Presidente da Associação dos Proprietários de Parque Laje de Pedra.
Canela, 29 de setembro de 2.000
Ilmo. Sr.

Francisco Sérgio Quintana da Rosa

M.D. Presidente da Associação dos Proprietários do Parque Laje de Pedra 

Canela RS

Cordiais saudações.

Ainda que meu nome não conste como proprietário de uma residência no Condomínio Laje de Pedra, resido na Rua Formosa, 93 na casa que herdei de meu pai Ary Mendes Ribeiro que formalmente consta como sendo associado dessa entidade por não termos, ainda, feito a devida transferência por problemas de descrição do imóvel no Cartório de Registros.

Pois bem, estando devidamente qualificado, venho solicitar enérgicas providências para o que se segue:

OS FATOS

Até o final do mês de agosto tínhamos sete (7) gatos, todos eles castrados na devida época, vacinados e mantidos sob observação veterinária periódica.

Para surpresa nossa um dos gatos, Freddy, desapareceu. Iniciamos as buscas, conversamos com o pessoal da segurança do Condomínio e contatamos com pessoas das redondezas do Parque Laje de Pedra, mas foi tudo em vão.

No dia 7 de setembro desse ano, encontrei morta, no nosso terreno, uma de nossas gatas, a Alice. 

Chamei o Dr. Leonel Lucena para fazer a necropsia, o que foi feito, mas inexistindo condições em Canela para se fazer um exame toxicológico, a causa da morte não foi identificada.

Perplexos com o que estava acontecendo colocamos o assunto em pauta num grupo de discussão que participamos sobre gatos, e uma veterinária de Portugal levantou a hipótese de ter sido um problema cardíaco, bastante raro por se tratar de um animal com menos de um ano de idade.

Unanimemente mais de vinte participantes do grupo nos recomendaram que mantivéssemos os gatos presos em casa, até ser apurada a causa, já que parecia evidente a existência de uma correlação entre o desaparecimento do Freddy e a morte da Alice.

Tentamos seguir essa recomendação, mas fica bastante difícil manter preso em casa bichinhos acostumados com a liberdade, liberdade essa que assegura a eles uma saúde invejável em comparação com os problemas que apresentam gatos que vivem encerrados em apartamentos.

Outra recomendação que recebemos foi a de verificar se havia outras ocorrências semelhantes com outros gatos, e procuramos contato com nossa particular amiga Nidia Guimarães, que tem seis gatos, mas nada constatamos de irregularidade com eles.

Pois bem, a situação permanecia assim, e continuávamos procurando o Freddy, quando no ultimo dia 26 desapareceu a Melissa, para desespero total nosso e em especial de minha esposa que já não suportava mais a tensão a que estávamos sendo submetidos.

Decidimos elaborar uma circular, com as fotos dos gatos desaparecidos, pedindo alguma informação que nos tranqüilizasse sobre eles, pois poderiam ter mudado de casa e estarem bem; ou nos servisse de orientação sobre que providências tomar para evitar que esses fatos continuassem.

A circular ainda não tinha sido entregue ao Sr. X (*), para que ele fizesse chegar aos moradores permanentes que poderiam nos ajudar, quando constatamos o desaparecimento do Barney.

Perplexo e desesperado com o que estava ocorrendo, procurei o Sr. X (*) e relatei esses fatos, ao mesmo tempo em que fiz entrega das quinze circulares que havíamos elaborado.

Na conversa que mantive com ele, fui informado que havia reclamações de alguns proprietários contra o fato de gatos estarem caminhando sobre carros, sujando a pintura, fato esse que não era do nosso conhecimento. Em especial, referiu uma moradora que teria ameaçado com envenenamento os gatos e um cachorro que sujava seu gramado.

Fiz ver ao Sr. X (*) que era um absurdo que não tivéssemos o mínimo de segurança no nosso condomínio e que eu iria tomar as providências legais pertinentes, iniciando por solicitar uma investigação na Polícia local.

Ele me disse que pouco adiantaria, já que eles haviam identificado a placa de um carro que teria transportado uma cadeira roubada de uma casa do Condomínio e que, mesmo assim, a Polícia não havia tomado providências.

De qualquer forma fiz o registro da ocorrência e comuniquei ao Sr. X (*) que havia solicitado uma investigação policial, por entender que era evidente que os gatos estavam sendo vítimas de uma mecanismo que, para ser posto em prática, exigia a cumplicidade de alguém que providenciasse a remoção dos gatos, vivos ou mortos, pois com exceção da Alice, os outros corpos não haviam aparecido.

Levantei a hipótese de algum zelador, de alguma das casas, ter sido contratado para a tarefa de exterminar os gatos, mas ele me disse que o único zelador que poderia ter essa oportunidade trabalhava fora e somente dormia no Condomínio.

Nessa conversa disse a ele que eu havia pensado nessa hipótese pois era evidente que alguém estava operando o processo de extermínio, e que eu descartava o pessoal da segurança, por razão óbvias.

Essa obviedade, agora, já não me parece tão evidente, pois ontem contatei com duas moradoras do Condomínio e na conversa mantida com elas fui informado que o Sr. X (*) havia dito ao esposo de uma delas que ainda ia matar esses gatos, ao que essa pessoa, que é Veterinário, teria dito que se ele fizesse isso ele é que o mataria.

Ante a gravidade dessa observação, e sendo evidente que o esquema envolve pessoas que residam ou trabalhem no Condomínio, desaba toda nossa antiga segurança de podermos ter confiança nesse pessoal.

O assunto assumiu proporções e envolvimentos que nos levam a colocar à venda nossa casa, pois é impossível se residir numa área em que somente de forma fictícia se tem segurança.

Mas o fato de nos mudar não esgota o assunto, pois queremos a punição dos culpados, até mesmo como colaboração para preservar a integridade dos outros animais que vivem no Condomínio Laje de Pedra e que ainda não foram atingidos pelo grupo de extermínio.

Para reforçar os aspectos relatados, ontem pela noite, o Barney voltou, estava com muita fome e com uma lesão leve numa perna. Parece muito sintomático que após as providências por nós tomadas um dos gatos tenha aparecido.

SOLICITA

Ante os fatos expostos solicito a urgente abertura de uma sindicância, através de uma comissão constituída exclusivamente de moradores, para investigar os fatos;

Solicito, também, o imediato afastamento do Sr. X (*), condição que entendo essencial para que sejam apuradas as responsabilidades.

Como há a possibilidade da Melissa ainda não ter sido morta, essas providências devem ter a presteza que viabilize a recuperação da gatinha.

Certo da atenção que será dispensada a essa, subscrevo com especial consideração.

Atenciosamente

Carlos Reinaldo Mendes Ribeiro

Rua Formosa, 93 Laje de Pedra, Canela RS

Fone&Fax: 282-3663 ou Fone:282-1090

crmendes@pro.via-rs.com.br 

c/cópia para: Sra. Nidia Guimarães, Dr. Leonel Lucena e Polícia Civil.

(*) O nome foi omitido.