O ARQUIVO DA FAMÍLIA

VASCONCELOS

de VILA DO CONDE

Notas de

J.P. de Castro e Mello Trovisqueira

O Arquivo dos Vasconcelos de Vila do Conde é, na realidade, um conjunto de documentos de várias famílias que, sucessivos casamentos, ao longo de quatro séculos , fundiram num único núcleo. Os mais antigos datam, de facto, do final do século XVI e todos eles (cerca de 2000) resistiram razoavelmente ao tempo e à incúria dos homens. A grande maioria está bem conservada, talvez por que em sucessivas gerações ter havido sempre alguém que os acarinhou e, mais do que isso, os leu (ou decifrou) e, em alguns casos, os enriqueceu com observações inestimáveis para a sua correcta interpretação.

Constitui este acervo uma fonte preciosa de informações sobre a nossa ascendência, pois além de provar nomes e datas, nos deixa adivinhar algo da personalidade desses antepassados e muito especialmente do seu modo de vida, fortunas e vicissitudes, o que torna interessante aquilo que, de outra forma, não passaria de uma enfadonha lista de nomes e de datas.

Geograficamente falando, quase todos estes documentos (exceptuando os emanados da Corte) foram emitidos na província então conhecida como Entre-Douro e Minho, onde, indiscutivelmente, se situam as raizes da nossa gente. Um triângulo com os vértices em Arcos de Valdevez, Vila do Conde e Guimarães , poderia servir como referência para a área coberta pelo referido espólio.

Quanto ao conteúdo, não se afastará muito daquilo que se poderia prever: Testamentos, Instrumentos de Dote para Casamento, Cartas de Partilha, Compra e Venda de Propriedades, Demandas Judiciais, Requerimentos, Instrumentos de Justificação de Nobreza, Breves de Oratório, etc. Mas também Tombos de Propriedades, Partilhas e Direitos de Águas, Livros de apontamentos (alguns curiosíssimos), Rol de Caseiros e Criados e outras anotações diversas que revelam factos importantes para quem os procurar.

Do conjunto, podemos ainda salientar:

* A Carta de Brazão, iluminada em pergaminho, concedida em 1799 a Francisco de Vasconcelos
Monteiro de Lima.

* Os alvarás das mercês que lhe foram concedidas

* Os alvarás de concessão do foro de Cavaleiro-Fidalgo e das condecorações de seu filho João
de Vasconcelos Sousa Castro Lima e Melo.

* Os Breves do Oratório da Casa dos Vasconcelos, em Vila do Conde.

* A Genealogia do Revº João de Araújo Costa e Melo, Abade de Proselo, escrita por ele próprio,
e amplamente documentada com pública-formas de documentos antigos. E muitos outros papéis deste presbítero, que foi um notável genealogista.

* O espólio documental do Capitão Luís Gonçalves de Loureiro, fundador (1634) do Morgado de Azurara e, igualmente, o dos seus sucessores (Monteiros de Azurara)

* Ampla documentação sobre o Paço Sequeiros, Gondufe e sobre a casa de Caldas

* Outros documentos que, embora estranhos à Família, entraram no Arquivo por herança ou casamento. Notamos, entre estes, os da Casa dos Carneiros Pizarro, de Vila do Conde, e os de Alexandre José Botelho de Vasconcelos, de Santa Maria de Silvares.

* Proclamações, cartazes e panfletos das guerras entre liberais e absolutistas.

Com a morte de Francisco de Vasconcelos Sousa Castro e Melo o núcleo referido foi dividido pelos seus dois herdeiros varões, Francisco e João (O Escritor D. João de Castro) e, hoje, cada uma dessas partes está na posse de netos destes dois sucessores -- que, aliás, têm comum acesso à totalidade do Arquivo.

Para além dos documentos escritos, há ainda retratos-miniatura pintadas em lâminas de osso e outros objectos , como o espadim de Cavaleiro-Fidalgo de Francisco de Vasconcelos.

Parece interessante notar aqui o nome de algumas figuras que, no passado, dedicaram especial atenção à conservação e organização do arquivo:

-- O Padre Luís de Sousa Rebelo, Senhor do Paço de Sequeiros (1674-1748);

-- o Abade de Proselo (Sec. XVIII), acima mencionado;

-- o Padre António José Gomes, Capelão da Casa dos Vasconcelos;

-- o Escritor D. João de Castro (1871-1955) que, além disso, deixou amplas notas manuscritas sobre a genealogia dos diferentes ramos da família.

Os documentos mais importantes - ou interessantes - foram objecto, nos últimos anos, de leitura paleográfica, e foram transcritos e digitalizados para os salvaguardar e proporcionar um fácil acesso a outros membros da família, neles interessados.

Oeiras, Setembro de 2000.

   ANTECEDENTES  FRANCISCO DE VASCONCELOS   DONA HELENA DE SOUSA  
 GERAÇÕES CASAS E SOLARES  AUTORES E OBRAS

Vasconcelos de Vila do Conde


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