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| À medida que as necessidades de controle foram surgindo, a contabilidade foi
criando instrumentos para o registro de todos os fatos que afetam o patrimônio
de uma entidade. Em alguns momentos da história da contabilidade, surgiram
dúvidas quanto ao melhor critério de registro de determinadas transações.
Diante disso, os primeiros contadores tiveram de fazer algumas opções, que
acabaram sendo adotadas pelos demais colegas, ficando como regras, que passaram
a ser seguidas e aceitas por todos. Essas regras básicas que foram adotadas
denominamos Princípios Contábeis e hoje formam o arcabouço teórico que
sustenta toda a contabilidade. Podemos classificar os princípios fundamentais em três categorias: POSTULADOS 1. POSTULADOS. Postulados significam os elementos vitais, elementos básicos, em que se
estruturam toda a contabilidade atual. São as condições sine qua non para o
desenvolvimento da contabilidade. 1.1. ENTIDADE. Este postulado diz que a contabilidade de uma entidade (empresa, pessoa,
entidade filantrópica) não pode ser confundida com a contabilidade dos membros
que a possuem. Em outras palavras, a escrituração de uma empresa tem de ser
completamente dissociada da escrituração de seus proprietários. 1.2. CONTINUIDADE. Este postulado diz que a empresa deve ser avaliada e, por conseguinte, ser
escriturada, na suposição de que a entidade nunca será extinta. Os ativos
dessa empresa serão avaliados partindo desse pressuposto. Deste modo, se uma
empresa estiver sendo encerrada, se estiver terminando suas atividades
empresariais, os critérios de avaliação de seus ativos será diferente. Este
postulado existe para possibilitar também a apuração de resultados
periódicos. 2. PRINCÍPIOS. A contabilidade é uma ciência de caráter essencialmente prático. Ao longo dos anos, diversos critérios foram desenvolvidos, diversas opções foram efetuadas, numa tentativa de normalizar e de se chegar a uma melhor forma de controlar o patrimônio de uma entidade. Assim, os princípios são a exteriorização de critérios aceitos pela maioria dos contadores. 2.1. DENOMINADOR COMUM MONETÁRIO. Este princípio diz que a contabilidade deve ser feita numa única moeda e que todos os itens devem ser avaliados por essa moeda. Assim, na dívida contraída originariamente em dólares será controlada em dólares, mas na escrituração comercial será expressa em reais. Se a empresa tem uma obra de arte no seu ativo, recebida em doação, por exemplo, para figurar na sua contabilidade ela deverá avaliar essa obra em reais. 2.2. COMPETÊNCIA DE EXERCÍCIOS. Este princípio é aplicado na contabilização das receitas e despesas. Ele é, na realidade, a expressão conjunta dos dois princípios que normalizam o resultado, que são: a) Princípio da Realização da Receita. Tendo em vista que a necessidade de sua compreensão é vital para o perfeito
entendimento das peças contábeis, faremos uma explicação mais detalhada
incorporando exemplos de conteúdo prático. I. o momento econômico (de sua ocorrência ou geração). Exemplificando, vamos imaginar despesa de salário de dezembro/x1, paga em
janeiro/x2. a) no momento de sua geração, no momento econômico, ou seja, no mês
de dezembro/x1; ou Quando da necessidade de opção por um dos dois momentos, os contadores decidiram que as despesas (e as receitas) devem ser contabilizadas quando ocorrerem, ou seja, no momento econômico de sua geração, e não quando pagas (ou recebidas, no caso das receitas). Essa decisão tornou-se o princípio da competência de exercícios, que diz: “As despesas e receitas devem ser contabilizadas como tais, no momento de sua ocorrência, independentemente de seu pagamento ou recebimento”. 2.2.1. CONCEITO DE EXERCÍCIO SOCIAL. Entendemos na contabilidade que um Exercício Contábil é o período de um
ano, em que se faz a apuração do resultado. Não necessariamente o exercício
contábil de um ano tem de coincidir com o ano civil, mas o exercício contábil
tem de ter 12 meses. O início e o fim do exercício serão determinados pela
empresa. 2.2.2. EXTENSÃO DO CONCEITO DE EXERCÍCIO - REGIME DE COMPETÊNCIA MENSAL. Apesar de obrigatoriamente termos de elaborar Demonstrativos Contábeis
apenas no fim de cada ano (de cada exercício contábil), a necessidade de
informação contábil para fins de controle patrimonial faz com que as boas
empresas elaborem tais demonstrativos pelo menos a períodos mensais. Assim,
faz-se todo mês a Demonstração de Resultados do último mês, e o acumulado
até esse último mês, e o Balanço Patrimonial ao final de cada mês. 2.3. REALIZAÇÃO DA RECEITA. Este princípio diz quando devemos considerar a receita como realizada, ou efetuada. Muitos teóricos admitiam que deveríamos considerar a receita de um produto no momento em que tivéssemos terminado de produzi-lo. Mas o consenso dos contadores não aceita essa teoria. Devemos considerar a receita de venda de um produto apenas no momento em que o produto tiver sido entregue ao cliente, já com um preço acordado. O momento de realização da receita poderá ser determinado verificando-se algumas condições básicas: ? avaliação de mercado objetiva para o preço do produto; Existem algumas variações no conceito tradicional de realização da
receita, mas que acabam por se incluir dentro da regra geral. É o caso da
contabilização de resultados de contratos a longo prazo, em que o valor da
receita é contabilizado à medida que o produto vai sendo fabricado, isto é,
conforme o estágio de produção. Um exemplo desse tipo de contabilização é
a fabricação de navios. O fato de a empresa fabricadora ter um contrato
formal, iniciando a fabricação somente com a assinatura desse contrato faz com
que tenhamos um preço objetivo para essa produção. Também os esforços de
cada fase de produção estão sendo despendidos e nada será perdido, podendo a
construção até ser concluída por outro estaleiro. Igualmente, o custo de
cada fase de produção é conhecido. 2.4. CONFRONTO DAS DESPESAS COM AS RECEITAS. Este princípio diz que as receitas realizadas no período devem ser confrontadas, no mesmo período, com as despesas que a geraram. Isto é, para a apuração do resultado de um período deverão ser consideradas as receitas realizadas, diminuídas das despesas que foram sacrificadas para a sua obtenção. 2.5. CUSTO COMO BASE DE VALOR. Este princípio diz que as aquisições de ativos deverão ser contabilizadas pelo seu valor histórico, pelo seu valor de compra ou aquisição. Este princípio hoje no Brasil tem uma continuação, pois temos admitido o custo histórico corrigido como fazendo parte deste princípio. Este princípio tem uma restrição: quando, numa aquisição, o valor de custo for superior ao valor de venda ou mercado, então deveremos avaliar este ativo pelo mercado. Assim, na prática, fala-se desse princípio como “custo ou mercado, o menor”. 2.5.1. EXEMPLO: MERCADORIAS EM ESTOQUE. Esse conceito é bastante importante para entendermos a conta de Mercadorias
em Estoque. Entendemos Mercadorias em Estoque os bens que a empresa adquire com
a finalidade básica de posterior revenda e obtenção de lucro com essa
revenda. É a transação que dá substância a uma empresa comercial. 3. CONVENÇÕES. As convenções são tidas como restrições aos princípios contábeis. São também consideradas normas de caráter prático que devem ser observadas, como guias, facilitando o trabalho do contador. Não são consideradas geradoras de definições de critérios contábeis. 3.1. OBJETIVIDADE. O contador deve ser objetivo. Quando efetuar uma escrituração de um fato, ele precisa alicerçar-se de elementos objetivos, visando tirar o máximo possível de subjetividade no lançamento contábil. O valor deve ter um documento hábil qua avalize o lançamento, o objeto deve ser passível de mensuração, e o contador não deve imprimir marca pessoal na avaliação do objeto. 3.2. CONSERVADORISMO. Proveniente de uma visão bem antiga do contador, que até acabou fazendo nossa imagem, esta convenção diz que na dúvida o contador deve optar pela forma mais conservadora de escrituração. Uma regra prática do conservadorismo: na dúvida, lançar todas as despesas sempre que possível. Já com a receita, caso haja dúvida, não lançar. 3.3. MATERIALIDADE. Esta convenção está ligada basicamente à análise do custo/benefício da informação. O contador deve sempre buscar a exatidão numérica no lançamento, desde que o custo dessa exatidão não seja prejudicial a empresa. Valores grandes e relevantes devem ter análise muito mais acurada do que os valores pequenos, que podem ser tratados de forma mais simples e resumida. 3.4. CONSISTÊNCIA OU UNIFORMIDADE. Esta convenção é tão importante que poderia ser considerada um princípio. Ela diz que, depois que o contador adotou determinado critério de avaliação de um ativo ou passivo, ele deverá adotar esse critério consistentemente ao longo dos anos. Deve aplicar esse critério uniformemente no tempo. A possibilidade de mudança de critério adotado é possível, desde que seja evidenciado em nota explicativa e que as mudanças efetuadas não sejam de forma nitidamente repetitiva. 3.5. COMENTÁRIOS. Os princípios fundamentais de contabilidade fazem parte do arcabouço básico da Teoria da Contabilidade. Esses são os princípios aceitos ainda hoje. Nada impede, porém, de que esses princípios não venham a ser modificados ao longo do tempo. A contabilidade é uma metodologia extremamente prática e as necessidades de informações dos diversos usuários da informação contábil podem alterar-se com o passar do tempo. Com isso poderão ser revistos alguns princípios, como poderão ser criados outros e extinguidos alguns. Aos contadores cabe a discussão permanente sobre eles, a verificação de que eles são atuais e não estão sendo hoje um entrave às modernas necessidades de informações. 3.6. EVIDENCIAÇÃO. Um dos requisitos da contabilidade atual é o perfeito entendimento da peças
contábeis. Ao expormos o patrimônio e os ganhos do último período nas
demonstrações contábeis, é possível que um item ou outro não esteja claro
só com a exposição do número. Faz-se necessário então uma explicação
adicional. Essa explicação deverá ser dada, ainda que de outra forma. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA. PADOVEZE, Clóvis Luís. Manual de Contabilidade Básica. Editora Atlas S.A. 3ª Edição. São Paulo. 1996.
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