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?Artigo |
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É tudo uma questão de vontade |
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Muitas vezes as pessoas reclamam da falta de oportunidades para se educar e poder levar urna vida melhor. É fato inconteste que osgovernos que se sucedem não têm urna preocupação muito grande com as classes menos favorecidas, que sofrem mais com a lógica perversa do Sistema onde ter mais invariavelmente se traduz por ser mais. Por isso algumas iniciativas isoladas, do que se pode chamar de bons cidadãos, quando descobertas devem ser divulgadas. |
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Um bom exemplo é o trabalho desenvolvido no Tendal da Lapa, uma casa de cultura da Secretaria Municipal de Cultura, pelo professor e maestro Walter Campelo. Como ele, outros professores e músicos ensinam gratuitamente pessoas que gostam de música a tocar algum instrumento. Neste mesmo local funciona urna oficina de gaita, ministrada por Luís Audi. |
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São nos espaços como o Tendal da Lapa, que surgem oportunidades para as pessoas que têm vocação, vontade e que carecem apenas de uma chance para estabelecerem contato com arte e cultura, sem precisar pagar por isso. E o Tendal não é o único local na região que oferece atividades gratuitas. Outro bom exemplo são as oficinas do Grupo Abaçaí, no Parque da Água Branca, que ensinam danças e músicas folclóricas. A miscigenação nestes trabalhos é fascinante, já que adultos e jovens das mais diversas classes sociais se unem com o único objetivo de aprender. |
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Mas arte e cultura não são os únicos temas abordados quando se trata de buscar uma oportunidade dedesenvolvimento cultural. A informática e tecnologia também estão presentes, já que podem ser excelentes opções para quem busca o mercado de trabalho. |
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Algumas instituições na região começaram a pensar nessa questão, como o caso da Associação Cristã dos Moços de São Paulo (ACM) ? Lapa, que disponibilizou computadores para capacitar profissionalmente crianças e jovens carentes. Com equipamentos doados pelo Rotary Club São Paulo, a ACM gera oportunidades para que jovens desenvolvam plenamente suas capacidades. |
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Quem também está preocupado em oferecer novas chances de aprendizado é o Sesc São Paulo. Com a criação da lnternet Livre, na unidade da Pompéia, a entidade quer contribuir na preparação do cidadão elevando o nível de alfabetização digital e desfazer o medo provocado pelas inovações tecnológicas. Monitores orientam o público e se surpreendem com a curiosidade de crianças, jovens e idosos, que demonstram nunca ser tarde demais para aprender... Nesta mesma linha de trabalho, temos a Estação Ciência, com o Projeto Clicar que beneficia crianças em situação de rua. Um projeto antigo que surgiu e cresce de acordo com a necessidade dessas crianças e jovens, excluídos da vida em sociedade. |
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Os exemplos na região se multiplicam demonstrando que, com disposição e boa vontade, é possível mudar e criar a esperança de um futuro melhor para muitos. Essas iniciativas são excelentes exemplos para que outras instituições e até mesmo pessoas pensem que um pouco do seu tempo e de sua capacidade de trabalho podem representar muito para ajudar aqueles que têm vontade e que apenas pedem uma oportunidade. |
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Rosane Neves é repórter da Revista Daqui Lapa |
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Entrevista: Valter Campelo |
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Popularizando a música |
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Omaestro Valter Cordeiro Campelo nasceu em Recife, mas mudou-se para São Paulo aos seis meses de idade por isso se considera um paulistano de criação e de costumes. Passou a infância na Vila Mariana e a adolescência na Ponte Pequena, aos 19 anos se instalou em Perdizes. Morando há 30 anos na região, há quatro desenvolve um projeto chamado por ele de Escola Comunitária de Música no Tendal da Lapa, onde não só ensina música, mas também cultura e educação aos participantes. Com o interesse dos alunos, acabou desenvolvendo em paralelo, a lutearia, onde ensinou 12 de seus alunos a construírem e a reformarem instrumentos de corda, a maioria retirada do lixo. Nesta entrevista, Campelo fala do trabalho que desenvolve, dos projetos futuros e das dificuldades enfrentadas e ressalta a questão da oportunidade para gerar novos talentos. |
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Como o senhor começou na música? |
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Não foi por acaso.tenho outras ditas formações, Sou R2, piloto de aviação e também farmacêutico, formado pela Universidade de São Paulo, mas em nenhuma delas consegui me satisfazer Acabei me transformando em comerciante e comecei a estudar música por hobby |
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? E como o hobby se transformou em profissão? |
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Uma vez, na fila do teatro Cultura Artística, em um recital do Turíbio Santos, conheci um senhor que se chamava Valfrides Brandão e era muito amigo do Ronoel Simões, que é a maior autoridade de violão do mundo. Conversando, ele me indicou a Academia Brasileira de Violão, do Simões, que comecei a frequentar isso em 1977 e 1978. Conheci meu professor de violão lá, o Nelson Cruz. Ele me preparou, comecei a ganhar as bolsas de estudos. Acabei me bachalerando em violão e depois fui me especializando em música de câmara, regência e engenharia de instrumentos - para restaurar instrumentos, e me especializei em instrumentos de corda. |
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? Como surgiu a oportunidade de desenvolver esse projeto? |
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Esse projeto é feito no Tendal da Lapa, uma casa de cultura da Secretaria Municipal de Cultura, aqui no bairro. A gente começou abrigado na casa, que precisava de uma atividade para preencher um espaço vago... Comecei a notar que as pessoas que apareciam lá tinham aquele negócio de ficar batendo no violão e ficavam muito curiosas. Quando comecei a mostrar outras coisas para eles, começaram a demandar mais conhecimentos. Tinham alguns funcionários bem intencionados que falaram para deixar rolar.. a gente foi e começou a engebrar uma pequena orquestra de câmara, fazendo solo e acompanhando um coral. A coisa foi pegando no tranco e se expandiu. |
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? Na verdade, o que é esse projeto? |
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Esse é um projeto tríade, que envolve também cultura, educação e informação. Porque lá, a gente se preocupa também com a educação das pessoas e em oferecer todas as informações que podem estar agregadas ao fato de ela estudar violão. |
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? Quer dizer, não é simplesmente aprender violão... |
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Não. Um exemplo é você ver um rapaz, um adolescente de periferia, que tinha a cabeça há dois anos voltada para o funk, para o rap e que hoje em dia toca Bach. . .Ele toca convicto, porque se empenhou, foi se envolvendo, foi gostando e ficando ambicioso, porque sabia que estava expert. O projeto vai trabalhando a auto-estima e eles vão em busca de conhecimento, então o camarada vai se aculturando mesmo. Do mesmo jeito que toca Bach, ele lê Fernão Capelo e Saint Exupéry. Na escola também vão para outro caminho... Tem ainda a questão social, que a gente dá muita ênfase nesse projeto. Porque infelizmente existe um estereótipo neste país, de que as classes menos privilegiadas, têm de estar dentro daquele padrão raso de cultura, eles até se sentem meio inibidos de entrar em uma livraria, em uma biblioteca, a gente abre a cabeça e mostra que não é assim, que ele tem direito a isso e só não aceita se não quiser. Têm ainda outros problemas que a gente resolve, que serão exemplificados no decorrer da conversa. |
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? É um projeto gratuito, qualquer pessoa pode participar? |
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Atendemos todo tipo de gente. Lá não tem ,nem preconceito racial, nem social,nem tão pouco conflito de gerações. Então você tem aluno de 80 anos os dando risadas, contando anedotas, se comportando exatamente como alunos de 10, 12 anos,só você vendo, comprovando "In Locco". ?Isso é uma coisa que me deixa muito contente, pois são pessoas bem diferentes com um único ideal... |
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? Todos querendo aprender... |
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Isso, eles discutem como aquela música foi tirada, alguns trocam partituras, trocam letras. Trocam até revistinhas de música que têm em casa, cria-se esse ambiente agradável, de companheirismo e isso é mui­to legal, muito gratificante. |
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? Como surgiu a idéia de desenvolver um trabalho como este? |
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Quando estava na Europa, vi algumas coisas semelhantes a essa dentro de associações de bairro,mas são projetos incentivados, patrocinados. Alguns deles, inclusive através do Royal College Music, que mantém alguns programas de cunho social cultural, com monitores. Lá é bem diferente, a musica éobrigatória nas escolas, então os monitores vão até as escolas. Ali eles mantém um grande celeiro, um grande manancial para pescar valores, para depois ir e continuar carreira... Aqui no Brasil quando a gente elogia uma orquestra e pergunta porque não se faz aqui, é porque não se tem estrutura por baixo. A gente pode fazer uma escalada diferente, trabalhando a música com as pessoas e aquelas que têm mais cobiça com certeza chegarão lá. |
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? Foi um projeto que o senhor viu lá fora e trouxe para o Brasil? |
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E, só que a gente teve de adaptar a nossa realidade. A gente cercou o bicho pelos sete lados. Acabou suprindo as necessidades da escola. Quer ­dizer; sabíamos que algumas coisas não iríamos obter pela Secretaria Municipal de Cultura, pois existia um problema burocrático, então a gente fez tudo o que precisava com material que pegou na caçamba de lixo, como por exemplo as estantes de música, a lousa. .São coisas que para se obter você precisa fazer um memorando para ver se é aprovado para entrar na licitação e toda essa questão burocrática que todo mundo conhece bem... |
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? Quando o senhor fala a gente... |
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É a gente; eu e os alunos. O projeto, veja bem, não é um projeto pessoal meu. é um projeto público. Eu posso ter sido a cabeça mas a cabeça sozinha não existe, precisa existir também o corpo e os membros. Quando a gente fala, vamos fazer; a gente já se organiza,se reúne para ver como é que vai ser feito, vê quais são as dificuldades, equaciona todas elas e vamos tratando de resolver. |
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?Tem algum patrocínio, ou apoio? |
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Não tenho patrocínio de empresa nenhuma. O único apoio que tenho é de meus alunos. Já até pensei em procurar algo, mas a gente tem de ter primeiro o que oferecer para as empresas. O marketing cultural no Brasil está de cabeça para baixo, o nome do mega star está muito acima do nome das instituições que são mantenedoras do projeto. E esse pessoal de marketing esquece que há 40 anos existia urna coisa chamada Festival da Record, que revelou grande talentos, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Carlos Lira... |
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? A Secretaria Municipal de Cultura apoia o projeto? |
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A gente tem o apoio do pessoal da Secretaria Municipal de Cultura, mas, infelizmente, dentro do Tendal da Lapa têm alguns funcionários que nos sacaneiam há quatro anos. E essa reclamação não é só minha não, tenho aqui um abaixo-assinado, com cerca de 300 assinaturas dos alunos que deverá ser entregue à Secretaria, com as reclamações dos problemas que enfrentamos com a administração da casa. |
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? Quantos alunos o senhor tem hoje no projeto? |
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Hoje temos 452 alunos, mas co­meçamos com cerca de 30. No início, teve uma evasão e o número acabou caindo para 12. Só que eles começaram a adquirir um certo patamar de conhecimento eforam trazendo amigos, primos e vizinhos. Assim foi aumentando a participação e crescendo o projeto. |
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?São pessoas que têm interesse por aprender música, independente do estilo? |
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São. Muitas dessas pessoas chegam ao projeto querendo aprender música, vamos dizer música séria. Se ele gosta de pop, pode fazer o pop tão bem como escuta nos discos. Se gosta de rock, de erudita, sabe que pode fazer urna interpretação muito próxima daquilo, sabe que é possível. Há cerca de um ano, a gente fez aquela música terna do filme Titanic, com coral duas vozes, teclado, acordes. Igual, igual não ficou, mas ficou muito próximo. Recebemos muitos elogios e sabe por quê? Porque eles sabem música, sabem a técnica, os conceitos. |
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? Hoje, o senhor montou um coral? |
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É, formamos o coral Grupo Orfeônico Tendal, composto por quatro vozes, que faz apresentações. Inclusive, a última que a gente fez, de mais expressão, foi na Aliança Cultural Brasil Japão. Logo depois disso, teve uma reforma no Tendal e a gente fi­cou prejudicado na questão dos ensaios, por isso acabou não trabalhando mais. Ainda assim, teve um grupo de veteranos, que já estava mais enturmado, que participou de uma apresentação no Shopping Market Place, no final do ano. Uma apresentação de Natal. |
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? O senhor falou que já reaproveitou muito material de lixo paraproduzir peças para o projeto. O senhor ainda trabalha com isso? |
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Olha, todo o material, o ferramental, a oficina que a gente montou lá, veio toda do lixo. Quer dizer com pedaços de material de obras a gente fez bancada. Pedaços de madeirite, se transformaram em ferramental e fôrmas para os instrumentos. Tudo, até mesmo os pregos que utilizamos na oficina vieram do lixo; é tudo reciclado. |
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?Como surgiu a idéia de criar lutearia? |
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Primeiro surgiu a história do restauro, já que tinha gente que chegou dizendo que queria estudar mas que não tinha instrumento. Eu sugeri que arrumassem um quebrado mesmo, que seria consertado. Começou a surgir um monte de instrumento quebrado. Eu mesmo consertava. Arranjei um armário, tipo de arquivo, onde fui colocando o material e consertava. Só que foi enchendo de alunos e muitos também se interessaram em aprender aquilo. Disse que não era tão simples, que precisava aprender matemática. Eles entraram interessados, comecei com quatro e hoje temos 12 alunos, que são especializados, são construtores. |
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?São pessoas que não sabiam nada e aprenderam no projeto? |
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São. Eles não sabiam nada e hoje constróem. Sabe, pessoas que nem gostavam tanto de cálculos acabaram aprendendo para poder fazer seu próprio instrumento, já que não tem dinheiro para comprar um. Até trabalham com regra de três e cálculos, assuntos que para muitos eram extremamente desagradáveis, mas que, como se tratava de ele conseguir sua guitarra, seu violão, acabaram se tornando agradáveis. |
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? A lutearia é de uso exclusivo do projeto? |
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É, para restaurar e consertar para as pessoas que necessitam. Outro dia desses, um dos nossos alunos foi assaltado na estação da Lapa e disse que teria de parar com as aulas, pois roubaram seu violão e ele não tem condições de comprar outro. Então, falei para ele pegar restos de folha em marcenaria. Ele arrumou e a gente está fazendo um violão para ele. |
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?Você tem alunos só da região ou de toda a cidade? |
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O nosso maior público está nessa região aqui. Morro Grande, Morro Doce, Jaraguá, Osasco, Itapevi, Barueri, mas tem gente de outros lugares como Osasco, de Guarulhos. Tem um senhor de 70 anos, que mora em Cumbica e vem em todas as aulas, não falta uma... |
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? Como é controlada a questão da freqüência. |
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Faço chamada e os alunos que faltam três aulas consecutivas são eliminados a não ser que expliquem o porque das faltas. Muitos faltam na terça, mas no sábado vêm na aula e explicam que faltaram, mas estão repondo a aula. Eu marco presença e tudo bem. |
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? Quando acontecem as aulas? |
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Acontecem às terças, quintas e sábados, a partir das 15h. O horário e o dia é definido de acordo com a necessidade dos alunos. Tem alunos que vem de terça e sábado ouquinta e sábado, que são aqueles que fazem parte da engenharia também, por isso precisam de uma dedicação maior. Tem também a parte de construção que é pegar a coisa do zero, fazer a planta. Eles fazem a planta do instrumento. |
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? Quais instrumentos são restaurados e construídos por eles? |
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Todo instrumento de corda que você pode imaginar. Agora a gente começou a fazer o ferramental, que é até uma coisa meio ambiciosa para montar uma orquestra de Cordas,construir viola, cello e violino. A gente já começou o material que a gente tem em estoque, E já estamos com as plantas prontas. Depois vamos começar a pensar no contra-baixo. Os outros instrumentos, como violão, viola Caipira e guitarra, já estão sendo produzidos. |
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? O senhor esperava que o projeto fosse crescer assim? |
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Não, não esperava que fosse entrar nessa progressão. Sabia que teria um crescimento mas assim não. Sempre quis ter uma orquestra de câmara, um coral. Poder fazer as pessoas ter contato com a música, mas não esperava que fosse entrar nesse pique. Para mim, foi uma surpresa agradável. Agora a gente precisa ver se o município reconhece o projeto como uma escola. |
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? E o que precisa para isso acontecer? |
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Na verdade, o projeto já é uma escola de fato, porque todo o currículo de uma escola é visto hoje pelos alunos da oficina. Lá você não tem aula sóde instrumento, você tem aula de harmonia, de história da música. As aulas são agendadas com horários específicos. |
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? E então, o que falta? |
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O diploma ou um certificado. Acho que seria muito importante você prestar o reconhecimento ao esforço dessas pessoas com um diploma. Acho que o município deveria reconhecer como escola e a gente poder dar diploma, dar o certificado. Essa vai ser uma luta minha porque sei que tem muita gente refratária a essa idéia, mas vou lutar por essa conquista, por esse reconhecimento. |
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? O número de alunos cresceu muito nesses quatro anos, o senhor esperava esse interesse todo das pessoas pela música? |
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Sabia que existia uma demanda reprimida, mas não sabia em que nível essa demanda estava reprimida. É aquele caso que a gente já comentou que todo mundo quer estudar música, mas quer estudar o quê? Aprender a fazer blin blin no violão. Não isso, as pessoas querem ir mais longe querem aprender música no sentido amplo da palavra, mas não têm oportunidade já que o Conservatório de Música é pago e é caro e a Escola Vergueiro, também não dá acesso, pois exige um nível de conhecimento. |
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? Então, o que falta é oportunidade e não interesse... |
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Com certeza absoluta. Acho que dentro da nossa sociedade a gente tem um celeiro grande de talentos que estão precisando de uma chance. Isso não acontece só na música não.Se você democratizar mais a educação no Brasil, nós vamos ter muitos bons médicos, muitos bons técnicos, muitos bons engenheiros. Nós vamos termuitas boas pessoas em todos os ramos de atividades. |
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? O senhor comentou que tem algumas histórias da questão social do projeto, quais são? |
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Tem a história de alguns alunos que chegam e falam que na semana seguinte não vão poder assistir aula, vão ter de faltar. A gente aperta daqui e dali e ele acaba confessando que não tem dinheiro para a condução. Então, a gente estabeleceu uma caixinha, feita pelos que podem, e eventualmente a gente dá o passe para aqueles que necessitam. Tem também a história de um aluno que o violão levou dois tiros de calibre 44. Esse violão está em fase de restauro, porque destruiu legal. |
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? O que precisa para participar do projeto. |
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É só ter vontade. A pessoa tendo vontade de aprender música é o que importa, o resto a gente dá um jeito. Além disso, a pessoa precisa ser frequentadora, não pode ficar faltando, aparecer uma vez ou outra, pois além de atrapalhar o andamento , também é uma falta de respeito com aqueles que participam assiduamente. E lógico que algumas pessoas têm problemas de saúde, mas é tudo uma questão de conversa. |
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? O senhor falou dos talentos. Tem algum aluno que entrou despretensioso e que já se profissionalizou? |
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Que se profissionalizou não, mas têm alunos de grande talento, que poderão ser profissionais, mas têm ainda que amadurecer para se tornarem profissionais, saberem enfrentar as dificuldades que a carreira de música oferece no Brasil. Tem um aluno, o Tiago Beraldi, que toca muito bem, começou com Ciranda, Cirandinha e que hoje toca "Eu Sei Que Vou Te Amar"; com arranjos que ele fez.Além dele tem outros excelentes. |
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