ANGOLA
DADOS GERAIS
Nome oficial: República de Angola
Capital: Luanda
Nacionalidade: angolana
Idioma: português (oficial), línguas regionais (principais:
umbundo, quimbundo, quicongo, ovimbundo, bacongo)
Religião: cristianismo 70,1% (católicos, protestantes),
religiões tribais 29,9% (1995)
Moeda: kuanza reajustável
Cotação para 1 US$: 289.024,00 (jul./1998)
GEOGRAFIA
Localização: sudoeste da África
Características: litoral retilíneo limitado por uma ilha de
montanhas paralelas à costa, planalto com 1.000 metros de
altitude (maior parte)
Clima: tropical (maior parte), árido tropical (O)
Área: 1.246.700 km²
População: 12 milhões (1998)
Composição étnica: grupos étnicos autóctones 99% (ovimbundus
37%, umbundus 25%, congos 13%, luimbés 5%, imbés nianecas 5%,
outros 14%), europeus ibéricos 1% (1996)
Cidades principais: Luanda (2.081.000) (1988); Huambo (203.000),
Benguela (155.000), Lobito (150.000) (1983); Lubango (105.000)
(1984)
GOVERNO República presidencialista.
Divisão administrativa: 18 províncias.
Chefe de Estado e de governo: presidente José Eduardo dos Santos
(MPLA) (desde 1979, eleito em 1992).
Principais partidos: Movimento Popular de Libertação de Angola
(MPLA), União Nacional para a Independência Total de Angola
(Unita).
Legislativo: unicameral Assembléia Nacional, com 223
membros eleitos por voto direto para mandato de 4 anos.
Constituição em vigor: 1975.
ECONOMIA
Agricultura: café (5,3 mil t), cana-de-açúcar (290 mil t),
mandioca (2,3 milhões de t), banana (295 mil t), milho (369,5
mil t), batata doce (190 mil t) (1997)
Pecuária: bovinos (3,55 milhões), suínos (830 mil), ovinos
(250 mil), caprinos (1,5 milhão), aves (6,5 milhões) (1997)
Pesca: 80,7 mil t (1995)
Mineração: diamante (2,5 milhões de quilates), petróleo
(259,15 milhões de barris) (1996)
Indústria: extração e refino de petróleo
Parceiros comerciais: Portugal, Alemanha, Holanda (Países
Baixos), EUA, França, Reino Unido
SOBRE O NOSSO PAÍS
Situado no sudoeste da África, praticamente 60% do território
de Angola é formado por um planalto coberto de savanas. O nosso
país é um dos mais ricos da região. Aproximadamente 80% da
economia é informal e prevalece o comércio de rua. Desde o fim
do colonialismo português, Angola é devastada por uma guerra
civil que já matou 1 milhão de pessoas e continua fazendo
vítimas. Estradas e ferrovias estão destruídas, e a terra não
pode ser cultivada por causa das minas terrestres (mais de 12
milhões, segundo estimativas da ONU e da Cruz Vermelha), que
matam e mutilam. Várias tentativas de pacificação foram
feitas, mas nenhum acordo garantiu a paz.
FATOS HISTÓRICOS Até o contato com os portugueses no
século XV, a região é habitada por tribos que praticam
agricultura itinerante, criam animais e pagam tributos ao Reino
do Congo. A colonização portuguesa funda cidades, como Luanda,
em 1576, e Benguela, em 1617, que servem de base para o comércio
de escravos. Entre os séculos XVI e XIX, em torno de 3 milhões
de angolanos são enviados como escravos para o Brasil.
Explorando rivalidades tribais, os portugueses expandem seus
domínios. As fronteiras oficiais são estabelecidas na
Conferência de Berlim (1884-1885), que define a partilha da
África entre potências européias.
Luta anticolonialA intransigência do colonialismo
português na manutenção das províncias ultramarinas desperta,
a partir de 1961, conflitos armados organizados pela União dos
Povos Angolanos (UPA). A luta anticolonial divide-se em três
grupos que refletem diferenças étnicas e ideológicas: o
Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), multirracial
e marxista pró-URSS, com predomínio da etnia quimbundo; a
Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA),
anticomunista, sustentada pelos EUA e pela República
Democrática do Congo (ex-Zaire), com base na etnia bacongo
(norte do país); e a União Nacional para a Independência Total
de Angola (Unita), com forte presença da etnia ovimbundo (centro
e sul), inicialmente de orientação maoísta, que depois se
torna anticomunista e recebe o apoio do regime sul-africano do
apartheid.
Independência A rivalidade entre os três movimentos de
libertação degenera-se em confronto armado a partir de abril de
1974, quando o governo instalado em Portugal após a Revolução
dos Cravos anuncia o plano de descolonização de Angola. O
Tratado de Alvor, firmado em janeiro de 1975 entre Lisboa e os
três grupos, prevê um governo de transição. O fracasso do
acordo resulta em uma sangrenta guerra civil entre as facções,
que recebem apoio estrangeiro. A maioria dos 350 mil brancos
angolanos emigra para a África do Sul, Portugal e Brasil. Em
outubro de 1975, tropas sul-africanas combatem ao lado da Unita
em um ataque contra Luanda. Soldados cubanos auxiliam o MPLA, que
mantém o domínio sobre a capital. Em 11 de novembro de 1975,
Portugal sai formalmente de Angola sem reconhecer nenhum dos
grupos como governo. Agostinho Neto, líder do MPLA, é
proclamado presidente da República Popular de Angola, de regime
socialista. O Brasil é o primeiro país a reconhecer o novo
Estado independente.
Eleições e impasse A FNLA dissolve-se no final dos anos
70, mas a Unita mantém sua guerrilha com o apoio da África do
Sul e, agora, dos EUA. Com a morte de Agostinho Neto, em 1979,
José Eduardo dos Santos, também do MPLA, assume a Presidência.
A guerra civil continua e, em 1988, um acordo entre Angola, Cuba
e África do Sul define a retirada cubana da região, que se
completa em maio de 1991. No mesmo mês, o governo do MPLA e a
guerrilha da Unita assinam acordo de paz e convocam eleições,
realizadas em setembro de 1992 na presença de observadores
internacionais, que reconhecem a vitória legítima do MPLA.
José Eduardo dos Santos é confirmado presidente. Jonas Savimbi,
líder da Unita, não aceita a derrota e recomeça a guerra
civil. Os combates devastam o país e desorganizam a vida
nacional. Os EUA reconhecem o governo angolano e retiram o apoio
à Unita, que controla parte do território.
Acordo de Lusaka Em 1994, MPLA e Unita assinam novo acordo
de paz, em Lusaka, Zâmbia. Ele determina a desmobilização de
tropas, a formação de um governo de união nacional pelos
grupos em conflito e a integração da guerrilha da Unita a um
Exército nacional unificado, entre outras condições. Para
monitorar o cumprimento do acordo e ajudar na transição, o
Conselho de Segurança da ONU cria a Missão de Observação do
Processo de Paz, com 7 mil soldados de seis países, entre eles
aproximadamente 1,2 mil brasileiros. O mandato da missão é
renovado em 1996 em virtude do atraso no desarmamento da Unita.
Em abril de 1996, o governo chega a um acordo de paz com os
separatistas da Frente para a Liberação de Cabinda (norte),
província rica em petróleo. Em junho, a ONU confirma que 50.165
soldados da Unita (81%) haviam entregado suas armas e que
completara a desmobilização da Polícia de Força Rápida, do
MPLA. O governo de união nacional toma posse em abril de 1997,
mas Savimbi, que deveria assumir como vice-presidente, permanece
com seus homens no interior e se recusa a entregar o controle das
áreas minerais mais lucrativas na exploração de diamantes.
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Tropas da ONU Dois militares brasileiros que integram as
forças de paz da ONU são atingidos numa emboscada quando
escoltavam um comboio de caminhões que transportava civis em
maio de 1997: o cabo-fuzileiro naval Aladarte Cândido dos Santos
morre e o cabo do Exército Samuel Sobrinho Correia fica ferido.
Em agosto termina oficialmente a participação das Forças
Armadas brasileiras na missão da ONU em Angola. A Unita recusa a
proposta de liberar áreas sob seu controle e de integrar o
governo de união nacional. Em outubro, a Unita se retira da mina
de diamantes de Luzamba (leste), uma das principais, mas mantém
o controle sobre outras áreas.
Em março de 1998, Jonas Savimbi anuncia a desmobilização total
das forças da Unita. O governo legaliza a organização como
partido político, mas Savimbi o acusa de não ter desarmado a
população civil de Luanda, o que o impediria de retornar com
segurança à capital. Em abril, a ONU reconhece que tropas da
Unita continuam em atividade no interior e decide manter no
país, até setembro, cerca de 700 soldados das forças
internacionais de paz. Massacres de civis em aldeias no norte de
Angola, em julho e agosto, acirram os ânimos entre o governo e a
Unita, que nega a autoria dos ataques. Em setembro, os
representantes da Unita no governo e na Assembléia Nacional são
suspensos pelas autoridades angolanas até que a organização
cumpra todos os termos do acordo de paz.