TRESLER
Que dia é hoje? Domingo, 05 de agosto de 2001.

                       http://www.tresler.cjb.net                     

Olá! Está é a edição número 16 do nosso fanzine eletrônico. Espero que
você goste (ou não). Olha o que temos no menu de hoje:

1. Editorial (Daniel Wildt)
2. Veneza existe mesmo? (Ariadne Amantino - CARPE DIEM) 
3. Feliz dia dos pais (Daniel Wildt - BORN TO BE WILDT)
4. General (Eduardo Seganfredo - DE NOVO, PÔ!)
5. In  memorian  (Vincent  Kellers  -  LINHAS  DE PENSAMENTO CAÓTICO &
   PARALELO)
6. Abaixo  os  estereotipos  #2 (Giancarlo  Panizzutti Lima - O PLUS A
   MAIS DE HOJE)
7. CRÉDITOS FINAIS

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===================== EDITORIAL (Daniel Wildt) =======================
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Formaturas.  Amigos  de colégio. Isso é legal, vai dizer, o pessoal se
formando  e  aí  um  falando  que  agora trabalha em tal ramo, que tem
muitos  afazeres.  Na  época  do colégio, mesmo com todas as crises de
adolescência, todos os problemas relacionados aos amores platônicos da
época,  era uma boa fase, onde o maior problema era saber se o futebol
ia sair no sábado ou no domingo.

Tudo  bem,  agora o jogo é outro. Tem dinheiro na jogada. Dinheiro que
vai chegar na sua conta não mais porque você teve boas notas e seu pai
acha  que  tem  que aumentar a sua mesada, mas porque você ralou o mês
todo e merece depois de tanto sofrimento ganhar o bendito salário, que
vai então permitir que você realize seus sonhos capitalistas.

A  formatura  de  sexta  estava bem legal, pela primeira vez eu dancei
valsa.  Valsa  tchê  loco,  saca a profundidade dos dizeres? É, e para
minha  surpresa, eu sou um baita de um pé de valsa mesmo! Não pisei no
pé  da  minha  namorada nenhuma vez! O que acontecia era que de vez em
quando  ela  reclamava que eu não estava "levando" corretamente, sabe,
questão da posição das mãos, mas tudo bem, arrumado isso, no final foi
tudo pura diversão. Fiquei tonto algumas vezes de tanto girar, mas foi
tudo nos conformes.

E  aqui  vou  criar  uma seção me desculpe! Bom, o primeiro pedido vai
para um outro camarada meu que se formou neste final de semana. Acabou
que  eu  fiquei  sem  computador e não me lembrei de ligar para o cara
dizendo que eu não poderia ir na formatura dele. Todo caso aqui fica o
"meus  parabéns" para ele! $uce$$o! Pelo menos o sábado foi um dia com
muito Sol, e espero que tenha corrido tudo bem na cerimônia de colação
de grau.

E  mais  um  pedido de desculpas. Tinha combinado com o Vincent que no
tresler da semana passada faríamos pessoas chamarem o Hugo. Bom, final
das contas eu não consegui arrumar tempo para escrever esta história e
tive  que  recorrer  às minhas histórias pela metade, de onde saiu uma
crônica  sobre  o  namoro,  pois já era tarde e eu precisava conseguir
acordar  cedo para ir trabalhar no outro dia. A gente não pode agradar
todo  mundo  é  verdade, mas neste tresler eu estou deixando o jogo no
0x0.

Música da semana!
The Animals - The house of the rising sun

Álbum da Semana!
Nirvana - Nevermind. Estava com saudade deste som, aí depois de ver um
alto  e bom som na MTV fiquei ouvindo no "repeat all" por um bom tempo
-  atenção  aqui  para  a  música  "drain  you" e "polly". Isso me faz
lembrar  de  quando  comprei  o  LP do Nevermind, em 1992, com meus 13
anos...  smells  like teen spirit no volume máximo e a galera se dando
porrada.  Bons  tempos,  Bon Jovi, Whitesnake, Poison, Skid Row, Guns,
Faith No More, Roxette, U2, Iron Maiden, Van Hallen, Beastie Boys. São
algumas  das  bandas  que  eu  ouvia  no  meu período pré-adolescente.
Influência direta de um grande amigo meu, o Edu, que hoje faz medicina
em Campinas, e morava no mesmmo prédio que eu em São José dos Campos.

Riff da semana!
Black  Sabbath - Paranoid. Pô, eu não toquei guitarra nesta semana que
passou.  Por um lado é muito legal poder sentir a ponta dos dedos, mas
por  outro,  penso  que  a falta de treino será prejudicial no futuro,
principalmente  considerando  que  minha  técnica  não  merece nem ser
medida,  para  evitar  constrangimentos. Acho que um dos motivos é que
todos  os riffs estão gravados no computador e eu estou sem computador
no momento, que foi para a assistência técnica  sofrer manutenções por
excesso  de  uso.  Todo  caso,  deixo aqui um riff que deve ser tocado
sempre!  Este  saiu na edição #14 do tresler, mas sai de novo, ora. Eu
quero tocar de novo!
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E no tresler de hoje? Temos paternidade, pátria, veneza, quadrinhos  e
animais. 

Daniel Wildt

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=================== CARPE DIEM (Ariadne Amantino) ====================
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VENEZA EXISTE MESMO?

Desde  que  cheguei na Europa, está nos nossos planos ir a Veneza. Mas
tanta  coisa  já  aconteceu  que  começo a desconfiar "seriamente" que
Veneza,  ao  contrário do que dizem, não vai desaparecer daqui a algum
tempo, mas já desapareceu!

Numa sexta-feira no final de junho ou início de julho, tentei reservar
um  quarto  num  albergue  pro  dia  seguinte. As resposta que recebi:
"Tutto  pieno,  mi  dispiaci!"  Tudo lotado! Tínhamos que reservar com
mais  antecedência, o que já era de se esperar no verão em Veneza, uma
das cidades turísticas mais visitadas da Europa.

Na semana seguinte, tive mais sucesso. Consegui resevar um quarto para
dia 21 de julho. Ótimo!

Alguns  dias  depois, mudança de planos. Com a vinda da nossa primeira
visita  oficial  (aí Huff, hein!), resolvemos ir a Praga juntos no dia
21  e  adiar Veneza mais uma vez para dia 28. Felizmente sem problemas
com reservas desta vez.

Finalmente,  dia  27 de julho, tudo pronto para a tão sonhada viagem a
Veneza,  que  parecia  estar cada vez mais longe. Na carteira, nenhuma
moeda de schilling para não misturar com as liras italianas. O guia da
Europa  resolvemos  levar  mais para ler no caminho porque já tínhamos
lugar  certo  para  ficar  e uma idéia do que ver em dois dias. O trem
leva 10 horas até lá, então pegamos um trem noturno. Dormir em Viena e
acordar em Veneza parecia ser uma idéia muito interessante.

Não  vimos o tempo passar. O que estranhamos foi que já era de manhã e
os  anúncios  e  placas  lá  fora  continuavam  em  alemão  quando  já
deveríamos estar na Itália. Bom, mas parece que tem uma parte no norte
da Itália onde se fala alemão também, não?

Quando o trem parou em Wörgl, a alguns quilômetros de Innsbruck, ainda
na  Áustria,  começamos a desconfiar que algo estava realmente errado.
Às 8 da manhã deveríamos estar em algum lugar no norte da Itália e não
do  outro lado da Áustria! E o mais estranho é que todas as pessoas no
trem  ainda  estavam achando que íamos para Veneza, apesar de já estar
quase passando a hora da chegada e ainda estarmos na Áustria.

Como nós não falamos alemão nem os controladores do trem inglês, ficou
difícil entender porque diabos não tínhamos seguido o caminho descrito
nos  folders  que  estavam  dentro  das  cabines.  Tudo o que consegui
descobrir  foi  que  levaríamos  mais  uma  hora até a fronteira com a
Itália e depois mais umas 5 até Veneza, eles não sabiam certo.

Decidimos,  então,  ficar  em  Innsbruck. Passar 15 horas dentro de um
trem  na  ida  e  mais  15  na volta nos daria, no máximo, 24 horas em
Veneza  e,  ainda por cima, a probabilidade de chegarmos às 2 da tarde
no  trabalho  segunda-feira  e  não às 9 da manhã. Mas eu ainda queria
saber por que!

Em  Innsbruck,  o  Diego  acabou  descobrindo que houve um acidente em
Treviso,  na  Itália,  por onde o trem teria que passar, então tivemos
que voltar e fazer uma volta enorme por Innsbruck para poder chegar na
Itália. Além disso, eles não tinham como afirmar que o caminho estaria
liberado  no  dia  seguinte,  e  talvez o trem tivesse que voltar pelo
mesmo caminho que estávamos indo.

Mas  Innsbruck é uma cidade muito interessante. Tipicamente austríaca,
foi  o  que  me pareceu. Na hora de usar o telefone e comprar entradas
para  alguns pontos turísticos, sentimos falta das moedas que tínhamos
tirado da carteira. Ainda bem que tínhamos levado o guia da Europa, se
não ia ficar difícil até achar lugar para ficar.

O  trem  seguiu  para  Veneza sem nós, e não faço a menor idéia de que
horas  chegou  lá.  Ficamos  com  a passagem de volta na mão, ou seja,
ainda  vamos  tentar  descobrir  se a tal Veneza ainda existe mesmo ou
não. 

Ariadne Amantino

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================== BORN TO BE WILDT (Daniel Wildt) ===================
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FELIZ DIA DOS PAIS

Augusto  precisava  se acalmar. Bebeu demais e estava em um local onde
conhecia  poucas  pessoas.  Rodrigo  foi saber do amigo e infelizmente
teve  conhecimento  do almoço de Augusto. Rodrigo avisou uma vez, duas
vezes, mas não consegiu avisar a terceira, pois Augusto neste instante
estava  agarrando  o vaso sanitário como um goleiro agarrando uma bola
"salva-campeonato".

Água, sim, H2O puro era o que Augusto precisava neste momento. Rodrigo
não  sabia porque seu camarada tinha bebido tanto. Certamente afogando
as  mágoas.  Eles  não  se  falavam  mais  como antigamente. Em tempos
passados, estariam procurando "alvos" em alguma festa na cidade. Beber
socialmente?  Na  frente  dos  pais  e  olhe  lá! Mas a vida continua.
Rodrigo estava mais calmo com a bebida e até onde sabia Augusto também
estava.  Pode  ser  um indício do motivo pelo qual nem vomitar direito
Augusto sabia mais. Vai saber.

Tentando animar o amigo, Rodrigo puxou uma cadeira e passou uma toalha
para  Augusto  se  secar,  após  ele  ter  lavado  o rosto na pia, que
normalmente é o alvo para quem é marinheiro de primeira viagem na arte
de   expelir  impetuosamente  aquilo  que  foi  digerido  nas  últimas
refeições. Isso normalmente está associado ao fato de beber muito além
do  que se pode ou beber um pouco de tudo, um pouco de vinho, um pouco
de  cerveja,  uma tequila, e vaso sanitário normalmente será o próximo
"copo".  Aqui  sempre temos variações por causa da resistência pessoal
de  cada  um. Enfim, Augusto se olhava no espelho e se perguntava como
aquilo  poderia  ter acontecido. Rodrigo passou o copo com água para o
amigo  se  acalmar  mais  um pouco. Ele não tinha colocado nem sal nem
açúcar misturado com a água, pois simplesmente não havia pensado neste
detalhe.  Augusto  também  não  reclamou, pois Rodrigo já estava sendo
mais  que  camarada  com  ele, dando um apoio que só poderia vir de um
amigo  de  verdade.  Ou do anfitrião da festa. Acho que é por causa da
amizade mesmo.

Augusto  bebeu  o  copo  com  água.  A sua respiração ainda estava bem
ofegante. Rodrigo falou para o amigo desabafar, tirar do seu sistema o
que  estivesse  sendo  motivo  de preocupação. Augusto começou então a
falar sobre confiança, sobre gostar tanto de uma pessoa que chegasse a
doer.  Rodrigo  ouvia atento e em silêncio, sem criar diálogos. Deixou
seu  amigo  falar tudo o que pensava, para apenas depois dar seu ponto
de vista sobre "a coisa".

Pelo  papo  inicial  de  Augusto,  Rodrigo  já  tinha  entendido que o
problema  era a namorada. Rodrigo se distanciou um pouco do colega nos
últimos  tempos  e  um  dos motivos foi a não simpatia recíproca entre
Rodrigo  e  Mariana.  Mariana  foi  por  assim  dizer  "rejeitada" por
Rodrigo.  Só  que ela já namorava com Augusto. Intrigas foram criadas.
Rodrigo  não  poderia contar para o amigo o que tinha acontecido, pois
com certeza iria perder uma grande amizade, já que Mariana dominava os
pensamentos  de  Augusto e certamente iria convencer o namorado de que
Rodrigo era o culpado e não ela, coitadinha.

Lá  pelas  tantas, depois de falar sobre a relação em um âmbito geral,
Augusto  contou  que  a  namorada  tinha  telefonado um pouco antes do
churrasco  para  dizer  que, bem, estava grávida. Isso poderia ser uma
boa  notícia,  pois  até  onde  se  sabia  Augusto  estava  muito  bem
financeiramente  e  tinha  interesse  em  viver junto com Mariana para
valer,  já  que  Mariana  já tinha até o seu armário no apartamento de
Augusto. Rodrigo tentava encontrar algo negativo em tudo isso, mas não
conseguia ver nada de errado com o quadro que Augusto estava pintando.

Augusto  então tirou do seu bolso um envelope, de uma clínica. Rodrigo
estava  pensando  que  era  o exame de gravidez de Mariana que Augusto
queria  mostrar.  Não era. Rodrigo foi buscar uma garrafa de Whisky. A
especial,  que  era usada para comemorar os melhores momentos e afogar
as  piores  mágoas.  Fazia  algum  tempo  que  eles não bebiam daquela
garrafa. Hoje era necessário. Rodrigo queria beber com o amigo, estava
com  muita  raiva  daquilo  que estava lendo. Iriam beber até o último
cair.  Um  outro  amigo de Rodrigo foi até onde eles estavam e Rodrigo
pediu  então  para  os  convidados  irem  embora,  que  a festa estava
acabada. Pediu desculpas para o pessoal, mas precisava conversar com o
amigo e dar a força que ele precisava.

Sobre  o  envelope?  Augusto  tinha  ficado muito gripado, não fazia 2
meses.  Pegou  uma  pneumonia  decorrente  dessa gripe. Precisou fazer
tratamento com antibióticos para resolver seu problema. Estes remédios
fortes  causaram  efeitos  colaterais  em  Augusto,  que após diversos
exames  realizados  para  analisar a gravidade dos efeitos colaterais,
descobriu que não era mais fértil. Para isso precisaria de tratamentos
especiais.  Augusto  não  iria  ser pai. Ainda, pelo tempo de gestação
passado  pela sua namorada, Augusto se lembra que ainda estava de cama
e lembra que diversas vezes sua namorada saía com amigos da faculdade.
As  certezas  estavam  tomando  conta da cabeça dos dois, mas a bebida
estava tomando conta disso.

No  mais, Rodrigo e o amigo ficaram rindo da desgraça deste último uma
parte  da  noite. Na outra, para se animarem, resolveram ir em um casa
de  shows  para maiores. Só para descontrair e esquecer dos problemas.
Amanhã  era  um novo dia e Augusto teria muito para pensar. Já na casa
de shows assistindo aos malabarismos de "Tina Tiger", Rodrigo terminou
sua  sétima  dose  de um whisky de trigésima categoria e arrematou uma
frase de consolo para Augusto: "Ah, quer saber, não te preocupa, pai é
quem cuida!". Brindaram e continuaram assistindo ao show.

Daniel Wildt

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================= DE NOVO, PÔ! (Eduardo Seganfredo) ==================
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GENERAL

Comumente  meus  colegas  de  Tresler divulgam a trilha sonora de suas
colunas ou comentam letras de música ou seu gênero. Embora não costume
fazer  isso,  eu  também gosto de escrever escutando música, apesar de
não  gostar  de barulho quando estou lendo. Isso porque tanto a música
quanto  a  leitura  são  uma espécie de viagem que fazemos. Enquanto a
música  é  uma  viagem mais inconsciente e inconseqüente, voltada mais
para  sensações,  a  leitura  por sua vez é geralmente uma viagem mais
lógica,  mais reflexiva e seqüencial. Mas também é possível refletir a
respeito  das  músicas,  pois  freqüentemente  elas  contêm mensagens,
embora  raramente  estas  mensagens tenham algum significado coerente.
Mas  o  significado,  tanto  da música quanto da leitura, somos nós, o
público,  que  damos.  E  assim  nasceu  esta coluna: decidi dar o meu
significado a uma música.

Vivemos  em  um país tropical, imenso, com riquezas mil espraiadas por
todos  os  cantos desta terra abençoada por Deus e linda por natureza,
inegavelmente. Mas, apesar desta breve introdução, não é esta a música
motivadora  do  texto.  Desta  canção  tiro apenas o fato de que temos
razões  mais  do que óbvias para amar este país, apesar dos vexames da
seleção,  que  embora humilhantes, sequer arranham o orgulho que tenho
de ser brasileiro. Porém, este mesmo orgulho se esconde de inenarrável
vergonha  quando  o assunto é política e administração pública. Parece
que  nossos políticos e governantes fazem questão de tentar demonstrar
que    o   povo   brasileiro   é  composto  por  ladrões,  mentirosos,
incompetentes e ainda por cima caras-de-pau.

Antes  que  alguém  diga  que  estou exagerando (acho que ninguém dirá
isso,  mas...),  seria prudente lembrar o recente porém esquecido caso
dos  nossos  representantes do congresso que fizeram honra à titulação
de  "Anões do Orçamento". Cumpre dar ênfase ao "Inocêncio", que chegou
ao ápice do deboche ao afirmar que sua fortuna provinha de mais de uma
centena de primeiros prêmios da loteria. Sem muito exageiro é possível
dizer  que  em  alguns  países  de  primeiro  mundo este cidadão seria
sentenciado  a  prisão perpétua. Pergunte-se agora o que aconteceu com
ele no Brasil.

Seguindo  por  este campo, remeto-nos ao caso da violação do painel do
senado,  que  serve para lembrar que tudo parece igualmente apodrecido
dentro de determinado perímetro de Brasília. Desde a funcionária quase
sublimada  como heroína pela nossa não menos "ilustre" imprensa até os
"honoráveis"  senadores que "apenas por curiosidade" violavam votações
secretas,  toda  justiça que tivemos veio de um tremendo circo montado
para  dar a impressão de que desta vez estes corruptos levaram a pior.
Como  se  uma  suspensão  do emprego ou um bom espaço na imprensa para
exibir  a cara-de-pau em plena campanha para o governo do estado fosse
assim  uma grande punição pra quem vendeu tão barato a pouca honra que
restava ao Senado. Sim, pois quem faz algo errado, por menor que seja,
desonra  qualquer  instituição  a  qual  pertence,  a começar pela sua
classe,    pelos   amigos,  passando  pela  família  e  terminando  na
consciência.  Mas certamente estes "eminentes" senhores sequer sabem o
que é realmente honra.

Não   vamos  nos  esquecer  também  de  todos  aqueles  corruptos  que
atualmente  alimentam  as  manchetes,  servindo em rodízio à imprensa,
como  nosso "meritíssimo" Nicolau e o "respeitável" Eduardo Jorge. Não
quero  lembrar  do nosso "simpático" PC Farias, obviamente assassinado
por saber demais. Mas lembrem-se que um "conceituado" legista defendeu
a  tese  de  suicídio, embora sem a mínima consistência. Provavelmente
seu  bolso  estava bem consistente, ou talvez suas cuecas sujas tenham
influenciado na escolha.

Agora  a moda é assistir a interpretação do novo Presidente do Senado,
Jader  Barbalho,  com suas contas forradas do dinheiro do Banpará e da
Sudene.  A  parte  mais  engraçada  e  ao  mesmo  tempo mais trágica e
preocupante  nesta  história é a constatação que na briga do ACM com o
Jáder  os dois tinham razão, como já havia dito algum político, talvez
menos irresponsável ou quem sabe até honesto. E depois ainda fazem uma
tremenda onda quando um estrangeiro escreve que a corrupção é endêmica
no  Brasil.  Queimem  vivos  os  políticos  corruptos se realmente não
querem que se escreva isso.

É impossível não entristecer-se ou revoltar-se ao extremo quando vemos
crianças  concorrendo  por  esmolas nas sinaleiras, enquanto as poucas
pessoas  que se elegeram para mudar quadros funestos como este não tem
sequer  consciência  de  suas  responsabilidades  básicas.  Não apenas
consciência  de  suas  responsabilidades como senador, como juiz, como
deputado,    como   médico,   ou   como   o  que  for,  mas  das  suas
responsabilidades    como   pessoa,  como  ser  humano,  como  cidadão
brasileiro.     Basta   ter   presente   a   mínima   consciência   de
responsabilidade  social  para  agarrar-se à honra, à ética, à moral e
renegar qualquer benefício que prejudique o próximo.

Perguntem-se  agora  se  foi  feita  justiça em qualquer um dos poucos
casos  citados. Nestes momentos eu lamento que Fidel Castro ou Ernesto
Guevara Sierna não tenha nascido no Brasil e feito do Planalto Central
sua  Sierra  Maestra.  Ou,  levando  aos  extremos,  Stálin  ou  Lênin
disciplinando  a  ordem  nacional. Mas não sou exatamente comunista ou
socialista,  tampouco  extremista.  E  aqui  remetemo-nos  de volta ao
assunto da música: "Onde andas, general? / Alguém me diga por favor. /
Aonde andarás, general? / Acabe com este terror.".

Sim. O que eu mais quero, e acredito ser este o desejo de toda geração
cara-pintada  que  conquistou  nas  ruas  esta  titulação, é seguir na
guerra  eterna  contra  essa  corja de antipatriotas, que entregam por
trocados  nosso solo, nossas riquezas, nossa imagem, nosso povo, nossa
esperança.  O  que  eu  quero  é  ser  um  mero soldado que seja de um
exército  comprometido  com a transparência, com a verdade, com o solo
desta  terra  abençoada,  com  a  tão  esquecida  honra. Onde está meu
general?  O que foi feito dos homens desta nação, para que esquecessem
por  completo seus ideais de conquistas? O que foi feita da coragem de
nosso  povo?  Será  que  todos  esqueceram  que,  por  pior que seja o
resultado,  sempre  vale  a  pena lutar pelo que acreditamos? Será que
todos acreditam que mudar é esperar alguma intervenção divina? Até que
ponto  podemos  esperar  enquanto  assistimos a a morte dos princípios
básicos  de  civismo,  patriotismo,  moral, ética, honra e respeito na
juventude brasileira.

Onde  andarás,  general? Dá-me a honra de empunhar a espada da justiça
em  tua  batalha. Concede-me a graça de levar os benefícios eternos do
caráter, do cumprimento das responsabilidades àqueles que covardemente
desertaram da própria consciência, seduzidos pelo egoísmo, amordaçados
pela  banalização  da  cultura  promovida  em nosso país. Que eu possa
lutar  contra  todo mal causado a este povo sofrido, e que possa lavar
com  meu próprio sangue se preciso for, a honra de um único brasileiro
que  seja. E que este brasileiro entenda que isso me fez mais feliz, e
busque  o  mesmo  para  si.  E apenas quando muitos filhos desta nação
enxergarem que mais compensa a morte digna que uma vida de humilhações
poderemos  descansar  nossas almas em berço esplêndido, guardados pela
verdadeira clava forte da justiça, erguida por um povo verdadeiramente
heróico.

Eduardo Seganfredo

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===== LINHAS DE PENSAMENTO CAÓTICO & PARALELO (Vincent Kellers) ======
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IN MEMORIAN

Oi.

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A  noite de ontem foi muito fria. Muito frio mesmo. Fiquei deitado ali
naquele  canto,  tentando  me esquentar, apenas observando a noite, já
que  não havia nenhuma pessoa na rua. Como não havia nenhum lugar onde
pudesse  me  abrigar,  o  jeito  era ficar quietinho e tremendo em meu
lugar, esperando que a noite terminasse.

Mesmo  tremendo,  por  algumas  horas  dormi  profundamente.  Mas  fui
acordado pelos gritos de dois homens que estavam do outro lado da rua.
Um deles gritava, assim como algumas vezes gritam comigo.

Não  prestei muita atenção ao que acontecia do outro lado da rua, pois
estava  com  muito  sono,  e  como  não estavam gritando comigo, então
estava  tudo bem. Ajeitei-me novamente e tentei voltar a dormir. Antes
que  pudesse pegar no sono novamente, um barulho muito alto feriu meus
ouvidos, me deixando muito assustado.

O  som  veio do outro lado da rua. Um dos homens que lá estavam, agora
corria,  e  o outro estava deitado no chão. Meus olhos cansados já não
conseguiam    ver   aquele  que  saiu  correndo  quando  me  levantei.
Lentamente, e farejando o ar a cada passo, cheguei perto daquele homem
que estava deitado no chão.

Cachorro  que  sou,  lambi  seu  rosto  uma vez. Ele não fez nada. Não
gritou  comigo,  e  nem  me  chutou, como quase todos fazem. Contente,
lambi  seu  rosto mais algumas vezes. E ele continuava imóvel. Cheirei
seu  cabelo  e  enquanto  cheirava suas mãos, senti que pisava em algo
quente. Era um líquido parecido com o meu sangue.

Receoso, fiquei algum tempo perto daquele homem. Talvez ele também não
tivesse  onde  ficar,  assim como eu. Talvez eu pudesse passar a noite
com ele. Sim, talvez...

Acomodei-me  perto  dele. Seu calor era bom, e me manteve aquecido por
algum  tempo. Adormeci. No meio da madrugada, quando acordei, embora o
homem continuasse ao meu lado, ele já não me esquentava mais.

Vincent Kellers

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========= O PLUS A MAIS DE HOJE (Giancarlo Panizzutti Lima) ==========
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ABAIXO OS ESTEREOTIPOS #2

Na  edicao  #14,  eu falei sobre quadrinhos. E ainda tenho muita coisa
pra dizer.

Bom,  se  voce  nao  mudou  de  ideia sobre o assunto ainda...nunca eh
tarde! :)

E  se voce acha que por serem feitos por americanos, os personagens de
quadrinhos  ficam  acenando  a  bandeira  deles  e  dizendo  como  sao
perfeitos, se enganou de novo.

Primeiro:  Nao  sao  soh  americanos  que  trabalham  nas  editoras de
quadrinhos;  roteiros e paginas viajam via FedEx para profissionais ao
redor  do mundo inteiro, seja lah de qual pais. Segundo: gibis sao uma
critica  social muito forte. Afinal, para se conseguir a autenticidade
tipica  dos  gibis eh preciso uma ambientacao e pesquisa sem falhas. E
por  aih  se  ve  que  os americanos que salvam o mundo dos russos nos
filmes,  nos  gibis  sao traficantes, pais irresponsaveis e assassinos
que  se  metem  no  governo  dos  outros  e  vendem armas aos proprios
inimigos.    Soa  familiar?  Serah  se  eh  porque  gibis  refletem  a
*realidade*  para  chamar  a atencao do leitor? Aposto que voce achava
que gibis sao para gente ingenua, escapista...

"Mas  os  personagens  sao  ficticios..."  Acha  que eu nao sei disso?
(Muuuito  reais  que  sao  os  personagens de filme...) Mas as emocoes
sentidas  por  eles...mais autenticas, impossivel; afinal, como eu jah
falei,  sao  escritos  por gente comum, como eu ou voce. E me responde
uma  coisa:  quando foi a ultima vez que voce conversou com seu cantor
ou  atriz  favoritos?  Voce  nao vai achar gente mais acessivel do que
profissionais   dos  quadrinhos,  que  disponibilizam  enderecos  para
contato, e ficarao felizes em receber criticas. E ainda por cima tem a
famosa "secao de cartas".

Voce eh dificil de satisfazer e acha que nao vai encontrar o que gosta
um  gibi?  Ainda acha que gibis sao simples? O que voce quer? Quer ver
algo perturbador? Em Hellspawn #1, um homem se masturba num cine porno
olhando  para  a  propria  filha que expulsou de casa anos antes. Quer
rir?  Que  tal  ver as aventuras do deus do azar apos ser despejado do
ceu por falta de adoradores tendo que viver como um terrestre comum em
'Vext'?  Quer  chorar? Que tal ver um boxeador ser assassinado por ter
se  recusado a entregar uma luta arranjada para ensinar ao unico filho
a  nunca  baixar  a  cabeca  para  a  vida em 'Daredevil'? Quer tramas
politicas?  Que  tal  ver politicos corruptos e ditadores numa teia de
intrigas  envolvendo  trafico  de armas e drogas em 'Captain America &
Punisher:  Blood  &  Glory'?  Quer temais atuais e polemicos como AIDS
(Hulk  #420),  preconceito  racial (Supergirl #23) e religioso (Batman
#551),  homossexualismo  ('Starman', 'Alpha Flight')? Esses sao apenas
exemplos, nao casos isolados.

Gibi  tem  de  tudo  um  pouco  para  todos os gostos. Drama, romance,
comedia,  acao... Me diga o que voce gosta e eu indico o gibi pra voce
na  hora.  Como  eu  sei que tem? *Nunca* subestime um gibi ou desenho
animado.  (Ainda  chego nesse topico!) Ainda nao se convenceu sobre os
'super'-herois?  Tudo  bem,  nao  sao  a sua unica opcao; Existe muito
material legal das chamadas editoras 'independentes' com personagens e
estilos   dos  mais  variados.  Ateh  mesmo  dentro  das  editoras  de
'super'-herois  existem  'estilos  literarios' variados. Veja por ai o
lirismo do 'Sandman'.

E  nao  eh soh dos EUA que sai gibi bom, nao: as melhores historias da
Disney  ainda  sao  as brasileiras, sabia? Gibis italianos e espanhois
geralmente  sao  excelentes.  E os japoneses...merecem um texto desses
dedicado exclusivamente a eles. "Mas os desenhos sao tao estranhos, ou
simplezinhos..."  Bom, voce acabou de descrever o que passa por "arte"
hoje em dia. Mas, voltemos ao quadrinhos. Os desenhistas tem de manter
uma media mensal de paginas, daih vem a *estilizacao*.

Posso?  Pois  bem:  estilizacao  eh  um  sinonimo  para abstracao, que
significa,  basicamente  retirar  e/ou alterar elementos de um desenho
para  melhor  expressar  a  mensagem  pretendida. Diminuir detalhes do
cenario   para  fazer  a  figura  principal  mais  proeminente,  criar
contrastes  de  claro-escuro,  acentuar  o  movimento  e as expressoes
faciais,  definir  um  estilo  que  funcione  como uma 'assinatura' do
artista.  Eu podia ficar o resto da semana citando exemplos de angulos
de  enquadramento  psicologicos, 'storytelling', ambientacao, fluxo de
movimento...mas  acho que basta dizer que assim como as palavras, cada
linha  num  desenho  de  um  gibi  tem  a  sua funcao planejada por um
profissional que sabe o que faz.

Nao  me  entendam  mal:  eu  nao  estou aqui para criticar ninguem, eu
tambem  gosto dos meus filmes, dos meus seriados, etc., soh que eu nao
vejo  ninguem se justificando por gostar do Spielberg ou da Madonna ou
de 'Friends', enquanto eu tenho que ficar aturando piadinhas e olhares
de  desaprovacao  e  escrevendo  esse  texto  na  tentativa de mudar a
opiniao de uma pessoa que seja e explicar minunciosamente porque gosto
tanto de quadrinhos.

Mas  se  esse  texto  jah mudou um pouco o seu preconceito contra essa
midia  tao  discriminada  como  os  quadrinhos...jah serviu pra alguma
coisa!

Bom, essa eh a *minha* opiniao. Posso estar errado.

Mas voce tambem.

Giancarlo Panizzutti Lima

"Stupid is not fighting. It's giving up."
Por Scott Lobdell, publicado em The Astonishing X-Men #2

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Última atualização em 7 de setembro de 2001
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