Que dia é hoje? Domingo, 04 de novembro de 2001. http://www.tresler.cjb.net Olá! Está é a edição número 29 do nosso fanzine eletrônico. Espero que você goste (ou não). Olha o que temos no menu de hoje: 1. Editorial (Daniel Wildt) 2. If i had my life to live over again (Ariadne Amantino - CARPE DIEM) 3. O último beijo da noite (Daniel Wildt - BORN TO BE WILDT) 4. Silêncio (Eduardo Seganfredo - DE NOVO, PÔ!) 5. Fly me to the moon (Vincent Kellers - LINHAS DE PENSAMENTO CAÓTICO & PARALELO) 6. Poesias (Marcelo Ferrari - O PLUS A MAIS DE HOJE) 7. CRÉDITOS FINAIS =========================================================================== ======================== EDITORIAL (Daniel Wildt) ========================= =========================================================================== Que feriadão! Espero que o de vocês tenha sido tão bom quanto o meu foi. Começou com um happy hour na quinta-feira com a galera que faz parte de um grupo de discussão do programa cafezinho (programa da rádio Pop Rock, aqui de Porto Alegre). A lista não tem nada a ver com a rádio (oficialmente), foi idealizada pelo Daniel Romani (vulgo Semáforo) e gera boas risadas diariamente. Links: http://www.poprock.com.br, http://groups.yahoo.com/group/cafezinho. E fica aqui (alguns já devem ter recebido essa dica por email e tal, mas vá lá): banda de punk rock, com um som muito legal. Estou falando da Atrack... tive a oportunidade ouvir neste final de semana uma fita demo desta banda. O Site, para quem quiser buscar mais informações: http://www.bandaatrack.cjb.net. Música da semana! Atrack - Histórias da vida in geral Atrack - Você não sabe Álbum da Semana! Atrack - Cansado de Tudo No Tresler de hoje: poesias, caminhadas na noite, silêncio, beijos, inseguranças e sexo. Daniel Wildt, mais faceiro que ganso novo em taipa de açude. =========================================================================== ====================== CARPE DIEM (Ariadne Amantino) ====================== =========================================================================== Hoje não temos texto da Ariadne. Só que eu vou aproveitar e colocar neste espaço uma poesia que ela me repassou uma vez, que me mostrou como eu era reprimido (ainda sou, mas com certeza eu era muito mais) e que serviu como um guia. Certo, tinha apenas 21 anos (hoje tenho 22 anos), mas acho que ninguém precisa esperar chegar ao fim da vida para se dar conta que estava indo ao ponto de poder dizer que este é o "meu poema", aquele que reflete sua vida. Então, se você se considerar reprimido depois de ler esta poesia, faça a sua revolução pessoal! -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- IF I HAD MY LIFE TO LIVE OVER AGAIN (by Nadine Stair) If I had my life to live over again, I'd try to make more mistakes next time. I would relax. I would limberup. I would be sillier than I have been this trip. I know of very few things I would take seriously. I would be crazier. I would be less hygienic. I would take more chances. I would take more trips. I would climb more mountains, swim more rivers, and watch more sunsets. I would burn more gasoline. I would eat more ice cream and fewer beans. I would have more actual problems and fewer imaginary ones. You see , I am one of those people who live prophylactically and sensibly and sanely. Hour after hour. Day by Day. Oh, I have had my moments, and if I had it to do over again, I'd have more of them. In fact, I'd having nothing else. Just moments, one right after another instead of living so many years ahead of each day. I have been one of those people who never go anywhere without a thermometer, a hot water bottle, a gargle, a rain coat, and a parachute. If I had it to do over again, I would go places and do things and travel lighter than I have. If I had my life to live over, I would start barefoot earlier in the spring and stay that way later in the fall. I would play hookey more often. I would ride more merry-go-rounds. I'd pick more dasies. -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- Daniel Wildt, mais faceiro que mosca em tampa de xarope =========================================================================== ===================== BORN TO BE WILDT (Daniel Wildt) ===================== =========================================================================== O ÚLTIMO BEIJO DA NOITE Após uma bela noite de festa, onde aliás conheci uma menina muito bonita, mas que não foi mais nada mais que um amor de noite, ou não? Do nada a voz dela apareceu no meio dos meus pensamentos, que estavam fazendo um balanço da festa: - Eu tenho que ir embora... Eu nem me lembrava que ela ainda estava ali. Claro, eu digo para a menina, que agora começa a se aproximar, para me beijar. Eu nunca sei o que dizer, peço o telefone dela ou deixo assim, simplesmente. E se eu estiver apaixonado e só me lembrar disso amanhã? E se eu pedir o telefone dela e ela não pedir o meu e eu nunca mais ligar e a menina ficar esperando minha ligação e eu não ligo e de repente ela resolve se matar por não ter anotado meu telefone e ela nem sabe meu sobrenome e ela começa a frequentar o bar todos os dias e noites esperando que eu apareça mas eu não, não volto mais ali, pois não gosto da marca de cerveja que eles vendem, fui ali apenas para usar um convite que tinha ganho de um amigo e tal. E se ela vira freira, por não acreditar mais no amor? Eu já pensei nisso algumas vezes, não, não em virar freira, pois teria o trabalho de fazer uma operação de troca de sexo antes, mas em virar padre por não acreditar mais no amor, sabe, afinal o amor por Deus e pela comunidade é um amor platônico e nisso eu sou craque! Minha última namorada reclamava que eu era um cara muito pacato e nem um pouco decidido, e ainda de quebra, inseguro e reprimido. Faltava "catarse", como eu tinha lido em um conto do Carlos Gerbase. Quando li o conto para ela, ela me disse que aquilo era verdade, mas ela não estava dando para o professor de grego. Era para o professor de português mesmo. E eu que tinha perguntado se era verdade que não tínhamos catarse, mesmo inseguro e reprimido, mandei ela para fora do meu apartamento, para sempre. Catarse pelo o que fala no dicionário, no sentido empregado no conto do Gerbase, é um método de tratamento que visa eliminar certos sintomas por meio da exteriorização, pelo paciente, de traumatismos recalcados. Mais uma vez eu estava presenciando a minha falta de catarse, afinal poderia ser cara de pau mesmo e perguntar para a menina em um tom irônico, para não parecer desesperado, quais eram as intenções dela por mim. Bem, e se ela quiser me ver novamente e eu impulsivamente dou meu telefone para ela e eu não estiver apaixonado amanhã? Onde vou inventar desculpas? Repetir todas que usei com a última guria que se apaixonou por mim, mas que não ficou nada contente depois de eu ter contato que tenho dores de cabeça repentinas e simplesmente mal consigo sair do local, e ainda sem considerar minhas crises de labirintite, que foram duas desculpas para desmarcar encontros com a menina, que fiquei depois da quinta dose de tequila. Depois de todo este raciocício consegui interromper o caminho dela em direção a minha boca e perguntei, para ganhar tempo na minha decisão: - Ah, você já vai embora? Onde você moraa? - Moro alguns quarteirões daqui. E você?? - Não muito longe também. Você está com suas amigas? - Não, estou indo sozinha. É que ainda ttenho que estudar para uma prova de física amanhã. - E seus pais não brigam de você ficar aacordada até tarde estudando? - Não ficam pois eles nem sabem disso. EEles não moram aqui na cidade. E aí me veio na cabeça o seguinte! Como as relações humanas estão furadas hoje em dia. A gente nem sabe com quem está ficando mais. Achou o rosto bonito, bunda legal, a gente está agarrando e apertando e puxando e quem sabe, se tiver sorte, comendo. Onde foi parar todo aquele papo da conquista, em que a gente ficava sabendo o que a pessoa faz na vida, com quem anda, como anda, com quem vive, principais gostos, sabe, aquela coisa de conhecer mesmo, antecedentes criminais e tal, saber se ela é amiga de alguma ex-namorada ou tem alguma relação. Namorar amiga de ex-namorada é furada, já aviso. Um amigo de um amigo meu falou que o primo dele tem um cunhado que conhece um vizinho que namorou uma menina que era amiga da ex-namorada desse cara e que uma ficava contando para a outra todas as cagadas dele. E também me veio o seguinte, junto com um sentimento de raiva, euforia e ansiedade: eu sei muito de física! E mais, se eu soubesse três horas atrás que Joana mora sozinha e que precisava de ajuda em física, agora eu estaria terminando de ajudá-la com os estudos e agora começando a tirar a roupa dela. - Olha, amanhã é sábado e eu não tenho nnada para fazer. Posso te ajudar nos estudos? - Nossa, não sei, acho que posso qquerer sua ajuda, assim podemos nos conhecer melhor. Conhecer melhor, meu Deus, eu estou louco para comer essa menina. Meu pau queria mostrar logo para ela o meu super método para aprender física! Queria colocar a lei da ação e reação em prática logo. Bom, vamos assegurar: - Então vamos que estamos perdendo tempoo de estudo! - Tudo bem, vamos pagar a conta então. - Vamos? Deixa que eu pago essa! Serei tteu anjo hoje. - Nossa, que meigo. Tudo bem, pega a minnha consumação então. E eu vos digo leitores, se você não pegou a menina no início da noite, nunca, mas nunca pague a consumação dela sem antes dar uma bela olhada se isso é possível. Era bom eu conseguir comer essa menina hoje, pois ela já fodeu com 50 reais meus. Todo caso, abri um sorriso e fui pagar as consumações. Chegamos na casa dela. Era um JK no centro da cidade, consegui ver no lado direito do apartamento, ao fundo, uma cama de casal, já arrumada e no lado esquerdo logo após passar pela porta, a mesa, possivelmente a mesa de estudos. Ela trouxe alguns livros e me disse que ia tirar os sapatos, pois estavam machucando os pés dela. Fiquei esperando e folheando o livro de física, relembrando dos ensinamentos recebidos no semestre anterior da faculdade. Neste tempo nem tinha notado que ela estava deitada sobre a cama, com um pijama de seda vermelha, de duas peças. Um short que ressaltava as coxas de uma forma tal que seria impossível levantar naquele momento, caso contrário ela saberia como eu estava feliz de estar ali. - Venha para cá! - Na cama? Você não prefere aqui na mesaa da sala? - Não, aqui tem mais luz! - Tudo bem. Usei o livro como escudo. Dirfarçadamente posicionei o livro nos países baixos e fui em direção a cama. Quando passei por uma divisória, pude ver a blusa do pijama melhor. Ela estava deitada de bruços na cama, e do local onde eu estava conseguia ver um dos peito dela, quase que por completo. Não queria sair dali de onde estava. Ela estava excitada, ou poderia ser o simples fato de que era uma noite fria e ela estava com pouca roupa. Estava lendo umas anotações em um caderno. Buscando atenção, chamei por Joana, que ao levantar o rosto, acabou mexendo os ombros e uma das alças da blusa acabou caido e com ela um dos peitos ficou à minha vista. Ela não se ajeitou. Deixou do jeito que estava a blusa. Eu tirei o livro da frente. Ela tirou a blusa. Eu tirei o caderno da cama e me coloquei no lugar dele. Ela não foi nada bem na prova de física, mas curti o último beijo daquela noite, que já tinha se feito dia, quando saí da casa de Joana, com um telefone que com certeza iria discar muitas vezes depois daquele dia. Daniel Wildt =========================================================================== ==================== DE NOVO, PÔ! (Eduardo Seganfredo) ==================== =========================================================================== SILÊNCIO O teu silêncio é como a lua minguante na minha alma, anunciando o findar da tua luz sobre meu coração e a inevitável maré vazante, que leva pra longe do meu alcance meus 7 mares de sonhos, em que tão suavemente navegavas. E o porto onde ancorávamos nossos afetos, parecia sorrir com nossa presença apaixonada e iluminava com seu antigo farol o horizonte do nosso amor. E as serenas ondas noturnas a acariciar o casco do nosso veleiro de romances, assemelhavam-se aos beijos úmidos pelo desejo do teu corpo cálido e sensual. E a branda brisa soprava pra longe das nossas vidas as amargas lembranças, e renovava a atmosfera de êxtase que envolvia nossa união. E o canto dos pássaros noturnos formava melodiosa música quando somado ao som afável da tua voz, que sussurrava em meus ouvidos gemidos e suspiros, fazendo fervilhar meu sangue. E a certeza da eternidade daqueles momentos surgia em minha mente sonhadora, enquanto meus braços envolviam teu ventre e minhas palavras acalentavam tua dor. E brilhavam as estrelas, esfuziantes a contemplar nossa áurea de desprendimento e venturas, como que maravilhadas em fazer parte do magnífico quadro de ternura que pintamos com nossas realizações. E hoje, olhando o que sobrou do nosso oceano de paixão, percebo a secura da minha alma e a saudade do meu coração, que perdeu-se pra sempre no teu peito naqueles momentos. E a lembrança do supremo semblante deste nosso inesquecível amor confunde o tempo da minha mente e me faz acreditar que um dia voltarás a cair nos meus braços e ressuscitar a fonte do meu viver. E quando lembro da doçura dos sonhos que não chegamos a sonhar juntos, e das velas que não chegamos a soprar, e dos cálices que nossos lábios não tocaram, e das músicas que não chegaram a embalar nosso amor, desabo no desespero da eterna dúvida: Por quê? Por quê? Por quê, Senhor, por que não permitiu que eu a amasse? Por quê? Por que não me deixou ver onde errei? Onde errei...? Onde...? E o meu olhar parado, sem ver o deserto que surgiu à frente, reflete a alma afogada no desgosto do não viver e pela impiedade do destino, enquanto tuas suaves palavras ecoam em mim, presas às minhas recordações eternas do que aprendi a chamar de amor. E a falta que me fez o teu amor permanece tão presente hoje quanto nos anos em que tão efemeramente desfrutei do gosto mavioso das tuas lânguidas carícias. E a ferida do meu peito continua aberta, propositalmente, negando-me o alívio do esquecimento e esperando em vão o toque mágico da cura que só teu corpo possui. Eduardo Seganfredo =========================================================================== ======== LINHAS DE PENSAMENTO CAÓTICO & PARALELO (Vincent Kellers) ======== =========================================================================== FLY ME TO THE MOON "Os anéis de pedra sorriam no chão como dentes quebrados ao luar." J. R. R. Tolkien Caminhei por algumas horas pelo centro da cidade; não caminhava a esmo, a noite já ia alta, e eu julgava que nenhum olhar me acompanhava. Ainda assim, de tempos em tempos eu lançava uma olhar desconfiado para cada sombra que eu deixava para trás. A resposta dos espectros era apenas uma espécie de risada, que ecoava por toda a rua, e morria na esquina seguinte. De fato, a cada esquina eu morria um pouco. Pessoas encolhidas, tentando se proteger dos açoites do vento não erguiam seus olhos quando eu passava, pois o olhar de muitos estava há tempos embotado pelo álcool. Com passos largos, rápidos e levemente assustados venci mais uma quadra. Ainda que não intencionalmente, tropecei em garrafas e chutei algumas latas de refrigerante, e não despertei a atenção de ninguém, exceto por um cachorro que bocejou amplamente e voltou ao seu sono. Ousei também eu levantar os olhos contra a noite e o vento, e pude divisar, não muito adiante uma mulher maltrapilha, que erguia-se ao lado de um poste de iluminação. Pensei que ela comia alguma coisa naquele momento, pois em gestos rápidos levava a mão à boca. À medida que chegava mais perto da tal mulher, pude perceber que ela levava na verdade o dedo indicador ao poste ao seu lado para então levá-lo à sua boca, lambendo vorazmente a ponta do dedo, tocando toda sua boca para então reiniciar o ritual. Quando me encontrava a cerca de cinco metros de distância da mulher, percebi que com um estremecimento ela interrompera seu ciclo. Rapidamente ela se virou, de olhar posto no chão. Diminuí o passo, e em seguida parei. Ela ergueu seu olhar lentamente, e com muito cuidado, com a voz trêmula, pela falta de uso ou pelo frio, disse, "- EU TIVE SORTE." Verdade. Vincent Kellers =========================================================================== ================= O PLUS A MAIS DE HOJE (Marcelo Ferrari) ================= =========================================================================== BORBULHANDO Borbulham em mim várias vozes diferentes Cores, cantos, constelações Encantos e ladrões Habitam em mim várias vezes ao dia Segmentos de reta, pontos Pessoas discretas Caçoam de mim e vão embora Como reflexos no espelho, lua minguante Sol que evapora -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- OUTRAS PESSOAS Uma pessoa observa outra Cria-se um observado moldado pela imaginação O outro é o outro do outro Escritores e fofoqueiros são peritos nisto Passam a maior parte do tempo acobertando verdades Ao invés de revelando-as -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- SE UM DIA VOCÊ NÃO ME RESPONDE Se um dia você não me responde morro desidratado Escorro entre os dedos pelado Se um dia você não me responde Me calo, encolho no canto Fujo pelo ralo Se um dia você não me responde Corro, borro o mundo do avesso Pago ao preço Se um dia você não me responde Mudo de casa Pulo debaixo do bonde Se um dia você não me responde -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- Marcelo Ferrari =========================================================================== ============================= CRÉDITOS FINAIS ============================= =========================================================================== Este fanzine maluco que você recebe por email todo domingão se chama Tresler. Um grupo de amigos escreve histórias para o seu deleite. Se você quiser entrar em contato conosco, visitar o nosso Site (você pode ler os números anteriores do nosso fanzine eletrônico), se cadastrar ou descadastrar, enfim, utilize os emails/urls no final da mensagem. Tresler Team: Ariadne Amantino (ariadnedbka@yahoo.com) Daniel Wildt (dwildt@oocities.com) Eduardo Seganfredo (edu.zu@ig.com.br) Vincent Kellers (vkellers@terra.com.br) Colaboradores da edição de hoje: Marcelo Ferrari (marceloferrari@ajato.com.br) Visite o Site do nosso e-zine (edições antigas e outras coisas mais!): http://www.tresler.cjb.net Para entrar em contato com o e-zine, mande um email para: treslerbr@yahoo.com.br Para receber o nosso e-zine mande um email para (DIVULGUE!): tresler-subscribe@yahoogroups.com Para não receber mais o e-zine, mande um email para: tresler-unsubscribe@yahoogroups.com