O rappa
A feira
É dia de feira
quarta feira, sexta feira
não importa a feira
É dia de feira
quem quiser pode chegar
É dia de feira
quarta feira, sexta feira
não importa a feira
É dia de feira
quem quiser pode chegar
Refrão1:
Vem maluco, vem mademe,
vem Maurício, vem atriz
pra comprar comigo
Vem maluco, vem mademe,
vem Maurício, vem atriz
pra levar comigo
tô vendendo ervas
que curam e calmam,
tô vendendo ervas
que aliviam e temperam
tô vendendo ervas
que curam e calmam,
tô vendendo ervas
que aliviam e temperam
Mas eu não sou
autorizado
quando o rapa chega eu quase sempre escapo
quem me fornece é que ganha mais
a clientela é vasta, eu sei
porque os remédios normais
nem sempre amenizam a pressão
amenizam a pressão, amenizam a pressão
À noite
À noite, quando o
calor se
mistura com a luz da TV preto e branco
À noite, eu quieto dentro de casa
ouvindo rajadas de bala
À noite, fatos ruins do jornal
se unem ao meu cansaço
À noite, o mesmo corpo cansado
às vezes se perde de frente a saída
Mesmo assim eu paro e
agradeço
por eu não fazer do rancor minha vida
Por eu ainda acreditar no poder
do amor revolucionário e salvador
Amor que me tirou a arma da mão
e me deu mais essa canção
Catequeses do medo
Catequeses do medo
num buraco negro
no fim do terceiro mundo.
Um sorriso assustado.
Uma mãe desesperada.
Um pai mal pago, operário e mudo.
Reuniões oficiais
escurecendo
outras salas
onde a tortura faz filho
na pele de um jovem afro-brasileiro
Na pele de um jovem fudido e sem dinheiro.
Por isso...
Podem falar o que for
que eu sei que não sou culpado.
Podem falar o que for
que eu sei que não sou, sei que não sou...
A fome é, um esperma
por entre as pernas
da violência
E o egoismo que excitou
as diferenças em que merece
um aborto imediato.
Um apartheid econômico
contamina, machuca
e não nos deixa gritar
quando o carro preto passa
quando o carro preto passa
Por isso...
Podem falar o que for
que eu sei que não sou culpado.
Podem falar o que for
que eu sei que não sou, sei que não sou...
Coincidências e paixões
Tem razão quem tem
paixão
Tem razão quem fala com a voz do coração
Considerando a gente
como fruto
de algo maior, maior do que tudo
A gente comença então a entender
que não, que não seria um absurdo
Coincidências e paixões
de repente acontecerem
Coincidências e paixões uh, uh...
O destino
pode mudar como o vento
Nada é tão planejado assim
Certo, inatingivel
como eles parecem dizer
Tem razão quem tem
paixão
Tem razão quem fala com a voz do coração
Eu não sei mentir direito
No pais do futebol
eu nunca joguei bem
Poderia ser um sintoma
mas meu jogo de cintura
se manifestou de outro jeito
É que eu não sei mentir
Eu tento, eu tento
mas muitas vezes
tudo acaba en gargalhada
Eu me entrego no olhar
gaguejo, espero pra ver se colou
é sempre fácil perceber
que eu não sei mentir direito
Eu não sei mentir
direito, não
Eu não sei mentir direito
Até que um dia uma
pessoa me falou
que a minha falta de malicia
era o negativo de uma mesma foto
avesso esperto da malandragem
que se manifestava
naturalmente dificil
Que se manifestava
naturalmente dificil
Ele disse que sou confuso
mas sou claro
E é por isso que eu cheguei inteiro
até aqui
Justamente eu, justamente eu
Justamente eu que não sei mentir direito
Lei da sobrevivência
Que diferencia faz
ficar sentado e não olhar pra trás
esquecer o passado
olhar o futuro e não se magoar
Agora é verdade
deixo de ser novidade
as mãos estão machucadas
e o sangue a escorrer
(que nem palha de cana que corta
o agricultor)
Eu não quero ficar
esperando
o tempo passar, passar
Quem colhe, quem planta
tambem tem direito de comer
e comer bem
A comida melhor esta na cidade
dentro do armazém
Estragando só pro povo
ter
consciência
que a lei da sobrevivência
é votar e não comer
Minha alma (a paz que eu não quero)
E
apontada para a cara do sossego
Pois
paz sem voz, paz sem voz
Não
é paz é medo
As
vezes eu falo com a vida
As
vezes é ela quem diz
Qual
a paz que eu não quero conservar pra tentar ser feliz
As
grades do condomínio
São
pra trazer proteção
Mas
também trazem a duvida
Se
é você que está nesta prisão
Me
abrace e me dê um beijo
Faça
um filho comigo
Mas
não me deixe sentar
Na
poltrona no dia de domingo
Procurando
novas drogas
De
aluguel neste vídeo
Coagido
pela paz
Que
eu não quero
Seguir
admitindo
As
vezes que falo com a vida
As vezes é ela quem diz
Não vão me matar
Eu não quero mais
saber de sofrer não
Não quero não
Me contam histórias diferentes
achando que eu vou acreditar
Enganam o povo com
promesas
tentando induzi-los a acreditar
que a consciência do ser humano
de repente pode até falhar
Quem bate esquece, quem
apanha
E quem apanha quer se vingar
Criticam uma raça tão
bonita,
que é capaz de aguentar
torturas, humilhações a parte
podem pisar mas não me matar
Cantando a verdade,
falando da vida
contando história, falando de amor
brigando com a vida, prá ser mais feliz
não vão me matar
O que sobrou do céu
O
sol invadiu a sala
Fez
da tv um espelho
Refletindo
o que a gente esquecia
O
som das crianças
Brincando
nas ruas
Como
se fosse um quintal
A
cerveja gelada na esquina
Como
se
Espantasse
o mal
O
chá para curar essa azia
O
bom chá para curar esta azia
Todas
as ciências
De
baixa tecnologia
Todas
as cores escondidas
Nas
nuvens da rotina
Para
a gente ver
Por
entre prédios e nós
Pra
gente ver
O que sobrou do céu
Pescador de ilusões
Se meus joelhos não
doessem mais
Diante de um bom motivo
Que me traga fé, que me traga fé
Se por alguns segundos eu observar
E só observar
A isca e o anzol, a isca e o anzol
Ainda assim estarei pronto
Pra comemorar
Se eu me tornar menos faminto
Que curioso, curioso
O mar escuro trará o medo lado a lado
Com os corais mais coloridos
Valeu a pena, eh eh
Sou pescador de ilusões
Se eu ousar catar na superfície de qualquer manhã
As palavras de um livro
Sem final, sem final,
Sem final, sem final, final
Sujo
Se um raio cai no mesmo
lugar
duas vezes
Qualquer um de nós é capaz de
parar, e pensar, e dizer, e falar
Por que eu ?
Por que eu ?
Por que eu ?
Por que eu ?
Mas a cidade é muito
grande
A cidade é gigante
A cidade é covarde
com os que mais precisam dela
Os raios então são
mais de dois
São muitos e sucessivos
E é por isso que ele está aí
Sujo, frio e bêbado
Sujo, mas não tão
sujo quanto a sociedade
Frio, mas não tão frio quanto a impiedade
Bêbado, mas não tão ébrio quanto a passividade
Sujo, frio e bêbado
Tumulto
Eu sempre penso duas
vezes
antes de entrar
mas tem certos momentos
que atingem o inconsciente popular
Tumulto
Corra que o tumulto esta formado
Vem cá, vem vê
Vem cá, vem vê
que dentro do tumulto pode estar você
Panela batendo, toca
fogo no pneu,
põo barricada
velhos, senhoras e crianças
A molecada pula debocha e dá risada
Parece brincadeira mas não é
A comunidade não aguenta mais tanto tempo
tanto tempo sem água
Tudo bem ele era o
bicho
mas saiu daqui inteiro
e até chegar no hospital
ganhou três tiros no peito
e a galera da aqui fez igual
fizeram en Vigario Geral
Todo o mundo pra rua aumentar o som
pra causar algum tipo de repercussão
Quando o mostro vem
chegando
chegando, chegando
e ameaçando invadir o seu lar