literatura

Se eu fosse mulher...  

Pararia os carros da avenida Paulista

Sambaria, dançaria!

Eu ia sacudir bem as cadeiras...

Ser a rainha da bateria infinita de carros

ao som das buzinas e vozes!

Ia sorrir, mostrar minhas mãos marcadas

meus peitos grandes e fartos eu balançaria

as marcas das bocas dos meus filhos...

Minhas pernas fortes e torneadas de tanto caminhar,

andar muito a pé mesmo, encantariam

os passantes e passistas da passarela.

Ah! Se eu fosse mulher...

Aqui mesmo na avenida Paulista faria

uma revolução!

Fora Scheilas! Bela sou eu...

Gostosa sou eu... Mulherainha do lar e da minha vida!

Desligaria a TV pra sempre.

E continuaria sambando, nua, pelo escritório a fora, pela casa da madame, na minha loja

no shopping ou na sala de aula.

Ah! Mulher... Por que não samba assim?

Samba só pra você. Esqueça os jurados e sai sambando,

dançando firme com seus pés no chão.

E arrasta a multidão, atrás de você...

(08/03/2004)

voltar para literatura

 


Todos os direitos reservados para ANDERSON VITORINO, 2004.