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Maria Fernanda Cândido

Atriz - Agosto 2000

A hora da estrela voltar a brilhar

[Fonte - TV Press]

Maria Fernanda Cândido respirou aliviada quando terminou de gravar "Terra Nostra". Atordoada com o sucesso de Paola, ela só pensava em tirar férias e rever a família em São Paulo. Quando menos esperava, recebeu um convite do diretor Jayme Monjardim para interpretar Isa Galvão em "Aquarela do Brasil". Mesmo inclinada a não desgastar a imagem, resolveu voltar ao batente. Para ela, o papel da moça que sonha em cantar na Rádio Nacional é uma boa oportunidade para questionar a tese dos 15 minutos de fama, idealizada pelo artista plástico Andy Warhol. "Não esperava que meu sucesso fosse instantâneo. Quero fazer o possível para torná-lo duradouro", ambiciona.

De fato, o ano 2000 não poderia ter sido mais generoso para essa bela paranaense de olhos azuis e lábios convidativos. Em "Terra Nostra", ela conseguiu a proeza de ofuscar o brilho de outra estrela igualmente cintilante, Ana Paula Arósio. Em seguida, foi eleita a musa do século através de um concurso promovido pelo "Fantástico". Como já era de esperar, Maria Fernanda Cândido passou a ser disputada por agências de publicidade, organizadores de eventos e, principalmente, editores de revistas masculinas. No entanto, o mais novo fetiche brasileiro não quer nem ouvir falar em posar nua. "Não topei e nunca vou topar. Posar nua está totalmente fora dos meus planos", garante.

Por enquanto, as atenções da atriz estão voltadas para "Aquarela do Brasil". Para estar bem afinada com a personagem, Maria Fernanda decidiu unir o útil ao agradável. O útil fica por conta das aulas diárias de impostação de voz, expressão corporal e História da Música Popular Brasileira. Já o agradável diz respeito à necessidade de ouvir os grandes compositores dos anos 40, a época de ouro da Rádio Nacional, como Ary Barroso e Pixinguinha. Aos 26 anos, Maria Fernanda procura manter um olhar crítico sobre o trabalho e, principalmente, não se dar por satisfeita. "A minha filosofia é a de continuar dando o melhor de mim. Só não dá para achar que vou virar uma exímia cantora em um curto espaço de tempo", ressalva.

P - Você não ficou receosa de emendar um trabalho no outro?

R - É claro que fiquei, mas o que eu podia fazer? Não podia recusar um convite do Jayme. O ideal seria que um trabalho não fosse tão perto do outro. Mesmo assim, estou feliz por tê-lo aceito. Além disso, um papel desses não é todo dia que aparece e não podia simplesmente recusá-lo. Continuo naquela filosofia de fazer o melhor possível. Desde que terminei de gravar "Terra Nostra", não tive tempo para nada. Descansei uns 20 dias, matei saudade dos meus pais, dei uma viajada. Mas tudo muito rápido. Não deu nem para aproveitar direito.

P - Qual foi a maior preocupação na hora de compor a Isa?

R - Foi justamente a falta de tempo. Tive apenas um mês para me preparar para o papel. Um mês é muito pouco. Fiz aulas de canto, como sempre faço. Gosto de estar sempre trabalhando o meu principal instrumento de trabalho. Aliás, sempre gostei muito de cantar. E de ouvir música também. Só não dá para achar que vou virar uma exímia cantora depois de um mês de preparação. Na medida do possível, vou dar o melhor de mim.

P - Você já sabe as músicas que vai cantar em "Aquarela"?

R - Sei. Já ensaiei três músicas. Eu e o Lauro César Muniz combinamos o seguinte: na medida em que eu for recebendo os capítulos, gravo aquelas músicas especificamente. Ou seja: optei por priorizar o repertório da macrossérie e trabalhar as músicas escolhidas pelo Lauro. Deste jeito, já ensaiei "Carinhoso", do Pixinguinha, "Ave Maria no Morro", do Herivelto Martins, e, é claro, "Aquarela do Brasil", do Ary Barroso. Aliás, é com essa música que a Isa vai ganhar o festival...

P - Você se baseou em alguma cantora do rádio em especial, como Marlene ou Emilinha Borba, para compor a Isa?

R - Das muitas pessoas que me ajudaram na preparação, a Tânia Amorim foi uma delas. Foi ela quem me deu algumas aulas sobre a História da Música Popular Brasileira. Eu precisava me sentir inserida no contexto daquela época. Por conta disso, dei uma olhada também em algumas biografias, como as da Emilinha, Marlene, Dircinha Batista, entre outras. Queria conhecer um pouco mais da vida delas. O que mais me impressionou é que todas elas, sem exceção, começaram cantando no coral da igreja. Pois é. Foi no coral da igreja de uma cidadezinha do interior que elas descobriam que tinham aquele vozeirão todo e aí, pronto... Resolviam arriscar a carreira no rádio.

P - Fora os dotes vocais da Isa, o que mais chamou a sua atenção na personagem?

R - A Isa é uma personagem difícil, complexa. Ela é sonhadora, batalha pelo que acredita e sofre ao ter de deixar a família para trás. A exemplo da Paola, ela também é muito esperta. Aliás, são dois tipos diferentes de esperteza. Para mim, isso é legal. Porque dá para variar sobre um mesmo tema. Além disso, ela possui várias nuances. Num primeiro momento, ela é uma menina do interior que sonha em cantar na Rádio Nacional. Em outro momento, ela já é uma mulher que se alista como enfermeira durante a Segunda Guerra. É uma personagem muito rica que tenho pela frente. Infelizmente, tive pouco tempo para prepará-la.

P - Você não está confiante em repetir o sucesso da Paola?

R - Tomara. Afinal, o "feedback" da Paola foi maravilhoso. Eu sinto que as pessoas vão gostar da minissérie. Eu tenho essa sensação. Mas não posso garantir com certeza. Quando leio os capítulos em casa, adoro a minissérie. Não consigo desgrudar os olhos do texto do Lauro. Fico aflita para saber o que vai acontecer nos capítulos seguintes. A história prende muito a minha atenção. Esse é um ponto a favor. Aí, pega o texto do Lauro e junta à direção do Jayme, já imaginou? Essa dupla é genial. Há vários elementos que conspiram para o sucesso da minissérie. Só quero contribuir um pouquinho para esse sucesso.

P - Desde que começou a fazer "Terra Nostra", você ficou em evidência na mídia. Qual é o lado ruim da fama?

R - Desde que comecei a fazer "Terra Nostra", num espaço de seis meses, por exemplo, me arranjaram uns dez namorados. Dá uma média de quase dois namorados por mês. Já imaginou? Pois é. Não dá para levar a sério. Chega uma hora em que começo a rir quando leio esse tipo de coisa no jornal. Mas, brincadeiras à parte, não me deixo incomodar por esse tipo de coisa. Nem poderia. Procuro fazer a minha parte da melhor maneira possível. O meu trabalho está lá para quem quiser ver. Agora, não posso responder pelo trabalho dos outros. Só lamento um pouco certas inverdades que saem no jornal. Mas isso já foge da minha alçada.

P - Mas você já aprendeu a lidar com o assédio da imprensa?

R - Já. Sabe como? Passei a sair menos de casa. Não, estou brincando... Sempre fui caseira mesmo. Olha que sorte a minha! Não gosto de badalação. Gosto de reunir os amigos para ouvir música. Sou eclética à beça. Adoro MPB, jazz, música clássica, Billy Holliday, Cole Porter, etc. As músicas de "Aquarela do Brasil" também são maravilhosas. Era uma época muito romântica. Além de música, também gosto de fazer uma comidinha. Só não posso é ouvir falar em macarronada pelos próximos sete meses.

Sucesso meteórico

A atriz Maria Fernanda Cândido é outra beldade revelada pela MTV. A exemplo de Maria Paula e Sabrina Parlatore, a atriz começou a carreira na emissora musical em 1997, quando apresentava os programas "Al Dente" e, posteriormente, "A Ilha do Biquíni". Logo, ela foi convidada pelo designer gráfico Hans Donner para gravar a abertura de "A Indomada", de 1998. Nela, Maria Fernanda aparecia como uma bela e sensual mulher de vermelho, que corria e se transformava em fogo, água, pedra e vento graças aos efeitos de computação gráfica do mago da Globo. "Ele queria uma mulher tipicamente brasileira, com traços fortes e cabelos longos. Não precisei nem fazer teste", orgulha-se.

De fato, Maria Fernanda Cândido faz mesmo o tipo mulherão. As medidas beiram a perfeição: 93 cm de quadril, 85 de busto e 64 de cintura. Não por acaso, o corpanzil da moça chamou a atenção também do então diretor de núcleo da Band, Nílton Travesso, que a convidou para integrar o elenco de "Serras Azuis", exibida pela emissora em 1998. Na novela de Ana Maria Moretzsohn, Maria Fernanda interpretava a voluptuosa Magali. Logo, Nílton Travesso exibiu os atributos físicos da atriz em cenas quentes, como um banho de tina com pétalas de rosa. "A experiência como modelo me ajudou a manter a tranqüilidade em cena. Esqueci que o estúdio estava cheio e segui adiante", avalia.

Foi assim, com apenas uma novela no currículo, que Maria Fernanda foi bater à porta do diretor Jayme Monjardim assim que soube que ele estava selecionando o elenco de "Terra Nostra". Descendente de italianos, a atriz só sabia falar umas poucas expressões mais óbvias, como "Mamma mia" e "Santo Dio", mesmo assim, não desistiu de brigar pelo papel. Quando soube que tinha sido escolhida para fazer uma das poucas personagens genuinamente italianas da novela, Maria Fernanda tratou de procurar logo uma professora de italiano para aprimorar o sotaque. "Estudava três horas por dia e cinco dias por semana, mas valeu a pena pelo sucesso que Paola fez", confessa.

Musa do século

No início do ano, Maria Fernanda Cândido provocou o maior rebuliço mesmo sem querer. Num concurso promovido pelo "Fantástico", ela foi eleita, através do voto dos telespectadores, a brasileira mais bonita dos últimos 100 anos. Em segundo lugar, outra novata: Luana Piovani. O rebuliço foi justificado. Afinal, a escolha de Maria Fernanda como musa do século deixou outras beldades para trás, como Patrícia Pillar, Luiza Brunet e Vera Fischer. Diplomática, Maria Fernanda é a primeira a considerar a eleição injusta. "Fiquei feliz com essa história de musa do século, mas não entendi o critério de seleção. Há mulheres mais bonitas que eu", esquiva-se.

Nascida em Londrina, no Paraná, Maria Fernanda nunca se considerou a mais bonita da turma. Quando criança, se esforçava para disfarçar a altura porque se achava um tanto magricela. Foi nesta época que a família da futura atriz se mudou para São Paulo. Dois anos depois, ela entrou para o mundo das fotos e passarelas ao ser descoberta por uma produtora de moda na piscina do condomínio em que morava. Aos 15 anos, Maria Fernanda Cândido já estava em Paris, fotografando para as melhores revistas de moda do mundo como modelo exclusiva da agência Elite. "Sempre me achei meio patinho feio. Bonita mesmo é a minha irmã Carina!", elogia.

Modéstia à parte, Maria Fernanda Cândido teve de penar para manter o corpo dentro dos padrões das agências de modelos. Exuberante por natureza, vivia sob a ditadura do regime na esperança de conservar os 56 kg, considerados ideais para seu 1,76 m de altura. Mesmo disciplinada, saiu da linha por diversas vezes. Chegava a ser um sacrifício quando ia com as amigas a um "fast-food" e não podia saborear um milk-shake sequer. Atualmente, concilia uma alimentação saudável com caminhadas diárias pelo calçadão da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. "Hoje em dia, sou louca por massa e assumo essa loucura sem culpa ou arrependimento", diverte-se.