Adriana Calcanhoto
Cariocas
Cariocas são bonitos
cariocas são bacanas
cariocas são sacanas
cariocas são dourados
cariocas são modernos
cariocas são espertos
cariocas são diretos
cariocas não gostam de dias nublados
Cariocas nascem bambas
cariocas nascem craques
cariocas tem sotaque
cariocas são alegres
cariocas são atentos
cariocas são tão sexys
cariocas são tão claros
cariocas não gostam de sinal fechado
Clandestino
Solo voy con mi pena
Sola va mi condena
Correr es mi destino
Para burlar la ley
Perdido en el corazon
De la grande babylon
Me dicen el clandestino
Por no llevar papel
Pa una ciudad del norte
Yo me fui a trabajar
Mi vida la deje
Entre Ceuta y Gibraltar
Soy una raya en el mar
Fantasma en la ciudad
Mi vida va prohibida
Dice la autoridad
Solo voy con mi pena
Sola va mi condena
Correr es mi destino
Por no llevar papel
Perdido en el corazon
De la grande babylon
Me dicen el clandestino
Yo soy el quebra ley
Mano negra clandestino
Peruano clandestino
Africano clandestino
Marijuana ilegal
Devolva-me
Rasgue as minhas cartas
E não me procure mais
Assim será melhor meu bem
O retrato que eu te dei
Se ainda tens não sei
Mas se tiver devolva-me
Deixe-me sozinho
Porque assim eu viverei em paz
Quero que sejas bem feliz
Junto do seu novo rapaz
O retrato que eu te dei
Se ainda tens não sei
Mas se tiver devolva-me
Dona do castelo
Amor perfeito
Amor quase perfeito
Amor de perdição paixão qu cobre
Todo o meu pobre peito pela vida afora
Vou-me embora embromadora
Você pra mim agora
Passa como jogadora
Sem graça nem surpresa
Diga que perdi a cabeça
Se eu me levantar da mesa e partir
Antes do final do jogo
Louco seria prosseguir essa partida
Peça falsa que se enraíza
E faz negro todo o meu desejo pela vida afora
Vou-me embora embromadora
E quando eu saltar de banda
E quando eu saltar de lado
Vou desabar seu castelo de cartas marcadas
E tramas variadas
Sim
Seu castelo de baralho vai se desmanchar
Desmantelado
Decifrado
Sobre o borralho da sarjeta
Chegou o inverno
Esquadros
Eu ando pelo mundo
prestando atenção
Em cores que eu não sei o nome
Cores de Almodovar
Cores de Frida Kahlo, cores
Passeio pelo escuro eu presto muita atenção no que meu irmão ouve
E como uma segunda pele, um calo, uma casca uma cápsula protetora
eu quero chegar antes pra sinalizar o estar de cada coisa filtrar seus graus
Eu ando pelo mundo divertindo gente chorando ao telefone
E vendo doer a fome dos meninos que têm fome
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela (quem é ela, quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle
Eu ando pelo mundo e os automóveis correm para quê?
As crianças correm para onde?
Transito entre dois lados de um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo, me mostro
Eu canto para quem?
Pela janela do quarto
Eu ando pelo mundo e meus amigos, cadê?
minha alegria, meu cansaço?
Meu amor, cadê você?
Eu acordei não tem ninguém ao lado
Pela janela do quarto
E o mundo não se acabou
Anunciaram e
garantiram,
Que o mundo ia se acabar;
Por causa disso a minha gente
Lá de casa começou a rezar...
Até disseram que o sol ia nascer
Antes da madrugada:
Por causa disso nesta noite
Lá no morro não se fez batucada
Acreditei nessa conversa mole
Pensei que o mundo ia se acabar
E fui tratando de me despedir
E sem demora fui tratando de aproveitar
Beijei na boca de quem não devia
Peguei na mão de quem não conhecia
Dancei um samba em traje de maillot
E o tal do mundo não se acabou...
Chamei um gajo com quem não me dava
E perdoei a sua ingratidão
E festejando o acontecimento
Gastei com ele mais de "quinhentão"!
Agora eu soube que o gajo anda,
Dizendo coisas que não se passou,
Vai ter barulho, vai ter confusão
Porque o mundo não se acabou...
Mais Feliz
O nosso amor não vai
parar de rolar
De fugir e seguir como um rio
Como uma pedra que divide o rio
Me diga coisas bonitas
O nosso amor não vai olhar para trás
Desencantar, nem ser tema de livro
A vida inteira eu quis um verso simples
Pra transformar o que eu digo
Rimas fáceis, calafrios
Fura o dedo, faz um pacto comigo
Num segundo o teu no meu
Por um segundo mais feliz
Maresia
O meu amor me deixou
Levou minha identidade
Não sei mais bem onde estou
Nem onde a realidade
Ah, se eu fosse marinheiro
Era eu quem tinha partido
Mas meu coração ligeiro
Não se teria partido
Ou se partisse colava
Com cola de maresia
Eu amava e desamava
Sem peso e com poesia
Ah, se eu fosse marinheiro
Seria doce meu lar
Não só o Rio de Janeiro
A imensidão e o mar
Leste oeste norte e sul
Onde um homem se situa
Quando o sol sobre o azul
Ou quando no mar a lua
Não buscaria conforto nem juntaria dinheiro
Um amor em cada porto
Ah, se eu fosse marinheiro.
Medo de amar nº 3
Você diz que eu te
assusto
Você diz que eu te desvio
Também diz que eu sou um bruto
E me chama de vadio
Você diz que eu te desprezo
Que eu me comporto muito mal
Também diz que eu nunca rezo
Ainda me chama de animal
Você não tem medo de mim
Você não tem medo de mim
Você tem medo, é do amor
Que você guarda para mim
Você não tem medo de mim
Você não tem medo de mim
Você tem medo, é de você
Você tem medo, é de querer
Você diz que eu sou demente
Que eu não tenho salvação
Você diz que eu, simplesmente,
Sou carente de razão
Você diz que eu te envergonho
Também diz que eu sou cruel
Que no teatro do teu sonho
Para mim não tem papel
Você não tem medo de mim...
Você não tem medo de mim
Você não tem medo de mim
Você tem medo, é de você
Você tem medo, é de querer
Me amar
Remix século XX
Armar um tabuleiro de
palavras-souvenirs.
Apanhe e leve algumas palavras como souvenirs.
Faça você mesmo seu micro tabuleiro enquanto jogo linguístico.
Babilaque pop chinfra
parangolé beatnick vietcong
bolchevique technicolor biquini
pagode axé mambo
rádio cibernética
Celular automóvel buceta
favela lisérgico maconha
ninfeta megafone microfone
clone sonar sputinik
dada
Sagarana estéreo subdesenvolvimento
existencialismo fórmica arroba
antivirus motoserra mega sena
Cubofuturismo biopirataria dodecafônico
polifônico naviloca polivox
Uns versos
Sou sua noite, sou seu
quarto
Se você quiser dormir
Eu me despeço
Eu em pedaços
Como um silêncio ao contrário
Enquanto espero
Escrevo uns versos
Depois rasgo
Sou seu fado, sou seu bardo
Se você quiser ouvir
O seu eunuco, o seu soprano
Um seu arauto
Eu sou o sol da sua noite em claro,
Um rádio
Eu sou pelo avesso sua pele,
O seu casaco
Se você vai sair
O seu asfalto
Se você vai sair
Eu chovo
Sobre o seu cabelo pelo seu itinerário
Sou eu o sou paradeiro
Em uns versos que eu escrevo
Depois rasgo
E depois rasgo
Vambora
Entre por essa porta
agora
E diga que me adora
Você tem meia hora
Pra mudar a minha vida
Vem vambora
Que o que você demora
É o que o tempo leva
Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Porque o meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
"Dentro da noite veloz"
"Na cinza das horas"
Vamos comer Caetano
Vamos comer Caetano
Vamos desfrutá-lo
Vamos comer Caetano
Vamos começá-lo
Vamos comer Caetano
Vamos devorá-lo
Degluti-lo, mastigá-lo
Vamos lamber a língua
Nós queremos bacalhau
A gente quer sardinha
O homem do pau-brasil
O homem da Paulinha
Pelado por bacantes
Num espetáculo
Banquete-ê-mo-nos
Ordem e orgia
Na super bacanal
Carne e carnaval
Pelo óbvio
Pelo incesto
Vamos comer Caetano
Pela frente
Pelo verso
Vamos comê-lo cru
Vamos comer Caetano
Vamos começá-lo
Vamos comer Caetano
Vamos revelarmo-nus