Dossiê da revista Let's Rock sobre Zeca do Rock
Entrevista
O primeiro roqueiro de Portugal, quem diria, vive há mais de duas décadas no Brasil! José das Dores, o Zeca do Rock, foi o primeiro cidadão a gravar um Rock'n'Roll na terra de Vasco da Gama. O disco em questão é um compacto duplo lançado em 1961 (antes dos Beatles!), que continha "Sansão Foi Enganado", a primeira a ser gravada entre as quatro lançadas. Zeca tinha 17 anos. Sua carreira foi curta, interrompida por, entre outros fatores, sua apresentação ao serviço militar.
Este nosso rápido bate-papo, além de revelar muito da vida artística dessa verdadeira lenda viva do Rock, também nos deixa a par de revelações surpreendentemente fascinantes, que dizem respeito à espiritualidade e à evolução do Brasil. Aliás, Zeca se diz um verdadeiro apaixonado pelo nosso país: "A grande razão de ser do reino de Portugal foi ter tido a ventura de fundar esta Terra Prometida", declara ele em um momento de maior emoção. De quebra, Zeca ainda nos cedeu gravações raras e fotos inéditas, retiradas do seu arquivo particular. Além de talentoso músico e escritor, principalmente Zeca do Rock é um ser humano da melhor espécie: sincero, bondoso, atencioso, um amor de pessoa. Mas isso você irá concluir por si próprio, na entrevista que se segue. (JC)
Sua carreira de roqueiro, apesar de intensa, foi bastante curta. Por quê?
Minha carreira de roqueiro, na realidade, durou 7 anos (dos 15 aos 22). Praticamente todos os ciclos na minha vida são setênios, e esse não constitui exceção. Todavia, durante o período de serviço militar de 21 meses na antiga colônia portuguesa da Guiné Bissau, fui Oficial responsável pela programação das atividades recreativas para militares, tendo formado uma banda e atuado em todas as regiões do país. Essa fase foi dos 22 aos 24 anos e não a considero como parte integrante da minha carreira, mas sim como uma atividade humanitária, uma vez que não envolvia qualquer tipo de remuneração. Foi a minha oferta aos jovens combatentes, que se encontravam em precárias condições físicas e psíquicas, combatendo uma guerra injusta e cruel.
A carreira foi curta porque eu me cansei de tantas contrariedades. Não é fácil ser pioneiro num regime político como tínhamos então em Portugal. As minhas músicas eram proibidas em todas as emissoras de rádio e TV estatais – que eram as maiores, as melhores e as mais poderosas. Em certa altura, também as proibiram nas emissoras católicas. Restavam-me somente as pequenas emissoras privadas locais e, é claro, os shows. Do público não tive nunca a menor razão de queixa. Numa ocasião, cantei para uma audiência de 20.000 pessoas no Palácio de Cristal, na cidade do Porto, e saí nos ombros da multidão que me “seqüestrou” do palco... Aos olhos do governo fascista, de quem eu era um opositor declarado, o Zeca do Rock era uma figura perigosa, incômoda, rebelde, capaz de liderar a juventude, o que representava um perigo para o sistema.
Tentaram me comprar, ah isso tentaram. Perto do momento em que decidi dar a minha carreira por terminada, choveram tentadores convites para que eu integrasse o elenco das diversas companhias de teatro de revista, então muito em voga em Lisboa. Isto significa que o Zeca do Rock teria certamente que ser renomeado de Zeca do Fado, pois era esse tipo de música que propunham que eu cantasse. Algo de semelhante aconteceu com as gravadoras. Se eu aceitasse mudar de gênero musical, podia gravar quantos discos quisesse. Agora “americanices”? Porta fechada! Recusei, como é óbvio, com a firmeza de quem não se deixa prostituir.
Seu primeiro disco foi gravado em 1960. O que você ouvia nessa época?
Elvis Presley, Chuck Berry, Little Richard, Ricky Nelson, Neil Sedaka, Roy Orbison, Cliff Richard, Pat Boone... e continuo a ouvi-los até hoje!
Segundo consta, a gravação desse primeiro disco foi feita em apenas duas horas e em condições adversas. Pode nos falar mais a respeito?

Primeiro, a gravação foi feita às 9 horas da manhã, que é um horário completamente impróprio para cantar, mas que era também o horário mais barato para o aluguel do estúdio. Segundo, eu acordei com uma forte amidalite nessa manhã, e uma temperatura de mais de 39 graus. Terceiro, o “estúdio” ficava numa casa milenar da parte antiga de Lisboa, não tinha as mínimas condições acústicas nem qualquer tipo de isolamento sonoro. Os ruídos dos carros na rua, dos aviões que passavam, etc, obrigavam a que se parasse a gravação porque o ruído entrava pelos microfones. Quarto, somente eram permitidos 2 “takes” de cada música, porque o estúdio tinha sido alugado somente por 2 horas. Quinto, a banda e eu gravamos todos em conjunto, na mesma sala, com um simples biombo a separar-nos. Sexto, eu nunca tinha ensaiado com a banda completa, somente com o pianista. Sétimo, foi a primeira vez que ouvi os arranjos orquestrais.
Aqui tem as 7 principais condições adversas que acompanharam a gravação do meu primeiro disco. Precisa mais?
No auge da sua carreira musical, você a interrompeu para prestar serviço militar. Cá entre nós... isso foi inspirado no seu ídolo Elvis?
De maneira nenhuma. Vou dar-lhe duas boas razões:
1. Nunca considerei nenhum ser do mundo físico como meu ídolo. Considero o Elvis como o melhor intérprete de música ligeira de todos os tempos mas nem ele, nem ninguém foi, é ou será meu ídolo. Meus ídolos, os seres perfeitos a quem tento seguir os passos, encontram-se em outros planos de manifestação.
2. O Elvis ofereceu-se voluntariamente para prestar serviço militar na Alemanha. Eu fui incorporado contra a minha vontade e contra as minhas convicções, pois sou pacifista, anti-militarista e anti-colonialista. Fui “prisioneiro” do exército português durante três longos anos.
Você acompanhou a Beatlemania nos anos 60, in loco. O que você se lembra dessa época? Já esteve em algum show dos Beatles?
Efetivamente eu estava em Londres durante boa parte dessa época. No início não aderi muito aos Beatles. Achava-os dissonantes e não me agradava toda a montagem de marketing que foi feita ao redor deles. As músicas que me converteram foram “All my loving” e “PS I love you”. Daí para a frente passei a ser fã, mesmo das músicas que anteriormente me tinham desagradado. Assisti a um único show dos Beatles no Estádio de Wembley Park. Confesso que não consegui ouvir uma nota de música, tal ela a gritaria da meninada histérica...
Assisti a muitos shows de diversos outros artistas e grupos, como o Del Shannon, o Ray Charles, o Brian Poole & The Tremeloes, o Gerry & The Pacemakers, etc. Foi uma época maravilhosa na qual o mundo se transformou.
Quais os seus artistas preferidos nos anos 60? E atualmente?
Nos anos 60 os preferidos eram aqueles que lhe disse que ouvia muito. Hoje, o meu gosto é muito mais alargado e prefiro não citar nomes de artistas. O que me conquista é esta ou aquela canção, não este ou aquele artista.
E entre os artistas mais atuais, quem você ouve?
Vou-lhe mencionar alguns nomes que me agradaram nos últimos 20 anos: A-Ha, Pet Shop Boys, REO Speedwagon, Bruce Springsteen, Electric Light Orchestra, Roxy Music, Abba, Dire Straits, entre outros. O atual e legítimo Rei do rock and roll é inglês e chama-se Shakin' Stevens. É o máximo!
Um dos seus passatempos prediletos é a sua imensa coleção de discos de vinil, bem como digitalizá-los e salvá-los em mp3. Como você trabalha e que recursos utiliza?
Tenho um poderoso computador que somente utilizo para trabalhar com música. Vamos lá:
Primeiramente, através de um toca-discos profissional ligado a um misturador (mixer), ligado ao computador, eu toco a música do disco de vinil e gravo-a em formato wav com um software apropriado.
Depois, com outro software, eu conserto o início e o fim da banda sonora, que como sabe, apresenta bastantes distorções no vinil.
Depois, com outro software, corrijo a equalização para o meu padrão preferido para que todas as músicas fiquem com o mesmo volume sonoro.
Com outro software ainda, elimino riscos e defeitos importados do vinil. Finalmente, converto para mp3. Quando tenho mais ou menos 240 músicas preparadas, passo os mp3 para CD-ROM.
Você prefere ouvir música em discos de vinil ou em CD?
Todo mundo sabe que a gravação analógica contém uma banda de freqüências muito mais vasta do que a digital, que é altamente comprimida. Todavia, como o meu ouvido é estupidamente sensível a ruídos indesejáveis, eu prefiro as versões digitalizadas, isentas de barulhos causados pela fricção da agulha no disco.
De acordo com sua biografia, você se decidiu por viver no Brasil “por razões filosóficas e espirituais”. Qual (ou quais) foi exatamente o motivo para sua vinda? Gosta de viver no Brasil?
É uma pergunta difícil de ser respondida com poucas palavras, mas vou tentar. Começo por fazer uma afirmação bombástica: “Segundo o plano evolutivo para o planeta Terra, o Brasil será o país líder do mundo no 3º Milênio”. Isto para mim é um axioma mas poderei um dia contar-lhe em detalhe os “comos” e os “porquês” desta realidade. Só que essa será uma looooooooonga conversa.
No início dos anos 80, os meus mentores espirituais convidaram-me para fazer parte de um grupo de 12 servidores (2 brasileiros e 10 “importados”) que iriam estabelecer uma infraestrutura energética e espiritual no Brasil, a fim de impulsionar as mudanças políticas, econômicas e sociais de que o país necessita para cumprir a sua missão. Vim pela primeira vez a este país em 1981 para “sentir” o ambiente. Fiquei apaixonado e acedi ao convite dos Mestres.
Enquanto preparava a minha vida profissional e familiar para a grande mudança, vim cá por diversas vezes, já em cumprimento dos tais trabalhos energéticos de Magia Branca. Mudei-me definitivamente para cá 7 anos após a primeira visita. Ou seja, acabo de completar três ciclos de 7 anos de serviço espiritual ao Brasil. Durante o primeiro ciclo, caiu o regime militar, lutou-se pelas “diretas já” e elegeu-se o Tancredo. Durante o segundo, consolidou-se a democracia, abriu-se o mercado e modernizou-se a indústria. Durante o terceiro, controlou-se a inflação, incrementou-se a pesquisa e a tecnologia e caminhou-se para a implantação definitiva de um estado de direito.
Parece pouco? Digo-lhe em verdade que, em termos reais, se avançou mais durante o período a que me refiro do que em toda a anterior história do Brasil. No(s) ciclo(s) que começa(m) agora em 2003 é preciso fazer-se a parte final do plano, essencialmente focalizada no social.
Se gosto de viver no Brasil? Adoro o Brasil do fundo do meu coração!
Sabe-se que há uma grande relação da música com a espiritualidade. Você pode falar mais a respeito?
A arte, em geral, tem tudo a ver com a espiritualidade, pois a inspiração não deixa de ser um contacto com a Fonte de toda a beleza, um tipo de comunicação com realidades supra-físicas. Quanto a mim, a música é a essência, a súmula de todas as artes, logo é a mais espiritual de todas elas. Todas as religiões do mundo usam a música para induzir estados de contemplação, de êxtase místico, de homenagem, de apelo ao mundo espiritual.
Nos meus trabalhos espirituais, eu faço uso constante de música apropriada aos propósitos que tenho em vista. Embora a maioria dos temas seja de música clássica, new-age, indiana ou gregoriana, também uso (veja só!) alguns temas de música profana. Uma música dos Beatles, “Across the Universe”, é uma das que utilizo com freqüência.
Apesar da música brasileira ser muito conhecida em Portugal, não acontece o mesmo com a música portuguesa no Brasil. Na sua opinião, por que isso acontece?
Já fiz essa pergunta a mim mesmo inúmeras vezes. E não é só a música. É o teatro, a literatura, as telenovelas, etc. Mistérios insondáveis...
Do que você mais gosta (e o que não gosta) na música brasileira e na portuguesa?
A música brasileira é talvez a mais variada e inspirada do mundo. Gosto de quase tudo: samba, bossa-nova, MPB, chorinho, samba-canção, sertanejo (mas do legítimo), forró, etc. Em criança eu não perdia um show com os artistas brasileiros que visitavam Portugal: Agostinho dos Santos, Maysa, Ivon Curi, Cauby Peixoto, o grande Luiz Gonzaga! Mais tarde (ainda em Portugal), vi Vinicius de Moraes, Nara Leão, Chico Buarque, João Gilberto, Toquinho, Miltinho, Simone, Joanna, etc.
Na música portuguesa os meus favoritos são os temas folclóricos regionais e o fado, que é tipicamente lisboeta, minha cidade natal. Dentro da música ligeira Madredeus é uma unanimidade. Mafalda Veiga, Dulce Pontes e Rui Veloso destacam-se como cantores a solo. Entre as bandas de rock prefiro os Excesso, os Delfins, os Santos e Pecadores e os Silence 4. Detesto tudo o que seja brega nos dois lados do Atlântico. Mas isso é independente do gênero musical.
Fale-nos sobre suas atuais atividades profissionais no Brasil.
Sou tradutor (português – inglês – francês – espanhol), professor de inglês e sócio de uma escola de idiomas, juntamente com minha esposa (que é inglesa) e uma sócia brasileira. Faço também revisões ortográficas e gramaticais de trabalhos acadêmicos na língua portuguesa.
Você ainda faz apresentações ao vivo, ou ainda grava?
Somente gravo em casa, por graça. Sempre cantei entre amigos, nas festas em minha casa ou na de outros, por puro prazer e diversão.
Há algo mais que você queira falar para os brasileiros?
Que não desanimem com as agruras momentâneas. Muito em breve o Brasil será um país de que todos nos vamos orgulhar muito! Eu somente senti orgulho de ser português depois de viver no Brasil e observar como um rato pariu uma montanha. A grande razão de ser do reino de Portugal foi ter tido a ventura de fundar esta Terra Prometida, a Terra de Vera Cruz, o Brasil!
Quem é Zeca do Rock?
De seu nome verdadeiro José das Dores, Zeca do Rock foi um dos primeiros rockeiros portugueses com uma carreira feita basicamente a partir de participações em programas de rádio e espectáculos pelo país, pois discos apenas gravou um. Segundo António Duarte, autor do livro 25 Anos de Rock 'N Portugal, é da boca de Zeca do Rock que sai o primeiro “yeah” gravado em disco da história do rock em Portugal. O tema chama-se “Sansão Foi Enganado” e Zeca do Rock, então com 17 anos, solta um tímido yeah na sua voz grave e viril. Nascido em Lisboa a 28 de Dezembro de 1943, José das Dores sofreu primeiro a influência de Chuck Berry, Littie Richard, Buddy Holly e outros, antes de conhecer Elvis Presley, que passou a ser o seu ídolo. Ricky Nelson, Pat Boone, Paul Anka, Roy Orbison e Del Shannon estavam também entre os intérpretes de que mais gostava.

Aprendeu a tocar viola com Fernando Alvim, professor que, em finais da década de 50, o acompanhava a alguns locais onde José das Dores cantava rock e baladas, como o Belém Clube e o Clube Sportivo de Pedrouços. Mas a grande oportunidade surgiu em 1959, quando foi convidado a participar no programa “Bom Dia”, de José de Oliveira Cosme, na Rádio Renascença, em que havia uma rubrica de procura de novos talentos. Aqui nasceu o nome de Zeca do Rock: A apresentação era do locutor Carlos Moutinho. O programa ia para o ar ao vivo, pelo que houve apenas tempo para algumas breves palavras antes das entrevistas e canções. Durante essa rápida conversa, Carlos Moutinho achou que o nome de baptismo de José das Dores não era muito apropriado como nome artístico e perguntou se não havia um pseudônimo que pudesse usar. José das Dores disse que o seu diminutivo familiar era Zeca, pelo que Carlos Moutinho retorquiu: “OK, então vais ser o Zeca, o Rei do Rock!”, rabiscando algumas notas no papel. Quando chegou o momento de a rubrica entrar no ar, e depois das palavras iniciais, Carlos Moutinho olhou para os rabiscos e anunciou: “Conosco, Zeca ('o Rei do' não estava legível nos gatafunhos, pelo que ele, saltando por cima, continuou) do Rock!”.
Foi neste programa da Rádio Renascença que começaram, entre outros,
Daniel Bacelar,
Os Conchas e Luís Cília, que na época também se dedicava ao rock. A partir daí participou em vários programas de rádio, tanto na Renascença, como nos Emissores Associados de Lisboa e no Rádio Clube Português. Como não tinha discos editados, fez gravações em banda magnética, para que os pedidos dos ouvintes pudessem ser atendidos. A popularidade continuou a crescer, a qual era medida em espetáculos e em mais programas como o «Passatempo para Jovens», que Aurélio Carlos Moreira realizava e que incluía espetáculos ao vivo aos sábados no desaparecido Cinema Restelo, em Lisboa. Nos concursos de popularidade, que as várias revistas anualmente realizavam, o nome de Zeca do Rock aparecia entre os primeiros classificados, ao lado de nomes como António Calvário, Madalena Iglésias, Simone de Oliveira e Artur Garcia. Finalmente, em 1961, grava o primeiro disco, um EP da Alvorada, depois de ter recusado fazer um disco 'a meias' com Tonicha, pois era costume na época os EP serem editados com dois intérpretes, cada qual com duas canções. No disco, aceitou cantar em português e ser acompanhado pelo conjunto de Manuel Viegas, que tocava à noite no Terraço das Estrelas do Hotel Embaixador. No lado A gravou “Nazaré Rock” e “Dezassete”, da sua autoria, e no lado B “Menina” e “O Sansão Foi Enganado”, de Manuel Viegas.
A gravação do disco foi cheia de peripécias, como relatou, via Internet, José das Dores, hoje radicado no Brasil: «O estúdio era uma sala centenária na Costa do Castelo. Quando passava uma camioneta na rua ou um avião no ar, tinha que se interromper a gravação. "Play-back?" Nem vê-lo. Cantor e músicos separados por um inofensivo biombo gravando tudo em directo. Repetições? Uma para cada música. O estúdio e os músicos tinham sido contratados unicamente por duas horas. Eu, que estava com amigdalite e fervendo com 39.° de febre, vi o meu primeiro disco surgir de uma sessão de duas horas iniciada às 10 horas da manhã num estúdio-mansarda. Atendendo a esses pormenores, fico hoje surpreso de não ter ficado, ainda assim, nada mau. Nunca cheguei a saber oficialmente que quantidade foi vendida, embora tivesse recebido direitos de autor das duas composições minhas nele incluídas, durante anos”. No ano seguinte, 1962, participou como atracção no filme “Pão, Amor e Totobola”, de Henrique de Campos, em cuja versão final é cortada mais de metade da sua actuação, em que cantava “Twist para Dois”, de Aníbal Nazaré e Hélder Martins. Do filme é editado um EP na Parlophone (representada em Portugal pela Valentim de Carvalho), que inclui “Twist para Dois”. Após mais uma série de shows, Zeca do Rock decide pôr termo à carreira musical e parte para Inglaterra para concluir os estudos. Regressa em 1965, recusando convites para o teatro de revista, mas continuando com os espectáculos. Contudo, nesse mesmo ano, a convocação para o serviço militar põe um final definitivo na sua carreira como intérprete do rock.
Durante o serviço militar na então Guiné funda um grupo de música pop, com outros militares, para actuações junto das unidades aquarteladas no território. O regresso, em 1968, foi para se dedicar à vida comercial, deixando de lado a carreira artística. Em 1970, Sérgio Borges e o Conjunto Académico de João Paulo gravou algumas canções de Zeca do Rock, lançando um EP que incluía “Lavrador”, adaptação de uma canção original de Zeca do Rock intitulada “Aguarela Portuguesa”. Mais tarde, grava “God of Negroes”, canção que escrevera na Guiné. Apesar de ter sido o lado B de um single, acabou por ser mais tocada do que o lado A. Já depois de terminada e arrumada a sua carreira, Zeca do Rock foi convidado a participar no programa da RTP2 “Roques da Casa”, no dia 5 de Setembro de 1982, em que cantou “Ready Teddy”, e duas canções originais em português. Anos depois decide, “por motivos de ordem espiritual e filosófica”, mudar-se para o Brasil, onde ainda vive, dedicando-se ao ensino de Inglês e à tradução. Continua a compor e a tocar, mas agora só em círculos mais restritos, como festas particulares, boítes e clubes. Mas, como diz hoje, se houver oportunidade está pronto a agarrá-la.
(Extraído do verbete dedicado a Zeca do Rock na 'Enciclopédia da Música Ligeira Portuguesa', de Luís Pinheiro de Almeida e João Pinheiro de Almeida. Ed. Círculo de Leitores)
José das Dores
José das Dores nasceu em Lisboa, aos 28 de Dezembro de 1943, cidade onde fez os seus estudos primários e secundários. Passou por diversas Faculdades e Institutos Superiores em Portugal e na Inglaterra preferindo, todavia, considerar-se um autodidata. Desde nascença que os familiares e amigos o tratam por Zeca.
Prestou serviço como Oficial Miliciano do Exército Português (Serviço de Administração Militar) tendo cumprido comissão militar na Guiné-Bissau de 1966 a 1968.
Sempre intimamente ligado às Letras e às Artes, publicou artigos, ensaios, contos e poemas em diversos jornais e revistas. Foi também autor (e intérprete) de inúmeros rocks e baladas nas décadas de 50 e 60. Nessa época, sob um pseudônimo artístico (Zeca do Rock), percorreu Portugal inteiro em digressões, gravou discos e participou de um filme (Pão, Amor e Totobola), tendo atingido bastante popularidade. Figurou, durante anos a fio, na lista dos "dez mais populares" da música ligeira em Portugal.

Estudioso, desde muito jovem, da Sabedoria Arcana (Tradição Esotérica que está na origem de todas as grandes religiões), foi co-fundador em Lisboa, no ano de 1987, do Centro Lusitano de Unificação Cultural. No ano seguinte, transferiu a sua residência permanente para o Brasil. Neste País, para além da atividade profissional de professor de línguas e de tradutor, dedica-se à divulgação dos ensinamentos dos Mestres Ascensionados da Grande Fraternidade Branca. Maiores informações sobre este tema podem ser colhidas no site Amerlântis/Centro Lusitano (
clique para visitar).
Fundou em Campinas, SP, em 1991, o Centro Lusitano de Unificação Cultural (Brasil) tendo sido, desde então, Presidente desta ONG.
É autor (em parceria com mais três poetas) do livro "Poemas Místicos", antologia de poesia publicada em Lisboa (1993), bem como de diversos outros livros como canal psicográfico.
Publicou, em 1995, simultaneamente em Portugal e no Brasil, a obra "Missão Espiritual - A Trajetória de Um Buscador".
Contactos
Zeca do Rock vive na cidade de Campinas - SP. Caso você queira entrar em contato com o Zeca do Rock, passe um e-mail para
zecadores@terra.com.br. Conheça também o site da escola de Inglês de propriedade do Zeca, a Global Team (
www.globalteam.com.br).
Crédito:Let's Rock