A VISÃO DO FUTURO E A CONDUÇÃO DA VIDA PRESENTE

Dois pedreiros colocavam tijolo sobre tijolo, numa construção. Perguntou-se a um deles, o que ele estava fazendo. - Estou fazendo uma parede, afirmou. O segundo, quando perguntado, respondeu, cheio de orgulho: - Estou construindo uma catedral!

Apesar das tarefas serem iguais, os resultados foram completamente diferentes. Você não acha?

Esta é uma história que costumo contar a respeito da visão do nosso próprio trabalho, da dimensão nosso labor e do que estamos fazendo das nossas vidas, que diferença estamos fazendo para o país ou para o nosso planeta? Estamos trabalhando para nós mesmos ou estamos trabalhando para um país melhor, para um mundo melhor?

Um homem muito sábio seguia pela beira da praia quando divisou a uma certa distância um vulto que lhe pareceu estar dançando. A idéia de alguém dançando na praia lhe pareceu interessante e ele buscou aproximar-se. Verificou tratar-se de um jovem com uma atitude peculiar. O que lhe parecia um bailado era na verdade um conjunto de movimentos que o rapaz fazia para abaixar-se, pegar estrelas-do-mar e atirá-las de volta ao oceano. O sujeito achou a atitude curiosa e inquiriu ao rapaz: - "O que fazes?" - "Jogo estrelas de volta ao mar.." - foi a resposta dele. - "Talvez devesse ter perguntado por quê o fazes..." - continuou o homem com um ar de deboche. - "É que o sol está a pino e a maré está baixando, se não as atirar elas morrerão ressecadas" - retrucou. - "Mas que ingenuidade! Você não vê que há quilômetros e quilômetros de praias e nelas há milhares e milhares de estrelas! Sua atitude não fará diferença." O jovem abaixou-se, pegou uma estrela e cuidadosamente a atirou de volta ao mar, seguindo o seu peculiar procedimento. Em seguida voltou-se para o homem e disse: - "Para essa aí fez diferença..." - O homem ficou muito pensativo sobre o que ocorrera e naquela noite não conseguiu dormir pensando nas palavras do jovem. No dia seguinte levantou-se, vestiu suas roupas, foi até a praia e começou com o jovem a atirar estrelas no oceano.

A história tem uma reflexão importante. O que o jovem tinha de diferente era a sua opção de NÃO ser mero observador do universo, mas AGIR nele, modificá-lo de alguma forma. E concluindo, "... uma visão sem ação é um sonho. Ação sem visão é passatempo. Mas se aliamos nossas visões a nossas ações faremos diferença no universo."

Allan Kardek, em Obras póstumas, no capítulo sobre A VIDA FUTURA diz: "O homem não se preocupará com a vida futura senão quando vir nela um fim claro e positivamente definido, uma situação lógica, em correspondência com todas as suas aspirações, que resolva todas as dificuldades do presente e em que se lhe depare coisa alguma que a razão não possa admitir. Se ele se preocupa com o dia seguinte, é porque a vida do dia seguinte se liga intimamente à vida do dia anterior; uma e outra são solidárias ; ele sabe que do que fizer hoje depende a sua posição amanhã e do que fizer amanhã dependerá a sua posição no dia imediato e assim por diante. "Tal tem de ser para ele a vida futura, quando esta não se mais achar perdida nas nebulosidades das abstrações e for uma atualidade palpável complemento necessário da vida presente, uma das fases da vida geral, como os dias são fases da vida corporal. Quando vir o presente reagir sobre o futuro, pela força das coisas, e, sobretudo, quando compreender a reação do futuro sobre o presente; quando, em suma, verificar que o passado, o presente e o futuro se encadeiam por inflexível necessidade, como o ontem, o hoje e o amanhã na vida atual, então suas idéias mudarão completamente, porque ele verá na vida futura não só um fim, como também um meio; não um defeito distante, mas atual. Então, igualmente, essa crença exercerá sem dúvida, e por conseqüência toda natural, ação preponderante sobre o estado social e sobre a moralização da Humanidade. Tal o ponto de vista donde o Espiritismo nos faz considerar a vida futura."

A visão que temos do futuro é determinante para o modo como conduzimos nossas vidas. Cada uma das nossa atitudes mantém-se com ou sem coerência na medida em que tornamos claro, para nós mesmos, qual o caminho que pretendemos trilhar, com que fim desejamos seguir.