Considerações periodontais voltadas à Overdenture
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Revisão da Literatura
1-Manuteção do osso alveolar
Estudos longitudinais demostram que, após a extração dentária, o osso alveolar passa por um processo de constante remodelação, com significativa redução na altura dos maxilares. Essa redução é variável entre pessoas e entre regiões de uma mesma boca (BOONE, 1977; WARREM, 1975; FENTON, 1980; TALLGREN, 1983).
Buscando avaliar o padrão de reabsorção óssea alveolar em pacientes portadores de próteses removíveis parciais ou totais, foi possível verificar, após um período de 25 anos, a existência de uma siginificativa perda óssea, sendo essa perda mais intensa na mandíbula, variando de 9 a 10mm, do que na maxila, variável entre 2,5 a 3mm. Entretanto, comparando-se esses resultados a outros que mantiveram as raízes dentais, foi possível observar que a presença destas contribuem para a manutenção da crista óssea alveolar na região radicular, assim como nas áreas adjacentes (CRUM, 1972; WALTERS, 1983).
Portanto, o mecanismo de manutenção da altura óssea alveolar se faz pela capacidade proprioceptiva do ligamento periodontal, que transforma forças de compressão, do apoio da base da prótese no dente, em forças de tensão no ligamento periodontal. Esse estímulo, por sua vez, é transmitido ao osso alveolar através das fibras do ligamento periodontal, principalmente as fibras horizontais, que atuam como um sinal contra a sobrecarga do sistema (CRUM, 1972; KAY, 1976). Dessa forma, é válido afirmar que a conservação do osso alveolar está intimamente relacionada com a saúde do ligamento periodontal.
2- Auxílio no processo de transição para uma nova prótese total
Nos dias atuais, nota-se uma maior longevidade da dentição humana (RAMFJORD, 1979; ALFRED, 1988). Assim, a perda completa dos dentes sem o uso prévio de qualquer tipo de prótese, passa a ser uma experiência emocional perturbadora para algumas pessoas. A utilização de remanescentes dentais, muitas vezes, contribui para a redução do sentimento de perda total dos dentes, favorecendo a transição para uma prótese total.
Em pacientes parcialmente desdentados, os remanescentes dentais podem contribuir para o suporte e estabilização protética. Isto produzirá também um conforto psicológico para o paciente, principalmente os adultos jovens devido aos aspectos voltados à estética (LOISELLE, 1972; BREXER, 1975; ALFRED, 1988).
3- Suporte protético
A contribuição que os suportes radiculares remanescentes proporcionam à prótese é um importante benefício. Entretanto, existem casos onde a indicação de uma prótese parcial fixa ou removível é inviável devido a alterações nos elementos dentais remanescentes; por exemplo: posição dental, número de suportes, destruição cariosa, alterações anatômicas e periodontais e expectativas na preservação dos tratamentos endodônticos. Portanto, com a utilização de uma Overdenture será possível a manutenção e o aproveitamento dos suportes dentais que possuem algum tipo de alteração (ARMSTRONG, 1978; BECHER, 1984).
Apesar desses aspectos, ainda há que se considerar, para a estabilidade protética, a necessidade de um rebordo gengival e ósseo adequados. Portanto, com a manutenção radicular, o estímulo fisiológico produzido pelo ligamento periodontal no osso alveolar, contribuirá diretamente na manutenção de sua arquitetura (CRU, 1972).
4- A existência de efeitos congênitos ou adquiridos
A presença de alterações anatômicas de origem congênita ou adquirida poderão impor consideráveis problemas do planejamento de qualquer prótese. Assim, a seleção dos dentes pilares passa a ter uma indicação estratégica quanto à estabilidade/retenção protética, sendo possível, nesses casos, sua correção por meio de uma Overdenture (ETTINGER, 1984; BROWERS, 1988).
Como característica voltada ao hábito é possível observar o desgaste dental. Esse aspecto denota não só a perda dental, mas também dificulta a restauração do mesmo, pois além da pequena quantidade de estrutura dental, muitas vezes a retenção intra-radicular torna-se inviável pelo fechamento da luz do canal radicular. A indicação de uma Prótese sobre Raiz, nesses casos, vem permitir que tais dentes possam ser utilizados, por meio de pequenos desgastes, sem que ocorra a perda das características funcionais da prótese (ARMSTRONG, 1978; ROBBINS, 1980; ETTINGER, 1984).
