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História viva

Daniel Filho critica nova geração da TV e diz que errou ao não passar conhecimento

[Fonte - O Dia]

"Fiz coisas horrorosas". Em tom de desabafo, mas bem-humorado, o diretor Daniel Filho, 63 anos, fez um balanço de sua carreira em depoimento para o arquivo do Museu da Imagem e do Som, na quarta-feira. A entrevista se transformou num animado bate-papo entre amigos. À mesa, ao lado do diretor, estavam o diretor teatral Fábio Sabag, a escritora Maria Carmen Barbosa, o diretor de TV Maurício Schermann e o ator e diretor de cinema Hugo Carvana.Como nos tempos de boemia no restaurante Fiorentina. De diferença, um pouco de nostalgia e descontentamento com a televisão atual.

A formação dos atores que estrelam novelas hoje foi duramente criticada pelo diretor. "Curiosamente, os talentos hoje são formados em São Paulo. Os testes de Caio Blat para a minissérie sobre a vida de ‘Chiquinha Gonzaga’ demonstram extremo preparo", elogiou o diretor, que também ressaltou o talento de Mariana Ximenes e Rodrigo Santoro. "Sou favorável à faculdade. Não é dizer uma fala com emoção que faz um bom profissional", definiu Daniel, que completou: "Se fosse um jovem ator hoje a última coisa que gostaria de fazer seria TV."

Os seriados ‘Malu Mulher’, ‘Carga Pesada’ e ‘Plantão de Polícia’, também da Globo, foram lembrados com muito carinho por Daniel. "Acredito que foram muito importantes para o Brasil", disse o diretor. Daniel, que agora se dedica ao cinema, sua grande paixão, fez duras críticas aos novos profissionais de TV e à programação da telinha. "Vejo que quem faz TV hoje não herdou o saber, o conhecimento da nossa geração. Em algum momento erramos, porque aprendemos e não passamos as lições adiante", refletiu.

Segundo ele, a prática foi adquirida nos primeiros anos de TV, quando o clima era mais experimental. E a programação, que ainda não dependia do ibope, incluía textos clássicos encenados ao vivo. O improviso do teatro de revista, onde Daniel começou a carreira, e o convívio com grandes atores de gerações anteriores também foram grandes influências. "Eu me sinto meio Forrest Gump", disse, lembrando o personagem que, no filme, contracena com figuras históricas.


Nas coxias

TEATRO - O teatro foi a escola de Daniel, que começou a trabalhar nas coxias aos 9 anos. "Era péssimo aluno, só pensava em teatro", lembrou. A TV foi a saída que, ainda garoto, aos 18 anos, encontrou para ganhar a vida. "Meu grande fascínio sempre foi o cinema", ressaltou.

DITADURA - "Para driblar os censores na Globo, deixávamos ir ao ar trechos proibidos. Depois, demitíamos o editor. Mas o cara era avisado e continuava trabalhando."

POPULAR - "O Boni (ex-vice presidente de Operações da Globo) nivelava a programação pelo alto. Estava atento para que não caíssemos no popularesco. Era muito exigente, sofremos nas suas mãos", brincou.