TRESLER
Que dia é hoje? Domingo, 18 de novembro de 2001.

                       http://www.tresler.cjb.net                          

Olá! Está é a edição número 31 do nosso fanzine eletrônico. Espero que você
goste (ou não). Olha o que temos no menu de hoje:

1. Editorial (Daniel Wildt)
2. Os austrionautas no Planeta Viena (Ariadne Amantino - CARPE DIEM) 
3. Um pouco sobre os gêneros literários (Daniel Wildt - BORN TO BE WILDT)
4. Revelações (Eduardo Seganfredo - DE NOVO, PÔ!)
5. > > >  p e r d e n d o   a   c a b e ç a  < < <   (Vincent   Kellers   -
   LINHAS DE PENSAMENTO CAÓTICO & PARALELO)
6. CRÉDITOS FINAIS

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======================== EDITORIAL (Daniel Wildt) =========================
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My  head  hurts.  É  um ciclo. É a gripe do verão. Depois de ter trabalhado
durante algumas semanas como um escravo. Na verdade sempre trabalho como um
escravo,  mas  nestas últimas semanas tive que ouvir e fazer coisas que não
deveriam  ser  feitas  nem  ouvidas.  E  bom,  com  o estresse em níveis já
alcançados  em  outras  ocasiões  (mas  nem  perto do meu limite), e com as
inúmeras responsabilidades que a minha vida me proporciona, fiquei gripado.
Claro que minha mãe tem certeza que eu fiquei doente porque saí de casa sem
ter colocado um casaco, depois de tomar banho quente. Tudo bem.

Futebol,  mulher  e rock and roll, meu deus como isso é bom! Pode crer, mas
bom também é sair com uns amigos que tu não saía há um bom tempo para tomar
cerveja  e  bater  um bom papo. Ou então ficar com febre na noite de sábado
para  domingo e ter uma enfermeira particular. Ou então acordar num domingo
de  sol  e  céu  azul como o de hoje, aqui em Porto Alegre, e gritar: *toca
chernobyl!!!*.  Não,  falando  sério, acordar num domingo de sol e céu azul
como  o de hoje e ficar olhando para as sombras no quintal, para as árvores
balançando,  enfim,  zen.  Para  quem não entendeu a piada, chernobyl é uma
música  dos  Replicantes  que  a  platéia ficava pedindo, em um festival de
bandas  que  o  Vincent  tocou.  Ah,  nenhuma banda tocou chernobyl naquela
noite.  Bom,  para finalizar isso, e já que estamos em época de pensamentos
nucleares, aí vai a letra da música:

Replicantes - Chernobyl

Chernobyl não foi suficiente
será preciso um acidente em angra
fazer acordos com argentina
gastar milhões em mais usinas

eu nao quero acordo nuclear
eu não quero acidente nuclear
eu não quero o lixo nuclear
eu não quero a bomba nuclear

velhos facistas só querem o poder
velhos facistas só sabem governar
velhos facistas gastam nosso dinheiro
velhos facistas vão nos matar


Música da semana!
The Commitments - Try a little tenderness

Álbum da Semana!
Shelter - Mantra

Riff da semana!
Aqui em é assim ó, essa música eu toco sempre que eu quero ficar sozinho. É
só começar a gritar esganiçado "Se eu uso a manga da camisa que é dobrada /
A  calça bag  vem rasgada  é porque  eu sou  fulêro / ...". Com  mãe e irmã
funciona.
Raimundos - Reggae do Manero
e|--3-3-3-3-3-3-3-5-3-5-2-2-0---------------|
B|-----------------------------3------------|
G|------------------------------------------|
D|------------------------------------------|
A|------------------------------------------|
E|------------------------------------------|

Criação de novas tendências, papo sobre controle de natalidade, informações
sobre como retirar manchas de tecidos diversos e declarações de pessoas que
fazem  coleção  de ursinhos de pelúcia, são coisas que você NÃO encontra no
Tresler de hoje.

Daniel Wildt

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====================== CARPE DIEM (Ariadne Amantino) ======================
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OS AUSTRIONAUTAS NO PLANETA VIENA

Infelizmente não posso pegar o crédito dessa palavra, que foi inventada por
um primo meu, muito bom inventor de palavras, tal como o pai dele. Ao falar
em  austrionautas,  entendo  que ele se referiu a nós aqui, numa mistura de
austríacos com internautas, pois ele usou essa palavra quando conversávamos
pelo  ICQ.  Mas há alguns dias, conversando e falando bobagens, descobrimos
um  novo significado para austrionautas, que resolvi compartilhar com vocês
aqui.

O  austrionauta  típico  é austríaco mesmo e não brasileiro com nós. Apesar
disso, nem todos os austríacos são austrionautas... Toda regra tem exceção,
vocês sabem disso. A principal característica do austrionauta, e que me fez
pensar  que  o  nome se encaixa muito bem para eles, é física... Ou melhor,
está  no  jeito  deles  se  vestirem.  Eles  usam  umas  jaquetas de nylon,
normalmente  cinza  metálico  ou outra cor metálica. Em alguns casos também
pode ser preta ou branca. Essa jaqueta pode ser curta ou ir até os pés, mas
o  principal  dela  é que é toda em gomos e parece roupa de astrounauta. Os
sapatos  também  fazem  parte da indumentária do austrionauta. Eles tem uma
sola  bastante  grossa,  que  pode  chegar a 5 cm ou mais, eu acredito. São
sapatões  (sem  sentido  figurado!) imensos, de bico redondo, que devem dar
alguns  quilos  a  mais  para carregar em cada perna. Eu sei que isso não é
típico  apenas  da  Áustria,  e  sim  de  toda  a Europa, mas como estou na
Áustria,   a  palavra  austrionauta  me  pareceu  muito  interessante  para
descrever o estilo deles.

Algumas  outras  características dos austrionautas, que não tem tanto a ver
com  o  nome,  mas que também são interessantes. A primeira delas: cabelos.
Fico  me  perguntando  se  eles não colocam mesmo o dedo na tomada antes de
sair de casa. Ou de repente é que a eletricidade estática é tanta, que eles
arrepiam  os  cabelos  por conta própria para caracterizar bem o fato e não
precisar se preocupar com o efeito causado pela eletricidade.

Além    disso,   o  austrionauta  é,  em  geral,  um  sujeito  extremamente
individualista  e pouco comunicativo. Com certeza, o fato de eu não falar a
língua deles dificulta a comunicação. Mas relatos de outras pessoas mostram
que, nem mesmo falando a língua deles, a comunicação é facilitada em alguns
casos.

Sobre  alguns  hábitos  típicos  do austrionauta. Eles comem comida doce no
almoço!!!!  Não,  eu não estou falando da sobremesa, estou falando do prato
principal.  Panqueca  doce,  pão  com  cobertura  de baunilha e por aí vai.
Sexta-feira  é  o dia típico para comida doce. À noite, os austrionautas se
reúnem  em  bares pequenos e extremamente bem vedados por causa do frio que
faz  no  inverno.  Nesses  locais  todos  fumam  e bebem muito e fica quase
impossível  respirar  por  causa do calor e da fumaça que se conservam ali.
Austrionauta fuma em qualquer lugar, seja aberto ou fechado. E fuma muito!

Talvez  não  seja  um  estilo  de  vida,  mas  é  uma  reunião  de  algumas
características    interessantes,  engraçadas,  intrigantes,  diferentes...
Características  que  pude  observar  em  muitos europeus e, principalmente
austríacos,  já  que  meu  campo de observação tem sido Viena. Com certeza,
isso  é  um  estereótipo,  e  nada do que escrevo aqui se aplica a todos os
europeus ou a todos os austríacos.

Agradecimentos:
Lê, valeu pela invenção do nome!!!
Di, valeu pela idéia do texto e pela ajuda nas características!!!

Ariadne Amantino

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===================== BORN TO BE WILDT (Daniel Wildt) =====================
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UM POUCO SOBRE OS GÊNEROS LITERÁRIOS

Esta  coluna  do  tresler  de hoje foi extraída do livro / baseada no livro
"Literatura  Brasileira  (das  origens  aos nossos dias)", do autor José de
Nicola.  Livro  da  Editora Scipione. A idéia hoje é falar sobre os gêneros
narrativos  (narrativas  em  prosa),  que tem como principais componentes o
conto, a novela e o romance.

Em  todos  os  tipos de gêneros narrativos citados acima temos situações da
vida  do  dia-a-dia, nada épico, tudo o que acontece pode estar acontecendo
com você também, neste momento, ou aconteceu no seu passado. No caso, épico
vem  do  grego "épos" que significa verso e ainda do "poieô", que significa
faço,  e  se refere à narrativa, em forma de versos, de um fato grandioso e
maravilhoso que interessa a um povo. A característica maior da poesia épica
é  a presença de um narrador falando do passado e o tema é, normalmente, um
episódio heróico da história de um povo.

Bom,  vamos  ao  que  interessa,  vou  falar  para  vocês sobre o que eu li
relacionado a crônica, conto, novela e romance:

Crônica:  Esta  palavra  deriva  do  grego  "crono", que significa tempo. O
importante  da  crônica  é  que ela busca mostrar ao leitor o que aconteceu
hoje,  com  relatos de fatos do cotidiano. Tá, mas e se eu comprar um livro
de  crônicas  do  Machado  de  Assis? Bom, eu tenho um livro de crônicas do
Machado  de  Assis  e quando eu leio o livro, tenho acesso ao que acontecia
naquela  época em que ele também escrevia para jornais. Segundo o que eu li
no  livro  do  Nicola,  desde  a  consolidação  da  imprensa,  a crônica se
caracterizou  como  uma  coluna  de  jornal  ou  revista,  onde se comentam
acontecimentos  do  dia-a-dia.  Ainda, segundo Antonio Candido, a crônica é
"filha do jornal e da era da máquina, onde tudo acaba tão depressa. Ela não
foi  feita  originariamente  para o livro, mas para essa publicação efêmera
que  se  compra  num dia e no dia seguinte é usada para embrulhar um par de
sapatos  ou  forrar  o chão da cozinha". Por estes motivos citados acima, a
crônica  foi  considerada como um "gênero menor" e se discute muito sobre a
fronteira  que  separa  o jornalismo da literatura (ou vice-versa). E aí eu
termino  com palavras de Eduardo Portella, que fala da principal virtude da
crônica,  em  vista  dessa  dúvida  se  ela  é jornalismo ou literatura: "A
estrutura  é  uma  desestrutura; a ambiguidade é a sua lei. A crônica tanto
pode  ser  um conto como um poema em prosa, um pequeno ensaio, como as três
coisas simultaneamente. Os gêneros literários não se excluem: incluem-se. O
que  interessa  é que a crônica, acusada injustamente como um desdobramento
marginal  ou  periférico do fazer literário, é o próprio fazer literário. E
quando  não  o  é,  não  é por causa dela, a crônica, mas por culpa dele, o
cronista.  Aquele  que se apega à notícia, que não é capaz de construir uma
existência  além  do  cotidiano,  este se perde no dia-a-dia e tem apenas a
vida efêmera do jornal. Os outros, esses transcendem e permanecem".

Conto: É a mais breve e simples narrativa, centrada em um episódio da vida.
Um  conto nada mais é do que um romance com um nível de síntese incrível. E
olha  só  esta  frase do crítico Alfredo Bosi, que fala mais ou menos isso,
sobre o carater múltiplo do conto, que "já desnorteou mais de um teórico da
literatura ansioso por encaixar a forma-conto no interior de um quadro fixo
de  gêneros.  Na  verdade,  se comparada à novela e ao romance, a narrativa
curta  condensa  e potencia no seu espaço todas as possibilidades de ação".
Ainda "o contista oferece uma amostra, através de um episódio, um flagrante
ou  um  instantâneo,  um momento singular e representativo. Procura obter a
unidade de impressão rapidamente, à custa da máxima concentração e economia
de meios", segundo o professor Afrânio Coutinho.

Novela: A principal distinção da novela para o gênero romance vem no número
de páginas, no caso da literatura brasileira, segundo fala Nicola. Eu li ou
ouvi  em algum lugar que uma novela tem em média 80 páginas e um romance já
busca  uma  média  de 120 ou mais páginas. Não sei se este dado está certo,
mas  acho  que bate com o que encontramos sobre autores brasileiros. Nicola
fala  sobre  algumas  diferenças qualitativas para a novela, com relação ao
romance:  o  narrador  tem  mais destaque como contador de um fato passado,
existe  uma maior valorização de um evento, a passagem de tempo mais rápida
e um corte mais limitado da vida.

Romance:  É  a narração de um fato imaginário, mas verossímil (que pode ser
ou  parece verdadeiro, possível), que representa quaisquer aspectos da vida
familiar  e  social do homem. Temos no romance um corte mais amplo da vida,
personagens e situações mais complexas, e a passagem do tempo mais lenta.

Bom,  isso  era o que eu queria passar para vocês hoje. Eu estou lendo este
livro  de  literatura,  vendo se aprendo alguma coisa hoje que o colégio me
fez  sentir terror ontem. Sabem de uma coisa que eu me pergunto? Todo mundo
que  faz cursinho adora, fala de todos professores, que são engraçados, que
eles  fazem  da  matéria  piadas  para  os alunos se deliciarem, que isso e
aquilo...  então,  por que os professores no colégio não são assim? Será só
por causa do salário?

Daniel Wildt

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==================== DE NOVO, PÔ! (Eduardo Seganfredo) ====================
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REVELAÇÕES

Tenho  que  confessar  uma coisa. Não sou uma pessoa normal. Eu ouço vozes.
Ouço  vozes  me dizendo o que fazer, reclamando coisas para mim, implorando
por  ajuda,  fazendo  previsões  de  um  futuro  devastador ou simplesmente
filosofando sobre a vida, como bêbados afogados em uma madrugada de uísque.

As  vezes  é  uma  voz  apenas.  Começa baixinho, como uma linha cruzada ao
longe.  Se  eu presto atenção, aumenta. As palavras vão ficando mais vivas.
Então  aparecem outras vozes. Tem casos que minha mente vira uma verdadeira
conferência.  Mas  quase sempre são apenas monólogos ou diálogos com poucos
personagens. Em geral as ordens predominam: - Faça isso, faça aquilo. Pense
sobre  isso,  pense  sobre  aquilo  -  bradam.  Então  eu penso que não faz
sentido,  que  não devo agir desta maneira, que não existe razão para isso,
que  é  loucura.  Mas  a  voz  é  perspicaz  e  inteligente.  Apela para as
sensações, para o ímpeto, como se me conhecesse nos pormenores do íntimo.

- Olhe  este sol! E este céu magnífico!  As pessoas na rua! Realmente  achas
que  tens  que  ir  trabalhar? - indaga-me como a desafiar meus princípios.
Respondo  em  pensamento  que  não há outra maneira; que preciso disso para
viver.

- Não! - retruca com petulância. - Deve  haver outro meio. Isso é  contrário
à  liberdade  que  Deus te deu. Tens a opção. - Penso em não sair de casa e
voltar para minha cama ou ir caminhar na praça. Vem o socorro:

- O  que é isso, meu amigo? Vais te tornnar o quê? Mais um desempregado?  Já
não chega os que estão aos milhares por aí? Não dê ouvidos a este derrotado
aí.

Entro  no carro ainda mais confuso. Concordo com os dois. Mas com os dois o
quê? Tento manter a calma ao mesmo tempo que me imagino tomando sol sentado
no banco que se insinua deleitoso pela janela do veículo.

As vozes continuam, agora sem a minha participação ativa:

- Derrotado?  Eu  faço  o  que  eu  querro!  É  preciso lutar! Se  revoltar,
encontrar  alternativas,  buscar o que se quer. Do contrário isso nunca vai
mudar. Ele sempre será um escravo desta sociedade desumana.

- Não  assim!  Ele  vai perder o empregoo. Não adianta fazer as coisas  para
piorar a situação. É assim pra todo mundo. Tem gente muito, muito pior.

- Ah,  é?  Olha pra ele! Tu acaso vês umm único pingo de felicidade na  alma
dele? Hein?

- Bom, ele pelo menos consegue rir das ccoisas e ainda não ...

- Ah claro! - interrompe com singular irronia a primeira voz.

- Isso mesmo! Vamos todos nos conformar  e ficar como estamos! Essa é a  sua
idéia,  certo?  Deixa tudo com está... As coisas estão melhorando ... Podia
ser  pior,  né? Ah, por favor! Realmente achas que algum dia algo vai mudar
sem  que ele tome uma atitude? Posso te chamar de Inocêncio ou preferes São
Asno?

Penso  em  dar  a  volta  no carro ou simplesmente seguir reto até acabar a
gasolina ou, melhor ainda, o asfalto.

- É preciso ter paciência. Não se pode qquerer tudo de uma só vez. As coisas
estão melhorando. Logo ele vai sair de férias!

- Ok.  Vou  chamá-lo de Inocêncio, entãoo. Você realmente é mais ingênuo  do
que  burro,  eu espero. Crê em tudo que lhe falam e acha que tudo vai ficar
bom e maravilhoso.

Em  determinados momentos eu me sinto incomodado com isso. Afinal é a minha
vida.  Deliberam  sobre  as  minhas  decisões  como  se  eu fosse apenas um
fantoche. Como se já não bastasse o governo nesse papel. Pensei em pedir um
aparte para intervir com um vigoroso basta.

- Chega com essa palhaçada, pessoal! - ddisse em voz alta, surpreendendo até
mesmo a mim. Mas de nada adiantou. Mais uma semelhança com o governo.

Dobro onde tenho que dobrar e continuo meu trajeto para o escritório.

- Muito bem! Assim é que se faz.

- Ora,  cale a boca, Inocêncio. - repreeendeu o colega continuando: -  Pense
bem,  meu  amigo.  Podes  ficar  lá, naquele mesmo banquinho que avistaste.
Podes ir até onde o carro agüentar se quiseres. Sentir a brisa da liberdade
roçando  a  tua  face...  Tomar sol, olhar o movimento nas ruas, caminhar a
esmo  pela  cidade, dormir sem preocupações na tua cama confortável, viajar
até  a praia para contemplar a imensidão do mar e admirar a obra do Senhor,
sentir  a  areia  sob  os  pés  descalços. Podes sair dessa vida oprimida e
deixar  o  escritório  inteiro  doido  atrás  de  você. Não precisa ser pra
sempre. Só hoje já está bom pra começar.

A  vista  do  carro  do chefe estacionado em frente ao escritório soma-se à
lábia num argumento uníssono. Passo reto pelo prédio.

- Enfim  uma decisão de macho! Que belezza! É isso aí, garoto! Vamos para  a
praia.  E  desliga logo esse celular. Não vamos precisar dele. - comemora a
astuciosa voz.

- Tu estás ficando louco?! - redargüi Innocêncio com urgência.

- Não  podes  fazer isso. Tem gente que  depende de ti pra trabalhar. E  pra
viver também. Cadê a tua responsabilidade, homem?

- Mandei-a  para  a P...! - grito em meiio a gargalhadas ao  mesmo tempo que
ajusto o volume do rádio. Tentativa vã de não escutar mais o Inocêncio.

- Não  podes  fazer isso. Sabes que é errrado. Vai ter conseqüências  ruins.
Podes  até  perder  o  emprego. Não vai ser bom para ninguém. E não adianta
responder  que  vai  ser  bom  pra  ti  porque não vai. - insiste, como que
antevendo minhas respostas.

- Pense bem. Não é tão ruim assim. - proossegue perserverante.

- Porque não é contigo. - retruco indignnado.

- Ora,  vamos. Chega de ser a vítima. Leembra do salário no final do  mês...
Tá  bom! Esquece essa parte. - corrige rapidamente a voz. - Mas vamos lá. É
importante,  tu  bem  sabes.  Pensa  no  pessoal lá. Vai ser um dia bom, eu
garanto.

Contrariado,  dobro  na primeira rua e retorno, já esperando a desaprovação
da voz mais rebelde.

- Que vergonha. Não se pode mesmo confiaar em você. Sempre recuando na  hora
'H'. - limita-se a dizer um tanto decepcionada.

Estaciono, pego o elevador e entro na sala.

- Atrasado  de  novo!  Isso  não pode maais ficar assim. - repreende-me  com
inquietação o chefe "amado".

Sento  a  minha  mesa  e abro a cortina para contemplar o magnífico dia que
abraça a cidade. Com uma ira incomum, mando o Inocêncio ao inferno e começo
a trabalhar.

E  assim  são  as  minhas  vozes.  Tantas  e  tão  confusas  na minha mente
aventureira que afinal sequer sei se o que fiz agora foi criar uma história
ou simplesmente transcrever um diálogo.

Eduardo Seganfredo

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======== LINHAS DE PENSAMENTO CAÓTICO & PARALELO (Vincent Kellers) ========
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> > >  p e r d e n d o   a   c a b e ç a  < < <

Então a feira do livro de porto alegre acabou. E aí? 
Que que você comprou de bom por lá? 
Ah, o livro da Marta Medeiros, do Mauro Borba e do Iotti?

Ah tá.

Vou ali na esquina buscar uma moto serra e já volto, tá?

< < < s é c s o > > >

- Ai meu deus, ai meu deus, o que é issoo? O QUE QUE É ISSO?

Era só um solo de contrabaixo

( ( ( l i n h a s   d e   p e n s a m e n t o ) ) )

[ [ [  c a ó t i c o ] ] ]
# # # daí eu tava pensando esse dias, puta merda, lo
      go após o atentado terrorista contra os Estados 
      Unidos em setembro passado, tudo quanto é panga
      ré resolveu comentar o ocorrido.  mesmo as pes
      soas mais sisudas daquelas com as quais não ma
      is convivo,  resolveram escrever txt's envergo
      nhados revoltados amedrontados sarados. mas, 
      destas pessoas, NENHUMA escreveu uma puta linha
      sobre os vietnamitas iraquianos japoneses  mor
      tos nas guerras promovidas pelos gringo.        # # #
      

[ [ [ p a r a l e l o ] ] ]
# # # estranho se acostumar com a idéia de que um po 
      vo precisa vingar uma tragédia através de outra 
      chacina. mais um capítulo da velha história: do
      is erros não fazem um acerto.                   # # #

< < < m u d a n d o   d e   i d é i a > > >

Chega.
Semana que vem tem mais.
Eu acho.
Mas antes, um presente. E umas ordens também pra vocês não 
ficarem mal acostumados.
  

 
  http://setiathome.berkeley.edu

  Baixem. Instalem. Façam alguma coisa de útil. Leiam Sagan

  http://www.lordoftherings.net

  Acessem. Baixem o trailer. Chorem.
  MAS LEIAM O LIVRO ANTES SENÃO EU ARRANCO AS PERNAS DE VO
  CES, PRECIOSOS


{ { { a g a i n s t   t h e   g r a i n } } }

Yours,

  Vincent Kellers

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============================= CRÉDITOS FINAIS =============================
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Última atualização em 31 de março de 2002
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