From:  "Adriano Pereira" <apereira2001@hotmail.com>
To:  QGlinux@yahoogroups.com, linuxdevelms@mileniumnet.com.br, linux@grupos.com.br, linux-especialistas@br.egroups.com, fug_sp_br@yahoogroups.com
CC:  info@theclub.com.br
Subject:  Por que o Kylix vai dar certo!!!
Date:  Thu, 05 Apr 2001 15:09:03 -0400
À todos das listas de Linux e FreeBSD, e também a redação do The Club.

Meu nome é Adriano Pereira, trabalho com informática a 17 anos, conheço a
Borland desde os tempos do Turbo Pascal para CPM e MS-DOS e todas as versão
de Delphi, assim como, Visual Basic, Visual C++, Borland C++, C, Java, Perl,
PHP, ASP e o novo Visual Studio.NET e outras linguagens.

Sempre que um artigo como o do The Club é feito geralmente o autor tem uma
visão tendenciosa ou ainda interesses pessoais e muitas vezes completo
desconhecimento do que esta falando.

Espero sinceramente que o The Club publique esta resposta aos seus clientes,
pois se isso não for feito realmente estará tendo uma posição tendenciosa ou
outros interesses, que não o de dar a melhor informação aos seus clientes.

Estou a disposição do The Club para qualquer esclarecimentos.
Todos os nomes e marcas registradas citadas pertencem aos seus respectivos
proprietários.

Este artigo ao qual respondo me foi enviado por email e comparei sua
verasidade como o encontrado no site do The Club no seguinte endereço:

http://www.theclub.com.br/revista/porq0301.htm

Também estou publicando esta minha resposta no seguinte endereço:

http://www.oocities.org/ampereira.geo/

Veja meus comentários abaixo:

    Por que o Kylix não vai dar certo

    Muito barulho está sendo feito para o lançamento do Kylix, o Delphi para
Linux da Borland. Mas, realmente será tudo o que está sendo dito ? Será
essa a solução dos problemas que os desenvolvedores realmente precisam ?
Vamos tentar entender alguns pontos principais e, quem sabe, ao final do
artigo poderei ajudá-lo a saber se o Kylix realmente é necessário para
você ou não.

    Antes de você sair correndo e comprar a sua cópia do Kylix, é importante
pensarmos em todos os aspectos que envolvem tal medida drástica. Sim,
drástica porque apesar da Borland estar prometendo compatibilidade com o
Delphi isso é técnicamente impossível, uma vez que o Kylix e o Delphi não
usam runtime, o que torna o código específico para cada plataforma. O que
estou querendo dizer com isso ? Como o programa gerado pelo Kylix e pelo
Delphi são códigos nativos compilados eles não podem rodar no Windows e no
Linux, isso é óbvio. Mas, você pode estar pensando que para rodar sua
aplicação no Linux basta você pegar seu código fonte escrito em Delphi,
copiar para o Kylix compilar e pronto, uma mágica está feita e você já tem
seu programa pronto para rodar em Linux. Ledo engano. Nada poderia estar
mais longe da verdade. É provável e possível que em pequenos programas
bem simples isso pode até ser viável. Mas grandes aplicações complexas
isto está longe de ser realidade.

Conforme informações da Borland, a versão 5 do Delphi não é compatível em
nível de código fonte ou bibliotecas ou componentes com o Kylix, mesmo
pequenos programas quando recompilados em Kylix necessitam de adaptações.
Com a nova versão do Delphi existirá total compatibilidade, incluindo todos
os componentes e todas as bibliotecas proprietárias e de terceiros
fornecidas com o produto, e que vários desenvolvedores estarão migrando seus
componentes para a nova versão do Delphi. Isto torna possível o que o dito
autor chama de impossível, ou seja, a compatibilidade de código fonte entre
os ambientes.

    Para começar estamos mudando de sistema operacional. A mudança do ambiente
Windows para Linux não é tão simples quanto se imagina. No Windows temos
as APIs para que nossa aplicação comunique-se diretamente com o ambiente.
Você pode até não ter usado isso nunca, mas, dependendo dos recursos que
você usa do Delphi ele faz isso automaticamente para você. Consequência ?
Esse seu programa não funcionará no Linux, mesmo que o código pudesse –
hipoteticamente falando – ser compilado em Kylix. No Linux não temos APIs.
Temos um conjunto de instruções destinado ao sistema operacional, mas isso
não é tudo. Para cada interface gráfica você terá um conjunto adicional de
instruções para o seu programa funcionar corretamente (é claro que isso
depende da complexidade de sua aplicação). As interfaces gráficas KDE e
Gnome por exemplo são muito diferentes, do ponto de vista do programador.
Para quem quer e precisa desenvolver aplicações que envolvam pouca ou
muita complexidade os problemas se multiplicarão.

Para o desenvolvedor que só conheceu Windows em sua vida, diria que perdeu
muito. Tive em meus anos de carreira a oportunidade de conhecer e
desenvolver desde os menores computadores até alguns Main-Frames, só para
citar alguns:

Olivitte Audit 5 - uma máquina de escrever programada a cartão magnético;
IBM S360/370 - inicialmente programei em cartão perfurado;
IBM 4341/4381 - Velho bom CICS/Cobol, Assembly e C;
Sinclair ZX81, TK82/82C/85/90/90x/95, MSX - Basic, C, Assembly Z80;
Apple II - Basic, C, Cobol, Assembly 6502;
DEC-VAX 8700 - Cobol, Pascal, C e microcode (Assembly).

Desenvolver para outros sistemas operacionais não é tarefa para amadores,
portanto a mudança de Windows para Linux não é um trabalho fácil. O
Desenvolvedor tem uma curva de aprendizado e isso não se pode negar, mas ele
não vai precisar conhecer tudo da noite para o dia. Outra coisa acredito que
nunca se deve desencorajar uma pessoa a crescer, e nisso o artigo é
especialista.

Como disse o autor no Linux não temos APIs, mas temos as Libs que de certa
forma fazem tudo e mais um pouco em relação as APIs. O mais importante é que
na nova versão do Delphi as chamandas às APIs serão compatíveis às chamadas
das Libs do Kylix. Esta é mais uma razão que contradiz o autor.

    Agora, o mais importante de tudo isso é: você está disposto a aprender
operar um sistema operacional novamente ? E mais importante ainda: O SEU
CLIENTE está disposto a isso ? Bem, todos estão argumentando que vale a
pena, pois o sistema operacional é gratuito e como o investimento é zero,
pode-se gastar um pouco com o aprendizado. Muito bem, isso parece ser
verdade, mas, será que é mesmo ? O Linux é um sistema operacional baseado
em Unix, que já possui dezenas de variantes, onde os próprios fabricantes
não se entendem e fazem versões próprias com suas modificações, onde geram
divergências entre a interoperabilidade dos sistemas desenvolvidos. O
Linux novamente não foge à regra. Existem diversas versões, algumas
nacionais inclusive. Não se pode negar o relativo sucesso que algumas
dessas versões estão conseguindo. Mas e o seu cliente, qual dessas versões
usará ? Com certeza, na maioria das vezes ele optará por uma versão em
português, creio eu que será o da Conectiva, que vem tendo grande sucesso
na distribuição e um aprimoramento de seus recursos. Mas a Borland não
desenvolveu o Kylix pensando no Linux da Conectiva. É muito provável que
tenha desenvolvido trabalhando com o Linux da Red Hat, que é o maior
distribuidor de Linux no mundo, ou, sabe-se lá, pode até mesmo ter
desenvolvido algumas modificações e produzido o seu próprio Linux.

Como o desconhecimento do autor fica evidente, só tenho a dizer que ele
jamais deveria ter escrito este artigo sem antes consultar algum
especialista.

Respondendo a suas afirmações diria que o Linux, o Unix, o FreeBSD e etc tem
suas diferença, mas o que realmente interessa no momento é o Linux, pois
esta versão do Kylix foi desenvolvido para ele. O Linux tem diversas
distribuições e cada uma tem suas caracteristicas especificas, mas todas são
baseadas no mesmo Kernel (núcleo do Sistema Operacional). Sim existem várias
versões do Kernel, pois o Linux esta em evolução constante, o que quero
dizer é que o Kernel utilizado no Red Hat é o mesmo do Mandrake ou
Conectiva. Hoje o Red Hat pode esta usando o Kernel 2.4 e o Conectiva o 2.2,
mas a diferença esta somente na evolução/correção do Kernel e as vezes em
traduções.

A Borland já anunciou o certificação do Kylix para algumas distribuições,
sendo elas, o SuSE, Red Hat e Mandrake. Outras distribuições como por
exemplo o Conectiva Linux estam em homologação, sendo que, já funcionou
perfeitamente no Conectiva, Turbo Linux, Tech Linux.

Como todo software de desenvolvimento ou não, temos pre-requisitos para
funcionar, ou seja, no Windows você precisa de X de Memória, tal CPU e etc,
no Linux é mesmo. Assim como a versão de DLLs e Libs.

    Alguns pequenos problemas me parecem inevitáveis. Mas vamos voltar ao
ponto de vista do programador, você. Todo o conhecimento que você tem do
Windows será jogado no lixo (que convenhamos, já não é muito devido à
complexidade do sistema operacional e das "artimanhas" que ficam
escondidas, entrincheiradas pela Microsoft). Você está disposto a passar
por uma reciclagem completa de seus conhecimentos ? Apesar do Linux já ter
algumas interfaces gráficas, pelo menos duas delas com relativo sucesso, a
maioria absoluta de suas configurações exigem conhecimento técnico
profundo do sistema operacional, de TCP/IP e de hardware, coisa que a
Microsoft nos poupa já faz muito tempo, afinal o Windows já automatiza
muitas tarefas desde o Windows 95. Novamente, você "não" tem gasto com o
sistema operacional, apesar de ter de desembolsar perto de R$ 100,00 para
conseguir uma cópia do software com seus manuais. Aí vem os cursos, que
por experiência própria, para se ter um conhecimento aceitável do Linux
não fica por menos de R$ 1.000,00, em cursos de nível médio. Caso opte-se
por empresas renomadas, o custo pode ir para mais de R$ 3.000,00 !!!

Bom digamos que nesse ponto não existe muita diferença, se você quiser fazer
por exemplo um MCSE, o custo é de R$ 6.500,00, MCDBA custa uns R$ 4.500,00 e
assim por diante. O custo do Linux é muito discutível, pois você pode
comprar uma revista por R$ 12,00 e ter tudo que você precisa, pois a
documentação citada acima vem em formato html. Em termos de cursos existem
vários, e realmente os custo variam bastante. De qualquer forma hoje já é
possível instalar um Linux sem grandes dificuldades, com interface gráfica e
acesso a rede, pois no Window não é diferente, você tem que informar algumas
coisas também.

    Bem, vamos dizer que você resolveu aceitar o desafio. Você não pode jogar
o seu Windows no lixo, uma vez que você tem clientes que utilizam seus
sistemas desenvolvidos em Delphi e que utilizam o Windows, portanto, para
que você comece o desenvolvimento e consequentemente os testes em Kylix,
terá de adquirir um outro computador. Lá se vão pelo ?menos mais R$
1.500,00. Você também gastará mais um pouco comprando uns dois ou três
bons livros, pelo menos mais uns R$ 150,00. Assim, você pode fechar a sua
conta em prováveis R$ 3.000,00 ou R$ 5.000,00 dependendo do caminho
escolhido. Mas você ainda não terminou, o seu investimento vai continuar.
Ao contrário dos distribuídores Linux e a maioria esmagadora de empresas
que desenvolvem software para essa plataforma, a Borland (ou Inprise, já
nem sei mais como chamar) vai cobrar - espanto !!! – o mesmo valor do
Kylix do Delphi, ou seja, se você já gastou próximo de R$ 5.000,00 pela
versão Enterprise do Delphi, gastará a mesma quantia para o Kylix e mais
uma vez, as diferenças continuam

Realmente você tem razão existe um custo, para se ganhar dinheiro.O Kylix
esta disponível em três versões:

Server Developer - US$ 1.999,00 ;
Desktop Developer - US$ 999,00;
Open Edition - gratuíto para download ou US$ 99,00 em CD com documentação.

    – outro espanto !!! – o código do Kylix não será aberto, contrariando a
comunidade que gira em torno do Linux. Não que o código fonte do Kylix
fosse de grande valor para todos nós, afinal de contas, pelo menos eu não
tenho a mínima intenção de entender o que o pessoal da Borland (ou será
Inprise ?) fez no Kylix, e muito menos tentaria uma alteração no seu
código fonte. Já tenho experiência suficiente com os problemas que o
Delphi apresenta sozinho, e claro, o Kylix também terá seus problemas,
então porque eu acrescentaria alguns problemas gerados por mim ? Não faz
sentido. Como também não me interesso em aprender profundamente outra
linguagem de programação como o C ou Assembler somente com o intuito de
ficar "fuçando" no código fonte do Linux ou do Kylix.

A verdade é uma só, segundo José Eugênio Braga da Borland do Brasil, a
versão open source estará disponível em GPL para a comunidade Linux de
código aberto, podendo ser feito o download ou a compra do CD com
documentção por US$ 99,00. Isto deve dirimir todas as dúvidas do autor, que
nem se deu ao trabalho de pesquisar.

    Novamente, vou imaginar que você resolveu topar toda essa parada e está
fazendo esse investimento, pensando que com isso você no final das contas
estará fazendo um bem maior para o seu cliente, afinal de contas é ele
quem interessa, pois é ele quem paga pelos seus serviços. Mas aí todos nós
entramos em uma nova armadilha. Veja o porque, vou explicar.

    Não existe um só brasileiro que trabalhe com informática que não conheça o
Windows e por consequência não conheça o Office e o Internet Explorer. Não
me interessa que algumas pessoas venham argumentar que isso acontece
porque a Microsoft é um monopólio ou qualquer coisa nesse sentido. Que os
softwares são pesados e que as pessoas não usam outros produtos como o
WordPerfect por exemplo, ou o Netscape porque a Microsoft "afogou" esse
pessoal. Vou ser bem claro: isso não é problema meu. E perdoe-me, acredito
que também não é problema seu, e muito menos do seu cliente. O cliente
quer facilidade, quer economizar tempo e dinheiro, e com isso, leia-se, a
economia de tempo e dinheiro está em continuar com o sistema atual, o
Windows e seus apetrechos, de terceiros ou não. Será que o seu cliente
está disposto a aprender um novo sistema operacional, a largar o já quase
"incipiente" conhecimento dele para tentar aprender novamente algo que ele
já esqueceu, ou pelo menos tenta esquecer que são os comandos DOS. Isso
mesmo, o Linux no meu ponto de vista não passa de um Windows 3.1 com
MS-DOS 6.2. A alusão não pode ser descartada. Vejamos, a maioria
esmagadora dos recursos do Linux e suas configurações estão em modo texto.
Apesar da interface gráfica (seja ela qual for) ser uma cópia barata do
Windows 9x, não apresenta lá grandes recursos. Mesmo a parte de
configuração é assim.

Concordo que não temos nada a discutir com relação as praticas comerciais da
MS ou de qualquer outra empresa. No meu caso meus clientes tem sempre a
intensão de estar dentro das leis, mas nem todos estam. Refiro-me a
pirataria de software. Sim alguns clientes tem sistemas operacionais, suites
de escritório como o MS Office que são cópias ilegais. As razões estão
basicamente no preço, e eles tem muito medo das multas por apreenções de
software pirata, que chegam a 2.000 vezes o valor de cada software copiado
por máquina.

Bom alguns clientes meus, já migraram para o Linux e estam muito
satisfeitos, pois eles usavam apenas o MS-Office e hoje usam o SUN-Star
Office, que é muito parecido e é gratuíto, tanto para uso pessoal quanto
comercial. Tive realmente que migrar alguns sistemas, e isso deu bastante
trabalho, pois pela falta de uma ferramenta como o Kylix, optei por criar em
java e muitas aplicações estão hoje rodando em Browser como o Netscape em
Linux ou ainda em Internet Explorer em Windows.

Com relação as interfaces gráficas serem uma cópia do Windows 9X, não
podemos esquecer que o Windows é uma cópia da GUI do Mac, que por sua vezes
é uma cópia da GUI da Xerox desenvolvida junto a AT&T and Bell Laboratories
para Unix. Sendo assim, acho que o Window é uma cópia da cópia da interface
gráfica do Unix. Quanto a qualidade você pode escolher o tipo de interface
gráfica que quer, por exemplo pode ter o visual da GUI da SUN Microsystems.

O MS-DOS e o Shell são bem diferentes, sendo que, hoje você não precisa
escovar os bits para configurar o Linux, é possível até configurá-lo através
de browser. Em GUIs com KDE e Gnome existem várias aplicações bem parecidas
com o painel de controles do Windows, onde é possível fazer todas as
configurações necessárias.

    Se não acredita em mim, instale um Linux, pode ser com a interface KDE ou
Gnome e tente configurar o modem, que é um utensílio indispensável hoje.
Tenho certeza que qualquer um se decepcionará. Volto a afirmar, o Linux
hoje está para que o DOS e o Windows 3.1 estavam para todos nós por volta
de 1992 a 1994. Realmente não quero voltar cerca de 7 a 8 anos no passado,
e acredito que o seu cliente também não deseja isso. Ele já está
acostumado com as facilidades do Windows existentes hoje, e as outras
facilidades que já estão por vir, como por exemplo o Windows XP, que
definitivamente eliminou o código 16 bits e passou a ser muito mais
confiável. Uma pessoa mais fanática que estiver lendo esse artigo poderá
pensar: "Este é um problema que o Linux não tem, ele não trava". Mentira.
Desafio qualquer ser humano existente no planeta Terra a me provar isso.
No primeiro dia do curso que fui fazer do Linux (estava animado por
sinal), o instrutor começou com essa balela, que o Linux não trava e
blablabla... bem, você pode travar uma máquina Linux com um dos erros mais
idiotas que já vi, que era um defeito grave que tínhamos no DOS e o Linux
também tem (será mera coincidência ?): com um simples comando em ASCII
para imprimir a tela, caso você não tenha impressora conectada ao micro,
pronto, a sua task de trabalho já está travada.

Retornar a 1992, quando o Linux foi criado, só se é isso que você esta
dizendo, pois experimentei o Linux em 1994 e em 1997 comecei a usar o
FreeBSD, que também é uma versão de Unix, hoje uso os três Linux, FreeBSD e
Windows. Bom travar, realmente isso não é impossível, todos os sistemas que
conheço travam um dia. Contudo acho que o autor deve estudar mais, pois as
task podem ser matadas com muita facilidade. Quanto ao Window XP, é bom você
se segurar na cadeira, pois mais uma vez tenho surpresas. O XP, como
qualquer software, tem seus requisitos de hardware, por acaso você vai
trocar todo o parque instalado de seu cliente???? Sinceramente, acho que o
autor quer desmerecer o trabalho dos outros com suas afirmações e todos tem
suas vantagens e desvantagens, estou muito certo de que a Borland não
investiria mais de um ano de trabalho no Kylix se o Linux não fosse muito
bom.

    Isso sem contar as experiências que fiz com a senha master do Linux
(pelo menos as versões que a Conectiva distribui tem) que sobrepõe até
mesmo a senha do administrador, possibilitando coisas bizarras como por
exemplo você alterar a senha de um usuário com ele já logado em uma
determinada máquina, o que em certas ocasiões provocou o travamento da
máquina toda, e não só da task que o usuário estava trabalhando. Algumas
pessoas poderão argumentar que você pode contornar isso fazendo uma boa
política de segurança, mudando diversos parâmetros. Mas, será que o seu
cliente quer perder tempo com isso ? Ou melhor, será que você vai ter
tempo de fazer isso para o seu cliente ?

No Windows NT ou 2000, não vou nem falar do 9x ou ME,também se pode mudar a
senha de qualquer usuário, inclusive dos administradores, não vejo nenhum
problema nisso. Além do que o sistema de senhas do Windows ser muito fraco e
passível de invasão com grande facilidade. Atendimento ao cliente faz parte
de nosso serviço.

    Vamos supôr que você e o seu cliente resolveram adotar o Linux para
plataforma de suas aplicações. Estão dispostos a arcar com os custos de
aprendizagem e da mudança de ambiente. Aí você esbarrará em outro
problema: drivers de dispositivo. O hardware para o perfeito
funcionamento do Linux, não que seja específico, mas é bem restrito.
Veja, o Windows não faz questão que você tenha modem ou placa de rede da
3Com, IBM, Compaq, Intel ou outro grande fabricante. Caso você tenha um
hardware com especificações padrões, já é o suficiente para o Windows
detectá-lo e passar a utilizá-lo. Se o seu cliente optar por comprar uma
máquina mais nova por exemplo, dessas em que os dispositivos são onboard,
você já terá problemas. Não existem drivers de utilização para o Linux por
exemplo, para o modem. Como o seu cliente irá acessar a Internet ? Se ele
ainda não faz isso hoje (o que eu duvido) vai fazê-lo amanhã. Me ocorre
algo agora que é interessante. Se você ainda não conhece o Linux, pergunte
a alguém como você pode ler um cd no Linux. Você vai ficar de queixo caído
no que é necessário fazer. Se você ficou curioso, pergunte como você pode
ler outro cd em seguida. Vai ser melhor ainda, eu garanto !!! Nem no DOS
3.0 era necessário isso, aliás, não me lembro de ter feito isso em nenhuma
versão do DOS.

Outro engano, o Linux aceita também todas as placas que sigam certos
padrões, assim como o Windows. Existem também drivers para várias outras que
não são reconhecidas no momento de instalação. Claro que nem todas já tem
seus drivers para Linux, mas por experiência própria diria que quase todas
que peguei funcionam. Quanto a dispositivos on-board, existe sim dirvers
para vários deste dispositivos, inclusive os chamados winmodens. Realmente o
autor precisa voltar ao curso de Linux, pois  é existem várias formas de se
acessar o cd, sendo uma delas a montagem automática, bem parecida com a do
Windows ou Dos se preferir.

       Importante salientar que não estou aqui para defender os interesses da
Microsoft ou de outra companhia qualquer. Mas me sinto no dever de alertar
todos aqueles que estão esperando algo revolucionário do Kylix e não irão
encontrar revolução alguma. Na minha modesta opinião essa é mais uma barca
furada na qual a Borland irá se enfiar. Como no caso da mudança de nome
para Inprise e que agora volta para Borland, e também para um fato que não
foi muito divulgado, o desenvolvedor chave do Delphi o Anders Hejlsberg
que agora não trabalha mais na Borland já desde o final do Delphi 4 e
agora trabalha para a Microsoft no desenvolvimento do Visual Studio .NET.
Não tenho tido muitas notícias do Delphi 6, que é o que mais me interessa.

Defender interesses não faz parte de minhas opniões também, e sim dizer a
verdade, pois o seu artigo é tendencioso e falta com a verdade. O mercado de
desenvolvimento é assim mesmo, hoje se trabalha para a empresa X amanhã para
a Y. O Delphi 6 trará muitas mudanças, principalmente a total
compatibilidade com o Kylix, entre outras. Já estou também usuando a versão
Beta do Visual Studio.NET, e podesse ver que existe uma mudança radical,
talvés se deva isso ao Anders Hejlsberg.

    É importante você avaliar e entender que o brasileiro ao contrário do
americano não tem um computador em seu comércio e um em sua casa. E
mesmo, que alguns tenham, eles não ficam pesquisando e aprendendo
profundamente a utilizar o sistema operacional ou qualquer outra coisa.
O nosso cliente na sua grande maioria quer saber de utilizar o programa
dele, e ocasionalmente utiliza o Word, o Excel e o Internet Explorer.
Ele não se interessa e não se interessará em aprender Linux e outras
ferramentas que substituam o Office por exemplo, como o StarOffice, que
aliás, ao contrário do que promete, não consegue importar corretamente
os arquivos do Office. Pelo menos comigo não funcionou com nenhum
arquivo. Você deve pensar bem antes de propor tal mudança a seu cliente,
pois, por uma imposição ou influência de sua parte, ele pode resolver
trocar a plataforma de Windows para Linux, e mais para frente ele poderá
não estar contente com a produtividade obtida e você irreparavelmente será
o culpado. Portanto, aconselho você se quiser realmente mudar para Linux
sabe-se Deus lá por que, que aconselhe o seu cliente a ter uma máquina
separada, com o Linux instalado para que ele vá fazendo testes e veja se
consegue se adptar ao novo sistema. Se você pensar: "Mas aí é improvável
que ele mude, pois ainda estará fazendo as coisas com o Windows, e assim
ele não irá mudar para o Linux", então esse é mais um motivo para que você
e seu cliente realmente não mudem. Se ele acha mais fácil realizar as
tarefas no Windows, esse já é um indício fortíssimo que uma mudança para o
Linux pode dar errado, e talvez você possa perder o cliente juntamente com
isso.

Como disse acima, alguns migrei alguns clientes, não é uma tarefa fácil, mas
isso depende muito de várias situações. Quanto a compatibilidade de arquivos
do MS-Office com o SUN-StarOffice, desculpa mas tem algo errado com sua
instalação, faço isso todo dia e funciona. Não vou dizer que é 100% em todos
os aplicativos, mas 99% é. Fiz exatamente o que o autor sugere com os
clientes que migraram, instalei algumas estações com Linux e mantive as
demais com Windows. Por incrível que possa parecer eles não tiveram muitas
dificuldades, pois o sistema que eles utilizam também havia sido migrado e o
SUN-StarOffice foi uma grande novidade para eles, e se adaptaram muito bem.
Não digo que isso é para todos, mas para aqueles que tem um investimento
muito grande em licensas de software, tanto de pratelheira quanto
desenvolvimento específico, o caso tem  que ser muito bem estudado.

    Se você está realmente interessado em estudar algo novo, pense em dar uma
olhada na nova suite de aplicativos da Microsoft, o Visual Studio.NET.
Composto de três linguagens de programação, o C#, Visual Basic.NET e o
ASP+, promete ser a nova geração de linguagem de programação para
computadores. Nós todos aqui do THE CLUB já fizemos cursos e estamos
utilizando intensamente essa ferramenta, que já no beta 1 mostra-se bem
estável. Para você que desenvolve em Delphi notará uma agradável surpresa:
os aplicativos de plataforma de desenvolvimento são parecidíssimos com o
Delphi, bem como a linguagem em si também. Aliás, será mais fácil para um
programador Delphi passar a utilizar o novo Visual Studio do que um
programador Visual Basic, mesmo que com grande experiência. O Visual Basic
hoje é a linguagem de programação mais utilizada no mundo, e com certeza o
novo Visual Studio continuará com essa tradição. O THE CLUB acompanhará
essa evolução, e já a partir de Abril estaremos com planos de suporte
técnico para o novo Visual Studio, mesmo na versão beta, coisa que nem
mesmo a Microsoft faz. Assim o THE CLUB mais uma vez sai na frente e
mostra aos seus integrantes que estamos pesquisando e inovando, e que você
desenvolvedor pode ficar tranqüilo, pois o THE CLUB está preocupado e
interessado no rumo que a informática está tendo e como influenciará
você e o mercado para o qual você trabalha.

A versão Beta do Visual Studio.NET, traz o C# (leia-se C Sharp), Visual
C++.NET, Visual Basic.NET, Framework.NET e o ASP+. Realmente existem muitas
mudanças, inclusive o código em VB 6, precisa de muitas adaptações para
rodar no VB.NET, também por experiência própria. Tentei migrar uma aplicação
com nível médio de complexidade do VB 6 para o VB.NET e tive a desagradável
surpresa de ter quase de reescrever tudo. De todo jeito as novas ferramentas
da MS são muito boa, não estou querendo defender o Delphi, pois no Delphi 6
também teremos que reescrever muitas partes do código em caso migração, mas
com a vantagem de ser compatível com o Kylix. Não recomendo a ninguém que
migre para o Visual Studio.NET, pois se você usa Delphi, terá um grande
trabalho, se usa VB6 ou VC++ também. Para quem vai desenvolver novas
aplicações é perfeito, se tiver que migrar escolha a tecnologia que mais lhe
agrade, se estiver pensando em desenvolver para Linux, já sabe o Delphi 6
será a opção. Ambas são novas e interessantes opções uso tanto ferramentas
da Borland quanto da Microsoft e cada qual tem suas vantagens e desvantages.

    Por tudo isso, vou encerrando reforçando a minha idéia de que, pelo menos
aqui no Brasil o Kylix não deve decolar. Ninguém é especializado em Linux
e em linguagens como C ou Assembler, e duvido muito que as pessoas queiram
perder tempo e dinheiro se reciclando para uma plataforma tão diferente e
abandonando todo o seu conhecimento para trás, aliás, como já disse
anteriormente, principalmente o nosso cliente, que com certeza não está
nem um pouco interessado em gastos adicionais. Por isso tudo, não fique
animado com Linux, Kylix e outros "ix" ou "ux" que você ver ou ouvir falar
por aí. Sempre fique com os dois pés a trás e avalie detalhadamente todo o
processo, desde os custos para você passar a utilizar e desenvolver em
cima da nova plataforma, até os custos de instalação e aprendizagem por
parte do seu cliente.

O suporte é o objetivo do The Club e acredito que não a exclusão dessa ou
daquela tecnologia. Por isso dei-me o trabalho de escrever esta, de forma
alguma desencorajaria uma pessoa a querer aprender algo novo, pode ser a
diferença entre a água e o vinho. Tenho muito conhecimento em C/C++ e
assembly, e acho que tudo que se aprende é para sempre, pois boa parte de
todo o conhecimento do mundo é um acumulo de informações, e não é diferente
na informática, hoje posso dizer com prazer graça a Deus tive a oportunidade
de escrever programas em várias liguanges, pois quando tenho que aprender
uma nova é muito fácil e rápido. Quanto ao Kylix é uma evolução inegável
para o ambiente Linux e ninguém pode negar isso inclusive o autor do artigo
do TheClub. Avaliar a situação sempre será a melhor coisa a ser feita, todo
analista de sistemas tem que procurar a melhor solução para seus clientes, e
isso incluí sim o Linux o FreeBSD e outros ix.

Gostaria de deixar clara minha posição com relação a Microsoft, agradeço
todos os dias pela sua existência, pois sem ela nos desenvolvedores e
prestadores de serviços talvés estivessemos fazendo outras coisas. Quanto a
Borland, acredito ser uma empresa extremente competente e compromentida com
seus objetivos e clientes, pois é muito difícil ser concorrente da Microsoft
não importa seu tamanho.


Adriano Pereira
FreeBSD: The Power to Server.