TRESLER
Que dia é hoje? Domingo, 31 de março de 2002.

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Olá! Está é a edição número 37 do nosso fanzine eletrônico. Espero que você
goste (ou não). Olha o que temos no menu de hoje:

1. Editorial (Daniel Wildt)
2. Como,  em  segundos  de  silêncio,  alguém  pode  achar que  é um cavalo
   (Ariadne Amantino - CARPE DIEM)
3. Poesias (Daniel Wildt - BORN TO BE WILDT)
4. Antes do fim do outono (Eduardo Seganfredo - DE NOVO, PÔ!)
6. O museu e sua função cultural (Almandrade - O PLUS A MAIS DE HOJE)
7. CRÉDITOS FINAIS

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======================== EDITORIAL (Daniel Wildt) =========================
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We're  alive!!!!  Sim,  estamos  vivos!  Depois de longas férias estamos de
volta!  Depois de muito trabalho precisamos voltar a colocar a grande caixa
para  funcionar  novamente!  Esta  é  uma edição tímida do Tresler, estamos
voltando devagar, de leve, ok? Então leiam e se divirtam!

Álbum da Semana!
Bad  Religion - The Process of Belief (é punk rock na veia, é ótimo!) 
Diana Krall - The Look of Love (é jazz!)

Riff da semana!
CPM22 - Tarde de Outubro (CPM22)
Riff 1 => vai no ritmo da música! (B | A | G# | F#)
  G|-4-------|
  D|-4-7-6-4-| 
  A|-2-7-6-4-| 
  E|---5-4-2-| 
Riff 2 => no refrão pula para este riff! (B | G# | A)
  G|-4------|
  D|-4--6-7-|
  A|-2--6-7-|
  E|----4-5-|

E então vamos lá! Boa leitura!

Daniel Wildt
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====================== CARPE DIEM (Ariadne Amantino) ======================
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COMO, EM SEGUNDOS DE SILÊNCIO, ALGUÉM PODE ACHAR QUE É UM CAVALO

- Eu acho que sou um cavalo!

Foi o que todo o mundo ouviu lá pelas tantas no meio do jantar.

- O que? Um cavalo, Erika? Como assim?  - Alguém perguntou.

Ela riu e respondeu:

- É que me senti influenciada pela visiita ao estábulo hoje à tarde.

O  jantar...  Não era nenhum grande jantar, mas também não era simplesmente
um  jantar  entre amigos. Estávamos jantando com o prefeito de Köflach. Não
surtiu  efeito? Köflach é uma cidade de mais ou menos quinze mil habitantes
no interior da Áustria, perto de Graz. O prefeito não é nenhum George Bush,
como  o  próprio  organizador  do  evento falou, mas como a prefeitura está
planejando  a  construção de um imenso complexo de águas termais na cidade,
um jantar com estagiários de vários países era bastante interessante, mesmo
que fôssemos só meia dúzia de três ou quatro.

Até  onde  pude entender, a idéia do jantar surgiu numa tentativa de unir o
útil  ao  agradável. O prefeito queria divulgar seu projeto para dezenas de
estrangeiros,  e  nós íamos nos divertir num jantar importante. Com os mais
de quarenta estrangeiros fazendo estágio através da Aiesec na Áustria hoje,
a Aiesec de Graz esperava, pelo menos, metade disso para o fim de semana em
Köflach,  o  que  não  foi bem verdade. Entre os quatorze participantes que
saborearam  um  menu  austríaco na presença do ilustre prefeito de Köflach,
apenas cinco eram estrangeiros. Os outros, amigos que vieram fazer número.

Mas por que a Erika estava achando que é um cavalo, acredito que o prefeito
não tinha a menor idéia.

Tínhamos  passado  o  dia conhecendo alguns pontos turísticos. Entre eles o
estábulo  onde são criados os cavalos Lipizzaner, que depois vêm para Viena
fazer  apresentações  na Escola de Equitação Espanhola. Talvez isso tivesse
infuenciando mesmo nossa amiga.

A  verdade  é  que  ela  deu  azar!  Cada  grupo  conversava sobre assuntos
diferentes.  No  nosso,  falávamos  sobre  signos, horóscopos. No horóscopo
chinês,  quem  sabia  foi  dizendo  seu signo. A Erika não tinha certeza do
dela.  Casualmente,  fez-se  um  curto silêncio na sala, daqueles que duram
alguns  segundos enquanto todos tomam fôlego ou pensam no que dizer. Foi aí
que a Erika expressou sua dúvida quanto ao seu signo no horóscopo chinês:

- Eu acho que sou um cavalo!

Ariadne Amantino

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===================== BORN TO BE WILDT (Daniel Wildt) =====================
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VENTO DE VELA

A luz das velas
Combina com o luar
O que pode me acontecer
Ninguém vai falar

Simplesmente porque não se sabe
Se amor é ódio
Ou certeza de paixão

Se é silêncio gritante 
Ou grito surdo de afeição e carinho
Se é dor que arde em ferida que não se vê
Se é foice que abre caminho para a família
Ou se é atestado de monotonia

O amor não sei se é bom como sexo
Ou ruim como papo de chato
Se alegra a pessoa como palhaço de circo
Ou se entristece como parente próximo em leito de morte

Ninguém pode falar
Simplesmente porque não se sabe
Para onde os ventos que mexem com a chama
Irão soprar amanhã

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TROCADILHO

Quem trai a sorte
Chama pela morte
Quem pensa em vida
No leito de morte
Tem no fim da vida
A sorte de não pensar na morte

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Daniel Wildt

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==================== DE NOVO, PÔ! (Eduardo Seganfredo) ====================
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ANTES DO FIM DO OUTONO

Naquela  época  as estações tinham cheiro diferente. Não era como hoje, que
todo  aroma  vem  com  um  ar  carregado,  sulfuroso. A cada rara brisa que
teimosa  ainda  sopra  o  ar  pesado  pra longe eu me recordo das trocas de
estações.  De  todas,  a  que  mais me aprazia chegava quando um turbulento
verão lentamente dava lugar a algum outono. De repente, como que num imenso
teatro  azul,  o  céu  recebia em seu palco todas as nuvens mais densas e a
noite  chegava  mais  cedo,  despejando  lágrimas de uma despedida iminente
sobre    a   platéia  atenta.  E  o  calor  ia  aos  poucos  se  retirando,
silenciosamente   prometendo  voltar  em  visitas  freqüentes  pelos  meses
seguintes, para só depois se retirar definitivamente.

Se  eu  ainda  fosse  de  alguma forma idealista, ou se ainda fosse jovem e
sonhador,  certamente  a  melancolia dessas lembranças me molhariam a face.
Mas  assim  como  tudo  o  mais que se foi, também se foram minhas emoções,
extintas como a pureza dos rios. Hoje o mundo não é mais do que uma máquina
insana,  trabalhando  para  o progresso não sei de quem. É tudo imensamente
mecânico  e  muito  mais próximo da lógica das máquinas que da natureza dos
homens.  Mas ainda acho que o que mais me faz falta não são os sentimentos,
e sim as mudanças de ares... A troca das estações...

Era  como se Vivaldi encantasse tudo o que havia, fazendo com que a melodia
envolvesse  de  forma  mística  as forças da natureza, que com sua harmonia
peculiar orquestravam as mudanças da atmosfera e de tudo que nela habitava.
Mas  era  a chegada do outono que me fascinava de verdade. Quando as chuvas
grossas  duravam  mais  que algumas horas e a temperatura abaixava-se, como
que  em  uma  reverência  respeitosa, sabia-se da sua chegada. O ar parado,
quente,    abafado,  cedia  espaço  a  pequenas  brisas  brincalhonas,  que
arrastavam  folhas  e  pequenos objetos em revoadas marotas pelas calçadas,
desenhando  redemoinhos  nas  esquinas.  Era  como se o vento se divertisse
correndo  como  um  moleque,  deixando  um  rastro de travessura e aroma de
mudança  na  atmosfera.  E  aos poucos esse moleque daria lugar a um senhor
severo, bucólico, cisudo: o inverno.

Mas o inverno não me atraía muito. Era do outono que eu gostava de verdade.
Naqueles  tempos  havia muitas árvores, muitos pássaros, muito verde. E era
no outono que as árvores se despiam de suas roupas antigas, cobrindo o chão
de  folhas, esperando que o inverno as trouxesse roupas novas e a primavera
os  costumeiros  enfeites e adornos. E era no outono que os vinhos pareciam
mais  saborosos  e as moças mais aconchegantes, temerosas em perder o calor
do verão. Hoje em dia nem o tempo nem as mulheres parecem mudar.

E  eu  não  sei dizer quando foi que as coisas mudaram tanto a ponto de não
mais  mudarem.  Não  me  lembro quando o verão deixou de seguir a primavera
para  tornarem-se  uma  coisa  só junto com as outras estações, inclusive o
outono.  Não sei quando os peixes morreram, quando os pássaros escassearam,
quando  o ar pesou. Quando foi a última vez que vi um animal silvestre? Não
lembro... Faz muito tempo... Acho que foi no outono de 2002. Sei que era um
entardecer  daqueles em que o céu mudava de cor a cada minuto. Foi a raposa
mais  linda  que  já  vi.  E  acho  que não saberia descrevê-la não fosse o
contraste  do  céu  naturalmente alaranjado pelo pôr-do-sol. Era um laranja
bem  diferente deste laranja químico do céu de hoje. Naquela época sabia-se
o que era crepúsculo. E os de outono eram os mais belos...

Eduardo Seganfredo

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==================== O PLUS A MAIS DE HOJE (Almandrade) ===================
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O MUSEU E SUA FUNÇÃO CULTURAL

O homem está sempre preocupado em preservar sua história e sua memória. Ele
tem  acesso ao seu passado através de relatos ou depoimentos de testemunhas
oculares, documentos, textos, etc. Ou quando se defronta com as imagens que
habitam  um  museu.  Com  isso, não quero dizer que o museu é um caminho em
direção  ao  passado,  ele  é um lugar de possíveis diálogos entre passado,
presente e futuro. Um abrigo do velho e do novo. Mas do que uma instituição
destinada   às  festinhas  de  vernissagens,  ele  tem  um  papel  cultural
importante,  além, abrigar os registros do tempo, é um veículo a serviço do
conhecimento  e  da  informação  que  contribui  para  o desenvolvimento da
sociedade.

Desde  quando  a política e a economia reservaram à cultura um espaço quase
que  insignificante,  dentro  das  prioridades  da  vida urbana, interesses
alheios  comprometeram o funcionamento das instituições culturais. A cidade
precisa    de   tecnologias,   partidos   políticos,  técnicos,  políticos,
empresários,  especialistas,  etc.,  mas  acima  de  tudo,  precisa  de uma
tradição  cultural  e  do  exercício  da  cidadania,  para  que ela própria
signifique.  Um  museu  guarda  mais  do  que obras e objetos de valor e de
prestígio  social,  uma  situação,  um  fragmento  da história, portanto um
problema  cultural.  Tudo  que nele é exibido deve ter um compromisso com o
conhecimento,  a  memória  e  a  reflexão.  Sua programação não deveria ser
decidida  por  patrocinadores  que  tem como objetivo final vender produtos
muitas  vezes  até  desnecessários  e  circular  uma  imagem  de  que  está
contribuindo para o “desenvolvimento cultural”.

Um  museu  deve  ser  um  centro  de informação e reflexão, onde o homem se
reencontra  com o belo, a história e a memória. Mas sem um projeto cultural
que valorize seu próprio acervo e o que nele é exposto, sem deixar que eles
se  transformem  em suportes para marcas publicitárias, o museu é apenas um
lugar  que  atrai olhares dispersos, sem interesses culturais. Sem recursos
financeiros e depois que a responsabilidade cultural foi transferida para a
iniciativa  privada,  os  museus  vem  se  transformando em instituições de
entretenimentos  para  atrair  um  grande  público  consumidor da marca que
patrocinou os seus eventos.

Almandrade

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============================= CRÉDITOS FINAIS =============================
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Este  fanzine  maluco  que  você  recebe  por  email todo domingão se chama
Tresler.  Um  grupo de amigos escreve histórias para o seu deleite. Se você
quiser  entrar  em  contato conosco, visitar o nosso Site (você pode ler os
números    anteriores   do  nosso  fanzine  eletrônico),  se  cadastrar  ou
descadastrar, enfim, utilize os emails/urls no final da mensagem.

Tresler Team:
  Ariadne Amantino (ariadnedbka@yahoo.com)
  Daniel Wildt (dwildt@oocities.com)
  Eduardo Seganfredo (edu.zu@ig.com.br)
  Vincent Kellers (vkellers@terra.com.br)
Colaborador da edição de hoje:
  Almandrade (almandrade_x@ig.com.br)
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Última atualização em 11 de abril de 2002
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