MEUS POEMAS

Bem, a escritura
É uma escultura
Que codifica sua alma
Com sua cultura...

-Norman B.; Deviations from the Norm

 

RESPOSTAS CHEIO
SOLIDÃO MARTÍRIO
VOCÊ COVARDIA
NOITES NA AULA
INCENTIVO PERDIÇÃO
SILÊNCIO GÓTICA
LÁPIS, PAPEL E UM INCONFORMADO SEM RUMO
AMOR PLATÔNICO AMOR VERDADEIRO
UM POEMA SEM NOME RAPUNZEL
O DIA SEGUINTE MUNDO DAS TREVAS
MALDIÇÃO FICÇÃO
PARADOXOS ECOS DO ALÉM
ASSIM EU AMO VONTADE DE MORRER
ASSIM EU DIGO ADEUS INSPIRAÇÃO
DECADENTE ANJOS REBELDES
O COLECIONADOR DE SONHOS CORVOS
MAL EM MIM EGOÍSMO
LIVRE DE ALMA DUALISMO
ESTIGMA PEREGRINAÇÃO DIÁRIA
JÓIA RARA CARRASCO MEU
IRREAL DESCOBRI...
DE PARTIDA SEM VONTADE DE CHORAR
ÀS CRIANÇAS METADE
VOLÚPIA GRAFITTI
CAMINHANDO POR ENTRE SONHOS MARCA D'ÁGUA
VOZES DO SILÊNCIO CLARA
BELATRIX DOCE NOVEMBRO (AMADA IMORTAL)
FILHO DE CAIM MUTILADOR
UM NOVO MESSIAS FUTURA PRETENSÃO DE COMPOR A MINHA DOR
D' VIVER SUICÍDIO
MUNDO FANTASMA TERAPIA

 

RESPOSTAS -SUBIR-

Onde estamos?
O que aconteceu?
Está tudo mudado.
Está tudo tão diferente, tão confuso.
As pessoas não se importam como antes.
Há tantas revoltas
E tão poucas causas a defender.
Há tão pouca honestidade
E tantos motivos para se continuar assim.
Estão todos tão iguais,
Achando-se tão diferentes.
Por que mudamos tanto?
Por que matamos tanto?
Há tantas formas de amor
E tão poucas pessoas para se amar.
Por que paramos de pensar?
Por que paramos de sonhar, se há tantos sonhos a sonhar?
Por que paramos de viver?
Há tantas vidas a viver.
Por que estamos tão sozinhos?
Por que nos sentimos tão desprezados? Tão inúteis? Tão covardes?
Por que nos entregamos a um amor platônico se já sofremos demais?
Quando seremos amados?
Quando seremos notados?
Quando seremos livres?
Quando teremos paz?

SOLIDÃO -SUBIR-

Cai a noite e não há para onde fugir
Não há para quem fingir
Não há porque sorrir
Consegue-se apenas chorar
E lembrar-se de sonhar
Sonhos banais e irreais
Como sonhos de um romântico idealista
Que sonha em ter alguém a seu lado
Alguém com quem conversar
Alguém pra desabafar
Contar o que sente e o que sentiu
Contar que teme, que chora,
E ouvir, e dizer, "Eu te amo"
E sabendo que sonha
Que é diferente
Não querendo mais acordar,
Não querendo mais voltar
A uma realidade de inverdades e mentiras
Inverdades que são e sempre serão repetidas
Até que se tornem reais.

VOCÊ -SUBIR-

Um dia eu sonhei que te tocava
Que te sentia
Que te amava
Sem saber que poderia te tocar
Te sentir
Te amar
Mas sempre soube que jamais poderia me completar.
Eu sempre soube que você era um sonho impossível.
Em minhas noites eu esperava por alguém
Continuo esperando...
Se você soubesse o quanto eu sofro com a solidão.
Se você sofresse o quanto eu sofro com a solidão.
Saberia que não sou só mais um solitário
Descobriria que sou o seu solitário
Destinado a te amar sempre
Te amar até o fim
Até descobrirmos que nunca é sempre
E o fim, é apenas o início
E você saberia o que eu preciso
Você sabe o que eu preciso?
Eu preciso do teu sorriso
Eu preciso de você

NOITES -SUBIR-

Solitárias
Sombrias
Frias
São sempre os momentos que refletimos sobre nós mesmos
Quando nossos medos e segredos são revelados
É quando tiramos nossa máscara e paramos de fingir
De interpretar alguém que não somos.
É quando deixamos nossa imaginação voar
E pensamos em alguém.
Penso em como está, o que faz, o que sente, o que sonha
Sonho em estarmos juntos, sós
Sonho que me amas, que me tens
E nos sentimos como alguém se sente quando é amado
Ou até mais, pois talvez nunca tenhamos nos sentido assim
Ninguém nunca se interessou
Ninguém nos espera em parte alguma
Mas nós insistimos em nossos sonhos
São o nosso refúgio
É onde temos uma vida
É onde o sangue que corre em nossas veias pára
Onde o tempo pára
Só o nosso amor prossegue e só isso importa
E mesmo se isso nunca tornar-se real
Teremos a certeza de que fomos amados por nossa criação.

INCENTIVO -SUBIR-

Quando tudo o que perdemos não passa de lembranças de sonhos fracassados, de tentativas em vão. Nos lembramos de que ainda há outros sonhos, nos quais depositamos nossa esperança. E lutamos para realiza-los. Nos entregamos de corpo, de alma, a nossa vida, até realiza-los ou até fracassarmos novamente. E quando fracassamos, por algum tempo nos renderemos, a dor, ao medo, ao desânimo e por algum tempo sentimos pena de nós mesmos. Até que , depois de algum tempo, nos lembramos de que ainda temos tempo pra sonhar novos sonhos e tirar da experiência da derrota novas forças. E então nos levantamos, ainda mais fortes que antes e pensamos e sonhamos, prontos para começar de novo, começar a lutar, correr atrás de nossos ideais, sejam eles quais forem.

Afinal , o que é um homem sem ideais, o que é um homem que não sonha?

NADA.

Não passa de uma casca vazia, ôca, sem sentimentos, sem valores, sem opinião. É apenas mais um entre tantos. Pois quem não sonha, não teme, não ama.
Por isso os sonhadores são amantes.
Os sonhadores mudam o rumo da vida.
Fizeram história
Farão o futuro
Fazem o amor
Criam verdadeiras obras
Criam a vida e sonham com a morte.
Sonhadores pedem por respostas
Sorriem demais
Choram demais
Sofrem demais
Brincam com a vida, com a morte, com os sentimentos.
Brincamos com as palavras e dizemos o que sentimos, dizemos o que sonhamos.
Dizemos o que nós queremos.
E o que nós queremos?
Eu quero viver eternamente, sorrir, chorar, sofrer, lutar e realizar todos os meus sonhos, meus ideais. Eu quero amar e ser amado. E quando fizer tudo isso, quando desfrutar de tudo isso, eu vou querer morrer como um herói. E é o que sou, é o que estou sendo e é o que serei sempre. É o que todos nós somos, após sermos testados, provados pela vida, provados por Deus, pois não há uma provação maior que viver. A vida é o nosso martírio. A vida é o nosso sonho de vencer. Vencer é o nosso ideal.

SILÊNCIO -SUBIR-

As horas passam
O sono não chega
No quarto escuro
O silêncio me atrapalha
Atrapalha minha imaginação

Minha alma se engasga com tanta dor
Um nó na garganta
Lágrimas nos olhos
Uma tentativa de sufocar o choro
Uma tentativa em vão

Uma lágrima derramada
Uma memória perdida
Um sonho esquecido
Um desejo que chega ao fim

O salgado das lágrimas
A raiva de si
O medo de todos
O desabafo com Deus

Uma história mal contada
Uma noite perdida
Ser uma pessoa esquecida
Na solidão da madrugada.

"Sofrendo em silêncio pra ninguém ouvir."

LÁPIS, PAPEL E UM INCONFORMADO -SUBIR-

Um dia me disseram que eu não era ninguém
Um dia me disseram que eu não era nada
Me disseram pra calar e suportar
Suportar a humilhação do que sou
Vomitavam asneiras
Criaturas da sociedade
Uma sociedade inculta e que segue valores da moda
Racista, nojenta, repulsiva...
Que dita leis banais para uma população analfabeta
Políticos, ladrões que venderam a alma
Deuses inventados por uma sociedade corrupta
A supremacia do forte sobre o fraco
Do bonito sobre o feio
Do rico sobre o pobre
Do branco sobre o negro
Todas essas mentiras e aberrações me deixam enojado
Parasitas descartáveis
Personalidades artificiais
Drogados que injetam imperfeições em suas mentes
Um rebanho de "nóias" servindo de alvo numa chacina
Um culto ateu
Um Deus irado
Filhos que só acreditam no poder do dinheiro
Um anarquista desorganizado que escreve em vão palavras sem sentido e inúteis
Um escritor sem talento ignorado pelo mundo
O medo de se expor ao ridículo de uma sociedade torta que cria a moda para consumidores burros e crédulos (Aliás, você sabia que a palavra crédulo não existe nos dicionários??Olhe e veja com seus próprios olhos)
Uma sociedade burra que censuram os que ousam pensar
E estes dizem que a pior coisa com relação a censura é "XXXXXXXX"
Mas agora chega!
Chega da ditadura hipócrita dos dicionários
Chega de calar e suportar
Queremos gritar idiotices pra vocês, porque é tudo o que merecem
É tudo o que entendem
Não há ambição
Vocês já são o que um dia quiseram ser, e já é demais
Encham de sangue nossa taça de virtudes, ou o faremos sozinhos
Estamos aqui porque somos feios
Não admitimos controle
Vamos ouvir música bem alto, de madrugada, gritando nas janelas.
Estamos aqui pra encher o saco. E ponto final.

AMOR PLATÔNICO -SUBIR-

Hoje não vou dormir
Não quero sofrer
Não quero chorar
Não quero morrer sozinho
Não quero morrer calado
Agora, só quero escrever o que sinto
Para não mais esquecer da tristeza que a tanto tempo me consola
O que eu quero?!
Não faz diferença
Você nunca quis saber
Mas para me aliviar
Hei de chorar e arrepender-me
De tudo o que não fiz
De tudo o que não disse
Sou um daqueles covardes que só dão valor às coisas depois que as perde.
E depois da perda
Só encontro refúgio na solidão, no choro, nos sonhos.
Onde posso ter tudo o que nunca tive
E talvez nunca possa ter
Mas pensando bem
Há refúgio também no seu perdão
Perdoe-me por nunca dizer que te amava
Perdoe-me por nunca ter perguntado o que você queria

UM POEMA SEM NOME -SUBIR-

Mesmo que um dia você me veja chorando
Não pense que seja por solidão
Talvez seja
Não pense que seja por amor
Talvez seja
Não pense que seja por você
Talvez seja
Não pense nada
Fique em silêncio
Sente a meu lado
Tente sofrer comigo
Tente chorar comigo
E talvez eu lhe diga o que me mata

O DIA SEGUINTE -SUBIR-

Nesta noite tento perceber porque sinto tanto frio.
Sei que não é da brisa gelada
Só sei que sinto tanto frio
Me sinto tão vazio
Na multidão os cobertores não podem me aquecer
Todo ano, todos os dias, o tempo todo
Atormenta-me a idéia de ser o único a se sentir assim
E sei que não sou
Olhares piedosos surgem de todos os lados.
Olhares que perturbam.
E o que desejo, não posso ter.
Não posso tocar meus sonhos.
Não posso sentir calor de olhos abertos.
Meus olhares nos deles
Não os fazem pensar
Não os fazem parar
O vento sopra levando as folhas secas deste verão
Levando as pessoas
Levando os sorrisos
Levando o tempo
E eu me mantenho aqui, inerte, imóvel
Sentindo frio nesta madrugada 26
Amanhã é 3.
Tudo continua passando
Eu sonhando
O vento levando
O tempo matando
Eu... congelado...
Solitário na multidão

MALDIÇÃO -SUBIR-

Nós somos o fruto do medo, do desejo, da ira, da corrupção.
Somos filhos de um Deus Ateu.
Somos o motivo de atos monstruosos.
Somos amaldiçoados por pensar demais, por não ter amores, por carregar a culpa e por não possuir a verdade.
Somos solitários
Por natureza
Às vezes por opção.
Somos infelizes.
Somos o que não queremos ser
Jurado a um amor fatigante
Destinado a amar sem motivo, sem destino
Condenado a pagar por um crime que não cometi e do qual já me arrependi
Somos vítimas do mal-do-século
Somos todos
Somos um só sofrimento
Somos a vontade de ficar
E sempre cansados de sofrer
Queremos ouvir belas palavras
Queremos ser o alvo de belas ações
Queremos que nos emocionem
Queremos que nos amem...
Ou matem-nos a todos.

PARADOXOS -SUBIR-

Quando estou longe, bem longe
Adormecido dentro de um sonho
Penso que estou livre
Sinto que estou vivo
Aprisionado em mim mesmo
Talvez eu já não esteja
E estão todos aqui
Sozinhos somos nós e os outros
Somos eu e você
Somos todos
Dez, vinte...
Apenas um.
E lá, bem longe
Onde a vista não chega
Onde as flores num jardim choram a igualdade por serem flores,
As mesmas cores e a incompreensão de seus amores.
Onde nem mesmo a velocidade alcança o infinito negro, tão distante e tão... vazio.
E a noite se acha incapaz de ocultar a própria sombra
E o sol não dispersa o medo da escuridão , nem ajuda a esquece-la.
Não percebem que destroem e são destruídos?
Parece idiotice e é.
E sou mesmo!
Mas felizmente estamos caindo num buraco negro ouvindo apenas o som da queda
Silencioso e tardio.
Isto me faz desejar o limite próximo
Um final feliz e um novo renascer.
Que esteja próximo o fim
O fim de nossos sofrimentos.

ASSIM EU AMO -SUBIR-

Quero ver-te com outros olhos
Quero ver-te de outros ângulos
Pois estes que não querem ver mais nada
Já não enxergam mais.
E nesta soledade que engorda a minha sensibilidade e minha empatia
Eu sou aquele que te bebe os movimentos, os sons, os cheiros...
Aquele que não enxerga nada mais que sua aura
De luzes coloridas, rodopiantes como um carrossel de sonhos
Que embriagam-me e tonteiam na velocidade alucinante de um pensamento que passa
Deixando apenas um rastro de pingos de luz dos olhos daquele que te observa de longe
Te segue cauteloso como uma sombra irmã
Guardando teus passos e teu destino
Desejoso de tua felicidade com ou sem ele próprio
Como dizem... "O amor tem destas coisas."
Mas neste amontoado de palavras jogadas ao vento
Esconde aquele que te ama de longe, calado.
Sem receio nem mágoa.
Disto você não sabe.
Esse alguém você não conhece.
Por esse amor branco, puro
Ele bate calado.

Falo do meu coração.

ASSIM EU DIGO ADEUS -SUBIR-

Houve um tempo em que eu não precisava de muita coisa
Meus sonhos se resumiam em ter os bolsos cheios de doces para comer até não agüentar mais
As coisas eram belas e inocentes como eu
As pessoas eram boas e não fariam mal algum a mim
A diversão era garantida, eu só tinha que pegar uma rede e ir pescar no riacho aqui perto
Ou então brincar com os amigos na rua do bairro
E fingir ser um Changerman
E quando eu não sabia algo logo vinha alguém me explicar
É, eu posso dizer que um dia fui feliz
Hoje tenho 19 anos
Queria tanta coisa que ninguém pode me dar
Ah... meus pais, minhas irmãs...
Eu os amo tanto
Sempre me deram o que eu quis e me ajudarem como puderam
Continuam fazendo, mas ninguém a não ser eu posso me ajudar agora
As coisas mudaram
A realidade é tão falsa, tão feia
As pessoas mentem e enganam e maltratam e matam e ninguém parece se dar conta.
Nem tentam se ajudar nem prosperar
A diversão é um risco grande demais para se correr
Mas todos não estão nem aí
Os meus sonhos, judiados pelos anos que existi me abandonaram restando apenas necessidades deles mesmos
A saudade de alguém que nunca existiu
Os filhos que não tenho
Como os queria de volta.
Desejoso meu coração pede aos berros para que voltem, mas isto serve apenas para não deixar minha mente descansar
(Por favor, me perdoem por não ser o que vocês esperavam)
Porque temos que crescer? E sofrer?
A areia continua caindo na ampulheta e resta pouco tempo
Eu me senti assim ontem.
Já é tarde.
Tenho que aproveitar cada momento?
Então eu vou dormir agora.

DECADENTE -SUBIR-

Todos os dias quando saio de casa
Carrego na minha mão esquerda um retalho de minha alma
Que se desprendeu quando percebi que havia perdido tudo o que eu achava tão certo.
Eu o seguro forte como se fosse a coisa mais preciosa do mundo.
Foi o primeiro retalho de alma a cair
De muitos outros que caem a todo o momento,
Como folhas de um outono como todos os outros.
E tenho tanto medo de perde-lo.
Quando o olho vejo o melhor e o pior de uma curta vida amargurada.
Nele eu vejo os traços da alma que o rejeitou somente porque ele não era como o resto.
Eu vejo os meus crimes.
No meu enorme quebra cabeças de retalhos de alma
Falta uma peça.
Jamais abrirei a minha mão.
Não permitirei que caia outro pedaço de mim novamente.

O COLECIONADOR DE SONHOS -SUBIR-

Trancado no meu quarto está o maior dos meus segredos.
Tudo o que eu tenho a oferecer àqueles que merecerem.
Tudo o que é possível sentir.
Bom ou ruim,
Está fechado dentro dele.
Uma coleção de sentimentos nascidos de uma vida desperdiçada.
Nada foi descartado.
E tudo o que guardo será liberado no dia em que a mais profunda explosão de cólera for provocada
Ou num beijo que grite um adeus pra sempre.
Agora contei-te meu segredo.
É o que eu tenho a oferecer ao mundo.
É somente isto que tenho.
Meus sonhos.
Meu segredo.

MAL EM MIM -SUBIR-

Mais uma vez.
Continuo fazendo.
Será que nunca...
Nunca conseguirei parar?

Te olhando agora nos olhos
Não consigo mentir
Tento desviar o olhar
Mas eles continuam a me atrair

Gritam comigo.
Gritam para me confessar.
Meus olhos eu tento fechar.
NÃO, não quero mais escutar.

Eu matei de novo.
Sou um assassino.
Não sou frio o suficiente
Para mentir

Tento me lembrar.
Quantos foram?
Não dá pra contar
Quantos foram.

Às vezes tudo o que eu queria era um abraço
E era tudo o que negavam.
Eu precisava faze-los entender
Que era eu ou eles.

Desta vez eu matei o mais especial.
Me disseram que eu precisava faze-lo
Ou o mundo cairia em minha cabeça.
Estou sofrendo tanto...

E Agora você veio.
A tanto tempo te espero.
Quantas vezes já te chamei?
Eu não lembro mais o que eu quero.

Se tivesse vindo antes
Poderia evitar uma tragédia.
Poderia evitar que eu fizesse de novo.
Que eu me tornasse um assassino.

Agora meu anjo negro
Meu anjo da morte
Mate-me e leve-me
Eu assim desejo

Preciso pagar pelos meus crimes
Preciso ser preso e torturado
Antes de estourar a minha cabeça
Ofereça-me tua mão

Guie-me pelo caminho errado
Eu não pedirei perdão, jamais.
Com esta arma amaldiçoada
Eu exterminei minhas ilusões.

LIVRE DE ALMA -SUBIR-

Não é fácil viver como eu vivo.
Nada é fácil nesta vida para quem ama demais.

Fui um anjo.
Não me manipularam.
Eu não cai nem tropecei.
Me empurraram.

Caminhando entre mundanos
Me tornei um mundano.
Eu não escolhi nem optei.
Me obrigaram.

"São demais os perigos desta vida para quem ama."

Vi minhas asas brancas sendo arrancadas e queimadas.
Vi meu corpo sendo ridicularizado e vilipendiado.
Vi minha alma sendo aprisionada e torturada..

E ainda assim.
Mesmo assim.
Sou livre.
Sou o meu próprio deus.
Nem bom, nem mal.
Justo!

Sou um poeta.
Eu sonho.

"Vocês podem me acorrentar, torturar e até destruir o meu corpo, mas nunca aprisionaram minha mente."

ESTIGMA -SUBIR-

Tenho medo.
Tanto medo de acordar
E pensar que ainda tenho um dia inteiro para ser humilhado e maltratado.
Eu temo sorrir,
Não receber em troca um gesto igual
E perder a coragem que não tenho pra sorrir no dia seguinte.
Ser esquecido.
Eu tenho medo de tudo.
Tudo tenho e de tudo sinto falta.
Tanta...
Nem alguém pra culpar,
Só a mim.
Se eu pudesse desejar algo
Talvez eu desejasse "Ter coragem"
É disso que mais preciso.
É isso que menos tenho.
Eu poderia culpar Deus
Se eu não fosse um miserável ateu.
Eu poderia culpar o mundo
Se o mundo soubesse da minha existência.
É tão difícil admitir isto.
Ser tão fraco.
Ser um covarde.
Temer fazer algo tão simples quanto viver.
E é engraçado dizer o que acabei de descobrir.
Se eu tivesse algo para provar...
Eu poderia gritar: "EU TENHO CORAGEM!"
Muita, para admitir.

JÓIA RARA -SUBIR-

Eu queria cantar para ti pra sempre.
Eu queria cantar você,
Em você.
Colher o brilho dos teus olhos,
Colher seu olhar no meu.
Seus olhos...
E colher o seu sorriso,
Colher a sua bôca,
Seus beijos.
Queria colher o cheiro dos teus cabelos,
Colher o seu calor,
Seu sabor,
Seu corpo...
Colher-lhe toda
Como se fosse uma rosa perfeita
E guardar tudo dentro de mim
Como se fossem jóias únicas
Para que eu nunca mais a perdesse.

IRREAL -SUBIR-

Das minhas lembranças a que mais me faz falta é aquela que não aconteceu.
Minha felicidade é uma lembrança.
Meu amor uma ilusão.
Meus sonhos patéticos pequenos demais pras minhas ambições
Grandes demais pra minha realidade
Talvez eu esteja errado
A felicidade é muito mais do que eu possa ter.
É muito mais do que o mundo pode me dar.
Ser feliz é muito mais do que posso ser.
Eu queria poder olhar pra traz e sorrir
Talvez o mal deste mundo sejam as pessoas como eu.
Talvez eu queira demais.
Talvez o segredo seja não pensar,
Não chorar,
Se drogar,
Não manter valores, nem princípios.
E depois, pra dizer de boca cheia que sou igual e também feliz...
Enganar.
OU...
Mergulhado em meu orgulho,
Minha covardia,
Minha arrogância
E minha solidão
Eu me conforme.
Ser o que sou.
Viver.
Morrer.
Caminhar até o fim.
E pagar por ser assim.

DE PARTIDA -SUBIR-

E para quando eu for embora
Não, não prepare nada pra mim.
Não quero lágrimas nem despedidas
Só quero partir em paz.
Ver o mundo distanciar,
A luz se apagar.
Quero partir para o meu mundo
E por lá ficar.
Esquecer do que fiz aqui
Sem querer ser esquecido.
Eu só não queria decepcionar aqueles que amo,
Que não sabem que amo,
Mas acreditem-me, eu os amo.
Não, não é nada por mim.
Saibam apenas que me são muito especiais.
É só o que eu queria,
Faze-los se sentirem especiais.
Há muito esperei por isto.
Desejei.
Para quem vive de sonhos, em sonhos,
Num mundo bonito e arrogante,
A realidade é dolorida.
Sim, estou de partida.
Os meus motivos sufoquei.
Uma morte dolorida e calma esperei.
"E quando eu for embora
Não, não chores por mim."


ÀS CRIANÇAS -SUBIR-

Toda uma vida é traçada ao nascer.

Aproveite criança
Aproveite a infância

Ter sempre alguém para te proteger
Ter sempre alguém para velar teu sono

Aproveite a calma.

Chore criança
Chore para que lhe atendam um desejo

E sorria criança
Sorria se você é uma daquelas crianças bonitas,
Que nasceram pra vencer.

Porque se não for...

Sorria criança.
Aproveite criança.
A vida não começou pra você.

VOLÚPIA -SUBIR-

Tua pele alva,
Esbranquiçada pela pureza de tua alma
Refletem em mim luzes de cores azuladas.
Formas perfeitas como se fosse entalhada por mãos divinas em mármore branco.
Perfeita.
Tuas mãos lisas, macias, percorrem caminhos virginais.
Calor febril compartilhado por corpos entrelaçados,
Lambuzados de suor.
Cabelos molhados...
Teu cheiro de pele limpa me envolve e me eleva,
Me aquece e me droga.
Teus sons guturais de mulher no cio me conduzem a um caminho sem volta,
De alucinação pura e intensa.
Desejo...
Prazer...
Em teus braços eu nasci,
Vivi,
E feliz,
Morri.


CAMINHANDO POR ENTRE SONHOS -SUBIR-

Amanhece eu meu santuário.
Neste céu disforme feito de sensações
Não há horizontes.
Além de mim, fumaça branca.
Caminho lentamente sem me preocupar com direções.
Gritos sufocados preenchem os espaços vazios.
Ando por gostosas terras
De maciez e cheiros,
Úmida e fértil.
Viva.
Paira no ar uma sensação de solidão
Uma melancolia bem-vinda trazida por uma brisa quente que aquece e produz em mim um zunido baixo e engraçado.
Beirando abismos profundos
Varridos pelas tempestades e terremotos
Me vejo do outro lado.
Acenando calado.
Naveguei para próximo de mim
E então, com voz de trovão, gritei:
"Viva!"


VOZES DO SILÊNCIO -SUBIR-

Decidi aprofundar em mim mesmo
Descer por meus abismos insondáveis
Invadir meus aposentos hermeticamente fechados
Afogar-me em minhas entranhas

Ciente do sofrimento iminente
Temerário aos meus monstros interiores
Quero desvendar minhas trevas
Organizar meu caos

E dentro de mim
Num quarto escuro
Procurar por respostas imploradas
Rever minha coleção de sonhos

Encontrei a cela de minh'alma.
Vazia.
Investiguei e na parede encontrei escrito com sangue:
"Aqui habitei e me matei."

Vertendo lágrimas
Sentei numa cadeira de ferro
E contemplei a música do meu silêncio
E esperei pela luz do dia seguinte

Em mim a noite é eterna
Lágrimas caem do teto como goteiras
Que não produzem sons
E nem molham o chão

Assisto na TV meus sonhos em preto e branco
Minhas maiores intimidades
Meus maiores erros
Minha vida inteira

Sem som
Sem cor
Sem cheiro
Apenas eu


BELATRIX -SUBIR-

Parado em frente a ti
Vejo reflexos de mim em você
Sombras em teus olhos
Tenho a impressão de poder toca-la
De mergulhar em teu olhar
Perdido...

Desejoso de sentir teu toque
Aparar tua lágrima
Ver os teus cabelos o vento soprar
Varrer de teu rosto a tristeza
E ascende-lo com um sorriso

Ah... Estes olhos...

Tu que olhas pra dentro de mim
Fixada em teu altar
Limitada por esta moldura
Cativa deste retrato
Não estás sozinha

Carregará para sempre, contigo
Minha alma e meu verdadeiro amor
Até o fim de meus dias.


FILHO DE CAIM -SUBIR-

"Foi há muito tempo que me tornei o que sou.
Caí na armadilha desta vida como uma ovelha inocente.
Agora jamais posso mostrar meu rosto durante o dia
E você só me verá caminhando ao luar.
A aba do meu chapéu esconde os olhos da besta.
Tenho o rosto de um pecador mas as mãos de um sacerdote."
Vivo de vidas.
Me alimento delas.
Desta fome eterna que me corrói e devora por dentro
Tiro forças para enganar mais uma vez a morte.
Do sangre maculado dos mortais me tornei dependente.
Eu sigo sempre a estrada errada.
Meus passos levantam as cinzas daqueles que pereceram ante mim.
Da solidão fiz minha única companheira.
Eu tenho poderes que os mortais não compreendem.
Eu tenho uma alma que os deuses não compreendem.
Mas porque estou lhe dizendo isto?
Você não compreende.
(Jamais deveria ter trocado minha alma imortal pelo poder)
Vá para casa sonhar os teus sonhos de realidade.
Os meus foram destruídos por todos vocês.

UM NOVO MESSIAS -SUBIR-

Dos negros e profundos abismos emergirei
Sairei das trevas pra o mundo dominar
Para as chagas da Terra irei
E de torres de concreto governarei

Tomarei o que não me foi dado
Roubarei antes que entreguem
Traçarei sobre a terra dos homens
As minhas fronteiras

Com o meu toque corromperei a bondade
Ceifarei vidas indesejáveis
E venderei o meu sangue para os antigos reis

Libertarei os justiçados
E criarei uma nova moeda
Comprarei pessoas com vidas

Delas roubarei as posses
Que serão trocadas por almas


D' VIVER -SUBIR-

Andei e andei
Queria apenas fugir de mim
Deixar tudo o que me prende
Deixar toda esta matéria

Não quero chegar
Nesta realidade fluida
Caminhar já me basta


MUNDO FANTASMA -SUBIR-

Gritei
E pensei ouvir alguém

Corri para as ruas
E alguém respondeu

Meus gritos ainda ecoavam


CHEIO -SUBIR-

Enfim sou jovem
Estou a tão pouco tempo aqui
E não quero mais estar

Então, do fundo do meu nauseado estômago
Não me encham o saco.

MARTÍRIO -SUBIR-

Fiz arte
Fiz mal
Fiz de minhas lágrimas um oceano
Para nele eu me afogar

COVARDIA -SUBIR-

Eu sei que amar vai libertar minha alma
Eu sei que te amar pode elevar me a um estado divino
Eu sei que posso ser feliz

A minha vida inteira eu esperei por isto
E agora que posso ter
Tenho medo de não ser o que eu esperava
Tenho medo de te amar e não ser amado
Tenho medo de ser ferido e esquecido
Tenho medo de não ser o seu melhor amante

Eu não sou assim

NA AULA -SUBIR-

E o céu se abre
A terra gira sob meus pés
Estou aqui e longe
Disperso no ar
Rodeado e só
E o vento me leva
Eleva...
Vejo e não vejo
Ouço e não ouço
Estou do lado de fora
Com frio e com fome
Disperso, fluido e em pedaços

PERDIÇÃO -SUBIR-

Onde vais menina
Se ainda tens os olhos úmidos
Perdidos n'algum ponto do infinito
E uma melancolia que lhe transborda a alma?

Deixar-se há perder-se no caminho
E morrer de amor?
E tuas obsessões de viver não lhe deveriam ser mais intensas?
Valerá rumar-se ao desconhecido de olhos vendados?

Não, minha esposa que me desconhece
A vida é por demais longa para quem apenas ama
Viva no teu amor e morra nele também
Há de algum de nós ser neste amor feliz

Se não for eu, que sejas tu!
Minha bela cujo olhar maculou meu coração
Que agora sangra para morrer de amor
E que nas palavras de um poeta eu encontre o meu lar.

GÓTICA -SUBIR-

Eu sei que você está aí
E que você sofre
E não é porque eu não falo
Que eu deixo de sentir

Os seus cabelos espetados
E os seus olhos sombrios
Nunca me afastarão pela agressividade
E nem os seus gritos histéricos que me mandam embora

E a sua música alta
E os seus olhos sinceros
E nem as suas roupas rasgadas
Me farão te desejar menos só porque você quer

E não adianta me ridicularizar pela ingenuidade
Ou pelo romantismo antiquado
Porque eu sei que é isto que você gosta em mim
E é isto que você deseja de mim

E não é porque você quer ser cuidada
Que você precisa se ferir
Esconda-se do mundo
Mas não esconda-se de mim

Tenha em mim o seu melhor amigo
E faça de mim o seu melhor amante

SEM RUMO -SUBIR-

A vida, a minha vida
É um mar sem ondas
Um deserto sem dunas
Uma flor sem viço
Um beijo sem afeto

Eu tenho a vontade
Mas me faltam os motivos

Eu tenho uma vida
Sem nenhum sentido

AMOR VERDADEIRO -SUBIR-

Tudo que nasce, tudo que acontece
Fica gravado no tempo
Incessante... adamantino...
E se torna perene
Cicatrizes na carne de Deus
Para morrer no esquecimento humano

Os amores nascem, os amores morrem
As paixões nascem, as paixões morrem
E o verdadeiro amor nasce, renasce e se mantém
Inapagável pelas mentes, pelas mãos de Deus
Porque algumas coisas são assim,
Teimosas, imprevisíveis e eternas

RAPUNZEL -SUBIR-

Seu amor é quieto, calmo
Se juntou com o coração e virou uma coisa só
Contrai, retrai, pulsa...
Encastelada numa ilha flutuante
Ela olha para o céu mas não chora
Sorri como quem se despede
E salta

MUNDO DAS TREVAS -SUBIR-

Se você prestar muita atenção
Verá que tudo o que você imaginava ser verdade
É uma blasfêmia
O céu está ruindo em pedaços de vidro
E os mortos levantam de suas tumbas para reclamar suas existências perdidas

Tenho que me mexer
Rápido!
Antes que o sol queime a minha carne
Antes que os outros vejam minha arte

É preciso proteger Gaia!

Quando a fome se torna impossível de ser refreada
Eu preciso matar

Quando o orgulho me domina e corrompe
Eu preciso matar

Quando o mal tenta destruir-nos a todos
Eu preciso matar

Mas... onde diabos estou?
Este lugar não é o meu
E Deus precisa me dar outra chance

FICÇÃO -SUBIR-

Nos conhecemos em meio a um pesadelo
Um que se tornou o mais belo dos sonhos
Eu salvei a sua vida
Você salvou a minha alma
Te amei (era o meu sonho real)
Me desacreditou (não confia em ninguém)
Fugimos juntos
Do breu subterrâneo fomos cúmplices
Emergimos para a superfície asfáltica
E estamos entre a miséria e o caos do futuro
Nos banhamos na chuva ácida
Te protegi
Te aqueci
E naquele pedaço de trevas você me aceitou
Adoeci
Me cuidou
Eu, vida (eu não sou daqui)
Você (Bela e perfeita máquina), quer me acompanhar
Eu, rejeitado lá
Você, rejeitada aqui
Em busca do amanhecer partimos
Combatemos a lei
Lutamos e nos ferimos
E na essência tecnológica do poder de Deus
No cruzamento de paralelas
O tempo se fez errado
Percorremos o caminho para a realidade
A noite se fez dia
Eu, tão belo quanto lá
Você, bela, viva agora aqui
Cultivamos vida
E nos fizemos três

ECOS DO ALÉM -SUBIR-

Dói muito estar morto?

Viver é caminhar lentamente num labirinto escuro, tateando as paredes úmidas e tentando se equilibrar no chão escorregadio. Às vezes você dá de cara com um bêco sem saída.

Somos convocados a viver intensos tormentos, grandes esperanças no mesmo instante que sofremos grandes desilusões.

Suportar às vezes longos períodos de cansaço, conflitos internos, cobranças mútuas, tristeza e quando muito, breves momentos de alegria e paz.

Às vezes o sonho é apenas dar o melhor de si, não precisando ser de todos o melhor, apenas importante, útil, necessário...

Sem necessidade de ter tudo que se deseja, mas encontrando a felicidade no que se tem, pois estamos sempre querendo mais e mais e mais...

E no fim ainda acabamos por descobrir tarde demais que não há saída do labirinto.

Não meus amigos... Dói muito estar vivo.

VONTADE DE MORRER -SUBIR-

A dor é parte daquele que sente
O que eu sinto não é só dor
É uma profunda saudade e falta de mim mesmo
Por isso o vazio e a falta de sentido, de motivo
É uma necessidade de saltar os meus muros
De alforriar minha alma de todo o peso
Meu corpo pesa
Eu queria morrer pra deixar de existir
Pra não incomodar e não ser incomodado
Pra dormir e não sentir mais medo
Pra não sentir saudades
Pra não doer
Pra ser leve e levado...

INSPIRAÇÃO -SUBIR-

Sou poeta medíocre
De rimas pobres e versos tolos
Faço versos como quem chora
Faço versos pra mim, de mim, comigo
Sou ladrão, roubo dores, assassino inspirações
Sou pobre de espírito, de virtudes, de alma pequena,
de menor no coração
Sou meu, meu erro, minha musa.

ANJOS REBELDES -SUBIR-

As ondas passam mais estreitas e apertadas
E se lançam numa tentativa vã e desesperada de auto destruição
Disse-me o poeta que são anjos que dormem no mar
Filhos da sombra, de asas empolvilhadas de cinzas humanas
Caíram, tropeçaram ou foram arrancados de seu altar?
Impregnados com a maldita eternidade
No breu líquido dos abismos sem fim
Sem rosto nem alma
São dançarinos de entre mundos
Não vivos, não mortos
Sem descanso nem redenção
São aves, são corvos
São negros e vazios
São medo, sedução
Nós, sua ambição
Caídos, celestes
Na guerra dos anjos
Somos a definição.

CORVOS -SUBIR-

Caminhando por caminhos insólitos
Sou guiado por minha tristeza perpétua
Na figura da ave negra
Do mítico ao destino voraz de todo vivo

Na ausência do corpo
Me tornei fúria encarnada
Parasitando a noite
Sorvendo seu suco

Alimentando-me da inocência
E da piedade usurpada
Meus olhos maquiados famintos
Se alimentam de morte e violência

Tenho as mãos ensangüentadas
Que são instrumentos de tortura
Perpetradores da justiça

EGOÍSMO -SUBIR-

Sou indivisível
Tudo o que me pertence
O que te falta
O seu querer
Sou minha vontade
Sua necessidade
E meu capricho
Sou a potência, a libido e a pujança
Sou embriaguês, cela, paixão
Sou um mau primário
Sou só e acima de tudo, meu

DUALISMO -SUBIR-

De um lado o bem
Do outro o mau
Entre eles um muro branco de concreto os separa
E sobre ele, eu
Desequilibrado, pendo de um lado a outro
E caio de braços abertos entre mim

PEREGRINAÇÃO DIÁRIA -SUBIR-

De uma janela embaçada e em movimento
Vejo caos e desordem
Em um mundo de esperanças e ruínas
Vejo monstros e corpos sem vida
Implorando a mais humilhante das mendicâncias
Caminhando em direções vendidas por alguém de fantasia
Escondendo de seus pais seus sonhos roubados
Vendo uns nos outros um modelo a ser seguido
Trocando suas personalidades por um nome comum
E tirando de mim, à força, minhas esperanças.

CARRASCO MEU -SUBIR-

Olhos para sonhar
Bôca para silenciar
Ouvidos para tapar
Pulmões para sufocar
Pernas para parar
Minhas mãos para me tocar
Meu coração para me matar
E você para me enterrar

DESCOBRI... -SUBIR-

Que posso rir dos meus defeitos
Que posso rir das desgraças alheias
Que TV demais faz meu cérebro encolher
Que evolução demais faz meu coração parar de bater
Que felicidade demais me entorpece
E que a tristeza, a dor e as paixões são necessárias
Que preciso de fantasias, flutuar alto e pra longe
Que preciso de música, cantar, conversar, tirar os pés do chão
Palavras que não se pode dizer, apenas sentir
Que "para sempre" é muito tempo; eu só preciso do tempo suficiente
Que admitir não é vergonhoso, é admirável; para se orgulhar
Que a tudo dá se um jeito, sempre existe um caminho
Que ainda há beleza no mundo pelas quais valem a pena lutar
Que eu não preciso ser perfeito pra ser humano
Que a verdade às vezes dói e pode ou não aliviar,
por isso há coisas que nunca devem ser ditas
Eu descobri que a euforia da descoberta acaba rápido
O entusiasmo é efêmero
A esperança é teimosa e perene
E a vontade precisa ser cultivada em bom solo.

SEM VONTADE DE CHORAR -SUBIR-

Hoje estou calmo
Um homem mudado
Tão jovem e apaixonado
Como o protagonista dos meus sonhos
Percebendo a minha própria força e coragem
Abastecendo-me das minhas próprias mudanças
Sentindo o toque do mundo
As veias cheias de sangue
O coração cheio de som
O corpo que dança e desfila
E uma voz grave, rouca e furiosa que canta suas próprias canções
O suor que escorre como uma ferida indolor
Com sabor de lágrimas
E sem nenhuma vontade de chorar

METADE -SUBIR-

Descrever-te sem nunca tê-la visto
É falar de mim comigo
De olhos fechados, tatear meu rosto
Decorando meus traços e expressões

É sentir duas vezes minhas emoções
Lamber meus lábios como se a beijasse
Recitar pra mim os meus poemas

É desenhar o seu rosto
Como se não precisa-se de formas


GRAFITTI -SUBIR-

Sou parasita da noite
Sigo sorvendo seu suco,
Suas cores,
Seus cheiros de outros mundos
E desenho nos muros o som dos meus lamentos

MARCA D'ÁGUA -SUBIR-

Transformo sentimentos em palavras
O maior de teus agrados
Escrevo em mim versos para ti
Tatuagens que falam de amor

CLARA -SUBIR-

Ela se foi
Não para o céu
Não para o inferno
Foi para a terra úmida do túmulo
E é agora alimento de vermes e terra
E cresceu sobre ela uma flor
Flor que eu desconheço
Que tem pétalas roxas, quase negras
É como se fosse uma extensão de sua vida
Inconsciente, mas viva
Não porque cresce e respira,
Mas porque tem minha afeição
Tão bela e tão doce
Contudo, tão sensível
Que deste sentimento imaculado
Tiro certezas que antes eu não tinha.

DOCE NOVEMBRO (AMADA IMORTAL) -SUBIR-

Tudo que nós temos são nossas lembranças
E as nossas eu quero que sejam fortes e belas
Está começando a acontecer
E eu não quero que você veja isto
Pois eu quero que você se lembre de mim como uma amante da vida
Como quem vive cada dia como o último
Como quem ama sem um amanhã
Porque é assim que tem que ser
E é por isso que eu quero que você vá.
Eu sou sua, toda sua para sempre
E você é a minha imortalidade.

MUTILADOR -SUBIR-

Quando chorei pela última vez e porque?
Meu corpo arde
A cabeça pesa
Não sofro mais por amor
Não passo mais noites em claro
Minhas paixões eternas com prazo de validade
Não doem mais.
Sinto falta da tristeza, da insônia e da febre
Dependo delas como um viciado
Da paixão dos suicidas
Dos sentidos aguçados
Do sôro dos olhos
Da mente insone
Meu antigo mau
Meu vício inimigo
Injetados na mente
Pra provocar dor.

FUTURA PRETENSÃO DE COMPOR A MINHA DOR -SUBIR-

Eu queria escrever uma canção de amor pra mim
Seria a última canção de amor deste pequeno planeta
Ela seria triste  e breve
Teria partes inventadas
Versos plageados
O refrão seria gritado
As guitarras, nervosas
Ao fundo,
Choro convulsivo
Rouco estertor
E nas mãos frias do compositor
Um rascunho lavado com lágrimas.

SUICÍDIO-SUBIR-

Com um tiro no coração eu me despeço
Triste por ter falhado
Com medo de ter morrido

TERAPIA-SUBIR-

Leve de mim um pouco sobre você
Sinta as carícias do meu pensamento
Que devem ser reais
Porque eu sinto o seu calor

Usamos um ao outro para guardar nossos segredos
Porque precisávamos compartilhar nossa dor
E não podiamos mais nos sentir sós
Ao menos por aquela noite

Do pacto estabelescido
Traímos o mundo
E nos tornamos imortáis

 

MarceLLo KeLL7