lindo sol 

...E nada pode mudar o que sinto... Porque é real...

Luciano Rodrigo Rodrigues

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============================= CRÉDITOS FINAIS =============================
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Última atualização em 7 de setembro de 2001
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